aquela que todos temos para abrir a vida, a nossa e a alheia
e utilizar a chave que o texto lhe oferece.»
António Lobo Antunes, Receita para me lerem
Segundo Livro Crónicas, Dom Quixote
Habituados a trazer no bolso ou na mala a chave de casa, do carro... acreditamos que para tudo há uma chave. Uma chave anterior, exterior a nós.
As chaves são nossa propriedade, e quando as perdemos ou no-las roubam caímos no desespero e, devotos de ocasião, rogamos a santo António que no-las traga de volta...
As chaves são nossa propriedade, e quando as perdemos ou no-las roubam caímos no desespero e, devotos de ocasião, rogamos a santo António que no-las traga de volta...
E se o santo nos falta, recorremos às chaves do Areeiro (passe a publicidade) que nos arromba a porta e nos faz pagar uma nova fechadura para que possamos regressar ao sossego do porta-chaves...
No entanto, quando se trata da vida, de a compreender, de a enfrentar, não há chaveiro que nos valha, porque cada vida tem a sua própria chave, difícil de encontrar e, sobretudo, porque falta-nos a disponibilidade para a aceitar... até porque na vida não estamos sozinhos, e cada um tem a sua chave como única.
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