2.9.15

A máscara

«Dès que nous voulons distinguer ce qui se dissimule sous un visage, dès que nous voulons lire dans un visage, nous prenons tacitement ce visage pour un masque.» Gaston Bachelard, in préface de Phénoménologie du Masque, de Roland Kuhn.

A leitura de um rosto pressupõe tempo - o tempo de admitir que o que observamos é uma máscara, e que, caso persistamos na observação, para além da primeira máscara, se sucedem outras máscaras...

Ao contrário do que acontece com os encenadores (teatro, cinema) com os psicólogos, os psiquiatras, os psicanalistas, os padres, os fotógrafos e os escritores que se atribuem o tempo necessário à exploração da necessidade humana de disfarce e de dissimulação, eu perco-me na floresta dos rostos, deixando-me a braços com a autenticidade fugaz...

Este comportamento revela uma timidez, um medo inicial, que acaba por inviabilizar o conhecimento genuíno da alma humana. E o que é mais extraordinário é que o medo inicial já é a máscara que combate a solidão...
Como tal, a máscara simula a aproximação e exorciza o horror do nada, o que explica que na hora da partida haja especial cuidado com a máscara derradeira... 

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