1.7.15

A cor não tem vontade

«La couleur distrait, habille, fleurit. La couleur embaume. Mais par elle, nous quittons la terre. La couleur ne travaille pas. La couleur n'a pas de volonté.» Gaston Bachelard, La dynamique du paysage, in Le Droit de Rêver.

O dia é de sombras, até de alguma chuva, mas isso não evita que escolha um banco de jardim, em frente de um parque vazio de crianças. O que será feito delas? Talvez as tenham levado para alguma praia da costa ou as tenham acantonado em alguma escola de pioneiros... Pouco interessa, sento-me e leio a «matéria e a mão» e  a «dinâmica da paisagem» inspirada nas gravuras de Albert Flacon (1909-1994). Sinto que tenho que voltar para casa, envergonhado com a minha ignorância e, ao mesmo tempo, fascinado com a qualidade interpretativa de Bachelard...
Entretanto, levanto os olhos e apercebo-me de que a cor das árvores e do céu está a mudar.  A mudar por efeito da diminuição da luz solar. As árvores na sua verticalidade parecem tingidas da cinza das nuvens que passam por mim, para me lembrarem que o dia é de sombras
                         sombras aéreas que parecem querer refrear-me a vontade....

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