Apesar do tema interessar a pouca gente, insisto que de nada serve viver no «mundo dos acontecimentos ocorridos». O sucesso dos folhetins (das narrativas em geral) resulta de um acerto e/ou branqueamento de contas desnecessário.
Ultimamente, a narrativa política, sob a forma epistolar, radiofónica e televisiva, passou a estar na moda. De repente, todos sentem necessidade de reescrever a História para que ela, de tão desacreditada, não se esqueça deles.
E esta tendência para nos deixarmos prender "aos acontecimentos passados" (M. Bakhtine) resulta de uma má gestão do tempo pessoal e político.
Acabo de ouvir que os partidos da coligação já entregaram ao presidente da república a solução para os problemas que até há dias não queriam enfrentar ou que preferiam adiar. Em princípio essa solução só pode estar orientada para o futuro e, em particular, para o atalhar da penalização que nos é aplicada pelos mercados... Em termos de presente e de futuro, o que deveria estar a acontecer era a remodelação do governo, com a tomada de posse dos novos ministros ou, em alternativa, a dissolução da assembleia da república...
Mas não! Amanhã, os partidos irão a banhos de manhã e ao fim da tarde dirigir-se-ão à nação. Para quê? Para nos apresentar a narrativa dos "acontecimentos passados", para justificarem o injustificável. Quanto ao presidente da república, esse vai esperar por 3ª feira para ouvir de viva voz a narrativa dos partidos...
Como já referi noutros "exercícios", a classe política tem uma perceção do tempo completamente desfocada e quando isso acontece a ação política torna-se criminosa. Parafraseando um ex-político: «Tenham paciência, a política é a política!»
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