E lá estive no Auditório da Escola Secundária de Camões...
António Manuel Venda, excelentemente apresentado por Mendes Bota, Carlos Moreno e pelo presidente da Junta de Freguesia de Monchique (?,procurou fazer aquilo que os contos, em geral, dispensam: explicar a génese de uma escrita cujo o ponto de partida é a baixa política que nos vai governando desde as autarquias ao poder central.
Por vezes, António Manuel Venda foi impiedoso com a corrupção, a intriga, a venialidade; outras vezes, sentimental, particularmente no que respeita à sua ligação à terra e àqueles que participaram na sua educação...
Dos 10 contos, apenas li os últimos três. Fica-me a ideia de que a denúncia presente em cada "estória" se disfarça sob a capa do realismo mágico ou, até, de um certo animismo, embora não tão consistente como o de José Lins do Rego, de Luandino, de Mia Couto ou de José Eduardo Águalusa...
De qualquer modo, vale a pena ler estes contos, municipais ou não. E com tantos "casos do dia", o autor tem largo pasto para poder cumprir o desejo do juiz Carlos Moreno: da próxima vez, escreva 20 contos... Creio mesmo que já terá matéria para escrever um romance "Cenas da Vida Autárquica"... e se lhe faltar, Mendes Bota não se importará de lhe dar uma ajuda...
O livro é éditado pela Just Media que deverá dar mais atenção à revisão:
« - Mas, senhor presidente...
- Tem aí a puta da factura ou não?!
- Tenho, senhor presidente, passada pela senhora dona Maria de Jesus Cadela Silva e descriminando diversos serviços de uma forma assim um bocado genérica. É alguma consultoria?
- Não interessa o que ela descrimina na factura, homem!! - gritou o presidente. - Ponha-se a caminho do banco e resolva isto!!!» (pág. 80)
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