15.1.16

Deve ser do vento...

Não os conheci pessoalmente. Ou se calhar, conheci-os e perdi-lhes a voz, porque, para mim, sem voz não há conhecimento.
Ter-se-ão zangado por escrito, o que é inevitável para quem lhes lê as obras, conhece as capelas e a filiação.
Dizem-me que sob os plátanos fizeram uns tantos apóstolos, uns mais niilistas, outros crentes na salvação da humanidade oprimida.
Durante muito tempo, tive como seguro que os discípulos se detestavam uns aos outros, de tal modo que era impossível atribuir o nome de um a um plátano, sem que os apaniguados do outro se enfurecessem, exigindo a exclusividade do dito cujo...
Um era existencialista, forjado num seminário da contra-reforma; o outro era marxista, enfeitiçado pelas conquistas soviéticas...
Atormentados pela Morte, colocaram-na num pedestal, servindo-a escrupulosamente. O primeiro, substituiu-a pelo Desespero Absoluto; o segundo, acabou por ver nela o Redentor do rebanho oprimido.
Agora há quem queira juntá-los! Deve ser do vento...       

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