As invasões francesas[1]
Com
as invasões e a fuga do rei romper-se-iam as legitimidades tradicionais que
cimentavam as formas de dominação até então existentes. Formas de cujo
enfraquecimento, agravado pelos efeitos imediatos da ocupação e da guerra,
emergiram novos actores e práticas sociais. Em 1808, o levantamento popular que
tem lugar, não é determinado, essencial ou meramente, pelos brios nacionais
ofendidos – por muito que custe à mitologia nacionalista.
(...) Com o
desembarque dos ingleses, em Agosto de 1808, comandados pelo futuro Wellington,
inicia-se a acção de reagrupamento das forças militares dispersas pelo
território nacional sob a autoridade das diversas juntas, que não deixarão de
oferecer alguma resistência à recentralização e recomposição do Estado.
(...) No
entanto, apesar do fim da guerra, não só a corte continuava no Brasil, que
ganhava cada vez mais preponderância face à metrópole, como Portugal se via
submetido ao poder militar de Beresford,
qual pró-cônsul de Sua Majestade britânica, que uma regência de portugueses se
limitava a assessorar. Foi indiscutivelmente importante o papel do futuro
Marquês de Campo Maior ( principescamente retribuído, mesmo quando já
regressara ao seu país) quanto às tarefas de normalização, restauração da
autoridade do Estado e de reorganização do Exército. A verdade, porém é que
desempenhou esse papel com um despotismo digno de general em país ocupado, a
exemplo do comportamento dos ingleses em geral que provocaria veementes
protestos e violentas manifestações de hostilidade das populações.
Também os oficiais portugueses se começam a cansar
de «marchar para inglês ver», de ser enquadrados por britânicos que lhes
prejudicavam «os acessos» (promoções), de sofrerem severas e humilhantes
punições, de serem afastados das fileiras com a sanção do marechal estrangeiro.
Neste contexto começa a tramar-se uma conspiração de jovens oficiais animados
por objectivos profissionais, nacionalistas e de difusa contestação política.
Gomes Freire de Andrade, regressado de
França após o fim da aventura napoleónica em que participara integrado na
Legião Portuguesa que Junot formara, apesar do labéu de traição que sobre ele
pesara e de se ter colocado num afastamento discreto, juntava ao prestígio, que
detinha nos meios militares, a influência que adivinha do cargo de liderança
que ocupava na maçonaria. É, pois, um homem profundamente crítico face à
situação existente, que se moldara numa Europa em mutação, confidente de
oficiais descontentes e em apuros, em suma, o chefe ideal que os conspiradores
procurarão para suscitar a adesão do Exército no seu conjunto uma vez iniciado
o movimento. Freire de Andrade aceitará tal encargo, sem se envolver
directamente nas manobras conspirativas que serão conduzidas desastrosamente.
Infiltrados e
descobertos, em 25 de Maio de 1817, são presos umas dezenas de oficiais e uns
quantos civis. Julgados sumariamente e praticamente à revelia do rei, em 18 de
Outubro, Gomes Freire, em S. Julião da Barra, e onze outros condenados, no
Campo de Sant’Ana são executados: oito, entre os quais o general, serão
enforcados, terão a cabeça cortada, o corpo queimado e as cinzas lançadas ao
mar; quatro são «simplesmente» enforcados. Serão doravante «Os Mártires da
Pátria».
Estas
execuções fizeram nascer um ódio invencível contra o Governo da Regência e o
desejo de mudança.[2]
(...) Será em
24 de Agosto de 1820 que os coronéis Cabreira e Sepúlvedra darão o «grito»,
isto é, enunciam os objectivos do movimento lendo proclamações nas quais se faz
o negro retrato do país, se presta fidelidade ao rei, se pede que a ordem se
mantenha e que se impeça a anarquia, ao mesmo tempo que reivindica a reunião
das cortes e se pede uma Constituição.
É formada uma
Junta Provisória do Supremo Governo do Reino, constituída por homens do
Sinédrio, os comandantes militares e diversas personalidades, nomeadamente, o
clero, que iam aderindo ao que se passava.
(...) A 15 de
Setembro de 1820, um tenente de Infantaria 16, Aurélio José de Morais, consegue
fazer reunir o seu regimento e outros corpos no Rossio, onde se lhes juntará a
população lisboeta que, num clima de sublevação, decidirá o fim do domínio da
Regência e entronizará uma Junta Governativa.
Posteriormente, fundir-se-ão, não sem dificuldades,
as duas Juntas. Mas passado o momento militar, ganham preponderância os
políticos (Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho, Braamcamp do
Sobral), surgindo antagonismo entre estes últimos e os militares.
(...) Eleitas
as Cortes, estas elaborarão uma Constituição
(1822) que conseguirá ser a mais avançada da Europa de então.
(...) O rei voltará ao País em Julho de 1821. Com ele a rainha D. Carlota Joaquina, o infante D. Miguel e muita da nobreza que o acompanhara.
Vilafrancada
(1823)
Abrilada (Abril
de 1824): D. Miguel tenta destituir o pai, D. João VI.
D. João VI
morre a 4 de Março de 1826, de causa controversa
D. Pedro, seu
filho e imperador do Brasil, é designado sucessor, governando, entrementes,
como regente, a Infanta D. Isabel Maria.
Em Julho de
1826, chega da ex-colónia a abdicação de D. Pedro na filha, D. Maria da Glória
e uma Carta Constituinte que, acabou por ser jurada por pressão militar de
Saldanha ...
Em Fevereiro
de 1828, D. Miguel regressa de Viena de Áustria e assume a Regência, formando
Governo após ter jurado a Carta e assente no casamento com a sobrinha...
A Belfastada
(Julho de 1828)
A expedição de
D. Pedro IV de desembarque em Pampelido (8 de Julho de 1832)
Em 27 de Maio
de 1834, o exército miguelista rende-se definitivamente em Évora-Monte.
Sem comentários:
Enviar um comentário