Reina uma certa euforia que até se compreende. Por uma vez, o povo disse não ao eurismo. O motivo parece ser de regozijo: David derruba Golias!
David acredita que desta vez é que vai ser: os povos famintos vão unir-se e derrubar o capitalismo; o capital vai mudar de mãos...
Não se vê é como é que a mudança irá ocorrer. Primeiro, porque a solidariedade é um lema raramente posto em prática, mesmo entre os mais pobres. Veja-se o que está a acontecer aos milhares de refugiados e deslocados que todos os dias chegam às costas dos países mediterrânicos... Segundo, porque a mudança pressupõe tradicionalmente o recurso à força, e, mesmo assim, o capital acaba redistribuído entre aqueles dos vencedores que rapidamente se apoderam do poder. O povo sobrevivente fica à míngua ou, no melhor dos casos, vive durante um certo tempo a ilusão da prosperidade resultante da venda do trabalho prestado aos novos senhores.
A esta hora, muitos gregos sentem-se eufóricos, mas os bancos continuam fechados. Soberanos, os gregos não querem estender a mão, e pagar com língua de pau, mas, na verdade, caíram num beco sem saída...
E nós, uns mais otimistas, outros mais céticos, estamos à beira do mesmo beco, embora os «nossos senhores» se mostrem alinhados, os primeiros, por Golias, os segundos, por David...
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