21.9.13

Admirar é relacionar



Na infância «A minha retina podia comparar-se, pela sensibilidade, à da película fotográfica, susceptível de fixar imagens plurais. Impressionava-se, por conseguinte, de tudo o que se lhe pospunha. (…)  / Mas esta passividade viva perante os fenómenos não me conferia o poder de admirar. Admirar é relacionar, operação que estava acima dos meus recursos cerebrais.» Aquilino Ribeiro, Cinco Réis de Gente, Círculo de Leitores, pág. 72.

Mas quem é que ainda tem disponibilidade para relacionar? E como é que se relaciona se não houver aproximação? Se hoje se admira tão pouco não é por causa desse tempo em que tudo era poroso, em que tudo ficava na retina, mas porque, paradoxalmente, vivemos distantes, apesar dos mil “likes” que insistimos em pospor…

Na Jardim da Estrela, ainda há alguma proximidade. Se olharmos de perto, vemos uma multiplicidade de grupos à procura do respetivo centro. Mas parece que todas estas pessoas fogem da lavagem ao cérebro que se instalou nas aldeias e cidades deste triste país…

Na verdade, há muito poucos candidatos autárquicos dignos de serem admirados! Com obra ou sem ela, a maioria só busca a Fama, um lugar que lhes dê poder e os ponha bem longe da pobreza.

Se soubéssemos relacionar, no dia 29 de setembro, teríamos uma enorme dificuldade em votar!

Sem comentários:

Enviar um comentário