25.2.14

Ofuscados

Há quem teça para se esconder, apenas a paisagem espera que taciturnos figurantes a atravessem. Sob o arco, de costas para as colunas, os olhos ofuscados adivinham a forma da muralha alcandorada num tapete verde que, do lado invisível, se precipita para o mar adiado... 
O arco pode ser do triunfo e ter sido construído para celebrar a chegada de joaquina e joão. O Povo apinhado, olhos ofuscados pelo esplendor não deixaria de celebrar as vestes reais.
Na retina, grupos juvenis, sentados no empedrado, ainda procuram sob a moldura os dourados que descem do sol e, por momentos, fica a sensação de que no lugar do carvão deveria estar o ouro ou a lágrima da moura expulsa da alcáçova...
Não muito longe, a torre sineira, sem cabaça, dá notícia da masmorra... e eu deixo de fora uma mão que vai afagando os pés de algum transeunte inseguro, mesmo que possa acabar exposto no pelourinho fronteiriço à gula da real. 
Perante a prosápia que hoje tive que suportar, nem o marquês nem maria, nem joão nem joaquina, com ou sem bigode, serão capazes de me fazer descrever a viagem do maestro ao volante de um fulminante chevrolet...

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