Da Sexagésima (Padre António Vieira) a Um Auto de Gil Vicente ( Almeida Garrett), o que mais me chama a atenção é a denúncia da ausência de valores nobres - os pregadores preferem a comodidade do paço; o paço vive da adulação dos grandes e da opressão dos pequenos.
O romântico Garrett coloca nas vozes de Bernardim (Ribeiro) e de Paula Vicente a seguinte questão:
« - Que mais é preciso para ser nobre e grande - maior do que ninguém na tua terra?»
« - Adular os grandes e oprimir os pequenos.»
Para Almeida Garrett (tal como para o Padre António Vieira), o poder e a glória só podem ser resultado do trabalho, do sacrifício, transformados em mérito. Estes valores não podem ser herdados. (E nem vale a pena aqui registar o pensamento de Camões sobre esta matéria!)
«Eu sou Bernardim Ribeiro, o trovador, o poeta, que tenho maior coroa que a sua. O ceptro com que reino aqui, ganhei-o, não o herdei como eles - Beatriz é minha.»
O romantismo é afirmação de homens que rejeitam a herança ( a linhagem ) como caminho. Homens que querem construir o próprio caminho.
E o mesmo se deve passar na escola... na sala de aula! É preciso dizer basta às linhagens!
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