23.10.12

Dia XXII

I -Teste. Uma memória espacial temperada por uma memória literária, pessoana. POEMA PESSOAL, de Agustina Bessa-Luís. Tema: A CASA. O enunciado da prova foi várias vezes questionado, sobretudo no que respeita ao recurso à citação ou à resposta por palavras próprias. O léxico não levantou grandes dúvidas, à exceção do verbo "dissimular". O tempo revelou-se suficiente.
( A percepção de que o texto podia oferecer alguma dificuldade desencadeou uma aproximação faseada: a) leitura do texto pelo professor; b) nova leitura individualizada, agora de cada aluno; c) entrega do questionário; d) leitura do questionário pelo professor; e) início da resolução...
 
II - Apesar do fervor ministerial (e não só!) pelo Amor de Perdição, a sala de aula revela dificuldades que exigem uma leitura atenta ao conteúdo linguístico (léxico), ao conteúdo literário (metáforas de cunho telúrico) e ao conteúdo cultural (História da 2ª metade do séc. XVIII e primeira década do séc. XX). 
A narração da chegada de Dona Rita a Vila Real revela bem a qualidade do escritor. No entanto, o aluno urbano não consegue apreciar esse estilo, pois o léxico torna-se obstáculo:  légua, conterrâneo, liteira, librés, surradas, préstito, chiste, apear, rabicho, avoengo, asseverar, machos... exemplos de meia página...
O problema é que o jovem estudante não vê qualquer vantagem em aprender o significado destas palavras!
Na composição de Simão, cap. II, Camilo refina o retrato do académico em Coimbra. E regressam as dificuldades: "demagogo", "analogia de bossas"... ou, por exemplo, « O discurso ia no mais acrisolado da ideia regicida quando uma escolta de verdeais lhe aguou a escandecência.» É todo um tratado de imaginação verbal! Passar do registo literário ao registo corrente torna-se uma aventura! A defesa  acalorada do assasinato do rei é interrompida violentamente pela chegada da guarda da academia. Uma academia que tinha polícia própria e cárcere... A ideia regicida de Simão que já levara Fernão Botelho  à cadeia... (estava-lhe no sangue / hereditariedade)... Tudo consubstanciado no jacobino - outra dificuldade que revela a falta de formação histórica e política! De qualquer modo, a escola portuguesa vai toda ler Camilo (Prós e Contras). Será?

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