Já não encontro ninguém que reconheça que de determinado assunto nada sabe. Desconheço se o estado do conhecimento atual deve ser considerado como sincrético…
Em cada ação verbal pressinto que o interlocutor detesta que lhe seja atribuído esse estatuto. O interlocutor moderno finge que ouve e acredita mais no que vê… os restantes sentidos, entretanto, vão definhando se algum dia desabrocharam…
O interlocutor não dá tempo ao locutor. Rasura-o e cavalga-o despudoradamente, mesmo que para isso tenha de desconversar, de mentir, de amalgamar. O interlocutor galopa numa estrada de ambiguidade e de ambivalência…
O interlocutor desconhece o silêncio e o deserto e o abismo…
O interlocutor, apavorado, despreza o nada.
O interlocutor não descansa enquanto não mata o locutor. Não aquele que há em mim, mas o que há em si! O interlocutor é um génio e eu sou o NADA.
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