5.9.13

A escrita dos incêndios

A propósito da "cinematografia" de Robert Bresson, Eduardo Prado Coelho escreveu na crónica O Lado Mais Severo dos Incêndios: «Em cada um dos seus filmes sentimos sempre o lado mais severo dos incêndios - a austeridade da escrita, incandescência da verdade que dessa escrita emerge.»
 
Os incêndios não se repetem! Não há um manual que ensine a combatê-los. Toda a aprendizagem anterior pode desfazer-se numa faúlha.  No terreno do incêndio, o que conta é a acuidade interpretativa, pois à austeridade dos meios é preciso opor uma decisão firme, mas humilde...
Ora, tal como suspeitava, 35.000 estudantes integram o corpo de voluntários dos bombeiros, sendo atirados para a severidade do fogo... A muitos destes estudantes, para além da reduzida formação, faltam a acuidade interpretativa e a humildade...e, deste modo, são os primeiros a morrer.
Tal como os filmes não servem para reproduzir o que já existe (lição de Robert Bresson), cada incêndio surge como um novo desafio para o qual nunca estaremos preparados - razão suficiente para mudar completamente de realizador... Um realizador que entenda que "não precisamos de mais mártires"!
 

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