Casa da Lusofonia inaugura espaço aberto a culturas
10-05-07
"A Casa da Lusofonia, um novo espaço de cultura, em três pólos, vai ser inaugurado em Lisboa no próximo dia 12 de Maio. Trata-se de uma iniciativa da organização não-governamental
Etnia - Cultura e Desenvolvimento com
o apoio da Escola Secundária de Camões, da Junta de Freguesia de S. Jorge de Arroios e conta com o apoio de instituições portuguesas e brasileiras.
Haverá uma sessão formal de inauguração com visita às instalações seguida de um jantar com a gastronomia tradicional dos países da CPLP. E, segundo um dos seus promotores, Vladimiro Cruz, da
Etnia, o objectivo é que haja uma Casa da Lusofonia em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, Brasil e demais países de língua comum.
A participação no espaço será efectuada mediante determinados critérios e condições patentes no
Regulamento de Funcionamento da Casa da Lusofonia, que está em preparação e que será publicado brevemente.
A Etnia é uma associação que tem parcerias com diversos paises, nomeadamente o Brasil, e tem desenvolvido programas de comunicação, cinematográficos e de difusão da língua portuguesa, em muitos lugares, como Portugal, Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau."
Reacção ao artigo:
Manuel Gomes "
Casa da Lusofonia inaugura espaço aberto a culturas"
Não deixa de ser perturbador que o corpo docente da Escola Secundária de Camões não tenha sido informado da cedência das "Caves", nem da parceria negociada com a Junta de Freguesia de S. Jorge de Arroios e com a ONG "ETNIA", sob os auspícios da CPLP e das autoridades portuguesas (Quais?).Quem quer explicar o secretismo da iniciativa?
Notas soltas:
1. "De ascendência cabo-verdiana e nascido na Guiné-Bissau, o autarca João Taveira mostrava, entusiasmado, às perto de 200 pessoas que o seguiam na visita às catacumbas do emblemático Liceu Camões, agora escola secundária, o espaço farto, mas ainda nú, onde crescerá a “Casa da Lusofonia” na capital portuguesa. Este projecto inédito da “tal” sociedade civil, de quem muito se reivindica em discursos oficiais, mas quando surgem e se não forem auto-sustentáveis, acabam caindo sozinhos ou, senão mesmo, atrofiados por quem explorou a sua criatividade ou dela usufruiu."
2. "Luis Fonseca, secretário-executivo da CPLP, considerou “consistente” esta iniciativa da sociedade civil, contrariamente a outras que têm aparecido mas que se diluem, naturalmente, sem meios. O ex-secretário de estado brasileiro da cultura, Paulo Miguéis, antigo “braço direito“ de Gilberto Gil, notou ser esta uma “aventura que mudará a vivência dos portugueses”. Defende um conceito novo de cultura: “É preciso levá-la aos locais e deixar que a cultura não seja apenas dos que lêem muito, mas também de iniciativa de gente simples. Através das suas actividades estar-se-á a desenvolver a cultura e língua comum”, disse, exemplificando que preservar o ambiente é um acto de cultura. Observou ser necessário um trabalho árduo de mecenatos e patrocinadores, à semelhança da empresa brasileira Telemix celular que aderiu a este projecto e lançou já um concurso lusófono, do melhor filme por telemóvel, a enviar até Setembro, para
www.telemix@celular.br"
3. Mário Alves, responsável pela “Etnia” e companheiro de carteira de João Taveira neste mesmo liceu, instituição-referência onde estudaram destacadas personalidades - o escritor Manuel Lopes foi uma delas - explicou que a Casa da Lusofonia é parte de um projecto cuidadosamente elaborado que já vem desde 2004 e que foi apresentado em Bissau no decurso da Cimeira Cultural da CPLP, e que foi uma consequência das muitas iniciativas, que esta organização não governamental tem feito no Brasil.
PS: A CPLP quer promover um novo conceito de cultura - a cultura do lugar... sem leitura! Por isso os responsáveis pela iniciativa não estabeleceram qualquer contacto com aqueles e aquelas que, sob a égide de Camões, promovem diariamente a leitura da lusofonia. Bem poderiam ter aproveitado a cratera que deixaram aberta, junto ao Palácio dos Alfinetes, em Marvila. Uma cratera em que, há uns anos, uma criança morreu afogada. Que os arroios, revoltos, não nos afoguem a todos!