Os não inscritos, na língua do filósofo José Gil, vivem, pela primeira vez, o drama de não terem nem passado nem futuro, pois o Governo lhes rouba o presente.
Sem imaginário, estes milhões de portugueses manifestam-se, esfíngicos, num grito surdo que, subitamente, pode desencadear energias incontroláveis..
Sem ideologia ou, seguindo o exemplo de José Gil, revendo-se numa esquerda sem rosto e incapaz de definir uma alternativa, a procura de inscrição pelas vítimas desagua na nulidade.
Assim sendo, os caminhos estão traçados: ou as vítimas se insurgem e derrubam os muros que as cercam, ou, uma a uma, encontram forma de se libertar da nulidade em que o poder as afoga.
Sem imaginário possível, os não inscritos caminham, ainda não sabem é para onde! E nesse aspeto diferenciam-se da abulia que caracterizou as gerações anteriores.
( Texto inspirado na entrevista radiofónica feita a José Gil, e transmitida pela TSF entre as 11 e as 12 horas deste domingo.)
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