27.9.15

A certeza é menos falsa do que a verdade

Apesar de tudo, não creio que Almeida Garrett se tenha cansado da política, embora se tenha cansado dos barões - os asnos que, depois de expulsarem os parasitas dos frades, se abotoaram com tudo o que tivesse valor...
Depois do 25 de Abril,  Almeida Garrett foi varrido para o caixote do lixo pelos novos barões, amantes da propriedade e da sacristia e, em muitos casos, do avental e do compasso, deixando por isso nos programas escolares O Frei Luís de Sousa, obra de muitos méritos, mas sem qualquer perspectiva de futuro. 
Por entre a catalogação de livros e o início da leitura do romance TUNDAVALA de A. Rego Cabral, em nenhum momento do dia pensara em Garrett. Pensara, sim, no meu desconhecimento de quem foi Álvaro Rego Cabral (1915-2010) e, principalmente na razão que me levara a adquirir tal livro num alfarrabista lisboeta. O exemplar está autografado, mas não terá sido esse motivo... Entendo agora que o Senhor foi um engenheiro ilustre nos territórios ultramarinos, responsável por caminhos viários e ferroviários, sem descurar as minas e, sobretudo, amigo do seu amigo...
Nas páginas já lidas, dedicadas a Armindo Monteiro, Álvaro Rego Cabral ( que, também, publicou sob o curioso pseudónimo de Estorieira Santos), há, no entanto, uma linha de raciocínio que desperta a minha atenção: a História que nos ensinam é um cesto de mentiras, o romance, dito, histórico ainda é mais preconceituoso do que a História... 
A certeza é menos falsa do que a verdade, porque a primeira resulta da experiência individual, e a segunda tem origem no poder dos barões, dos novos barões, dos novíssimos barões...  

Sem comentários:

Enviar um comentário