« Salomão prestou culto a Astarté, deusa dos sidónios, e a Melcom, idolo dos amonitas. Fez mal aos olhos do Senhor e não Lhe foi inteiramente fiel como seu pai David. Por esse tempo edificou Salomão sobre o monte, que está frente a Jerusalém, um lugar alto (templo) a Camos, deus de Moab, e a Moloc, abominação dos amonitas. E o mesmo fez para agradar a todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos deuses. Então o Senhor irritou-se contra Salomão...» Primeiro Livro dos Reis
Estranha citação, mas necessária!
Há dias entrei num templo cristão, católico, acabando por ouvir o pregador a condenar o rei Salomão por ter prestado culto aos ídolos estrangeiros. Habituado a venerar o Rei Salomão como sábio, justiceiro e grande arquiteto, fiquei inquieto com a condenação.
Já me era difícil imaginar que o Padre Eterno acusasse de devassidão as 700 esposas de sangue real e as 300 concubinas do Rei - «e as mulheres perverteram o seu coração», quanto mais vê-Lo, sem qualquer rebuço, condenar Salomão só porque este era cortês com os reinos que subjugava, com as princesas que lhe enchiam o harém...
Em pleno século XXI, não é fácil ouvir pregar uma história xenófoba, machista e sem qualquer noção do espírito comunitário salomónico.
Ainda se o Senhor tivesse acusado Salomão de esbanjador de recursos, de luxúria talvez aquela homilia fizesse sentido. Assim não, até porque o Senhor, a propósito da edificação do Templo, lhe disse:
«Santifiquei esta casa que me construíste a fim de permanecer nela o Meu nome para sempre; os Meus olhos e o Meu coração estarão aí fixados perpetuamente.»
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