A agenda responde por mim.
Devo-lhe obediência plena, e se não cumprir, alguém ficará muito admirado pois toda a gente espera de mim pontualidade e eficácia...
Entretanto, eu próprio registo na agenda tarefas e compromissos a que não poderei escapar. Por enquanto, ainda consigo gerir os eventos, embora alguns comecem a sobrepor-se e, sobretudo, a questionar a razão de ser dos restantes.
Legalmente, estou obrigado a cumprir uma quantidade de tarefas medíocres e, se o não puder fazer, serei penalizado.
Legalmente, estou obrigado mesmo naquelas circunstâncias em que a vida se revela escassa...
A Lei impõe-se à Vida, ainda que uns tantos insistam em falar na "lei da vida"... Nunca percebi que "lei" é essa, pois a resposta acaba sempre em Morte.
E em tudo isto o mais absurdo é o papel que tenho tido enquanto regulador, avaliador, coordenador. Também eu determino a agenda dos outros, esperando deles pontualidade e eficácia, em nome de uma Lei que se impõe à Vida...
Prisioneiro deste labirinto, escrevo qual Dédalo, mas a minha sorte parece ser a de Ícaro...
De qualquer modo, agendo, desde já, que, quando as minhas asas derreterem, não quero que os pingos sobrantes sejam objeto da benção e de acompanhamento de qualquer presbítero. De preferência, os pingos sobrantes deverão ser lançados ao vento na serra mais próxima...
Sem comentários:
Enviar um comentário