12.10.14

A morte de Sylvia

«Rupert e Frances desceram e entraram na sala onde Sylvia estava, de facto, mergulhada num sono de morte: estava morta.» Doris Lessing, O Sonho mais Doce, página 425, editorial Presença.

Num romance em que o SONHO vermelho vai construindo um espaço que só não é absurdo porque, ao alastrar, gera um conjunto de monstros iluminados que, em nome de ESTALINE, se propõem libertar os povos e, no entanto, os deixam morrer à míngua de água, de saúde, de ilustração, de paz... surge a doce e frágil Sylvia que mergulha no africano terreno saqueado e abandonado para libertar aquele povo da doença e da ignorância.
Sylvia tudo faz, tudo sofre, sem apoio dos libertadores, novos colonizadores, embora menos vermelhos, mais gordos e, sobretudo, mais ricos. Mais dependentes do Capital Global!
Sylvia, voluntária, cooperante, representa todos os que se entregam a uma Causa sem esperar mercês. 
Confesso que a morte de Sylvia me choca porque ela representa a morte de todos os que, desde a 2ª Guerra Mundial, se sacrificaram por construir um mundo mais justo e, na verdade, as desigualdades não param de aumentar. Não só a Sul mas, também, a Norte!

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