Em 24 de fevereiro de 2010, no Auditório Camões, Vasco Graça Moura convidou-nos a ouvir, memorizar e recitar os versos do poeta David
Mourão-Ferreira, porque em cada verso escorre o agora, nas suas
dimensões de passado, presente e futuro… E esse é o território da poesia, do
ser… e sempre que ela acontece, o paraíso ganha corpo.
Hoje, 24 de abril de 2013, na Biblioteca central, Vasco Graça Moura, num esforço admirável, surge para entregar a cada um dos alunos o livrinho que reúne "O olhar dos Jovens sobre o Amor de Perdição - As Cartas de Perdição". E mais uma vez, o homem de cultura deu conta da necessidade de envolver os jovens na criação a partir da leitura dos «clássicos», incentivando-os a efabular sem constrangimentos, pois só o tempo dirá se também eles, um dia, poderão engrossar a galeria dos clássicos.
Para mim, no entanto, mais importante do que disponibilizar o Centro Cultural de Belém para apoiar e editar novos projetos de leitura e de escrita, foi a oferta à BECRE da Obra Completa de Ruy Belo, foi o apontar do caminho...
Em tempo de parcos recursos, a leitura individual e partilhada pode muito bem ser o caminho!
Nesse sentido, só posso aplaudir as iniciativas do CLUBE LER PARA VIVER.
( Os meus agradecimentos aos 22 alunos, aos professores e a todos aqueles que, de algum modo, contribuíram para que a exposição CARTAS DE PERDIÇÃO fosse possível.)
E já agora um outro caminho possível:
«dizem que vais nascer; que há métodos de
determinar-te o sexo. que a tua mãe deseja
respirar o teu sopro, tua mobilidade,
teu mamar; tirar o teu retrato.
para quê prever-te o nome ou preparar
roupas rendadas? ninguém há-de cumprir-te
que te cumpras. e tentarão salvar-te a alma
com água e óleo e sal.»
(...)
Vasco Graça Moura, da vida humana 1
PS. O destaque é meu.
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