27.7.13

«Sou noticiado, logo existo»!

Sou noticiado, logo existo. (...) Disparo, logo existo. Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada
O homem já não necessita de cogitar, já não necessita de procurar o deserto para se afastar  da turba ameaçadora. Pelo contrário, agora, procura o ruído da multidão, procura um palco onde possa ser visto e ouvido, busca sensações narcísicas e, para atingir tal objetivo, tudo lhe é permitido.
Este homem não se preocupa com as consequências da imoralidade da sua ação. Uma ação naturalmente violenta, uma ação cada vez mais violenta. Face à efemeridade das reações do Outro, os estímulos crescem de intensidade e de frequência até a um ponto de não retorno. O Outro ou foi abatido ou colocou-se no lugar do sujeito, emulando-o até cair na não-existência...
E é essa não-existência que alimenta a violência «faça-você-mesmo.» A guerra deixou de ser um ajuste de contas, uma luta corpo-a-corpo. Este tipo de violência da notícia, do paparazzi, da rede social mais não é do que uma execução, em que nos apresentamos como carrascos...
(Quanto às vítimas, elas não passam de inexistências, mesmo que ainda guardem a vontade de pensar!)
O problema surge quando se pergunta qual é o futuro destes «carrascos», pois, hoje, sabemos que, para se manterem vivos, eles necessitam do reforço da força do choque, o que significa que de nada serve ficarmos à espera de mudança: ou morrem e são substituídos ou, simplesmente, continuam a infernizar-nos a vida... Por outras palavras, de nada serve esperar que o menino traquinas subitamente abdique de o ser...
Quem espera outro Paulo Portas, não percebe que para ele só importa: «Sou noticiado, logo existo»!   






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