Passada a palmeira, 50 metros à direita, entrava-se num largo informe. Ao fundo, uma casa de um único piso acolhia a família do sapateiro. Era lá que o meu pai me levava para que aquele me fizesse um par de sapatos...O espaço era acanhado - pouco sobrava para além das alfaias necessária ao ofício. Do sapateiro, esqueci as feições, apenas deduzo que seria de estatura mediana, mas recordo o papel almaço que ele usava para tirar as medidas ao meu pé tosco e maltratado pelas pedras do caminho... e recordo os pregos, a sola, a cera, a sovela, as broxas e as ferraduras. Que isto de calçar o homem em pouco diferia de ferrar as cavalgaduras!
Um par de sapatos era coisa rara, acontecimento domingueiro e duradoiro... E não passou ainda assim tanto tempo!
(Agora, leio 2666, A Parte dos Críticos, de Roberto Bolaño... e ainda não encontrei nenhum sapateiro, só remendões...)
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