Sou matéria finita. Para lá da materialidade, nada experimento, apesar das religiões... Como tal, não me defino como tempo, nem como espaço - vivo um certo tempo e ocupo um determinado espaço, bastante mais material do que a duração...
Ao contrário de José Tolentino de Mendonça, não vejo como defender que «somos feitos de tempo, lavrados instante a instante pelos seus instrumentos» (E/58, 31 de dezembro de 2015). Que eu entenda, não é possível falar da materialidade do tempo até porque tal definição seria contrária à ideia de redenção que caracteriza todas as religiões monoteístas...
Admito, sim, que estou no tempo enquanto a matéria de que sou feito não se consome. Depois ou antes, nada posso fazer a não ser ceder involuntariamente o lugar a outros...
Ao contrário de José Tolentino de Mendonça, para mim estar no tempo não significa qualquer forma de desespero trágico, porque a redenção que tanto o ocupa pressupõe uma culpabilidade herdada e, sobretudo, uma graça divina que me seria imposta por uma força externa à matéria finita.
Quanto à nossa tarefa, basta-me o princípio da equidade...
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