A virtude estóica é a renúncia a todos os bens do mundo e cujo curso é fatalmente determinado.
Não sei se a expressão "todos os bens do mundo" inclui o sujeito. Não sei se o sujeito pode alguma vez assumir-se como uma entidade autónoma, isto, apesar da longa tradição ocidental proclamar essa autonomia do sujeito.
Admitamos, por um instante, que o sujeito é "um bem do mundo" e que como tal se encontra "fatalmente determinado". Neste caso, que lugar haverá para a renúncia, para a passividade, para o distanciamento?Admitamos ainda que o sujeito mais não é do que "um bem do mundo", em que só este último avança ou recua, que lugar fica para a ação individual virtuosa ou viciosa?
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Por este andar, chega-se à conclusão de que o Bem e o Mal (Deus e o Diabo) são uma inevitabilidade do mundo a que não podemos renunciar ou, pelo contrário, propriedades do sujeito que não pode livremente aspirar à virtude estóica...
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A vida fica deste modo difícil de gerir, incapaz de compreender se é apenas mundo, se é apenas sujeito. Mas, o pior são as máscaras que se vão multiplicando e que, na representação, fingem ora ser o mundo, ora ser o sujeito.
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