10.7.14

Nas caves do GES...


FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
«O Banco de Portugal impediu o BES de emprestar dinheiro ao Grupo Espírito Santo (GES), o grupo da família. E o BES, o banco, está suficientemente capitalizado para fazer face a eventuais créditos que tenha dado a empresas da família Espírito Santo antes da intervenção do Banco de Portugal.»

Este enunciado não passa da expressão de uma crença enraizada na velha cumplicidade entre a política e a finança. 

O Governo (e não o Banco de Portugal) deveria esclarecer qual é a fatia do tesouro português envolvida no capital "espírito santo" e, também, que montante da dívida portuguesa está "escondida" nas caves do GES. Infelizmente, o que os políticos e os banqueiros melhor sabem fazer é atirar os problemas para debaixo do tapete. 
Nos últimos anos, a propaganda e a ação partidária do eixo da governação, sob o patrocínio de várias organizações internacionais e do presidente da república, à força de proclamarem as vantagens da capacidade de autorregulação da iniciativa privada, condenaram uma parte da população portuguesa ao empobrecimento, ao desemprego, à emigração e, sobretudo, a um aviltamento inclassificável...
Depois do que aconteceu com o BPN ( e a Sociedade LUSA), este descalabro era previsível. A própria queda de Sócrates já resultou da revolta dos banqueiros... Só que o novo poder foi chocado precisamente nas caves "espírito santo". Mudou a plumagem, mas os corvos continuaram à solta...
Pode parecer que não há solução, mas há... e ela passa pela separação do Estado da Fazenda, tal como no passado foi necessário separar o Estado da Igreja. E cuidado por que a Igreja continua viva, continua a incubar nas caves do espírito santo, do Millenium e do BPI...
/MCG

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