« Escrever é ir descobrindo o que se escreve. Escrever é quando muito saber para que lados fica o que se procura. Mas como chegar lá? Como saber mesmo que fica para esses lados o que procuramos. Escrever (ou pintar, fazer música, etc.ou até mesmo discorrer em filosofia) é inventar ou criar e só a própria criação ou invenção nos diz por fim o que se inventou ou criou. Nos diz? Nem isso. Porque o que aí está não o sabemos bem, são os outros que no-lo explicam e enfim a sua significação fica sempre adiada enquanto a obra durar.» Vergílio Ferreira, Conta-corrente, nova série II, pág. 348, Bertrand editora
Pouco me importa registar que Vergílio Ferreira nasceu há cem anos (28.01.2016) e que com ele nasceram ou morreram outros vultos da cultura da nacional ou mesmo da cultura local, entenda-se, do Liceu Camões...
(Ao contrário de outras eras, a informação está em linha, não sendo mais necessário recorrer a mediadores encartados que venham repetir pela enésima vez o que todos podemos alcançar e, também, é maçador aturar verdades construídas à sombra da ignorância do passado...)
O que vale a pena verificar é se, para além das homenagens, ainda há quem o explique, isto é, se ainda há quem o leia, aprendendo que escrever vai muito para além de qualquer processo de enfeudamento a um programa, seja qual for a respetiva natureza...
Escrever é descobrir que, para além das palas, se pode imaginar outras vidas. E esse é um caminho pessoal!
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