13.7.13

Os resultados dos exames nacionais

Os resultados dos exames nacionais são medíocres e só podem espantar quem anda distraído do desmantelamento a que o sistema educativo tem sido submetido.
a) O GAVE iniciou, na última década, um processo de condicionamento da metodologia de ensino cujo resultado mais evidente é a regulação do raciocínio com a inevitável eliminação da criatividade: professores e manuais submetem-se incondicionalmente à formatação do avaliador. Por exemplo, para que é que servem os Testes intermédios? No entendimento do GAVE, o sucesso escolar depende do treino, sem perceber que este não é suficiente para resolver problemas surgidos em novas situações...
b) Na mesma linha, o Ministro da Educação aposta no reforço da carga letiva, com o claro objetivo de dar mais tempo de treino aos alunos. Por exemplo, qual foi efeito da atribuição de mais 45 minutos à disciplina de Português no presente ano letivo? A média nacional, para além de ser negativa, ainda baixou?
c) Quando se analisa com seriedade o problema, é bem visível que a formação e a atualização dos professores sofreram um sério revés nos últimos anos. A maior parte da formação disponível não passa de um negócio que os professores estão obrigados a pagar em troca de uns míseros créditos que não servem para coisa nenhuma.
d) A mudança dos modelos de avaliação dos docentes, em nome de uma melhoria da qualidade da prática letiva, resulta mais da necessidade de dar ocupação a novas clientelas partidárias geradas nas universidades privadas do que de uma verdadeira estratégia para melhorar a qualidade do ensino. Enquanto os novos "doutores" não se instalam na engrenagem, o MEC força os professores a desempenharem tarefas de avaliação interna e externa para as quais não têm formação. A atribuição da coordenação da avaliação docente simultaneamente a diretores de escolas e a coordenadores de centros de formação em nada contribui para a uniformização de procedimentos, sem falar na DGAE que nem uma base de dados consegue incrementar para gerir todo o processo.
e) É bom de ver que, no que fica dito, há um conjunto de fatores de dispersão incompatíveis com a gestão de 4 ou 5 turmas, a 28/30 alunos. E não  é apenas o MEC que gera dispersão, o Plano Anual de Atividades é, em muitas escolas, obstáculo ao sucesso do ensino e da aprendizagem. 
f) A aposta na aposentação precoce de milhares de professores, para além de os enganar pois lhes frusta as expetativas de vida mais ou menos desafogada, provoca uma verdadeira "descapitalização docente" nas escolas. A experiência de muitos anos e a disponibilidade (art.º79) permitiam recuperar muitos alunos que, de outro modo, estavam condenados ao insucesso.
g) Na verdade, desde 2005, os sucessivos governos, ao contrário do que proclamavam, apostaram: na degradação da imagem do professor junto da opinião pública; na degradação salarial, porque, para além de congelarem as progressões, submeteram os vencimentos a sucessivos cortes; na degradação do mérito e da experiência... Por outro lado, a política de agregação e de agrupamento de escolas trouxe maior dispersão e, sobretudo, maior animosidade entre docentes, funcionários, alunos, pais e encarregados de educação...
h) Portanto, desta vez, o insucesso não deve ser atribuído, em primeiro lugar, aos alunos, pois a causa está do lado da política educativa ou da falta dela.    
 
     

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