19.4.13

Palavras cunhadas

Há pessoas cuja presença, por si só, incomoda!
Há outras cujas palavras desconexas aborrecem!
Outras ainda irritam pelas palavras sabujas!
 
Há ainda as palavras dos catecúmenos, dos pioneiros, dos correligionários, dos fãs!
Palavras sujas, gastas, repetidas!
Há também  as palavras pífias!
 
Hoje, subitamente, a Assembleia da República desatou, em uníssono, a namorar! Parecia o Dia dos Namorados! Não sei se ofereceram flores, se se oscularam, mas desconfio que, ao regressarem a casa, só encontraram o silêncio dos traídos...
 
Ultimamente, as palavras têm  ganho a espessura e a forma da gelatina!
Será certamente essa uma das razões porque a memória me devolve a incómoda presença de Vergílio Ferreira:
 
«Nada mais há na vida do que o sentir original, aí onde mal se instalam as palavras, como cinturões de ferro, aonde não chega o comércio das ideias cunhadas que circulam, se guardam nas algibeiras
                  Vergílio Ferreira, Aparição
                                                             Ora, só há vida se o sentir for original!

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