Ubi sunt qui ante nos fuerunt?
O sol parece desiludido. As sombras povoam os dias. O ouro perdeu o fulgor e os ventres começam a inchar de míngua. As palavras magoadas arrastam-se sem eco. O sagrado invadiu as ruas e perdeu-se em beijos promíscuos... Os mendigos e os vagabundos montam, agora, sentinela aos despojos.
(Este Janeiro convida à meditação.)
Por este caminhar, mesmo os mais distraídos acabarão por, infelizmente, compreender os versos elegíacos de Antero de Quental: Daquela primavera venturosa / Não resta uma flor só, uma só rosa... / Tudo o vento varreu, queimou o gelo!
Só que a responsabilidade não é do "vento" nem do "gelo" de Janeiro! E também já não o era no tempo de Antero: Outros me causam mais cruel tormento / Que a saudade dos mortos... que eu invejo.../
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