2.4.13

O seminário

Há quem tenha vivido no seminário, como eu! Há quem tenha participado em seminários, como eu! Há quem tenha dirigido seminários, como eu! Há quem tenha lido o Sermão da Sexagésima, como eu! 
Há quem não tenha feito nada disto! E alguns, só partilharam uma ou outra experiência... Mas só, hoje, compreendi a razão de ser do seminário.
 
No Sermão da Sexagésima, o Padre António Vieira acusa a cobardia dos pregadores que preferiam o paço aos passos, e explica com clareza que a missão do padre é sair a semear (seminare) a palavra de Deus, que não a deles... a lançar a semente à terra, que não o sémen...
 
Deste modo se pode compreender que o seminário seja para a igreja católica  um espaço regulador e castrador, cujo objetivo essencial é transformar o sémen em semente. Como diria Freud, o objetivo é sublimar a líbido em energia espiritual.
É precisamente essa transformação do sémen em semente (palavra de Deus) que António Santos Lopes (Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira) nunca conseguiu aceitar, vendo no seminário um lugar crepuscular, onde o SILÊNCIO surge como regra disciplinadora e não como caminho de descoberto do EU absoluto, divino... 

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