"Não acredites num tipo que te diz «falar a verdade». Não porque seja mentiroso, mas porque ele próprio a não sabe." Vergílio Ferreira, Pensar.
Escrevemos, muitas vezes, do que não sabemos, atrevendo-nos a afirmar que as enguias que, um dia, vislumbrámos num poço lá foram postas por algum pescador finório. Essa passa a ser a nossa verdade e com um pouco de sorte a verdade do interlocutor... Até que alguém explica que as enguias dos poços para lá foram empurradas pelos enchentes dos rios que ao inundarem os terrenos lhes mudaram o destino...
Quando nos dizem que «as cheias são as maiores de que há memória», embalados pela verdade da cantiga, deveríamos revisitar os poços para verificar se há por lá enguias...
Não há quem não «fale a verdade»! Em jeito de remate, eu próprio escrevo frequentemente «é verdade que...»
(Prometo, estar mais atento!)
Nestes últimos dias, dez candidatos à presidência da República têm asseverado «falar a verdade» e, como pensou Vergílio Ferreira, nenhum deles a conhece. Como acreditar neles?
A verdade pressupõe a crença, e como tal nada do que é dito deve ser tomado como verdadeiro. Talvez possível...
E nova dúvida se levanta sobre «a confiança» ! Pedem-nos que tenhamos fé - colectivamente ...
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