No seu regaço os Cantos que molhados
Vêm do naufrágio triste e miserando,
Dos procelosos baxos escapados,
Das fomes, dos perigos grandes, quando
Será o injusto mando executado
Naquele cuja Lira sonorosa
Será mais afamada que ditosa.»
Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto X, estância 128.
Cito hoje esta estância porque me parece ser a que melhor revela a incompetência dos que nos governam e que não têm qualquer tipo de vergonha ao servirem-se da inteligência, do trabalho e, até, da desgraça de muitos portugueses, condenados a partir ou a viver na indigência... sem esquecer os que se arrastam nas cadeias (ou fora delas) à espera que seja feita justiça.
Tal como no tempo de Camões, Portugal é hoje um país em que os valores são constantemente sacrificados ao interesse e à mesquinhez de uns tantos.
E não me digam que estou a ser pessimista!
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