23.10.14

Delírio


Abundantes, as palavras precipitam-se em cascata, desfiando doutrinas de rejeição, em nome da unidade divinamente inequívoca. Fora das palavras, o ar rareia e asfixia os ouvintes que, apenas, podem silabar monossílabos de aprovação ou, em alternativa, espreitar o melhor momento para sair do círculo de encantamento...
A fuga é, todavia, quase impossível porque, enquanto as palavras se convertem em aplausos da unidade, os braços arqueiam-se em balanços de avanço e recuo e, no movimento, as pernas parecem ganhar molas que lançam o corpo sobre a presa, esmagando-a...

A pena que eu tenho de não saber desenhar! Saberia, talvez, captar o momento no seu alongamento em direção à UNIDADE.
Se eu soubesse desenhar, estaria mais perto da unidade inicial, e creio mesmo que preferiria ser surdo-mudo.

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