a) « O Largo era o centro do mundo. (...) Era aí o lugar dos homens, sem distinção de classes. Desses homens antigos que nunca se descobriam diante de ninguém e apenas tiravam o chapéu para deitar-se. (...) o Largo que era de todos, e onde apenas se sabia aquilo que a alguns interessava que se soubesse, morreu.» Manuel da Fonseca, O LARGO.
b) «As praças de homens, que na realidade são mercados medievais da força de trabalho, tornam-se num instrumento de luta nas mãos dos camponeses havendo assim que lutar (...) contra a tentativa para a sua extinção. Eis as razões porque é completamente justa a consigna lançada pelas organizações partidárias de alguns sectores rurais (...): que os camponeses se recusem a ir esmolar trabalho a casa dos patrões e obriguem os patrões a irem contratá-los à praça. O Militante, 29, Maio, 1944, citado por João Freire, O Movimento Operário e o Problema Rural na I República, in Mundo Rural - Transformação e Resistência na Península Ibérica, Coordenação Dulce Freire, Inês Fonseca, Paula Godinho.
A PRAÇA DA JORNA é uma locução que me seduz, mas que não sei onde situá-la! De acordo com o esquecido Manuel da Fonseca, o Largo morreu com a chegada do comboio, com a multiplicação dos cafés e respetivas clientelas, com a leitura dos jornais e com a audição da rádio.
O Largo metamorfoseou-se numa imensidade de pequenos largos e a Praça da Jorna foi substituída pelos sindicatos...
Hoje, o LARGO alargou-se, é do tamanho da WEB. Pena é que os patrões não sejam obrigados contratar segundo uma regra universal e, sobretudo, pena é que os trabalhadores tenham deixado de usar chapéu...
Sem comentários:
Enviar um comentário