Abri o livro do poeta e, para tal, suspendi o amigo e o colega de trabalho. Comecei por ler o prefácio e achei-o redutor. O poeta tutelado por Ricardo Reis sabia-me a pouco!
Avancei, não de forma linear. Atrevi-me a desrespeitar a composição. Conheço bem os malefícios da retórica!
E, de súbito, os poemas começaram a saber-me a tempo - um tempinho de luz -, o único tempo de plenitude que um poeta pode saborear.
E do longe e do perto, numa escrita límpida, depurada, foram despontando registos da mãe, sempre da mãe, da infância do menino de sua mãe - uma infância que perdura nos versos, mesmo quando o menino cresce, procura a cidade, descobre o Tejo e outra vida, também ela feita de tempo:
O tempo da leitura - Cesário, Pessoa, Negreiros, Lorca, Torga, Saramago e quantos outros por dizer...
O tempo de outrora e de agora, feito de minutos, de tardes e de noites, de dias, de ocasiões, de todas as estações... o tempo agora é o tempo do trabalho, das árvores que chilreiam - plátanos, jacarandás ou ipomeias -, de jovens sem tempo para o tempo, de colegas a quem o tempo levou ou o desenham em versos traçados...
(...)
Atrevo-me, assim, a propor ao poeta que, sempre que possível, se liberte do trabalho para que nos conceda mais um tempinho de luz...
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4.12.2014
Na Biblioteca Central da Escola Secundária de Camões, a professora Margarida Sérvulo Correia apresentou Sonhos Sobrantes. Fê-lo numa alocução sóbria, inteligente e bem fundamentada, iluminando os versos de memória do poeta António Souto.
O poeta, por seu turno, visivelmente orgulhoso, leu três belos poemas alusivos a Saramago, ao Natal e a Abril, e agradeceu, revelando os laços passados e presentes.
A Biblioteca estava cheia, sobretudo de alunos que tudo ouviram em silêncio, sem que, no entanto, tenham tido oportunidade de tomar a palavra...
A Margarida Souto (?) ficou sentada à minha frente e tudo escutou. O que terá pensado?
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4.12.2014
Na Biblioteca Central da Escola Secundária de Camões, a professora Margarida Sérvulo Correia apresentou Sonhos Sobrantes. Fê-lo numa alocução sóbria, inteligente e bem fundamentada, iluminando os versos de memória do poeta António Souto.
O poeta, por seu turno, visivelmente orgulhoso, leu três belos poemas alusivos a Saramago, ao Natal e a Abril, e agradeceu, revelando os laços passados e presentes.
A Biblioteca estava cheia, sobretudo de alunos que tudo ouviram em silêncio, sem que, no entanto, tenham tido oportunidade de tomar a palavra...
A Margarida Souto (?) ficou sentada à minha frente e tudo escutou. O que terá pensado?
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