Vasco Graça Moura morreu este domingo aos 72 anos, vítima de cancro.
(…) “Podes partir. De nada mais preciso / para a minha ilusão do Paraíso.” David Mourão-Ferreira
(…) “Podes partir. De nada mais preciso / para a minha ilusão do Paraíso.” David Mourão-Ferreira
Homem político, culto, trabalhador, eloquente, afável, disponível, Vasco Graça Moura serviu a república, sem esperar recompensa.
Das opções literárias, não esperava benevolência nem compreensão imediata...
De fortes convicções políticas, sabia que os seres vertebrados odeiam as meias tintas e por isso tinha tantos inimigos e alguns amigos...
Verbete incompleto:
Moura, Vasco Graça (Foz do Douro,1942 - Lisboa, 2014) – Modo Mudando (poesia
satírica, 1963)[1]; Semana
Inglesa (1966); O Mês de Dezembro
(1977) Sonetos de Shakespeare
(trad.1977); A Variação dos Semestres
deste Ano (1981); Nó Cego (1982); A
Morte de Ninguém; 50 Poemas de
Gottfried Benn[2]
(1982) Os Rostos Comunicantes (1984); Quatro Últimas Canções
(1987); A Furiosa Paixão pelo Tangível
(poesia)[3]; Naufrágio de Sepúlveda (1988); Partida
de Sofonisba às Seis e Doze da Manhã (1993); Sonetos Familiares
(1994) Nó Cego, o Regresso (1982 /2000[4]); Meu
Amor, Era de Noite (2001); Enigma de Zulmira (2002); [5]Lacoonte, Rimas Vária, Andamentos Graves
(2005); Poesia 2001/2005 (2006)
[1] - Na
perspectiva de João Gaspar Simões, Modo
Mudando girava, à maneira de satélite, em torno do orbe lírico do poeta de No Reino da Dinamarca ( Alexandre
O’Neill). Por seu lado, Nó Cego aproxima-se de Ostinato Rigore, de Eugénio de Andrade.
[2] - Poeta alemão (1886-1956)
[3] - Maria Lúcia Lepecki, no artigo “Tocar de Ouvido”,
publicado no DN de 24 de Janeiro de 1988, expõe os pontos convergência
etimológica entre «tangível» [TAG, de
que também descendem ‘toque’ e ‘tacto’] e «dizível» [DEIK, cujo primeiro sentido
é rigorosamente mostrar]. Estabelecida esta associação, refere «o primeiro traço pelo qual em VGM o
dizível-dito se faz também tangível relaciona-se com uma dinâmica de
materialização. Qualquer coisa que dá ao lido o efeito de tocável, dando aos
corpos falados o efeito de existência como volume, peso, forma e cor.» (…)
A função da imagem «é trazer no mais concreto sinal do mais
abstracto, conferir corpo físico – peso, volume, forma e cor, movimento – ao
que de «físico» pouco teria…» E ainda: «ficamos nós entre o ver e o ouvir,
duplo investimento sensorial espaço e
experiência intermédios onde mora a pessoa, o ser mais profundo, da poesia de
Graça Moura.
[4] - reedição com 15 aguarelas
de Mário Botas.
[5] - Ver crítica de Miguel
Real, JL de 13 de Novembro de 02: vê duas fases na obra deste autor – a fase estético-realista,
em que denuncia os mitos arqueológicos da esquerda portuguesa...
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