Durante duas horas, a narrativa estendeu-se da roda dos enjeitados, apesar da caxemira, às vivendas do tempo em que o Marquês ainda não contemplava o Parque: os quartos eram catorze e desaguavam numa cozinha que dava para um quintal. Desses quartos, havia dois habitados pelo casal que, dormindo em separado, «lá se entendia, só Deus sabe como!»
Ele, Osório, enriqueceu com o negócio dos bordados da Madeira, reservava outro quarto para as fazendas e para os já mencionados que, para meu esclarecimento, faziam parte de todo o enxoval de menina prendada, rica..., o que significa que a arte de comerciante estava no saber lisonjear a mãe da menina. Antes de comerciante, importava ser cavalheiro. Distinto. Daqueles cavalheiros que as mães de família não se importam de convidar para tomar chá! No caso, a gentileza do comerciante era tanta que, por vezes, a bela neta também era convidada...
O resultado do negócio era guardado num enorme cofre em aço que, curiosamente, estava acomodado no quarto da esposa, Mariana. Ao fim do dia, de regresso a casa, Osório dirigia-se ao cofre, começando por observar se o segredo se mantinha intacto. Inevitavelmente, a voz de Osório acordava a esposa de qualquer tarefa que a cozinha lhe impusesse: - Mariana, tu mexeste no cofre!
Osório morreu de desgosto, pois os filhos morreram cedo!
MCG
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