Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
Fernando Pessoa, Sonetos Ingleses
Ah quantas máscaras e submáscaras,
Usamos nós no rosto de alma, e quando,
Por jogo apenas, ela tira a máscara,
Sabe que a última tirou enfim?
Trad. de Jorge de Sena
De tempos a tempos, vejo-me envolvido em jogos de máscaras. E sempre que tal acontece, surpreendo-me a observar a matéria de que elas são feitas. A materialidade da máscara! Severa, hilariante, trocista, cínica, austera, sedutora, imberbe, convencida, secreta, a máscara avança e arrasta-me numa dança abismal.
As máscaras avançam para mim, mas não se sobrepõem, podem disputar-me, mas não se atropelam. Se as observo uma segunda vez, elas põem-se em fuga... elas temem que as denuncie...
Ensinaram-me que a máscara é antiquíssima, que subiu ao palco para esconder a identidade, para fingir ser quem não é.... Ensinaram-me que a máscara é filha do subconsciente, do padrão de cultura, do superego, de Zeus...
No entanto, a minha máscara original é vegetal, uma parra esquecida no Éden à espera da nudez inicial...
(No segundo dia de avaliação externa, a máscara continua azul...)
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