5.11.15

A primeira mulata loira do Jardim do Equador.

Na obra Novela Africana (1933), Julião Quintinha ficciona a vida de uma Maria Correia da Ilha do Príncipe, apresentando-a como "mulata e bastarda de fidalgos de Portugal, viúva de três maridos, senhora de toda a ilha, que tinha suas fazendas marcadas com pirâmides de pedra e se tornara famosa pela riqueza das suas baixelas de prata e cristal..." in A Primeira Mulata Loira.

A mulata Maria Correia tornou-se lendária, porque sabia como seduzir os ingleses que manhosamente combatiam a escravatura, para favorecerem o seu «comércio e monopólio com a Índia»... E essa estratégia permitia-lhe proteger o negócio de escravos, que os seus próprios barcos transportavam para Havana...

Apesar de Julião Quintinha, por vezes designado como Julião Quintanilha, ser considerado um escritor "menor", não deixa de ser curioso que Arlindo Manuel Caldeira o não tenha referido no "estudo" MESTIÇAGEM, ESTRATÉGIAS DE CASAMENTO E PROPRIEDADE FEMININA NO ARQUIPÉLAGO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE NOS SÉCULOS XVI, XVII E XVIII. Maria Correia

Arlindo Manuel Caldeira apresenta como principal fonte o livro de José Brandão Pereira de Melo, Maria Corrêa - A Princesa Negra do Príncipe (1788-1861), Lisboa, Agência Geral da Colónias, 1944.

Há casos em que a Ficção não deve ser descurada...

«Quando os marinheiros ingleses recolheram a bordo já luziam as estrelas da madrugada. E não puderam ver, no alto mar, um ponto escuro - a sombra do barco negreiro, carregado de carne humana, que tomava o rumo das terras do Brasil...
Foi aquela a última leva de escravos que partiu na Ilha do Príncipe. E dizem que, dessa aventura do lord, daí a meses, nasceu uma linda flor exótica, que foi a primeira mulata loira do Jardim do Equador.» 

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