O título é emprestado e serve para resumir o que acontece a quem escreve neste blogue - um Fala-Só. Mas nem sempre se está só. Quero acreditar que os verdadeiros escritores, mais do que narcisos comunicantes, são seres que se habituaram a dialogar silenciosamente com as vozes do quotidiano. Só que essas vozes ora lhe estão próximas ora distantes.
Os blogueiros não são, em regra, escritores, mas encaixam bem nas motivações e nos objetivos definidos por José Rodrigues Miguéis - blogueiro avant la lettre.
«O homem que
escreve por imperiosa necessidade (…) é o que fala primariamente consigo e para
si próprio, um Fala-Só, embora, com maior ou menor consciência disso, o faça
para os outros também: a fim de se conhecer, revelar, surpreender, compreender,
exprimir e comunicar, objectivar-se e justificar-se, supor-se ou confessar-se,
disfarçar, mentir a si mesmo e aos outros (sobretudo), e enfim para convencer,
mobilizar, catequizar ou proselitar os seus hipotéticos leitores. Quantas
vezes, mesmo, simplesmente para gozar – ou sofrer!...
(…) É pois um
narciso comunicante ou comungante a mirar-se nos outros: convive – a sós.
Porque escrever é, antes de tudo, um acto de intimismo, de intimidade e
confiança com e em si mesmo, de confidência: como o sonho e a quimera. Quem não
tiver essa auto-intimidade, poderá escrever montanhas, que nunca será
escritor!» José Rodrigues Miguéis, Programação do Caos, nº 31, Do homem no escritor (e vice-versa)
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