«Estou farto de frasear, amigo A. A espiritual Virgínia obriga-me a bolear, brunir e arredondar o período.» Camilo Castelo Branco, Carta VIII, Porto, 25 de Junho de 1854
No entanto, o cansaço de Camilo tinha uma outra razão de ser : Virgínia (Gertrudes da Costa Lobo) não era rica. Se o fosse, Camilo frasearia noite e dia: - A mulher nascida para mim és tu. (...) Não podes ser minha, porque não sou rico!
À fição basta, por vezes, virar do avesso a boçalidade, e no caso de Camilo isso é por demais evidente. Os sentimentos das personagens de Amor de Perdição surgem limpos do lodo que lhes dá "vida", e nós acreditamos neles...
Na verdade, as cartas de amor de Teresa e Simão têm a sua génese na correspondência entre Camilo Castelo Branco e Gertrudes da Costa Lobo. Esta desconhecida mulher revela nas suas cartas tal capacidade de auto-análise e espírito crítico que o próprio Camilo se lhe refere nos seguintes termos: «Virgínia estava ab ovo destinada a fazer suar o topete do autor do Secretário dos Amantes. Queria ver como o homem se tirava de apertos em correspondência com esta literata, que segundo me dizem, entende o Fausto, e o Kant. O Kant, amigo A.!»
- Infelizmente, o espartilho ainda continua na moda, embora sob a forma de palas!
PS. O idiota, hoje, passou o dia a vestir-se de prata. Só fala de prata e se saísse à rua, de prata seria! Quando for a enterrar, há de ser cremado em banho de prata...
PS. O idiota, hoje, passou o dia a vestir-se de prata. Só fala de prata e se saísse à rua, de prata seria! Quando for a enterrar, há de ser cremado em banho de prata...
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