Espaço lusófono


Abel, João(Luanda, 6.07.1938) – Poetas Angolanos, CEI, 1959. João Abel participou com alguma frequência na edição do suplemento literário do jornal Província de Angola, coadjuvando Carlos Ervedosa. Obra: Bom-Dia (1971/1982); Nome de Mulher (1973); Assim Palavra de Mim (2004). Faz parte de várias antologias: Força Nova (1959); Poetas Angolanos (1962); Poesia de Angola (1976); Cadernos do Sol (2002).

Abelaira, Augusto José de Freitas Abelaira (Ançã, Cantanhede, 18/3/1926- 4/7/2003). Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas com uma tese sobre Garcia da Horta. Professor de filosofia em dois liceus da capital, e jornalista (Seara Nova; Vida Mundial; Jornal de Letras; O Jornal; RTP - diretor de Programas). Pertencia a uma segunda geração do neorrealismo[1], que integrava José Cardoso Pires, José Fernandes Fafe... Obra: A Cidade das Flores[2] (1959); Os Desertores (1960); A Palavra é de Oiro (1961); O Nariz de Cleópatra (1961); As Boas Intenções (1963)[3]; A Enseada Amena (1966); Bolor (1968); Quatro Paredes Nuas (1972); O Triunfo da Morte (1981); O Bosque Harmonioso (1982); O Único Animal Que?[4](1985); Deste Modo ou Daquele (1990); Outrora Agora (1996)[5]; Outrora Agora[6] - com este romance, o autor viu ser-lhe atribuído o Grande Prémio da APE referente a 1996.

Abranches, Henrique (Lisboa, 29.09.1932 – África do Sul, 5.02.2006).  Foi um elemento muito ativo do Partido Comunista Português, antes de se tornar angolano. Embarcou para Angola em 1947 (aos 15 anos). Voltou a Portugal para concluir os estudos secundários. Regressou a Angola nos anos 50, onde começou a sua atividade como etnógrafo, escritor, artista plástico e militante nacionalista no Sul de Angola. Em 1961, após o 4 de fevereiro, foi preso.[7] Expulso de Angola, foi colocado em Lisboa com residência fixa. Na cadeia de S. Paulo, escrevera três manuscritos: Diálogo, publicado em 1962 pela CEI; Manual de Etnografia, curso que lecionou em 1961 e 1962 na CEI. Outras obras: Konkhava de Feti, reescrito em 1979; Reflexões sobre Cultura Nacional (1980); O Clã de Novembrino (1989)[8]; Kissoco de Guerra (1989)[9]; Sobre os Bassolongo – Arqueologia da Tradição Oral (1991); Titânia, romance de ficção científica ambientado em Luanda (1993); Misericórdia para o Reino do Kongo! (romance, 1996); Ovo Magentino (2000). Em Lisboa, integra-se na Casa dos Estudantes do Império. Em 1962, perseguido novamente pela PIDE, passa à clandestinidade e foge para Paris, recebendo a incumbência de Agostinho Neto de partir para Argel, onde funda O Centro de Estudos Angolanos. Nesse Centro, juntamente com Pepetela, escreve a História de Angola, mais tarde adoptada no ensino secundário. Em 1973, parte para Brazzaville e integra a guerrilha do MPLA. Foi comandante das guerrilhas do MPLA e confidente de Agostinho Neto. Em 1975, ainda antes da independência, regressa a Angola com o MPLA. Em 1976, é nomeado Diretor Nacional dos Museus e dos Monumentos, cargo que acumula com o de professor de etnologia da Faculdade de Direito. Em 1979, abandona aquele cargo para fundar e dirigir o Laboratório Nacional de Antropologia, onde organiza a missão etno-histórica do Soyo e a estação arqueológica de Kitala ao Sul de Luanda. (...) a partir de 1994, lança a revista de BD Jornal de Mankiko.

Abreu, Antero Alberto Ervedosa de (Luanda, 22.2.1927-15.03.2017). Fez os seus estudos primários e secundários em Luanda, tendo concluído o liceu nessa cidade. Partiu em seguida para Portugal para estudar Direito, primeiro em Coimbra e posteriormente em Lisboa, onde terminou o curso. Após a sua formação exerceu advocacia em Luanda, tendo sido após a independência Procurador-geral da República, cargo que exerceu durante vários anos e posteriormente Embaixador da República de Angola em Itália. Como advogado durante o tempo colonial foi membro activo no incremento associativo e cultural de Luanda, integrado no Departamento cultural da Associação dos Naturais de Angola – ANANGOLA. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos.

Enquanto estudante foi membro do Cineclube de Luanda, escrevendo crítica de cinema na revista Prisma. Enquanto estudante, em Lisboa, foi dirigente da Casa dos Estudantes do Império (CEI), sendo membro da geração da Mensagem. Colaborou no «Meridiano» (boletim da secção de Coimbra da CEI), na «Via Latina» (jornal da Associação Académica dos Naturais de Angola) e na «Mensagem» (órgão da Associação dos Naturais de Angola). Obra: A Tua Voz Angola (poemas, 1979); Poesia Intermitente (1978); Permanência (poemas, 1979).

Os seus primeiros poemas foram publicados no Meridiano, Boletim da Casa dos Estudantes do Império, em Coimbra. Os seus poemas e contos encontram-se publicados em diversas revistas e páginas literárias tais como: Mensagem (CEI), Via Latina, Mensagem (ANANGOLA), Cultura (II), ABC, A Província de Angola, Itinerário, Vértice, e outras mais. Também possui textos publicados em algumas antologias: Antologia Poética Angolana (1950), Poetas Angolanos (1959), Antologia Poética Angola (1963), Mákua, III (1963), No Reino de Caliban. Antologia Panorâmica da Poesia Africana de Expressão Portuguesa.  As suas obras publicadas são: A tua Voz Angola (1978), Poesia Intermitente (1978), Permanência (1979), Textos sem Pretexto (1992).

Adolfo, Ricardo – angolano (Luanda, 1974-) Obra: Os chouriços são todos para assar (2003) Mizé. Antes galdéria que normal e remediada (2006) Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas (2009) Os monstrinhos da roupa suja (2011) Maria dos Canos Serrados (2013) Depois de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas.

Afonso, Aniceto (Vinhais, 1942-) – Militar e historiador . Fez 2 comissões no Ultramar. Angola (1969-1971) e Moçambique (onde se encontrava à data do 25 de Abril de 1974). Foi chefe de gabinete de Vasco Lourenço, até à extinção do Conselho da Revolução, em 1982. Esteve 14 anos à frente do Arquivo Histórico Militar. Ver obra Guerra Colonial, em colaboração com Carlos Matos Gomes.

Agualusa, José Eduardo (Huambo, 1961-) Articulista. A Conjura (1988)[10]; Nicolau Água Rosada[11] e outras estórias verdadeiras e inverosímeis (1990); O Coração dos Bosques (1990, poesia); A Estação das Chuvas (1996); Nação Crioula (1998)[12]; Fronteiras Proibidas (1999); Um estranho em Goa (2000); O Ano em que Zumbi Tomou o Rio (2002); Estranhões e Bizarrocos (2002); O Vendedor de Passados (2004); As Mulheres do Meu Pai (2007)[13]; Barroco Tropical (2009)[14];

Aguiar, João (Lisboa, 1943 – 3.6.2010) Obra: A Voz dos Deuses (1984), O Homem sem Nome (1986), O Trono do Altíssimo (1988), O Canto dos Fantasmas (contos, 1ª ed. em 1990 pelas Publicações Dom Quixote; 2ª ed., 1999, pelas Edições Asa); Os Comedores de Pérolas (1992); A Hora de Sertório (1994); A Encomendação das Almas (1995); O Navegador Solitário (1996); Inês de Portugal (1997); O Dragão de Fumo (1998); A Catedral Verde (2000); Diálogo das Compensadas (2001); Uma Deusa na Bruma (2003), O Sétimo Herói (2004); O Jardim das Delícias[15] (2005); Lapedo – Uma Criança no Vale (2006).

Agustina Bessa Luís[16] (Vila Meã, Amarante, 15 de out. de 1922 -) Frequentou o Colégio das Doroteias na Póvoa do Varzim. Passava as férias escolares em Godim (Douro). Casou em 1945 com Alberto de Oliveira Luís, vivendo durante 3 anos em Coimbra. Em 1950, fixou residência no Porto. Estreia literária em 1948 com a novela Mundo Fechado. Obra: A Sibila (1954); Ternos Guerreiros (1960); Os Quatro Rios (1964); A Dança das Espadas (1965); Canção Diante de uma Porta Fechada (1966); As Pessoas Felizes (1974); Crónica do Cruzado Osb (1976); As Fúrias (1977); Conversações com Dimitri e Outras Fantasias (1979); Fanny Owen (1979); O Mosteiro (1980); Os Meninos de Ouro (1983); Um Bicho da Terra (1984); A Corte do Norte (1987); Prazer e Glória (1988); Eugénia e Silvina (1989);  Vale Abraão (1991); Ordens Menores (1992); O Concerto dos Flamengos ((1994); As Terras do Risco (1994); Alegria do Mundo I (1996);  Memórias Laurentinas[17] (1996); O Porto em Vários Sentidos (1998); Garrett o Ermita do Chiado (teatro, 1998); O Comum dos mortais (1998); A Alegria do Mundo (1998); trilogia “O Princípio da Incerteza[18]: Joia de Família (2001); Almas dos Ricos (2002); Os Espaços em Branco (2003)

Nota: a relação entre Agustina e Manoel de Oliveira nem sempre foi feliz.[19] Realizador preferido: Peter Greenaway

Público 5 de junho de 1992

Texto de Abel Barros Baptista sobre ensaio de Silvina Rodrigues Lopes: Agustina Bessa-Luís – As hipóteses do Romance.

O programa do ensaio de Silvina: acolher e pensar as hipóteses que o romance de Agustina oferece, mostrar, sobretudo mostrar, como se trabalha com elas ainda quando são paradoxais ou contraditórias.

- Os finais inconclusivos e a reafirmação da impossibilidade de concluir, o gosto da digressão e a prática da interrupção, o aforismo, o repúdio da personalidade como centro da elaboração romanesca, o mecanismo de construção de hipóteses são apresentados como traços do romanesco de Agustina em que a tradição do contador de histórias, tal como Walter Benjamin a encara, a trabalham a ideia de romance e reinventam incessantemente um romance específico alheio à ideia de um romance puro, escritural, como pura escrita ou pura construção.

(…) A tarefa de Silvina em caracterizar um tipo de romance do que em acolher as suas propostas, para as pensar e prolongar em conformidade com ele – em solidariedade com ele. (…) O lugar estratégico é ocupado peça concepção do aforismo. (…) O aforismo basta-se a si próprio e, ao mesmo tempo, integra uma série de que depende.

O ensaio de Silvina é «um ensaio que se escreve sobre Agustina expandindo os aforismos de Agustina.»

 Álamo de Oliveira Poeta açoriano, (Raminho, Ilha Terceira, 2-05-1945 -)

Publica: A minha mão aberta (1968); Pão Verde (1971); Poemas de(s) Amor (1973); Fábulas (1974); Os quinze mistérios misteriosos (1976); Cantar o Corpo (1979); Eu fui ao Pico, Piquei-me (1980); Itinerário das Gaivotas… poesia sebastianista (?)[20]

Alba, Sebastião[21] (1940 - 2000). Era um poeta[22] e vivia na rua, como um mendigo, por opção, para não ser cúmplice. Morreu atropelado numa rua de Braga no dia 14 de outubro, onde vivia há cerca de 10 anos. Andava sempre só. Ele tinha uma formação de esquerda, marxista-leninista, mas a sua desadaptação vai aproximá-lo de um certo anarquismo. Poesias (1965); O Ritmo do Presságio (1974); O Limite Diáfano; A Noite Dividida (1996)[23]

Quem melhor o terá conhecido, parece ter sido o poeta Vergílio Alberto Vieira (Braga)

Al Berto

Obra: À procura do vento num jardim de agosto (1975); A Secreta Vida das Imagens (1985); O Medo; A obra poética, 1998

“Encontramos também aqui, nesta aparente falta de vigilância, uma marca do poeta para quem o poema não é um objecto autónomo e perfeito, mas algo que decorre do próprio fluir da vida, ligado a uma temporalidade que é a da suposta experiência vivida. Por isso é que a forma diarística surge com frequência. Não se trata de fazer do poema (ou da prosa poética) uma anotação do quotidiano, mas de transfigurá-lo poeticamente, elevá-lo a uma espécie de condição mítica, onde ele adquire verdadeiramente sublimidade.”[24]

A escrita de Al Berto radica muito fundo na perceção visual de outos corpos, do seu corpo.

As descrições ‘objetivas’ integram frequentemente a enumeração, que é o primeiro responsável pelo efeito cinético, que pode desaguar no cinematográfico… as descrições referem, também, um espaço mental.

Subtema: a (in)fidelidade do olhar. O olhar adequa-se ou deforma a objetividade do objeto. No segundo caso, o olhar surge alucinado, gerando descrições «dilaceradas».

Agressividade há por todo o lado na sua escrita – a luta.[25]

Albuquerque, Carlos Angola – Cultura do Medo, Livros do Brasil, 2002.[26]

Albuquerque, Orlando de (Lourenço Marques, 1926 – Braga, 1977). Em 1958, foi trabalhar para Angola como médico-cirurgião, onde casou com a poetisa Alda Lara (1932-1962), também médica. Deixou Angola em 1975, fixando-se em Braga. Obra: Poesia: Batuque Negro; Estrela Perdida e Outros Poemas; Cidade do Índico; Sobre o Vento Noroeste; O Silêncio Intermédio; O Navegante Solitário[27]; Cobra Verde; Poesia Inútil; Olá, Negro! Teatro: Ovimbanda e Outra; Auto de Natal; Herodes e o Menino; A verdadeira história de Noé e da sua arca; O grande capitão; O filho de Zâmbi; Teatro de Natal para crianças. Ficção: Os olhos na noite; De manhã cai o cacimbo;

Alegre, Costa (S.Tomé, 1864-1890). Obra: Versos.

Alegre, Manuel (Águeda, 12 de Maio de 1936 - ) Sai do PCP[28] após a invasão da Checoslováquia (20.08.1968). Sobre “olhar português” / “portugalidade” Obra: Sensações Românticas[29];  Praça da Canção (1965)[30]; O Canto e as Armas (1967)[31]; Lusiade exilé (1970); Um Barco para Ítaca (1971); Letras (1974); Coisa Amar (1976); Nova do Achamento (1979); Atlântico (1981); Babilónia (1983); Chegar Aqui (1984); Aicha Conticha (1984); Jornada de África (1989); O Homem do País Azul (1989); 30 anos de Poesia[32] (1995); Alma (1995); Contra a Corrente[33] (1997); A Terceira Rosa (1998); Senhora das Tempestades [34](1998); Rouxinol do Mundo – Dezanove Poemas Franceses e um provençal subvertidos para Português (1998); Obra Poética[35] (1999); O Livro do Português Errante (2001); Arte de Marear[36] (2002); Cão como Nós[37] (2002). Rafael[38] (2003) Aprendizagem: Manuel Alegre foi uma espécie de “filho intelectual” de Fernando Piteira Santos.[39]

Crítica sobre Manuel Alegre:

Galhoz, Mª Aliete - Manuel Alegre: Letras[40] (ed. Centelha, Coimbra, 1974), p. 92-93, in Colóquio de Letras, nº 33, 1976.

Rocha, Clara - Manuel Alegre: Jornada de África[41](D.Quixote, 1989), p.187-188, in Colóquio de Let


«Poeta-político com biografia a mais»

Candidato presidencial na corrida de 2011 ao Palácio de Belém sempre apreciou as guitarras do fado, a caça às perdizes, a pesca ao robalo, as touradas e o futebo
O Rafael do romance, nome do marinheiro que terá contado a Thomas More a vida numa ilha distante que o escritor londrino transformou na Utopia, descreve o seu próprio percurso. Manuel Alegre já tinha sido o modelo de Sebastião (figura que é o reverso do rei de Alcácer Quibir) de Jornada de África.

Na biografia que vai revelando ou disfarçando nos vários títulos cabe tudo. Em vários textos do seu punho fala da família: o avô paterno Mário Duarte, esse Mário de Anadia a quem se referia António Nobre, no livro Só; o materno, carbonário e republicano, que também se chamava Manuel Alegre; o pai “sempre que vejo (o filmo de Visconti) O Leopardo lembro-me do meu pai”, in Arte de Marear; a irmã Teresa e o cunhado António Portugal (“Havia o António e uma guitarra / incendiada nos dedos./ E a minha irmã morava nesse ritmo”, em O Canto e as Armas); os três filhos em Cão como Nós.

«Acusam-me de altivez e narcisismo. É sobretudo reserva, timidez e uma incapacidade física de praticar uma certa forma portuguesa de hipocrisia e compadrio. Ou talvez um tique que herdei de família: levantar a cabeça, olhar a direito.”

Reviralho – designação de oposição ao Salazar

Alegre integrou o TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra), sendo um dos meninos bonitos do Paulo Quintela. O germanista, tradutor de poesia e encenador – que os ensinou, como é sublinhado no poema com o seu nome (in Coimbra Nunca Vista), «como pisar um palco/ como falar / como falar como calar e sobretudo / como sair de cena e entrar / no grande teatro deste / mundo.”» Representou em peças como Auto da Barca do Purgatório (de Gil Vicente), O Urso (Tchekov) ou El Retabillo de Don Cristobal (Lorca) – o poeta de Granada e o seu “duende” são uma constante na escrita de Manuel Alegre. E não é por acaso que ao longo da sua obra, por vezes o escritor fala dos papéis de Antígona (Sófocles) ou de O Grande Teatro do Mundo (Calderón). “Ele é sempre uma vedeta em palco; quando fala, entusiasma as multidões.”

«Mas acima de tudo, está o ritmo ( que ele até encontra em Bach e em Mozart), a toada (que pode ser próxima dos géneros que aprecia, o flamenco, o fado, o tango), a música dos versos, essa herança da oralidade que Alegre explica pela tradição, por via erudita, tem origem nas Cantigas de amigo e, por via popular, vem do seu encantamento pelas lengalengas da infância e pelos romances cantados na rua pelos cegos de antigamente.

Sousa, João Rui de - Permanência e Errância em Manuel Alegre (Chegar Aqui, 1984), p. 36-42, Colóquio Letras, nº 99, 1987

Alexandre, António Franco

Obra: Duende; Oásis; Uma Fabula (2001); Aracne (2004). Nestas duas obras revisita Ovídio.

Almeida, Fialho. Obra: A Eminente Atriz[42] (1882)

Almeida, Germano  (Cabo Verde, 31.07.1945 -). Advogado, deputado, jornalista, editor. Romancista: O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo; O Meu Poeta.

Almeida, Pedro Ramos Almeida (1932.2012) Licenciado em direito, escritor e ex-dirigente do PCP. Viveu no exílio em Argel, foi um dos responsáveis pela rádio Voz da Liberdade, pertencendo à Frente Patriótica de Liberdade Nacional. Obra: Salazar, Biografia e Ditadura; O Assassínio do General Humberto Delgado. A Armadilha Política (1978); Portugal e a Escravatura em África

Alves, Dário Castro

Diplomata brasileiro. Obra: Era Lisboa e Chovia; Era Tormes e Amanhecia – Dicionário Gastronómico Cultural de Eça de Queirós (Livros do Brasil)[43]

Alvim, Pedro – Obra: Santíssima Trindade (Vega, 1995, romance)[44]

Amado, Jorge – (Ferradas, Bahia,1912 - 2001) Obra: O País do Carnaval; Seara Vermelha; O Cavaleiro da Esperança (biografia do lendário Luís Carlos Prestes); Mar Morto; Cacau; Jubiabá; Gabriela Cravo e Canela; Terras do Sem Fim; Capitães da Areia; Os Subterrâneos da Liberdade; A descoberta da América pelos Turcos. Deixou de ser militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1965.

Amaral, Ana Luísa – Obra: A Génese do Amor[45]. O peso da poesia de papel… (O cântico dos cânticos, Dante, Petrarca, Camões, Pessoa…)

 Amaral, Diogo Freitas do – D. Afonso Henriques, uma biografia (2000). Texto apologético.

 Amaral, Fonseca. A seguir à II Guerra Mundial, procurou instituir uma literatura moçambicana.

 Amaral, Isabel Ricardo (Nazaré, 11.06.1964 -) Obra dirigida a um público juvenil: A Floresta Encantada (1992); O Segredo de Ana (2007) 

Amaro, Luís (Aljustrel, 5.5.1923 – Lisboa, 24.8.2018). Nomeado por Hernâni Cidade e Jacinto do Prado Coelho, foi secretário da redação da revista Colóquio / Letras (1971-1986); diretor-adjunto (1986-1989); consultor editorial (1989-96). Na Livraria Portugal, a partir de 1940, Amaro conheceu toda a gente que foi gente (Luís Pitta). Obra: Dádiva (1949 / 1975); Diário Íntimo (2006)

Andrade, Carlos Drummond (- 1987). Obra: O Amor Natural (1992)[46]; Carlos Drummond de Andrade publicou o seu primeiro livro no dia 25 de Abril de 1930. Poeta do quotidiano, com um forte senso de humor, foi jornalista profissional e chefe de gabinete de alguns Ministérios. A partir de 1962, começou a dedicar-se exclusivamente à vida literária. “Rosa do Povo”, “Lição das Coisas”, “Viola de Bolso” e a “Bolsa e a Vida” são alguns dos seus títulos mais representativos. Recebeu ex-aequo com Miguel Torga o Prémio de Poesia Morgado de Mateus.

Andrade, Eugénio[47](19.1.1923 – 13.6.2005), pseudónimo de José Fontinhas. Foi à Grécia em 1960, com Agustina Bessa-Luís, o marido, Alberto Luís. Voltou mais vezes, inclusive com Sofia Breyner Andresen. Lugar preferido: Delfos.  [48] Poeta solar. Obra: Adolescente (1942); As Mãos e os Frutos (1948); Amantes sem Dinheiro (1950)[49]; As Palavras Interditas; Até Amanhã (1956); Conhecimento de Poesia (1958); Coração do Dia (1958); Os Afluentes do Silêncio (1968); Obscuro Domínio (1971); Limiar dos Pássaros (1972); Véspera da Água (1973); História da Égua Branca (1976); Memória de Outro Rio (1978); Rosto Precário (1979); Matéria Solar (1980); O Peso da Sombra (1982) Chuva sobre o rosto (1983?); Aquela Nuvem e outras (1986); Alentejo não tem Sombra (ant.); Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra)[50]; O Sal da Língua (1995); Alentejo (1998); Os Lugares do Lume (1998);  Os Sulcos da sede (2001). Prémio Camões em 2001.Com o Sol em Cada Sílaba (2002); As Vertentes do olhar (As Gaivotas).[51] Antologia Pessoal de Poesia Portuguesa (1999). Poesia e Prosa, 1940-1989 (1990). Tradutor de poesia: Trocar de Rosa; Poemas e Fragmentos de Safo.

Andrade, Francisco Fernando da Costa

 (Lépi, 1936-). Obra: Acácias Rubras (poemas, CEI, 1960); Poesia com Armas (1975); O caderno dos Heróis (1977); No Velho ninguém Toca (poema dramático, 1978).

Costa Andrade também conhecido por Ndunduma wé Lépi (nome de guerra adoptado nos tempos de guerrilha no leste de Angola, durante os anos 60 e 70), é natural do Lépi , localidade situada no Huambo, onde nasceu em 1936, há 68 anos. Fez os estudos primários e liceais no Huambo e no Lubango.

Por razões que se prendiam com a falta de universidades ou outras escolas superiores na Angola colonial, Costa Andrade residiu em Portugal nas décadas de 40 e 50, com o objectivo de, em Lisboa, realizar estudos de arquitetura.

Foi, com Carlos Ervedosa, editor da coleção de autores ultramarinos da Casa dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo na divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa, especialmente da literatura angolana.

Teve colaboração dispersa em várias publicações periódicas. Publicou textos sobre vários pseudónimos, sendo o mais recente pseudónimo Wayovoka André.

Além de Portugal, viveu, na condição de exilado em países como o Brasil, a Jugoslávia e a Itália, onde, além de prosseguir os estudos desenvolveu uma intensa actividade de conferencista.

Foi membro fundador da União de Escritores Angolanos. Entre os vários pseudónimos que utilizou, destacam-se Africano Paiva, Angolano de Andrade, Fernando Emílio, Flávio Silvestre e Nando Angola.

A versatilidade de Costa de Andrade, confirma-se com a sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal prova acima de tudo uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra em permanente busca de materiais e matérias para o trabalho criativo, avultando na sua história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao mesmo tempo.

Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e ensaio, destacam-se entretanto, pelo seu número as obras de poesia. 

v Terra de Acácias Rubras (poesia, 1961)
v Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963)
v Poesia com Armas (poesia, 1975)
v O Regresso e o Canto (poesia, 1975)
v O Caderno dos Heróis (poesia, 1977)
v No Velho Ninguém Toca (texto dramático, 1979)
v Literatura Angolana (opiniões); (ensaio, 1980)
v No País de Bissalanka (poesia, 1980)
v Estórias de Contratados (conto, 1980)
v Cunene Corre para sul (poesia, 1984)
v Ontem e Depois (poesia, 1985)
v Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua de Umbundu, 1986)
v Os sentidos da Pedra (poesia, 1989)
v Falo de Amor por Amar (poesia)
v Lwini (poesia)
v Limos de Lume (poesia, 1989)
v Irritação (poesia, 1996)
v Luanda- Poema em Movimento Marítimo (poesia, 1997)

Andrade, Joaquim Pinto de (1926-2008). Um dos fundadores do MPLA. Formado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, no ano de 1953, participou em 1956, no I Congresso dos Homens de Cultura Negra, realizado em Paris. Presidente honorário do MPLA, em 1962, a partir de 1974, fez parte do Grupo da Revolta Activa, contrário à política oficial do partido que em 11 de Novembro desse ano assumiu a governação.

Andresen, Sophia de Mello Breyner (Porto, 6 Nov.1919 – 2 Julho 2004). Casou com Francisco de Sousa Tavares. Jorge Sena era um grande amigo da família. Obra: Poesia (1944), Dia do Mar (1947), Coral, (1950), No Tempo Dividido, (1954), Mar Novo (1958), Livro Sexto (1962) Geografia (1967), Dual (1972), Nome das Coisas (1977), Musa[52] (1994), etc. Obras narrativas: O Cavaleiro da Dinamarca, Contos Exemplares, Histórias da Terra e do Mar, A Floresta, A Menina do Mar, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana.[53]

 António Jacinto do Amaral Martins, que usava como pseudónimo, para assinar alguns contos, Orlando Távora. Nasceu a 28 de Setembro de 1924, na cidade de Luanda, e faleceu a 23 de Junho de 1991 em Lisboa. Frequentou todo o liceu em Luanda Esteve preso em Luanda e, a maior parte do tempo, no campo de concentração do Tarrafal (Cabo verde) de 1960 a 1972 por actividades politicas anti-coloniais. Incorporou-se nas fileiras do M.P.L.A, sendo um dos principais elementos do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola.

Com o pseudónimo de Orlando Távora escreveu entre muitos outros “Poemas” em 1961, “Outra Vez Vovô Bartolomeu”, em 1979 e “Sobreviver em Tarrafal” em 1985. “Carta dum Contratado” e “Poema da Alienação”, mais dois poemas de Orlando Távora representaram logo o seu “estilo”, a sua forma de escrever. Mesmo antes de Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade, o cérebro (e o coração) do moderno movimento nacionalista angolano. Fundador do efémero Partido Comunista angolano, PCA, aceitou pouco depois uma proposta do professor Adriano Moreira para estudar em Lisboa, e trocou de campo. Mário António fez-se uma espécie de Gilberto Freire angolano.[54] Luanda Ilha Crioula (ensaio).

Antunes, António Lobo[55] (Lisboa, 1.09.1942) – Os Cus de Judas (1979) – a epopeia do vazio[56]; Memória de Elefante[57] (1979); Conhecimento do Inferno (1980); Explicação dos Pássaros (1981); Fado Alexandrino (1983); Auto dos Danados (1985); As Naus[58] (1988); A Ordem Natural das Coisas[59] (1992); A Morte de Carlos Gardel (1994); Manual dos Inquisidores[60] (1996); O Esplendor de Portugal[61] (1997); Livro de Crónicas (1998); A História do Hidroavião (1988); Exortação aos Crocodilos (1999); Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (2000); Que Farei Quando Tudo Arde (2001) Apontar com o Dedo o Centro da terra (2002); Segundo Livro de Crónicas (2002); Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003); Eu Hei de Amar uma Pedra (2004); Deste Viver aqui neste Papel Descripto[62] (2005)

 

Araújo, Matilde Rosa (Lisboa, 20.6.1921 - 6.7.2010). Tinha origens em Monção. Teve como professores Vitorino Nemésio e Jacinto Prado Coelho. E como colegas e amigos, Sebastião da Gama, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Natércia Rocha. Foi próxima de Miguel Torga e de Sophia Mello Breyner. Terminou o curso em 1943, talvez com a 1ª tese académica que se fez em Portugal sobre o jornalismo de reportagem. Foi ela que fez evoluir a literatura infantil iniciada em Portugal por Ana de Castro Osório, que teve como cultivadores do género: Virgínia de Castro e Almeida, Maria Lamas, Aquilino Ribeiro (O Romance da Raposa). Matilde teve como discípulas, Luísa Ducla Soares e Alberta Menéres. De certo modo, foi “companheira de estrada” do comunismo (ver neorrealismo).

 

Artur, Armando. Poeta moçambicano nascido em 1962 na Zambézia.

Obra: Espelho dos Dias (1986); O Hábito das Manhãs (1989); Estrangeiros de Nós Próprios (1996);Os Dias em Riste (2002) – prémio Consagração FUNDAC; A Quintessência do Ser (2004) – Prémio José Craveirinha de Literatura; No Coração da Noite (2007);Felizes as Águas (antologia de poemas de amor); As Falas do Poeta; A Reinvenção do Ser e a dor da pedra (2018); Muery – Elegia em Si maior (2019); O Rosto e o Tempo (antologia - 2021); Outras Noites, Outras Madrugadas (2021); Minhas Leituras e Outros Olhares (2021)

 

Ary dos Santos, José Carlos (Lisboa, 7-12-1937 – 18-01-1984). Nascido na alta burguesia lisboeta, repudia a família e, aos 16 anos, sai de casa, trabalha em várias ocupações, é paquete, vendedor de pastilhas e máquinas, explicador, estivador, escriturário. Incentivado pelo compositor Nuno Nazareth Fernandes passa a fazer versos para canções: Amália, Simone, Fernando Tordo, Tonicha, Carlos do Carmo…Militante do PCP. Morreu aos 46 anos cheio de álcool, de solidão e amargura, vítima de síncope cardíaca, após uma hepatite prolongada. ’Eis Ary dos Santos: cabotino, espetaculoso, truculento, corajoso como poucos, cabeça alevantada, olhar de fogo, a chispa indomável de uma labareda interior que o consumia. E também um grande poeta, da linhagem de um Guerra Junqueiro, de um Gomes Leal, de um Cesário Verde ou de um Linhares Barbosa…’[63] Aos 17 anos já o seu nome engrossava a antologia do Prémio Almeida Garrett, de 1954, seleção de um júri onde pontificavam os nomes solenes de João Gaspar Simões, Paulo Quintela e Vitorino Nemésio. Obra: A Liturgia de Sangue (1963); Tempo das Amendoeiras e Deus Existe; Adereços e Endereços; Insofrimento in sofrimento; Foto-grafia; Resumo; As portas que Abril Abriu; o Sangue das Palavras; 20 anos de Poesia. Teria pronto um livro de memórias «Estrada da Luz – Rua da Saudade».

 

Babo, Alexandre Feio dos Santos (1916-2007). Advogado (defensor dos resistentes antifascistas), dramaturgo, escritor e crítico de teatro. Ajudou a fundar a editora Sírius, que em 1941 publicou a 1ª edição de Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, com ilustrações de Cunhal. Militante do Partido comunista desde 1943. Foi co-fundador do Teatro Experimental do Porto e da Associação Portuguesa de Escritores. Obra: Estrela para um Epitáfio; Jardim Público; A Nativa do Arquipélago do Vento (romance).

 

Baptista, António Alçada (Covilhã, 1927 – 7.12.2008) Escritor e jornalista. Identificado por muitos como “o escritor dos afetos” e um defensor da liberdade, Alçada Baptista foi um dos fundadores da revista “O tempo e o Modo”, que marcou gerações. Era ainda editor da Moraes Editora. No campo literário deixa-nos, entre outras obras, as suas duas Peregrinações Interiores, Os Nós e os Laços, O Riso de Deus, Catarina ou o Sabor da Maça, A Cor dos Dias, Tia Susana, Meu Amor[64] (1989).

 

Baptista, Abel Barros – Importa-se de me Emprestar o Barroco?[65]

 

Barahona, António (Muhammed Rashid) (1939-).  António Manuel Baptista Barahona da Fonseca, ex-marido de Eunice Muñoz. Casaram em 1966 e tiveram um filho.  Poeta de tendências místicas. Obra: Amor Único; Um livro aberto diante dum espelho;

Barbeitos, Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, Angola, Catete (Bengo) 24.12.1940 –  Luanda 21.3.2021). Aos 17 anos, veio estudar para Lisboa, estando ligado à CEI, datando daí a sua adesão ao Movimento Anticolonialista (MAC). Três anos depois, fugiu para Paris, em 1961, tendo seguido para a Alemanha por ordem do movimento de libertação a que pertencia, estadia infrutífera. Em 1971, foi para o Moxico como professor e guerrilheiro. Em 1972, tuberculoso, regressa à Alemanha. Foi assistente auxiliar na Universidade Livre de Berlim, partindo, no entanto, para a Universidade de Lubango onde foi ensinar. Foi um período atribulado que terminou com a sua expulsão, em 1981. Deu aulas de História de Angola e de Antropologia Cultural. Em 1986, foi afastado do MPLA devido à cegueira do Partido. Obra: Angola, Angolê, Angolema, (1976); Nzoji (1979); Fiapos de Sonhos (1992);

 Barbosa, Jorge (Cabo Verde, S.Tiago, 1902 -) Foi um dos fundadores do movimento literário “Claridade”. Obra: Arquipélago (1935); Ambiente (1941); Caderno de um Ilhéu (1956).

 

Barrento, João. Ensaísta: A Palavra Transversal (1996); Uma Seta no Coração do Dia (1998); Umbrais (2000); A Espiral Vertiginosaensaios sobre a cultura contemporânea (2001) [66]. Ver definição de ‘modernos’: Os modernos gostam de “viver em perigo e abarcar o incomensurável”, e nisso provavelmente se separam daqueles que são designados como “pós-modernos”, que vivem em jogo e percorrem em todos os sentidos o mensurável. (J. B.) (…) Não há moderno, sem um sentido dos limites a ultrapassar, enquanto não há pós-moderno sem uma aceitação dos limites a não ultrapassar. (E.P.C.)

 

Barreno, Maria Isabel. (Lisboa, 10.07.1939 – 3.09.2016)

Licenciada em Histórico-Filosóficas. Dedicou-se à causa do feminismo tendo feito parte do Movimento Feminista de Portugal juntamente com as escritoras Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, as Três Marias. Estas, em 1971, publicaram As Novas Cartas Portuguesas.

Obra: O Enviado (contos, 1991)[67]

 

Barreto, António Rodrigo Garcia (Amadora. Licenciado em História. Fez a Guerra Colonial em Moçambique sob o comando do general Kaúlza de Arriaga) Obra:  Rubens  e a Companhia do Espanto; O Caso da Mitra Desaparecida; À Sombra das Acácias Vermelhas (2006);

Barroqueiro, Deana – Obra: D. Sebastião e o Vidente[68] (2006);

Barros, José Carlos (Boticas, 1963-)[69]. Licenciado em Arquitetura Paisagística. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António (2010). Obra: O Prazer e o Tédio (romance); Uma Abstração Inútil (1991), Todos os Náufragos (1994), Teoria do Esquecimento (1995), As Leis do Povoamento (1996) e Las Moradas Inútiles (2007, com edição bilingue em português e castelhano); O dia em que o mar desapareceu (conto)

Bastos, Baptista (27.02.1934 – 9.5.2017) Nasceu em frente ao Campo das Salésias, na Ajuda. – O Secreto Adeus (1963); A Colina de Cristal[70]; Elegia Para Um Caixão Vazio [71](1984); Lisboa Contada Pelos Dedos (2001)[72]; As Bicicletas em Setembro (2007). O Homem: O homem que sou deve tudo o que é a esses homens probos, escrupulosos, vigilantes, que defendiam a integridade moral com uma veemência impositiva: Aquilino, Redol, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Manuel Mendes, Bento de Jesus Caraça, Augusto Abelaira, Manuel de Azevedo, João José Cochofel, Fernando Lopes-Graça, Mário Dionísio. E José Gomes Ferreira. (LCPD, 2001, pág. 192).[73] Jornalista, revolucionou a entrevista.[74] Frequentou a escola António Arroio e o Liceu Francês. Começou a despertar para a escrita por causa do Mosquito (revista de BD), por causa do que Rofer (Roberto Ferreira) lá escrevia. Estreou-se, aos 14 anos, na página infantil do José Lemos (Diário Popular). Aos 19 anos, entrou no Século. Tinha como chefe de redação Acúrsio Pereira, o maior do séc. XX.

 

Belchior, Maria Lourdes (Lisboa, 9 de Julho de 1923 – Lisboa, 4 de Junho de 1998). Visão religiosa do mundo. Obra: A Gramática do Mundo (1985)[75]; Cancioneiro para Nossa Senhora (1988).

Bella, John (pseudónimo de Jorge Marques Bela), membro da Brigada Jovem da Literatura de Angola (BJLA) desde 1984, e da União de Escritores Angolanos (UEA). É o autor de obras de estilo poético como Água da Vida (1995); Panelas Cozinharam Madrugadas" (2001) e "Cântico Romântico (à Paz)" 2003.

Belo, Rui (S. João da Ribeira, Rio Maior, 1933 - 8.8.1978, Monte Abraão, Queluz). Estudou no Liceu de Santarém, a partir de 1943. Os pais eram ambos professores. Era doutorado em direito canónico e licenciado em letras. Em 1977/78, dava aulas noturnas numa escola técnica do Cacém, depois de lhe terem negado uma equiparação a bolseiro. Casou com Maria Teresa (Belo) em 1966. Foi Leitor de Português na Universidade Complutense, em Madrid, de 1971 a 1977. Admirava profundamente Herberto Hélder. Obra: O Problema da Habitação – Alguns Aspectos (1962); Boca Bilingue (1966)[76];  Ácidos e Óxidos; Vat69; Transporte no Tempo (1973)[77]; Muriel; A sombra o sol; Aquele Grande Rio Eufrates[78]; Despeço-me da Terra da Alegria; Homem da Palavra (s)[79]; Transporte no Tempo[80]; Toda a Terra[81]

Bingre[82] – nome de um poeta que viveu longos anos em Moçambique e trabalha hoje (13 de Junho de 1995, Público).

 

Bento, Luís (Parede, 1951-2015). Obra: Este nosso jeito de ser (2017); A Alquimia dos Sentidos - romance de uma geração (2018); O Prazer da Transgressão (2019);

 

Botto, António (1897 - 1959). Assumiu-se como homossexual e foi demitido da função pública, acabando por fugir para o Brasil com a mulher que o acompanhou até ao fim. Doente, sofrendo delírios da sífilis, morreu na miséria.[83] Obra: Canções[84]

 

Botelho, Fernanda (1926 - 11.12.2007). Obra: Livro de Poesia; Calendário Privado; [85] A Gata e a Fábula; O Ângulo Raso; O Enigma das Sete Alíneas (novela), publicado na revista número um do Graal (4 números); Xerazade e os Outros; Terra sem Música; Lourenço é Nome de Jogral; Esta noite sonhei com Brueghel

Sobre Fernanda Botelho: Na escola primária, gostava de tudo o que era relacionado com a língua. Em casa, só tinha para ler obras como Os Lusíadas, a Bíblia, As Palavras Cínicas, do Albino Forjaz de Sampaio…; Leu obras como As Histórias de um Quarto de Noiva (aos 12 anos). Ia ao cinema desde sempre! (não havia classificação etária)

«Para viver não temos necessidade de estarmos novos por dentro; temos, é tanto quanto possível, de nos defendermos de estar velhos por fora!»

Sempre quis ser escritora… e um dia ao vir para Lisboa «calhou entrar num grupo que também estava vocacionado literariamente que era o grupo que depois fez A Távola Redonda – o David Mourão-Ferreira, o António Manuel Couto Viana e o Luís Macedo. Foi ali que se iniciou na poesia com um livro, editado pela Távola Redonda.[86]

 

Boxer, Charles Ralph (1904-2000) O mais importante historiador estrangeiro da época dos descobrimentos. Obra: Relação da perda da nau ‘Madre de Deus’ no porto de Nagasaqui em Janeiro de 1610 (1926);  Jan Compagnie in Japan 1600-1817 (1936); Fidalgos in the Far East 1550-1770 (1948);The Christian Century in Japan (1951); Salvador de Sá and the Struggle for Brazil and Angola (1952); South China in the XVI Century (1953); The Dutch in Brazil 1624-1654 (1957); The Great Ship From Amacom (1959); Fort Jesus and the Portuguese in Mombasa (1960); The Golden Age of the Brazil 1695-1750 (1962); The Domenican Mission in Japan 1620-1622 (1963; Relações Raciais no Império Colonial Português 1415-1825 (1963); The Dutch Seaborn Empire 1600-1800 (1965); Portuguese Society in the Tropics (1966);The Portuguese Seaborn Empire 1415-1825 (1969); Mary and Misogyny (1975); From Lisboa to Goa 1500-1750 Studies in Portuguese Maritime Expansion (1984); Seventteenth-Century Macau (1984); Portuguese Merchants and Missionaries in Feudal Japan 1543-1640 (1988); Dutch Merchants and Mariners in Asia 1602-1795 (1988)…[87]

 

Braga, Maria Ondina (13.01.1932 – 14.03.2003). Como docente, ensinou inglês e português em Angola – Luanda, em Goa (onde assistiu à ocupação pelas tropas indianas) e também em Macau, entre 1959 e 1965. Em Macau escreveu Estátua de Sal. Em Lisboa, publicou Eu Vim Ver a Terra (1965); A China Fica ao Lado (1968). Seguiram-se Amor e Morte (1970), Os Rosto de Jano (1973), A Revolta das Palavras (1975), A Personagem (1978), Mulheres Escritoras e Estação Morta (1980), O Homem da Ilha e Outros Contos (1982), Casa Suspensa (1982). Em 1982, assumiu, a convite do Governo chinês o leitorado de Português na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. Assim nasceram: Angústia em Pequim (1984), Lua de Sangue (1986), Nocturno em Macau (1991). Publicou ainda A Rosa-de-Jericó (1992), Passagem do Cabo (1994), A Filha do Juramento (1995) e Vidas Vencidas (1998). Traduziu: Graham Greene, Bertrand Russel, John Le Carré, Herbert Marcuse, Anaïs Nin e Tzevetan Todorov. Em vida, foi ignorada pela crítica e pelo público.[88]

 


Wanda Ramos, Macau, as portas do cerco, DN 13 outubro 1991

Nocturno em Macau, Lisboa, editorial Caminho, 1991; 216 páginas

Romance sobre Ester, a professora-de-inglês, portuguesa de Portugal, às voltas com os segredos de Macau, e a China que fica ao lado, as Portas do Cerco de permeio.

(…) Que esse jeito especial de Maria Ondina Braga de cortar cerce o que vinha contando, de fazer adiar-se nos entrechos de outras lembranças e minúcias do narrar a satisfação do leitor ao julgar ter tudo percebido, é uma das marcas que confirmam o fascínio mansamente saboreado, mas algo perverso e ao mesmo tempo perplexo, que este livro provoca.

 

Braga, Mário Augusto de Almeida (Coimbra, 14-07-1921 – Lisboa, 1-10-2016). Obra: Corpo ausente: Viagem incompleta (1996); As rosas e a pedra (1995); Contos de Natal (1995); Serranos: quatro reis (1996); Histórias de Vila (1958); Momentos doutrinais (1997); Nevoeiro: contos (1944); Antes do dilúvio: o reino circular (1996); Os olhos e as vozes (1996); Platão e a poética (1999).

Foi, também, editor da revista coimbrã Vértice, de 1946 a 1965, aderindo ao grupo de escritores neorrealistas a ela ligados. No entanto, desde 1964, ano em que publica a sua Viagem Incompleta, mostra-se recetivo ao que fica para além do neorrealismo – o ser humano…

Contos: O Bolo-Rei, A Prenda, A Sopa de Pedra (a nostalgia do Natal, da infância)[89]

 

Braga, Teófilo. Estreou-se no jornalismo com 15 anos, na Estrela Oriental, de S. Miguel, em 1858. Fundou o Meteoro, pouco depois. O positivista, com Manuel Emídio da Silva, mais em evidência no nosso ensino superior. Foi professor universitário e Presidente da República. Obra: Características dos Actos Comerciais (1868); Visão dos Tempos; Tempestades Sonoras; A Ondina do Lago; Contos Phantasticos; História da Poesia Popular Portuguesa; Cancioneiro Popular; Romanceiro Geral; Poesia do Direito; História do Direito Português; História da Universidade de Coimbra.

 

Braga, Vitoriano (1888-1940). Dramaturgo. Octávio - esta comédia dramática[90], escrita em 1913, foi levada à cena em 1916; O Salon de Madame Xavier (1918); A Casa Encarnada (1922); Os inimigos (1925).

 

Bragança, Aquino (   ) - enigmático Aquino de Bragança, colaborador próximo de Samora Machel, com ele falecido em acidente (?) de aviação perto de Maputo.

Bragança, Nuno Manuel Maria Caupers de Bragança (12.02.1929-1985). Nasceu em Lisboa numa família da mais alta aristocracia portuguesa. Terminou a licenciatura em Direito em 1958, apesar de inicialmente se ter inscrito em Agronomia. Praticante de boxe e de caça submarina. Em 1955, casara com sua prima Maria Leonor Fonseca Caupers de Bragança. Nesse ano, integrou a equipa do jornal Encontro, órgão da Juventude Universitária Católica. Empenhou-se ativamente na luta contra o Estado Novo, exilando-se durante alguns anos na Argélia e em países europeus. Esteve fortemente ligado ao cinema. Pertenceu ao Cineclube Universitário, foi crítico de cinema e escreveu os diálogos para o filme Os Verdes Anos, de Paulo Rocha (1962). Colaborou ainda no Jornal de Letras, O Tempo e o Modo, Seara Nova, Vértice. Enquadra-se na geração de escritores que tentou renovar a literatura portuguesa durante os anos 60 e 70, quer através do novo romance europeu, quer pelo experimentalismo das potencialidades da escrita. A ironia tem um papel importante na sua escrita, que herdou um pouco do surrealismo poético português e não abdicou de uma tradição literária.

Entre as suas obras contam-se A Noite e o Riso (1969), Directa (1977), Square Tolstoi (1981), Estação (1984) e ainda Do Fim do Mundo (1990) e as Obras Completas (1995/1996), obras editadas postumamente.[91]

Nota: Nuno Bragança trabalhou também com Mário Murteira, nos anos 60, na organização do Serviço Nacional de Emprego, dependente de um organismo designado por Fundo de desenvolvimento da Mão-de-Obra, embrião do Ministério do Trabalho. Substituiu Mário Murteira, como delegado português no Comité da Mão-de-Obra e Assuntos Sociais da OCDE, tendo ficado colocado na delegação permanente em Paris junto daquela organização. Desse tempo lhe veio a inspiração para escrever o Square Tolstoi. Curiosamente, Mário Murteira considera que, tal como Pepetela, ele e Nuno Bragança pertenciam à Geração da Utopia, só que na época não o sab

Brandão, Fiama Hasse Pais (1938 – 19.1.2007). Geração de 61[92]. Poeta, dramaturga, tradutora de língua inglesa e alemã. Obra: Área Branca (1978);  F de Fiama (1986); Três Rostos (1989); Cantos do Canto (1995); Cenas Vivas (2000); As Fábulas (2002); Obra Breve (antologia, 2006); O Testamento (1962); A Campanha (1965); Quem Move as Árvores (1979); Põe ou Corvo (1979); Mariana Pineda (de Garcia Lorca); Os Chapéus de Chuva (1960); Auto da Família (SPA, 1977); Eu Vi Epidauro (CCB, 2000); Noites de Inês-Constança, (2005); Contos da Imagem; antologia da obra dramática Teatro-Teatro (Fenda, 1990); ficcionista: Falar sobre o Falado (1989); Movimento Perpétuo (1990); Sob o Olhar de Medeia (1977); Contos da Imagem (2005).


Brandão, Raúl. Obra: Húmus (19

«Sou um mero espectador da vida, que não tenta explica-la. Memórias, vol. I, pág. 18

Memórias, 3 volumes – 1919, 1925, 1931. O primeiro cobre os últimos anos da Monarquia; os restantes, o período conturbado da Primeira República.
Raul Brandão é, no entanto, um «espectador empenhado», ao adotar uma postura dramaticamente interrogativa que projeta o eu para o fluxo dos acontecimentos narrados. Deteta uma sociedade em profunda mobilidade e em profundo declínio moral.
Como outros (Herculano, Guerra Junqueiro, Batalha Reis) vê no ruralismo um refúgio possível. Surge, influenciado por Tolstoi e Guerra Junqueiro, como espécie de voz moral da Repúblic

Já no Cerco do Porto, Raul Brandão fizera o diagnóstico:

«É muito curioso ver como em Portugal existem dois poderes bem organizados, de uma importância extraordinária, cuja influência se encontra em toda a parte. Esses dois poderes são as sociedades secretas ou clubs e as grandes companhias financeiras.»

Por isso os homens não são senhores do seu destino.
Alguns dos atores desta tragicomédia tendem para uma marginalização social que é como que uma morte simbólica a preceder a morte real (Basílio Teles, Teófilo de Braga, António José de Almeida
O espetador empenhado não soçobra e surge, em 1921, como colaborador da Seara Nova com o escopo de RENOVAR A MENTALIDADE DA ELITE PORTUGUESA.

Bibliografia

Vítor Viçoso, Expresso, 11 fevereiro 1984

 

Brito, António (Tábua, 21.11.1949 - ) Obra: Olhos de Caçador (2007); O Céu não pode esperar (2009);

 

Cabral, Amílcar (Bafatá, Guiné-Bissau, 1924 – Conacry, 20.01.1973[93]). Em 19 de setembro de 1956, com cinco camaradas de luta, Amílcar Cabral fundou o PAIGC, de que foi Secretário-Geral. Cabral foi um dos maiores dirigentes das lutas de emancipação em África, ao lado de um Frantz Fanon, de um N’Krumah e, naturalmente, de um Mandela.» (Duarte Silva[94]). Obra: PAIGC – Unidade e Luta; Guiné-Bissau – Nação Africana Forjada na Luta.

 

Cabral, A. M. Pires (1941-) Artes Marginais (1998, antologia poética); Desta Água Beberei (1999); O Livro dos Lugares e de Outros Poemas (1999); Como se Bosch Tivesse Enlouquecido (2004); Antes Que o Rio Seque (2006, obra completa + dispersos).

 

Cabral, Vasco. A Luta é minha Primavera (1982).[95]

 

Cabrita, Felícia – Massacres em África[96] (2008).

 

Cachapa, Possidónio (1966-). Argumentista e realizador. Último livro: O Mundo-Branco do Rapaz-Coelho.

 

Cadilhe, Gonçalo (Figueira da Foz, 1968 -) Jornalista independente e cronista de viagens. Obra: Planisfério Pessoal; A Lua Pode Esperar; Tournée; No Princípio Estava o Mar (2005).

 

Caio, Horácio – Angola: Os dias do desespero.[97]

Caldas, Joaquim Castro (Lisboa, 1956 – 31.08.2008). Poeta e crítico literário. O fundador da revista cultural Metro fixou-se no Porto onde ficou conhecido por animar, durante sete anos, as sessões de poesia no Pinguim Café.

Capela, José

(pseudónimo de Soares Martins[98] -1933) – investigador. Obra: O Movimento Operário em Lourenço Marques; O Tráfico de Escravos nos Portos de Moçambique[99];

 

Cardoso, (Souza-Cardoso)

Amadeu Ferreira de Souza Cardoso (Manhufe, Amarante, 1887 – Espinho, 25.10.1918.) Caricaturista. Pintor- parte para Paris em 1906, onde frequenta academias e aperfeiçoa a aprendizagem nas telas. Torna-se amigo de Amadeo Modigliani e, em 1911, expõem juntos no seu atelier de Paris. «Foi o primeiro pintor moderno português que não só assumiu uma decisiva ruptura com o naturalismo oitocentistas como foi pioneiro do abstracionismo, de raiz cubista, em 1912-13, abordando o expressionismo fauve, em 1915, antes de desempenhar, com um misto de raiva e furor criativo, nas originais e notáveis pinturas-colagens de 1917-18.»[100]  Em 1913, expõe nos Estados Unidos (com oito quadros na Exposição Internacional de Arte Moderna), Berlim e Londres. Com o deflagrar da guerra, regressa a Manhufe. Em 1916, agita o Porto e Lisboa com uma exposição individual e, em 1917, colabora na revista “Portugal Futurista”, ao lado de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá Carneiro…[101]

 

Cardoso, António

 (Luanda, 1933-) Com António Jacinto e Luandino Vieira, foi preso pela PIDE e condenado à pena de 14 anos de prisão no Tarrafal. Colaborou na coletânea «Poetas Angolanos» (CEI, 1959) em vários órgãos de imprensa. Obra: Poemas de Circunstância, (CEI,1961); Poemas de Cadeia (1979).

 

Cardoso, Artur da Fonseca

 (1865-1912), precursor da antropologia colonial portuguesa.

 

Cardoso, Boaventura

(Luanda, 1944 -). Angola[102]. Obra: Dizanga Dia Muenhu (contos, 1977); O Signo do Fogo[103] (1992);

 

Cardoso, Dulce Maria

 (Trás-os-Montes, 1962 -) Campo de Sangue (romance, 2002, Asa). Venceu o prémio da União Europeia para a Literatura 2009, com o seu terceiro romance, O Chão dos Pardais.

 

Cardoso, Miguel Esteves – A minha Andorinha (2006)

 

Carlos, Papiano. Nasceu em Lourenço Marques, em 1918. Veio para Portugal aos 11 anos. Viveu no Porto, com férias grandes em Castelo de Paiva, Cinfães. Opositor ao regime saído do 28 de Maio. Várias vezes detido, uma vez preso por 33 dias por defesa da liberdade de expressão. Em 24 de Setembro de 1952, em Oliveira de Azeméis. A seguir às eleições para a Presidência da República, em 1958, deslocou-se algum tempo a Moçambique. Lá, colaborou no Notícias do Bloqueio. Poeta. Um dos últimos neorrealistas a tempo inteiro. Foi o 1º presidente da Junta de Águas Santas, a seguir ao 25 de Abril. Editado pela INOVA com Luís Veiga Leitão e Egito Gonçalves. Ver livro “Sonhar a Terra Livre e Insubmissa”, verso de Daniel Filipe. Obra: Esboço (1944); Versos para o primeiro Galo do Povoado (1949); A Menina Gotinha de Água ( em livro e em disco, dito por Cármen Dolores); Luisinho e as Andorinhas; A Floresta e os Ventos; O Grande Lagarto da Pedra Azul; O Cavalo das Sete Cores e o Navio; Um Rio na Treva (romance); Terra com Sede (contos); A Rosa Noturna (ensaio)

 

 

Carneiro, Mário de Sá (Lisboa, 19-05-1890- Paris, 26-04-1916). A mãe, Águeda Maria Murinello, morre aos 23 anos, tem ele dois anos.  O pai, Carlos Augusto Sá Carneiro, era um engenheiro militar, com meios de fortuna que lhe permitiam viajar regularmente e levar o filho consigo. Muito cedo, o jovem Mário contacta com os meios mais evoluídos da Europa. Fez os estudos secundários no Liceu Camões. Colaborou, em 1914, na revista Renascença (Águia?) e fundou com Fernando Pessoa, em 1915, a revista Orpheu. Obra: Céu em Fogo; Confissão de Lúcio; Poesia.

Mário Sá-Carneiro e a falta de dinheiro em Paris, em a Correspondência a Fernando Pessoa.[104]

A vida só lhe interessava se a vivia como uma obra de arte. Ele viveu sempre muito protegido. Teve uma ama. Teve o pai que o compensava de ter perdido a mãe, teve avós. Não ternura a menos, teve mimos a mais. Há nele um permanente mal de vivre. Ele está sempre de fora.[105]

 

Carpinteiro, Margarida (16Junho 1943-) Filologia românica. Obra: Silêncio na Casa do Barulho; Um Navio na Gaveta;

 

Carreira, Iko - Henrique Alberto Teles Carreira (Luanda, 2.06.1933-2000). Filho de angolanos de ascendência branca. O pai, Guilherme Scarlatti Quadrius Carreira, era dirigente da Liga Nacional Africana. Em jovem, Ivo conheceu monsenhor Manuel Mendes das Neves, cónego da Sé de Luanda que influenciou numerosos nacionalistas angolanos… Estudou Direito em Lisboa, tendo sido aluno de Marcelo Caetano[106]. Quando frequentava o 4º ano foi incorporado na Força aérea. Fez a recruta em Mafra, onde o instrutor era o agora general Tomé Pinto. Depois, na base aérea de Sintra, Técnico de radar, um dos seus colegas era um cabo-verdiano de nome Pedro Pires (PAIGC), futuro primeiro-ministro de Cabo-Verde. Esteve dois anos na Força Aérea, após o que decidiu desertar.[107] Factor decisivo o 4 de fevereiro de 1961, organizado pelo cónego Neves e não pelo MPLA. Sobre a autoria dos massacres ocorridos a 15 de março de 1961 é que não tem dúvidas – foi a UPA. Como quase todos os quadros africanos da época, frequentou a Casa dos Estudantes do Império, integrou o MAC – Movimento Clandestino Anticolonialista – formado em 1958. Pertenceu à mesma célula que Amílcar Cabral e Lúcio Lara. Fez a guerrilha contra o exército português. Derrotou a FNLA e a UNITA[108]. Impediu o golpe de estado de Nito Alves. Ministro da defesa de Angola. Foi o braço armado de Agostinho Neto. Iko defende que o PCUS não gostava do Neto, porque este era muito nacionalista.  Criou as FAPLA. Papel importante na derrota do golpe de Nito Alves[109] (27.05.1977). A 6.11.1987, era embaixador em Argel, desde 6.04.1987, quando sofreu um acidente vascular-cerebral.[110] Obra: O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto. Contribuição Histórica (1996).

 

Carvalho, Armando da Silva (Olho Marinho, Óbidos, 28-03-1938 – Caldas da Rainha, 1-06-2017). Origem rural. Publicitário. O que considera ter sido a grande tragédia da sua vida. Obra: Lírica Consumível (1965); Portuguex (1977); O Livro do Meio[111] (2006); O Que foi Passado a Limpo (poesia, 2007)[112]; A Vingança de Maria de Noronha (2001); Em Nome da Mãe (1994)[113]. Integrou Poesia 61 [coletânea constituída por 5 livros autónomos, assinados por Maria Teresa Horta, Fiama Hasse Pais Brandão, Casimiro de Brito, Luíza Neto Jorge, Gastão Cruz]. Referências: Mário Sá-Carneiro; João Cabral de Melo Neto; Alexandre O’Neill, Carlos de Oliveira; José Miguel Silva.

Carvalho, Emílio (Angola, 1933 -) Bispo metodista. Obra: História da Vida do Reverendo Zacarias Mendes Café (1909-1969). Este padre nacionalista angola marcou o processo de contestação à colonização de Angola (e estará ligado a Cabinda nas sua tentativa de independência).

Quanto à vida e obra do bispo, ver: João Graça, Emílio J. M. de Carvalho - Uma biografia.

Carvalho, J. Rentes. (1930-) Jornalista e escritor na Holanda.

 Carvalho, Maria Judite (1922 - 1998) Casou em 1949 com Urbano Tavares Rodrigues. Obra: Diários[114] (sob o pseudónimo Emília Bravo); Paisagem, sem barcos[115]; Tanta Gente, Mariana; Palavras Poupadas; Além do Quadro

Bibliografia

João Gaspar Simões, Sobre a Arte de Contar, DN 5.04.184

 

Carvalho, Mário Costa Martins de (Lisboa, 25.Set. 1944 -)[116] Licenciou-se em Direito, em 1969. O serviço militar foi interrompido por prisão em Caxias e, posteriormente, em Peniche, por atividade política contra a ditadura, ainda nos tempos de estudante. Mais tarde exilou-se em França e na Suécia. Ao todo, esteve preso durante 14 meses. Regressa após o 25 de Abril de 1974. Exerceu advocacia até 1993. Mantém uma ligação íntima ao PCP. Dominando soberbamente a língua, o estilo de Mário de Carvalho não se reconhece em nenhuma escola, e o seu registo é ao mesmo tempo de uma grande modernidade. A crítica aponta-o unanimemente como um dos mestres do romance português contemporâneo. Revela ter sido influenciado por Lawrence Sterne. Obra: Contos da Sétima Esfera (1981); Casas do Beco das Sardinheiras (1982); O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana[117] (1982); A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho (1983); Fabulário (1984); Era uma Vez um Alferes (1984); Contos Soltos (1986); E se Tivesse a Bondade de me Dizer Porquê? (com Clara Pinto Correia, 1986); A Paixão do Conde de Fróis (1986); Quatrocentos Mil Sestércios[118], seguido de O Conde de Jano[119] (1991); Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde[120] (1994) Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto (1995)[121]; Contos Vagabundos (2000); Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina (2003)[122]; A Sala Magenta[123] (2008); A Arte de Morrer Longe[124] (2011)

Carvalho, Raul de (Alvito, 4 de setembro de 1920 — Porto, 3 de setembro de 1984). Obra: As Sombras e as Vozes (1949); Poesia 1949-1958 (1965); Tautologia (1968); Tudo É Visão (1970); Poemas Inatuais (1971); Tempo Vazio (1975); A Casa Abandonada (1977); Duplo Olhar (1978); Elsinore (1980) Mágico Novembro (1982); Um e o Mesmo Livro (1984)[125

Carvalho, Rómulo Vasco da Gama / Gedeão, António (24.11.1906 – 19.2.1997. Codirector da Gazeta de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa, de 1946 a 1974. Casado com Maria Natália Paiva Nunes. Em 1956, publicou o primeiro livro de poesia Movimento Perpétuo; Teatro do Mundo (1958); Declaração de Amor (1959); Máquina de Fogo (1961); RTX 78/24 (1963, teatro); História Breve da Lua (teatro); Poema para Galileu (1964); A Poltrona e outras novelas (1975); «Poemas Póstumos» (1984); «Novos Poemas Póstumos» (1990). A mãe (a rosa), apesar de apenas ter completado a instrução primária, teve um papel fulcral na educação literária de Rómulo. Aos 5 anos, Rómulo escreveu os seus primeiros poemas… Em 1932, um ano depois de se ter licenciado em Ciências Físico-Químicas, formou-se em ciências pedagógicas na Faculdade de Letras do Porto. Ver álbum de José Niza “Fala do Homem Nascido” com base em 12 poemas de Gedeão.

 

Carvalho, Ruy Duarte de (Santarém, 1941- Namíbia, 2010) Infância em Moçâmedes. Foi regente agrícola. Vive e ensina[126] – professor de antropologia numa escola de arquitectura da Universidade de Luanda; e também de Coimbra. Antes de ser antropólogo, trabalhou como engenheiro técnico agrário. É cidadão angolano, embora tenha nascido em Portugal. Angola é o seu "lugar no mundo". " Sou angolano, vivo em Angola, sem família, sem etnia, sem enquadramento institucional que preencha todas as necessidades políticas e de cidadania e, sobretudo, sem ambição pessoal que se enquadre no quadro das ambições possíveis em Angola."[127] Após a independência de Angola, viveu em Londres, fez um curso de televisão e cinema, e realizou filmes em 16 mm que os Cahiers de Cinema elogiaram. As rodagens levam-no à antropologia (doutorando-se na parisiense École des Hautes Études en Sciences Sociales.

Obra: Chão de Oferta (1972); A Decisão da Idade (1976); Exercícios de Crueldade (1978); Sinais misteriosos... já se vê (1979); Ondula Savana Branca (1982); Hábito da terra (1988); Como se o mundo não tivesse leste (1992); Ordem de Esquecimento (1998); Aviso à Navegação; Vou lá Visitar Pastores[128] (Cotovia, 1999); Observação Directa (2000); Actas da Maiaga (2003); As Paisagens Propícias (Cotovia, 2005)[129]; Desmedida (Cotovia, 2007)[130]


 CASAMANSA

Não se admite a ausência de poetas da Casamansa porque o crioulo que se fala na província senegalesa, apesar de todo o esforço de Dakar para sufocar o que há de sobrevivência lusófona, é o mesmo da Guiné-Bissau.

Não esqueçamos, portanto, que, de mais de quatro séculos da presença do europeu naquela região da África, três séculos e meio foram de domínio português e apenas 80 anos de francês, desde 1895, quando um governo luso enfraquecido teve de aceitar que a Casamansa passasse para a órbita francófona.

Mas é sob o ideário dos valores lusófonos que a região, há mais de 20 anos, trava uma luta de independência, com a esperança de que, um dia, também a Casamansa, como Timor-Leste, possa aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

É possível argumentar que a Casamansa não é país independente, mas, até menos de um quarto de século atrás, as demais nações contempladas também não o eram. E, no entanto, os organizadores da antologia, ao discriminar nomes de poetas que, ao longo de muitos anos, se perfilaram como estandartes de toda uma geração de poetas africanos, entre os de Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Mário de Andrade, Pablo Neruda, Nicolás Guillén, Langston Hughes e Aimé Césaire, incluem o de Leopold Senghor (1906-2001), ex-presidente do Senegal e luso-descendente cuja região natal era a Casamansa, um dos líderes do movimento poético Negritude de caráter anticolonialista.

Hão de argumentar que Senghor escreveu poesia em francês e que, como político, fundou em 1947 o Bloco Democrático Senegalês , que se opôs ao Movimento das Forças Democráticas da Casamansa (MFDC), que hoje luta pela independência. Mas esta é outra questão. Em Lisboa, não seria difícil encontrar universitários da Casamansa bolsistas do governo português capazes de oferecer poemas de seus compatriotas.

Cassamo, Suleiman. Moçambicano. Obra: O Regresso do Morto (1990);

Castilho, Guilherme (Vila Nova de Foz Côa, 1916- Cascais, 1987). Personalidade muito ligada a Matosinhos[131]. Casado com a romancista Marta de Lima. Obra: biografia de António Nobre; biografia de Raul Brandão; organizador dos acervos de cartas de Nobre e de Eça.

Castilho, Paulo (Matosinhos, 1944 -) Diplomata. Obra: O Outro Lado do Espelho (1983)[132]; Fora de Horas (1989); Sinais Exteriores (1993).

Castro, Ernesto de Melo e (Covilhã, 1932 – Brasil, São Paulo, 29-08-2020). Conhecido, sobretudo, como introdutor da poesia concreta em Portugal. Sempre teve um posicionamento ligado ao existencialismo. A poesia concreta só houve em dois momentos: um primeiro momento ligado ao grupo Noigandres de São Paulo e com Eugene Gomringer, entre 1957 e 1960; um segundo momento que vem logo a seguir, entre 1960 e 63, com grande difusão internacional. Depois acabou.[133] Obra: Tran(s)-aparências[134]

Castro, Eugénio. Obra: Oaristos (1890).

Castro, Ferreira

(- 1974)[135] Obra: Emigrantes (1928); O Escravo Redimido; O Voo nas Trevas; Terra Fria; A Lã e a Neve (1947); A Curva da Estrada (1950); A Selva. F. Castro, para além do contacto directo com a realidade abordada nas suas obras, aprendeu com Émile Zola (Germinal e Le Travail), Tolstoi, Gogol e Máximo Gorki. Os pressupostos teóricos do neorrealismo, que em Portugal se manifestam através de Alves Redol e de Soeiro Pereira Gomes, encontram-se nestes autores e são precursoramente aplicados por Ferreira de Castro. «É fundamentalmente o drama das classes trabalhadoras, em luta por uma existência com um mínimo de dignidade, são acima de tudo os casos de fome e de servidão, que perduram no nosso século, são essas as mais fortes e evidentes motivações da obra de Ferreira de Castro.»[136]

 

César, Amândio – Não posso dizer Adeus às Armas (1965);

 

Cesariny, Mário ( 9/8/1923 - 26/11/2006). Entre 1934-1936, frequentou o Liceu Gil Vicente e a Escola António Arroio (entre 1936 e 1943).[137] Em 1947, participa na fundação do Grupo Surrealista de Lisboa, do qual fazem parte Alexandre O’Neill, António Domingues, António Pedro, Fernando de Azevedo, João Moniz Pereira, José Augusto França e Marcelino Vespeira. Em 1948, funda Os Surrealistas, grupo formado por António Maria Lisboa, Carlos Eurico da Costa, Cruzeiro Seixas, Fernando Alves dos Santos, Fernando José Francisco, Henrique Risques Pereira e Pedro Oom.  Obra: Em 1945, escreve os poemas de Nobilíssima Visão; Corpo Visível (1950); Discurso sobre a reabilitação do Real Quotidiano (1952); Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (1953); 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971);  Manual de Prestidigitação (1956)[138]; Pena Capital (1957); Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito; Planisfério e outros Poemas (1961); A Cidade Queimada (1965)[139]; Texto “Do Surrealismo e da Pintura” (1967)[140]; Burlescas; Teóricas e Sentimentais (1972); Primavera Autónoma das Estradas (1980); Titânia (1977)[141];  Virgem Negra (1989/1996); Fernando Pessoa explicado às criancinhas nacionais & estrangeiras por MCV. Grande Prémio EDP 2002 - Exposição no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, de 2 de Dez. a 13 de Fev. de 2005: mais de duas centenas de desenhos, pinturas, colagens, objetos e assemblages.[142] O seu espólio foi doado à Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde a autarquia prepara a construção de um Centro de Estudos do Surrealismo. São cerca de 1500 obras.

É um dos praticantes mais destacado de algumas técnicas surrealistas, como a colagem ou o ‘cadavre-exquis’. E irá criar, ainda na década de 40, outras figuras de estilo, como as “sismofiguras”, neste caso, obras que o artista realizava em autocarros, eléctricos ou comboios em andamento. Em ambos os casos, o princípio do acaso é o protagonista da necessária alteração do real proposta pelo movimento de André Breton.[143]

No dia 19 de Dezembro de 1989, decorreu um debate na Assírio &Alvim entre Cesariny e Ernesto Sampaio[144].

No Portugal salazarista, Cesariny afrontava o fascismo, mas também, no plano estético, o presencismo, o neorrealismo e até alguns surrealistas.

Grande Prémio EDP 2002

Exposição no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, de 2 de Dez. a 13 de Fev. de 2005: mais de duas centenas de desenhos, pinturas, colagens, objetos e assemblages.

A obra exposta ajuda-nos a relacioná-la com o movimento de abstracionismo não geométrico do pós-guerra internacional e com a ruptura estabelecida com a ortodoxia figurativa do surrealismo.

Uma das vozes mais significativas e polémicas do surrealismo português (obra literária e plástica)

No plano nacional há um cruzamento de uma vertente expressionista e lírica: colhida nos exemplos das figuras mitificadas de Mário de Sá Carneiro e Amadeo de sousa Cardoso, de Teixeira de Pascoaes e de Vieira da Silva...

Ver catálogo editado por João Lima  Pinharanda e Perfecto E. Cuadrado, Assírio e Alvim e EDP, 60 €.

 

Citação: A realidade, comovida, agradece, mas fica no mesmo sítio/ (…) / Ela sabe que os escritores/os pintores/e quem morre/ não gostam da realidade/ querem-na para um bocado/ não se lhe chegam muito, pode sufocar. (Cesariny, A Cidade Queimada)

 

Charrua

(Revista moçambicana) – de 1984 a 1986.

Chiziane, Paula

Moçambicana. Romance: Niketche – Uma História da Poligamia[145] (Caminho, 2003)

Cinatti, Ruy -

Cláudio, Mário[146]

 (Porto, 6.11.1941- ) Formado em Direito (Lisboa e Coimbra). Fez o serviço militar na Guiné, tendo exercido, ao mesmo tempo, advocacia. Tirou o curso de bibliotecário-arquivista, conseguindo uma bolsa para Inglaterra, onde obteve o ‘master of arts’ na universidade de Londres. Regressou de novo, foi colocado na Secretaria de Estado Da Cultura, passando para o Museu da Literatura.[147]  No DN, 10-05-1984, João Gaspar Simões mostrou-se muito crítico para o tipo de escrita de M C. e sobretudo para os críticos que o sobrevalorizavam (Arnaldo Saraiva, Eduardo Lourenço, Jorge de Sena). Compara-o com Carlos Parreira(?). Obra: Um Verão Assim[148]; Amadeo[149] (1984); Guilhermina (1986); Rosa (1988)[150]; A Fuga para o Egipto[151]; A Quinta das Virtudes[152] (1990); Tocata para dois Clarins[153] (1992); Trilogia da Mão (1993); Itinerários (1993); As Batalhas do Caia (1995);Noites de Anto (1996); A Ilha do Oriente (1996); Henriqueta Emília da Conceição (1997); Pórtico da Glória (1997); O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998); Peregrinação do Bernabé das Índias (1998); Ursamaior (2000); António Nobre 1867-1900: Fotobiografia (2002); O Anel de Basalto e Outras Narrativas (2002)[154]; Oríon[155] (2003); Meu Porto (2001)Ver artigo de Fernando Venâncio, JL, 21.5.1997, O Render da Guarda, sobre a geração de MC: Maria Velho da Costa (26.6.1938); Teolinda Gersão (30.1.1940); António Lobo Antunes (1.9.1942); Lídia Jorge (18.6.1946)…

 

Coelho, Francisco Adolfo

(1847-1919). Etnógrafo, antropólogo e historiador da literatura. Organizou a primeira recolha sistemática (de forma metodológica e ordenada) de contos populares portugueses – Contos Populares Portugueses (1879). Outras obras: Jogos e Rimas infantis (1883); Materiais para o Estudo das Festas, Crenças e Costumes Populares Portugueses[156] (1880); Exposição Etnográfica Portuguesa (1896); Os Ciganos de Portugal (1892); A Caprificação (1896); A Alfaia Agrícola Portuguesa (1901); Os Elementos Tradicionais da Educação[157] (1883); A Pedagogia do Povo Português (1898); Cultura e Analfabetismo (1916).

 

Coelho, Eduardo Prado

 ( 29-3-1944 - 25-8-2007). Entrou, como aluno, na Faculdade de Letras de Lisboa, (Filologia Românica), em 1961. Obra: O Reino Flutuante (1972); A Palavra sobre a Palavra (1972); A Letra Litoral (1978); Os Universos da Crítica: Paradigmas Nos Estudos Literários (1983); Vinte Anos de Cinema Português (1983); A Mecânica dos Fluidos (1984); A Noite do Mundo (1984); Tudo o que não escrevi. Diário I (1992); Tudo o que não escrevi. Diário II (1994); O Cálculo das Sombras (1997); A Escala do Olhar (2003); Crónicas no Fio do Horizonte (2004); Situações de Infinito (2004); O Fio da Modernidade (2004); A Razão do Azul (2004); Narrativa do ser português, Nacional e Transmissível[158] (2006). O seu espólio foi doado pela família à Biblioteca Camilo Castelo Branco de Famalicão (Sala E.P.C.).

 

Coelho, Latino (1825-1891). Ninguém como ele dominava maior número de línguas vivas e clássicas. Militar, atingiu o posto de general. Deputado, na Monarquia, em sucessivas legislaturas e ministro…Quando foi titular da pasta da Marinha, em 1868-1869, retomou a causa do iberismo. Latino Coelho acabou por romper com a Monarquia, aderiu à República e envolveu-se na atividade partidária. Faz parte do escol que propagou o ideário da República, ao lado de Elias Garcia, Sousa Brandão, João Bonança, Teófilo de Braga, Consiglieri Pedroso, Manuel de Arriaga, Magalhães Lima…Interveio nos centenários de Camões, em 1880, e do marquês de Pombal, em 1882, que fortaleceram a consciência republicana. Obra: biografias de Camões, Vasco da Gama, Pombal e procurou reabilitar Fernão de Magalhães. Traduziu Oração à Coroa, de Demóstenes…

 

Coelho, Tereza (Quelimane, 2 de Março de 1959 - Lisboa, 17 de Janeiro de 2009). Jornalista, crítica literária e de moda, e editora (D. Quixote). Obra: A Sexualidade Traída[159]; Moda em Portugal nos últimos 30 anos[160].

 

Coelho, Trindade[161] (Mogadouro, 1861- 1908)). Obra: Os Meus Amores (1891, 1894, 1901);; In Illo Tempore; Autobiografia (1908); O Enjeitado (?); Correspondência

 

Correia, Clara Pinto – Obra: A Primeira Luz da Madrugada (2006)[162];

 

Correia, Hélia. Nasceu em 1949 em Lisboa. Licenciada em Filologia Românica. Professora de Português. Prémio Camões em 2015. Obra: O Separar das águas (1981); O Número dos vivos (1982)[163]; Montedemo (1983); Vila Celeste (1985); A Pequena Morte /Esse Eterno Canto (com Jaime Rocha, 1986); Black Sun (1987); Soma (1987); A Fenda Erótica (1988); A Luz de Newton (1988); A Casa eterna (1991)[164]; Perdição – Exercício sobre Antígona, seguido de Florbela (1991); Insânia (1996); Três peças de teatro – O Rancor...; um livro de poesia, em díptico com Jaime Rocha “ A Pequena Morte/ Esse Eterno Canto”; Lillias Fraser[165], 2001.

 

Correia, Natália

(Fajã de Baixo, Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores, 13.09.1923 – Lisboa, 16.03.1993). O pai, um boémio, cedo partiu para o Brasil, abandonando a mãe e as duas filhas por criar: Carmen, a mais velha e Natália, muito pequena ainda. Foram educadas pela mãe, professora e interessada pela cultura. A certa altura – Natália tinha 9 anos -, a mãe resolve partir para Lisboa, a fim de abrir uma escola para raparigas, o que acabou por acontecer na rua Morais Soares, onde Natália aprenderia as primeiras letras. Aos 11 anos, começa a frequentar o Liceu Filipa de Lencastre, de onde é expulsa por se recusar a fazer o caderno diário. Conclui os estudos num colégio particular. Ainda se preparou, por influência de António, para cursar Direito, mas desiste devido à vocação poética. Ainda não tem 18 anos quando entra como cronista política para o jornal ‘O Sol’. Mais tarde, opta pelo jornalismo. Começa a trabalhar no Rádio Clube Português e no semanário “O Sol”, dirigido por Lelo Portela Poucos anos mais tarde, ao dar uma entrevista ao Rádio Clube Português, na Parede, vê-se convidada para locutora, de tal maneira a sua voz agradara a todos. Ali trabalha durante cerca de dois anos. Entretanto, aos 24 anos, vê publicado o seu primeiro livro de poesia, à sua revelia, por iniciativa de sua mãe - Rio de Nuvens – que tudo fez para destruir. Ainda a viver em casa da mãe, onde aparecia muita gente ligada ao meio artístico, acaba por conhecer Alfredo Machado, aquele que viria a ser, na realidade, o seu segundo marido. Ele é viúvo e tem mais vinte anos que ela - «ele foi um pai que nunca tive» … Só que, já o casamento estava marcado, ela descobre que ele mantém uma antiga relação, e vinga-se indo para os Estados Unidos com um americano mais velho com quem casa para um pouco tarde se divorciar… Desta passagem pela América resultou o livro “Descobri que era europeia.” No regresso, casa com Alfredo Machado- dono do Hotel Império - indo o casal morar para a Rua Rodrigues Sampaio, num 5º andar, de gaveto, onde Natália acabará por morrer nos braços de Dórdio de Guimarães, com quem casou em 1990, seu terceiro marido e apaixonado de há muitos anos. Nessa casa, lugar de encontro de múltiplas individualidades, acontecia de tudo… uma reedição do banquete platónico.

Da criatividade. Da insubordinação. Por exemplo, enquanto ajudava e dava guarida a Manuel Lima e a Luís Pacheco, criou com eles algo de parecido com um heterónimo surrealista, Delfim da Costa, que durante um tempo serviu de assinatura a panfletos violentíssimos contra meia Lisboa literária.

Em 1972, abrira o bar-restaurante O Botequim – um ponto de conspirata permanente, segundo Dórdio de Guimarães.

 Em 1974, será diretora da “Vida Mundial. Rejeitou ser diretora do Jornal Novo. Mais tarde na RTP fará o programa Mátria.[166] Em 1945, publica As Grandes Aventuras de um Pequeno Meio Literário. Em 1946, publica o romance, Anoiteceu no Bairro. Em 1947, Rio de Nuvens (poemas escritos aos 17 anos). A partir de 1950, começa a conviver com António Sérgio, Cesariny, Eugénio, Mourão-Ferreira, Ferreira de Castro e Urbano Tavares Rodrigues. A sua casa torna-se um espaço de convívio cultural e de revolta contra o regime de Salazar.

A sua obra começou com um romance infantil «As Grandes Aventuras de um Pequeno Herói”, publicado em 1945. Na ficção, assinou «Anoiteceu no Bairro», «A Madona», «A Ilha de Circe», «Onde está o Menino de Jesus». Na poesia estreou-se com «Rio de Nuvens», em 1946… Publicou ainda o «Cântico do País Emerso»[167], «Mátria», «Armistício», «Passaporte», «Poesia de Arte e Realismo Poético», «Poemas a Rebater», «Epístola aos Iamitas», «A Pécora».  Em 1957, escreve Dimensão Encontrada (surrealista). Em 1966, seleciona e prefacia aAntologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. No teatro, publicou Erros meus, Má Fortuna, Amor Ardente; Encoberto

Em 1971, Natália entra para a Estúdios Cor. Edita as Novas Cartas Portuguesas das três Marias: Velho da Costa, Teresa Horta e Isabel Barreno. Retirado do mercado pela Pide. Em 1973, Spínola confia-lhe o original de Portugal e o Futuro, que sairá na Arcádia. Ainda, em 1973, publica, na Europa-América, O Surrealismo na Poesia Portuguesa. Chega ao Parlamento em 1979, com a AD. Adere, posteriormente, ao PRD de Ramalho Eanes, e acaba como independente. Em 1991, publica os Sonetos Românticos, obra maior.[168]

 

Correia, Romeu

(Almada, 1917 – 1996) Praticante de boxe e de atletismo nos anos 30 e 40. Empregado bancário. Escritor, dramaturgo. “Comecei tarde a interessar-me pela literatura.”[169] Estreou-se na carreira literária em 1947, com Sábado Sem Sol. A temática preferida é a alma popular.

 Obra: Os Gregos; Casaco de Fogo; O Vagabundo das Mãos de Oiro; Jangada; Bocage; Laurinda; Céu da minha rua; O Cravo Espanhol; Roberta; Grito no Outono; As Quatro estações; Tempos Difíceis; O Andarilho das Sete Partidas; Trapo Azul; Calamento; Gandaia / Os Tanoeiros; Desporto-rei; Bonecos de Luz; O Tritão e Cais de Ginjal; Passos em Frente; Francisco Stromp; José Bento Pessoa; Jorge Vieira; Futebol do seu Tempo; A Comédia dos Maus Costumes; A Palmatória  (sobre o poeta Nicolau Tolentino de Almeida);

 

Cortesão, Jaime

 (Ança, 29.04.1884 – Lisboa, 14.8.1960) Em 1909 forma-se em medicina e em 1912 é nomeado professor de Literatura num liceu do Porto, onde se mantém até à sua eleição para deputado em 1915. Juntamente com Teixeira de Pascoaes, participa, a partir de 1910, no movimento saído da revista «Águia”, ampliado depois pelo movimento da “Renascença Portuguesa”. Na I Guerra Mundial faz a campanha da Flandres como voluntário e é condecorado com a Cruz de Guerra. Em 1919 é nomeado Diretor da Biblioteca Nacional, cargo que mantém até 1927. É um dos fundadores da revista “Seara Nova”. Obrigado a exílio[170], vive em Espanha, França, Bélgica e Inglaterra.[171] Em 1940 fixa-se no Brasil. Regressa a Portugal em 1957, sendo preso em 1958, ano em que foi eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.

 

Cortez, Alfredo (1880-1946). Dramaturgo. Zilda (1921); Gladiadores (1934); Tá-Mar (1935).

 

Cortez, Sá – Poeta angolano. Colaboração no livro de poemas “Poesia de Combate”.

 

Corvo, João Andrade (Torres Novas, 30-1-1824 – 1890). De família miguelista, liberal convicto. Seguiu a carreira das armas, atingindo o posto de coronel de Engenharia, cursou Matemática, Ciências Naturais, Agronomia e Medicina. Foi professor substituto da cadeira de Botânica na Escola Politécnica em 1844. Iniciou a atividade política em 1865 como deputado por Idanha-a-Nova, sendo ministro das Obras Públicas (1866 a 1868) par do Reino e Ministro dos Negócios Estrangeiros em 1871, ministro da Marinha e do Ultramar (1875-1877). Com a subida do Partido do Progresso ao Poder em 1879 abandonou a carreira política e dedicou-se aos trabalhos científicos e literários.

Obra literária: romance em 4 volumes «Um ano na Corte», as novelas «Sentimentalismo» e «Contos em Viagem», os dramas «O Astrólogo», «O Aliciador», e «Dona Maria Teles». Ver ainda: «Estudo sobre as Províncias Ultramarinas» em 4 volumes.

 

Costa, Maria Velho da (pseudónimo de Maria de Fátima Bívar. Nasceu em Lisboa a 26 de Junho de 1938. Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa e tem o curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e de Psiquiatria. Foi leitora do Departamento de Português e de Brasileiro do King’College, Universidade de Londres – 1980/1987. Foi adjunta do secretário de Estado da Cultura em 1979 e adida cultural em Cabo Verde de 1988 a 1991.) Obra: O Lugar Comum (1966)[172]; Maina Mendes (1969); Novas Cartas Portuguesas[173] (1972); Casas Pardas (1977); Lucialima (1983); Missa in Albis (1988); Dores·(1994); Irene[174] ou O Contrato Social (2000)[175]; Elena e as mãos dos Homens (2003); O Livro do Meio[176] (2006). Em entrevista ao Expresso de 27 de Julho de 2002, entre outras considerações, revela apreço por Lacan, Nuno Bragança, Guimarães Rosa, Mia Couto, Herberto Helder, Pedro Tamen, Fiama Hasse Pais Brandão, Agustina Bessa-Luís, Virginia Woof, Marguerite Duras (Écrire), por Gabriela Llansol, pelo filme “Blue Velvet”, pelos cineastas Bergman, Bresson, Dreyer, Renoir, Wood Allen, Godard (Pierrot), Pasolini, Tarkovski. M. V. Costa considera Pessoa “como poeta (...) um chato.”

 

Costa, Orlando (Lourenço Marques, 1929 - 2006). Viveu a infância e a adolescência em Goa. Radicou-se em Lisboa em 1947. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas. Obra: A Estrada e a Voz (1951); O Signo da Ira (1961), Podem Chamar-me Eurídice (1964) ou Os Filhos de Norton (1994)[177]; O Último Olhar de Manú Miranda (2000); Sem flores nem Coroas (2003).

 

Couto, Fernando (Rio Tinto, Gondomar, 1924 – Maputo, 2013).  Jornalista, escritor e editor moçambicano. Foi responsável pela editora moçambicana Ndjira. Pai do escritor moçambicano Mia Couto. Obra: Poema Junto à Fronteira (1959); Jangada do Inconformismo (1962); Amor Diurno (1962); Feições para um Retrato (1971); Monódia (1996); Olhos Deslumbrados (2001); Rumor de Água (antologia., 2007)

 

Couto, Mia[178]

 António Couto (Moçambique, Beira, 1955- ) Biólogo, ex-jornalista, escritor. Aprendeu aos 5/6 anos a falar chissena (e ndau). Teve no pai um mestre das “errâncias” – o poeta Fernando Couto (profissão: despachante dos caminhos de ferro na Beira. Define-se como um ser da fronteira (Europa / África; Oriente / Ocidente; Oralidade / Escrita. Em 1974, já sabia que não ia ser médico (psiquiatra). Estudava e fazia jornalismo no jornal A Tribuna, de que era diretor o Rui Knopfli e onde tinham colaborado pessoas como o José Craveirinha e o Luís Bernardo Honwana. Um jornal com tradições de esquerda (anticolonialismo). Em Moçambique, Mia é um mulungo (palavra changane e que significa branco, com hábitos de branco),[179] consciente de que a cultura dos macuas é muito diferente da dos changanes e da dos macondes. Mia Couto deve ser colocado na esteira de Luandino Vieira, do brasileiro Guimarães Rosa (O Grande Sertão-Veredas) ao aplicar a ideia de que o escritor deve construir o seu próprio instrumento linguístico que a realidade esteja a exigir.  Obra: Raiz de Orvalho (1983); Vozes Anoitecidas (1986); Cada Homem é Uma Raça (1990); Cronicando (1991); Terra Sonâmbula[180] (1992); Estórias Abensonhadas (1994); A Varanda de Frangipani (1996)[181]; Raiz de Orvalho e Outros Contos (1999); Na Berma de Nenhuma Estrada e Outros Contos (2001); Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002); O Outro Pé da Sereia[182] (2006



Craveirinha, José[183]Nasceu no bairro da Mafalala em Lourenço Marques, em 28 de maio de 1922, filho de pai algarvio e mãe ronga. Faleceu a 6 de fevereiro de 2003, em Joanesburgo. Estudou na escola Primeiro de Janeiro, pertencente à Maçonaria. Jornalista e Poeta moçambicano.[184] A seguir à II Guerra Mundial, procurou instituir uma literatura moçambicana. Prémio Camões 1991
Colaborou n'O Brado Africano. Fez campanha contra o racismo no Notícias, onde trabalhava. Em 1958, começou a trabalhar na Imprensa  Nacional. Continuou no Notícias até à fundação do jornal A Tribuna, em 1962. Devido à sua relação com a FRELIMO, esteve preso, entre 1964 e 1968.
Obra: Xigubo. Lisboa, Casa dos Estudantes do Império, 1964. 2.ª ed. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980. Cantico a un dio di Catrame (bilingue português/italiano). Milão, Lerici, 1966 (trad. e prefácio Joyce Lussu).Karingana ua karingana. Lourenço Marques, Académica, 1974. 2.ª ed., Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1982. Cela 1. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980. Maria. Lisboa, África Literatura Arte e Cultura, 1988. Izbranoe. Moscovo, Molodoya Gvardiya, 1984 (em língua russa). Hamina e outros contos, 1997.

CRUZ, Bento da (Montalegre, 22-2-1925 – Porto[185], 25-8-2015).  Médico estomatologista, autor de livros de ficção e ensaio etnográfico. Como médico, percorreu toda a região do Barroso. Obra: Hemoptise; Prolegómenos. Bento da Cruz – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)  Histórias da Vermelhinha; O Lobo Guerrilheiro[186]

1. Os livros levantam embaraços lexicais - “o que me embaraça é os assuntos preferidos do autor - sexuais e fisiológicos - serem tratados com vocabulário impróprio dos olhos seletos dos leitores do DN, e além disso eu também não tenho descaramento bastante para o usar.”

2. “Os bombos da festa nos dois livros, são os padres, os galegos, as senhorinhas ou matronas de costumes demasiado livres.”

3. Neste último romance, “o pano de fundo situa-se nos anos 30, durante e após a Guerra Civil de Espanha. Depois do termo oficial da guerra, em 39, a guerrilha contra Franco continua, de modo que há muitos galegos refugiados no Barroso. Pouco a pouco vão desaparecendo, ou são assassinados ou emigram clandestinamente para a América Latina. Outros serão fuzilados, quando Salazar os manda entregar a Franco.”

            O romance é rústico e duro, fragmentado por histórias subsidiárias, daí que a sua unidade assente mais no espaço geográfico social e político do que num enredo. Pouco ou nada tem a ver com a ficção contemporânea. Herdeiro do Gil Vicente das farsas, do Bocage das anedotas ou de Camilo Castelo Branco.

 

Cruz, Gastão

 (Faro, 20.07.1941 – Lisboa, 20-03-2022)[187]. Entre 1960 e 1990[188], foi professor de Inglês e de Português do ensino secundário[189], com um intervalo de 6 anos em Londres, como leitor do King’s College (1980-1986). Traduziu poesia e teatro (Strindberg, Shakespeare, Cocteau), esteve ligado ao Teatro da Graça e, dirigiu regularmente recitais de poesia. Foi crítico de poesia no “Diário de Lisboa”, em revistas, e fez parte da equipa que coordenou a revista de poesia Relâmpago. Reuniu os seus textos críticos e ensaísticos em A Poesia Portuguesa Hoje (Relógio de Água, 1999). Obra[190]: Outro Nome (1965); Escassez (1967); As Aves (1969) A morte percutiva (vol. Colectivo Poesia 61); A Campânula[191]; O Pianista (1984); As Leis do Caos[192] (1990); Crateras; As Pedras Negras; Rua de Portugal (2003) Repercussão (2004); A Moeda do Tempo (2006). Crítico·. Até 1999, data em que saiu a coletânea Poemas Reunidos, lançou 14 volumes. Duas das suas maiores referências: Carlos de Oliveira e Ruy Belo (ver Ácidos e Óxidos).

De acordo com Gastão Cruz, nos anos 80, surgiram os poetas Luís Miguel Nava, Paulo Teixeira, Luís Filipe Castro Mendes… Nos anos 90, surgiram Fernando Pinto do Amaral e Luís Quintais. G.C. discorda de Joaquim Manuel de Magalhães, quanto aos poetas mais representativos, condenando a poesia em que há palavras a mais, um discurso frouxo que se aproxima da banalidade, do lugar-comum[193]

 

Cruz, Mafalda Ivo Romancista: OZ[194] (2006)

 

Cruz, Tomás

 Tomás Vieira da (Portugal, Constância, 1900- Lisboa, 1960) Obra: Quissange – Saudade Negra (1932); Tatuagem (1941); Cazumbi (1950). Foi pioneiro do uso do quimbundo, recorrendo a termos desta língua angolana. Por exemplo: «Buzi, ó flor do Songo, / para males da muxima / quimbanda não tem milongo!» - para males do coração o curandeiro não tem remédios.

 

Cruz, Viriato da – (Porto Amboim, 1928 – China, 1973)

 

Dacosta, Fernando

(Caxito, Angola, 1940- ) Obra: Sequestraram o Senhor Presidente[195]; Um Jeep em segunda mão; Máscaras de Salazar ( /2006)

 

Dáskalos, Alexandre

(Huambo, 1924 - Caramulo, 1961). Colaborou na coleção «Poetas Angolanos (CEI, 1959). Obra: Poesia, 1975.

 

Daskalos, Sócrates

Foi um dos fundadores da FUA – Frente de Unidade Angolana. Sócrates Daskalos é autor de um livro de memórias “Um testemunho para a história de Angola. Do Huambo ao Huambo”, Lisboa, Veaa. “Na cidade litorânea de Benguela, onde Sócrates Dáskalos era professor do ensino médio e vice-reitor no liceu local, durante o mês de Janeiro de 1961 os elementos ligados ao movimento de 1940, outros que tinham pertencido a pequenas facções interioranas e a embriões de organizações desmanteladas em 1959, bem como alguns portugueses, comunistas, socialistas ou da oposição democrática, em que havia mesmo indivíduos que a PIDE deportara de Portugal para as colónias, congregaram esforços resolvendo-se a concretizar sua unidade na luta comum. Para isso, constituíram a Frente para a Unidade dos Angolanos, dando-lhe o criptónimo FUA que só mais tarde conquistou... "foro de cidade" vindo a público em parte inteira, mas por breve espaço de tempo, como veremos.”

David, Raul – (1918-2005). Angola. Nascido na província de Benguela, deixou duas obras inacabadas: "Benguela no espaço e o tempo" e ” Baronesa entre rios". Raul David deixou um vasto número de obras designadamente "Colonizado e Colonizadores" ;"Narrativas ao acaso", "Cantares do nosso Povo”; “Contos tradicionais da nossa terra".

Deus, João de (S. Bartolomeu de Messines, 8.3.1830-1896). Seminário. Curso de Direito em Coimbra, onde tangia viola e fazia versos. Aqui se enamorou de Raquel Nazaré que morreu jovem. Escreveu no “Bejense” …Casou tarde com Guilhermina Battaglia, de origem italiana, vinte anos mais nova – 4 filhos. Desprezava o dinheiro. Obra: Flores do Campo, coletânea de poemas editada em 1869, graças aos amigos; A Cartilha Maternal[196] foi publicada em 1876 por solicitação de um livreiro. A Cartilha Maternal foi declarada Método Nacional pelas Cortes de 1888. Em 1893, Teófilo de Braga editou-lhe a obra O Campo de Flores.

Dias, António Jorge (1907-1973). Primeiro etnólogo português e fundador do Centro de Estudos de Antropologia Cultural, cujas pegadas no norte de Moçambique, Harry West decalcou.

 

Dias, Gastão Sousa – O destino da Grei[197] (Crónicas Angolanas), edições Cosmos, Lisboa, 1940.Outras obras: No Planalto da Huíla, ed. da Renascença Portuguesa; África Portentosa (Primeiro Prémio de Literatura Colonial, 1926), ed. Seara Nova; Cartas de Angola, ed. Seara Nova, 1928; A Defesa de Angola – separata da Revista Militar, 1932; Relações de Angola, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1934; L’Esprit de la colonisation portugaise – extrait de l’Outre-Mer, revue générale de colonisation – Alger, 1934; D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho – Caderno Colonial n.º 27, da editorial Cosmos – Lisboa, 1936; Pioneiros de Angola, n.º 42 da colecção Pelo Império, da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938; Silva Porto e a Travessia do continente africano, Agência Geral das Colónias, 1938; Restauração de Angola – Salvador Correia de Sá – Comunicação feita ao I Congresso da História da Expansão Portuguesa no Mundo – Lisboa, 1938; Povoamento de Angola – Caderno Colonial nº 41, Ed. Cosmos, Lisboa, 1938; Artur de Paiva, Agência Geral das Colónias, 1938; A Baía dos Tigres – Caderno colonial n.º 53, Ed. Cosmos, 1939.

 

Dias, João

Moçambique. Obra: Godido e outros contos (1952)

 

Dinis, Júlio – Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Porto, 1839-1871). Escritor – médico. O pai era natural de Ovar, onde Júlio Dinis esteve, por causa da hemoptise, em 1864-1867, vivendo em casa de uma tia. Em 1868, vivia no Porto em frente ao Palácio de Cristal. Devido à doença esteve por três vezes na Madeira (de 1868 a 1871). Obra: As Pupilas do Senhor Reitor (1866 / 1867); A Morgadinha dos Canaviais (1868); Uma Família Inglesa (1858/1868); Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871, póstumo); Serões na Província…

Com educação inglesa e familiares da mesma origem, as suas leituras centraram-se em Dickens, Richardson, Jane Austem, mas também em Pascal, Balzac e Rousseau… Egas Moniz terá salvo uma parte do espólio de Joaquim Coelho / Júlio Dinis.

 

Dionísio, Eduarda (1946). Professora nas escolas Maria Amália Vaz de Carvalho, Camões, Cidade Universitária, Gil Vicente. Escritora. Obra: Comente o seguinte texto (1972); Retrato do Amigo Enquanto Falo (1979); Histórias, Memórias, Imagens e Mitos de Uma Geração Curiosa (1981); Pouco Tempo Depois (1984); Alguns Lugares Muito Comuns (1987); Títulos, Acções e Obrigações (1993); As Histórias Não Têm Fim (1997); T.M. - PROVAS DE CONTACTO (2001); Antes que a Noite Venha (2006).  

Editora com Jorge Silva Melo do jornal Crítica (1971-2) colaborou, entre outras, nas seguintes publicações: A Capital, Seara Nova, Diário de - onde fez crítica literária -, Lisboa, Gazeta do mês, Combate.

Cofundadora do grupo de teatro Contra-Regra - onde trabalhou entre 1983 e 1987-, participou, desde 1969, em diversos espetáculos (Grupo de Teatro da Faculdade de Letras, Teatro da Cornucópia, O Bando), nalguns dos quais como atriz (Anfitrião, 1969; Três Entremeses de Cervantes, 1970; Montedemo). Para o teatro, traduziu (entre outros e normalmente em colaboração) textos de Shakespeare, Schnitzler, Brecht, Heiner Müller, Jon Fosse ou Jacques Prévert.

A única atividade que a cansava era o ensino, devido ao retrocesso pedagógico e ao conformismo da juventude.[198]

 

 

Dionísio, Mário

 (Lisboa[199], 16 de Julho de 1916 – 17 de Nov. de 1993). Escritor, pintor e pedagogo.[200] Via Luminosa (1935); Poemas (1941); O Dia Cinzento (1944); Van Gogh (ensaio, 1947); O Riso Dissonante (poesia, 1950); Encontros em Paris (1951); A Paleta e o Mundo (1962); Não há morte nem princípio (romance, 1969); Terceira Idade (poesia, 1982); Monólogo a duas Vozes (1986), Autobiografia (1987); A Morte é para os Outros (1988)...

 

Dirceu, Carlos Urgel

 Miguel Várzea, Alferes e Paisano;

 

Direitinho, José Riço

(Lisboa, 1965 -) Obra: Breviário das más inclinações (1994); A Casa do Fim (1992); O relógio do cárcere (1997); Histórias com cidades (2001); O sorriso inesperado (2005); O Escuro que te ilumina (2018).

 

Duarte, Afonso (Ereira, 1-1-1884 – Coimbra, 5-3-1958).

1896- Faz exame de instrução primária na escola de Alfarelos.

1898 - Entra para o Colégio Mondego, de Coimbra, onde permanece como aluno interno durante 3 anos.

1902- Assenta praça em Lanceiros de EI-Rei e matricula-se no Liceu de José Falcão.

1904 - Sabe-se que tinha já concluído nesta altura o seu primeiro livro de versos, Composições verdes, que não chegou a ser publicado.

1908 - Matricula-se na Universidade de Coimbra.

1909- Desiste da carreira das armas, passando a frequentar o curso de Ciências Físico-Naturais da Faculdade de Filosofia, hoje extinta.

1912 -Publica o Cancioneiro das Pedras na Livraria Ferreira, de Lisboa, livro que reúne as poesias escritas de 1906 a 1910. Funda, com Nuno Simões, a revista Rajada.

1913- Bacharela-se em Ciências Físico- Naturais.

1914 - Publica a Tragédia do Sol-posto, Franca Amado, editor, Coimbra. É colocado como professor provisório no Liceu de Vila Real de Trás-os-Montes.

1915- Abandona Vila Real para frequentar a Escola Normal Superior de Lisboa.

1916 - Publica a Rapsódia do Sol-nado seguida do Ritual do Amor, Renascença Portuguesa, Porto.

1917 - É nomeado professor do Liceu de Gil Vicente, de Lisboa. Mobilizado pouco depois, dá entrada na Escola de Oficiais Milicianos de Artilharia de Costa.

1918- É licenciado a seguir ao Armistício, sobrevindo-lhe então a grave doença que esteve quase a inutilizá-lo (paraplegia) e de que nunca mais se curou completamente.

1919 - Volta a exercer funções públicas como chefe de secretaria do Liceu Infanta D. Maria e professor da Escola Normal Primária de Coimbra.

1924 - Lança com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca a revista Triptico.

1925 -Abandona o cargo de chefe de secretaria do Liceu de José Falcão, para onde transitara do Liceu Infanta D. Maria, entregando-se a partir de então, na Escola Normal, a uma experiência pedagógica absorvente, que alcançou verdadeira repercussão europeia. Publica Barros de Coimbra, edições Lumen, Coimbra.

1929 - Dá a lume Os sete poemas líricos, edições Presença, Coimbra, compilação da sua obra poética, inédita e publicada.

1932 - É colocado na situação de adido fora do serviço e compelido à aposentação.

1933 - Publica Desenhos animistas de uma criança de 7 anos, Imprensa da Universidade, Coimbra.

1936 - Publica o ciclo do Natal na literatura oral portuguesa, Biblioteca Etnográfica e Histórica Portuguesa, Barcelos.

1947 - Publica Ossadas, edição da Seara Nova, Lisboa. Poesias escritas, provavelmente, entre 1922 e 1946.

1948 - Publica Um esquema do cancioneiro popular português, também edição da Seara Nova.

1949 - Publica o Post-scriptum de um combatente, Coleção Galo, Coimbra. Escrito em Janeiro e Fevereiro de 1948, exceto as poesias «Post-scriptum de um combatente» (1917), «Coimbra» (1918), «4 de Junho de 1944», «Terra Natal (1947), «Eugénio de Castro» (1947) e a «Saudação a Pascoaes» (1949).

1950-Publica Sibila, edição do autor, Coimbra. Tanto as «trinta e cinco redondilhas fingidas» como o «Soneto verdadeiro» datam de Abril de 1950.

1952 - Publica Canto de Babilónia e Canto de morte e amor ambos edições do autor, o primeiro escrito em 1951, o segundo de Janeiro a Março de 1952.

1956 - Sai a 1.a edição da sua Obra Poética, Iniciativas Editoriais, Lisboa. É uma recolha de todos os livros de poesia já publicados e inclui o livro inédito 0 Anjo da Morte e outros poemas, coligido e completado de 1952 a 1956, embora no plano geral da obra o autor o insira antes do tríptico de redondilhas formado por Sibila, Canto de Babilónia e Canto de Morte e Amor. Acompanha a Obra Poética um apêndice biobibliográfico organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1956 - A 24 de Junho é-lhe prestada pública homenagem na Ereira, sua terra natal, e descerrada no Castelo de Montemor-o-Velho uma lápide com estes versos seus: Onde nasceu o Fernão Mendes Pinto? Jorge de Montemor onde nasceu? A mesma terra, o mesmo céu que eu pinto, Castelo velho, o que foi deles é meu.

 

1957 - 2.a edição da Obra Poética, Guimarães Editores, Lisboa, aumentada de novas poesias.

1958 - Morre em Coimbra, a 5 de Março. É sepultado no cemitério da Ereira.

1960 - Sai o volume póstumo Lápides e outros poemas (Iniciativas Editoriais, Lisboa), organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1974 - Publica-se esta 3.a edição, definitiva, da Obra Poética. A inclusão (não cronológica) de Lápides e outros poemas entre os livros o anjo da morte e Sibila faz-se por determinação de Afonso Duarte, que insistentemente indicou os cicios das redondilhas como fecho de toda a sua obra.

                                                 

Duarte, Fátima Rolo – Obra: Onde Estás[201];

 

Duarte, Rita Taborda (Lisboa, 1973). Integrou o DN Jovem. Filha de Mário de Carvalho. Obra: Publicou poesia – Poética Breve (1998), Na Estranha Casa de Um Outro (2006), Experiências Descritivas (2007, com André Barata) – e literatura infantil: A Verdadeira História de Alice (2004, Prémio Branquinho da Fonseca), A Família dos Macacos (2006), Os Piolhos do Miúdo e Os Miúdos do Piolho (2007), e os muito recentes Sabes, Maria, o Pai Natal não Existe (2008) e O Tempo Canário e o Mário ao Contrário (2008), todos eles ilustrados por Luís Henriques.

 

Duarte, Vera (Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina, Cabo Verde, Mindelo). Obra: Amanhã Amadrugada (1993); O Arquipélago da Paixão (2001); A Candidata (2003); Preces e Súplicas ou Os Cânticos da Desesperança (2005)

 

Duro, José António (Portalegre, 22-10-1875 – Lisboa, 18-01-1899). Vítima da tísica. Poeta decadentista esquecido. Obra: Flores (1886); Fel (1899) A prostituição, a morte, a tuberculose e o desespero são os temas mais recorrentes da sua poesia, por muitos considerada a concretização mais negativista das correntes estéticas decadentistas em Portugal.

 

Echevarría, Fernando (26-2-1929 – 4-10-2021) Obra: Entre Dois Anjos (1956) ; Tréguas para o Amor (1958) ; Outros Poemas (1963) ; Sobre as Horas (1963) ; Ritmo Real (1971) ; A Base e o Timbre (1974) ; Media Vita (1979) ; Livro (1980) ; Introdução à Filosofia (1981) ; Fenomenologia (1984) ; Figuras (1987) ; Sobre os Mortos[202] (1991) ; Uso de Penumbra (1995) ; Geórgicas (1998) ; Introdução à Poesia (2001) ; Corpo Intenso (2003) ; Epifanias (2006) …

 

Editores

Lyon de Castro (1915 – 2004)

Em 1939, aquando da celebração do Pacto germano-soviético (Agosto de 1939), rompeu com o PCP, passando a ser persona non grata para o Partido. Em 1945, lançou a editora Publicações Europa-América.[203] Lyon de Castro convida Piteira Santos para dirigir a editora, agravando as tensões com o PCP. Apesar disso, edita, entre outros, Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol... Por outro lado, ao criar a revista mensal “Ler” – um jornal literário e de ideias – que subvencionou entre Abril de 1952 e Outubro de 1953, provocou enorme celeuma com o PCP.[204]

 

A Volta de Oiro do Dia; Limiar – coleções líricas portuenses: ver aliança entre núcleo de poetas e um outro de artistas plásticos. Ver: Eugénio de Andrade, Vasco Graça Moura; Mário Botas, José Rodrigues, Armando Alves…

 

 

Elias, Vítor Obra: A Segunda Oportunidade (2002)[205]

 

Ervedosa, Carlos

 

(Luanda, 1932 – Sabrosa, 1992) Tendo sido presidente da Direção e da Assembleia Geral da Casa dos Estudantes do Império, foi também responsável pela sua secção cultural e editorial. O sonho de uma sociedade multirracional em Angola terminou para Carlos Ervedosa em 1976.São seus os seguintes títulos publicados: Saudades de Luanda, em edição de autor; Poetas Angolanos, 1959, edição Casa dos Estudantes do Império; Contistas Angolanos, 1960; Literatura Angolana (resenha histórica), 1962; Itinerário da Literatura Angolana, 1972, edição Culturang (Luanda); Roteiro da Literatura Angolana, 1979, União dos Escritores Angolanos; Saudades de Luanda, 1986; Era no Tempo das Acácias Floridas,[206] 1989; Carta Arqueológica do Concelho de Vila Real, 1991.

 

Espanca, Florbela d’Alma de Conceição (Vila Viçosa, 08-12-1894-08-12-1930). Registada como filha natural de Antónia da Conceição Lobo e de pai incógnito.·. Obra: Livro de Mágoas (1919); Sóror Saudade (1923); A Charneca ao Entardecer (poesia, 1931); As Máscaras do Destino (1932, contos); Sonetos (edição integral, 1986);

 

Faria, Almeida[207] (1943-). Frequentou o Liceu Camões, onde Vergílio Ferreira foi seu professor. Tentou o curso de Direito, onde se incompatibilizou com Marcelo Caetano, e licenciou-se em Filosofia, tendo lecionado estética na Universidade Nova de Lisboa.

Obra: Rumor Branco[208] (1962); A Paixão (1965); Tetralogia Lusitana (Cortes[209], 1978; Lusitânia[210], 1980; Cavaleiro Andante, [211] 1983); O Conquistador (1990)[212]; Vozes da Paixão (teatro, 1998); A Reviravolta (teatro, 1999); Vanitas (conto, 2007). A 25 de Agosto de 2009, iniciou a entrega do seu espólio à Biblioteca Nacional.

 

Faria, Daniel[213] (Alto Trigais, Baltar, 1971 – 1999). Influência primeira: Sophia de Mello Breyner. A grande paixão dela era Herberto Helder. Oriundo do mundo rural. Tinha uma verdadeira paixão pelas pedras. Frequenta durante 3 anos o Seminário do Bom Pastor, à entrada de Ermesinde. Influência do Padre Manuel Mendes. Frequenta também o Seminário do Vilar, no Porto, onde, até ao 12º ano frequentará o Liceu Rodrigues de Freitas. Frequenta o Seminário da Sé (1989-1994). Em 1994, decide sair do Seminário, um ano antes de se tornar sacerdote. Em Outubro de 1997, entrou no Mosteiro de Singeverga, a 15 km de Santo Tirso. Traço Branco; Pórtico; Oxálida (1992); A Casa dos Ceifeiros (1993); Explicação das Árvores e outros Animais (1998); Homens que São como Lugares mal Situados (1998), Legenda para uma Casa Habitada (2000); Dos Líquidos (2001)

 

Feijóo K., J. A. S. Lopito

 

João André da Silva Feijó (Lombe, Malanje, 29.9.1963). Poeta, ensaísta e crítico literário. Obra: Entre o Écran e o Esperma (1985); Me Ditando (1987); Doutrina (1987); Rosa Cor de Rosa (1987); Corpo a Corpo (1987); Cartas de Amor (1990); Meditando. Textos de Reflexão Geral sobre Literatura (1994); O brilho do bronze: haikais (2005); Marcas de guerra, perceção íntima e outros fonemas doutrinários (2011); Lex e cal doutrina (2011); Desejos de Aminata,[214] (2014); Coração telúrico (2015)

 

Ferraz, Carlos Vale (pseudónimo de um oficial superior do Exército) – Nó Cego;

 

Ferreira, Arménio dos Santos (Luanda, 15-6-1920 – Lisboa, 17-10-2002) - Filho de Cipriano Ferreira, antigo presidente da Liga Nacional Africana. Foi um dos Membros da Casa dos Estudantes do Império – CEI.

Santos Ferreira frequentou o primeiro liceu existente em Angola Salvador Correia (Luanda). Veio para Portugal em 1939, tendo, em 1946, concluído a licenciatura em Medicina, em Lisboa. Seguiu posteriormente para França, onde se especializou em cardiologia no Hospital de Brousset, tendo exercido, na capital portuguesa, as funções de diretor dos Serviços de Cardiologia do Hospital Santa Marta, onde se aposentou em 1989.

Como Membro da Casa dos Estudantes do Império, local por onde passaram grandes dirigentes Políticos e Intelectuais das Ex-colónias Portuguesas, Arménio dos Santos exerceu a sua profissão gratuitamente, dando consultas aos Estudantes e a quem necessitava.

Arménio dos Santos fez um trabalho excelente na CEI, assim como em prol do povo Angolano, pois lutou pelos direitos deste povo. Foi militante activo do «Movimento Popular da Libertação de Angola» (MPLA). Foi Embaixador em Angola, e foi um dos arquitetos da Independência de Angola em 4 de Fevereiro. Como Activista que era Arménio dos Santos, conheceu figuras importantes que também passaram pela Casa dos Estudantes do Império como: Agostinho Neto que se tornou o seu grande amigo e foi o 1ª Presidente de Angola, Amílcar Cabral e outras figuras importantes. Por ter contributo muito para a libertação do povo Angolano Arménio dos Santos foi Condecorado pela Assembleia do povo de Angola.    

Arménio Ferreira dirigiu o Comité 4 de Fevereiro em Portugal e o Órgão Coordenador do MPLA para a Europa, pouco antes da independência de Angola.

O Dr. Arménio dos Santos Ferreira publicou vários trabalhos ligados à medicina desportiva, no Sporting Clube de Portugal, e participou em diversas reuniões internacionais de caráter científico e técnico, nomeadamente, no Brasil e em França, a convite da Organização das Nações Unidas para a Ciência e Cultura (UNESCO).

Como ativista político, Arménio Ferreira esteve ligado às primeiras atividades dos nacionalistas africanos na Casa dos Estudantes do Império, onde trabalhou com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Lúcio Lara, Pedro Pires, Marcelino dos Santos, Paulo Jorge, e outras destacadas figuras do meio político e literário da época. A sua inquietação maior era para com os humildes e os mais desfavorecidos. Daí a sua ligação ao Partido Comunista Português. Mais tarde, na qualidade de angolano, tornou-se, desde a primeira hora, militante activo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o que o levou a ser perseguido pela então polícia política do regime fascista-colonial e preso por atividades políticas que desenvolvia de apoio aos nacionalistas das então ex-colónias portuguesas, que lutavam pela independência dos seus países.

Pouco antes da Independência de Angola, em Portugal, dirigiu o Comité 4 de Fevereiro e o Órgão Coordenador do MPLA para a Europa, mas a sua formação e o seu elevado espírito humanista levaram-se a não só a acompanhar a acção política, mas também a ajudar os feridos de guerra que vinham a Portugal em tratamento, na sequência das acções armadas travadas por altura da Independência. Mas não só estes.

Era um aliado natural dos membros do Clube Marítimo Africano, a quem recebia no seu consultório particular, na Rua Braamcamp, que estava sempre de portas abertas para qualquer consulta gratuita aos angolanos. Mas a expressão mais marcante da coragem política e da militância do Dr. Arménio dos Santos Ferreira está incontestavelmente ligada ao ato histórico que foi a sua cumplicidade na preparação e concretização da célebre fuga de Lisboa para o exílio do seu colega de profissão, amigo e companheiro de sempre, o Dr. António Agostinho Neto, e de sua família. Este ato veio a possibilitar que o Dr. Agostinho Neto se pudesse juntar às forças nacionalistas que, como único recurso, se haviam levantado em armas.

Depois da Independência de Angola, Arménio dos Santos Ferreira, na qualidade representante do MPLA em Portugal, criou as condições para a abertura da primeira Embaixada de Angola em Lisboa, tendo efetuado diversas missões ao estrangeiro, nomeadamente aos Estados Unidos da América, por incumbência do Presidente Agostinho Neto. Em reconhecimento da sua contribuição desapaixonada e sempre desinteressada em prol da edificação do Estado Angolano, Arménio Ferreira foi condecorado pela Assembleia do Povo de Angola. Por tudo isto, e por muito mais coisas que aqui não foram ditas, é que o Governo da República de Angola rende a sua maior homenagem ao militante, ao patriota, ao nacionalista e ao humanista ARMÉNIO DOS SANTOS FERREIRA, a quem o país muito deve e de quem o país ainda muito precisava, especialmente neste momento em que novos rumos são trilhados no sentido de uma paz definitiva e duradoura que o nosso povo já bem o merecia, e que os conhecimentos e a experiência dele iriam agora ser tão necessários. No fundo, esta paz não deixa de ser também um legado seu. Nesta hora de dor, em nome do Governo da República de Angola, apresento as minhas mais sinceras e profundas condolências à família, à Ana Maria, Tó e aos netos.

Este registo integra excertos do elogio fúnebre feito pelo Embaixador de Angola em Portugal, Oswaldo de Jesus Serra Van-Dúnem – 18 de Outubro de 2002)

 

Ferreira, David de Jesus Mourão

 (1927 - 16.06.1996) – Estudou no Colégio Moderno, tornando-se grande amigo de João Belchior Viegas.[215] Na Faculdade de Letras de Lisboa, estuda Filologia Românica, seguindo o conselho de Agostinho da Silva (?). Lá conhece a mulher com quem casou… É filho de republicano convicto, defensor de um ideário de esquerda, mas não adere ao neorrealismo. O seu guia é José Régio, que nunca aceitou o primado da política sobre a estética. Tinha também uma grande paixão pelas obras de Almeida Garrett e de Paul Valéry. No entanto, em 1945, publicou alguns poemas na revista Seara Nova. Com Natália Correia, traduziu A Arte de Amar, de Ovídio. Em 1950, integrou o grupo da «Távola Redonda». Ver Colóquio Letras – Vozes da Poesia Europeia I, II, III (traduções). Obra: Peças: Isolda (1948); Contrabando (1950); O Irmão (1960). Poesia: Secreta Viagem (1950); Tempestade de Verão (1954); Os Quatro Cantos do Tempo (1958); In Memoriam Memoriae (1962); Infinito Pessoal ou A Arte de Amar (1962); Do Tempo ao Coração (1966); A Arte de Amar (1967); Lira de Bolso (1969); Cancioneiro de Natal (1971); Matura Idade (1973); Sonetos do Cativo (1974); As Lições do Fogo (1976); Obra Poética (1980); Os Ramos e os Remos (1985); Música de Cama (1994). Ensaísta: Vinte Poetas Contemporâneos (1960); Motim Literário (1962); Hospital das Letras (1966); Discurso Directo (1969); Tópicos de Crítica e de História Literária (1969); Sobre Viventes (1976); Presença da «Presença» (1977); Lâmpadas no Escuro (1979); O Esssencial sobre Vitorino Nemésio (1987); Nos Passos de Pessoa (1988); Marguerite Yourcenar: Retrato de uma voz (1988); Sob o mesmo tecto: estudos sobre autores de língua portuguesa (1989); Tópicos Recuperados (1992); Jogo de Espelhos (1993); Magia, Palavra, Corpo: Perspectiva da cultura de Língua portuguesa (1987). Colaborou ainda nas revistas Graal (1956-1957) e Vértice. A vida só fazia sentido como professor e como amante. Era hipocondríaco, revelando grande medo da morte…

 

Ferreira, José da Silva Maia

 (1827-1881) Obra: Espontaneidades da Minha Alma (Luanda, 1849). Obra passível de ser a primeira a figurar na História das Literaturas Africanas.

 

Ferreira, José Gomes

 (9.6.1900-1985) – ver[216]. Licenciado em direito. Cônsul na Escandinávia. Álvaro Gomes (pseudónimo) traduzia as legendas dos filmes; secretário do cinema Tivoli. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Escritores – era-o em 1974. O texto do filme “Aldeia da Roupa Branca” é da sua autoria, tal como muitas letras de muitas canções musicadas por Lopes Graça. Homem lido em Vitor Hugo, em marxismo, só compreendeu o maio de 68 com a revolução de 74. Tem o seu pai, homem republicano, como referência ideológica, cultural… E também o Bento Jesus Caraça e o Manuel Mendes… Obra[217]: Longe; Viver Sempre Também Cansa; O Poeta Militante; As Aventuras de João Sem Medo;

 

Ferreira, Manuel

(Portugal - ). Estreitamente ligado à realidade Cabo-verdiana. Obra: Grei (1944); Morna (1948); A Casa dos Motas (1956); Morabeza (1958); Hora di Bai (1962); Voz de Prisão (1971); Terra Trazida (1972); A Nostalgia do Senhor Lima (1972); A Aventura Crioula (ensaio, 1967). Director da revista África. [218]

 

Ferreira,[219] Sérgio Matos – Descansar da Pele;

 

Ferreira,[220] Vergílio

 (Melo, 28.01.1916 – 1.03.1996[221]) – A sua carreira começou, com um artigo na revista Biblos, de Coimbra “Teria Camões lido Platão?”. Obra: O Caminho Longe (1943) Alegria Breve (1943); Vagão J; Mudança[222]; Manhã Submersa; Cântico Final (1956)[223]; Carta ao Futuro (1958); Aparição[224](1959); Invocação ao meu Corpo (1969) Signo Sinal; Estrela Polar; Até ao Fim[225]; Na tua face[226];  Para Sempre[227] (1983); Nome da Terra; Espaço do Invisível; Conta-Corrente[228]. Prémios: Camilo Castelo Branco (1960); Femina (1990); Grande Prémio do Romance e Novela (1988; 1994); Prémio Ficção Pen Clube (1991) Europália (1991) 4ª edição do Prémio Camões (1992). Professor[229] em Faro (1942); em Évora, de 1945 a 1959; no Liceu Camões, de 1959 a 1982. Passou brevemente por Bragança. O autor considerava Dostoievsky a súmula da arte narrativa.

Eduardo Lourenço vê em Vergílio Ferreira «com a essência do famigerado mundo do Deus morto» o autor que melhor tratou o «fenómeno da identificação que aos poucos converteu a sua obra num ícone literário e cultural suscitador de tanta glosa, tanta homenagem e, no sentido próprio, com-sagração, verdadeiramente excecionais.»[230]

Dele e da literatura, Francisco Bérard escreveu: «A literatura pode ser uma casa contra o mundo, a arte pode ser um exercício à beira do abismo. Vergílio Ferreira foi um dos que melhor quiseram e puderam comunicar com as correntes do pensamento contemporâneo sem nunca se deixar acorrentar por elas.»[231]

 

Ferro, António – O Mar Alto (peça)[232]

 

Ferro, Rita – Obra: Por Tudo e por Nada (Contexto, 1995);

Fonseca, António José Branquinho da (4.5.1905-1974). Pseudónimo: António Madeira. Obra: O Barão (1942);

Fonseca, Manuel Lopes - (Santiago do Cacém, 15 de outubro de 1911 — 11 de Março de 1993). Foi um escritor (poeta, contista, romancista e cronista) português nascido no Alentejo. Fez a instrução primária em Santiago do Cacém, no meio de uma família oriunda de Castro Verde e do Cercal do Alentejo. Em Lisboa, frequentou o Colégio Vasco da Gama, o Liceu Camões, a Escola Lusitânia e, ainda, a Escola de Belas-Artes. Nas férias, regressava a Santiago (Cerromaior, nas suas obras - Cerromaior é o nome do primeiro romance de Manuel da Fonseca, publicado em 1943. Cerromaior é o nome da (pequena) cidade onde decorre a acção do romance. Se bem que sendo uma cidade imaginária são notórias as semelhanças com a terra natal de Manuel da Fonseca, Santiago do Cacém. Luís de Sttau Monteiro – testemunho do amigo (DN, 1.4.1993) – ver referência aos estúdios Zeigler (Wolfgang Zeiler deu emprego ao L. S. Monteiro, José Carlos Ary dos Santos, Urbano Tavares Rodrigues, Manuel da Fonseca…)  - destaca as qualidades humanas do Manuel da Fonseca, exemplificadas na história dos burros que foi dando a todos os que encontrava pelo caminho, sobrecarregados… até que teve de fugir dos ciganosPatrícia Cabral – artigo “Manuel da Fonseca, A obra resiste ao Tempo” (DN, 18.3.1993) Obra: Poemas Completos (1983?)

Fonseca, Rubem (1925 - ). Brasileiro. Obra: Agosto; A Grande Arte; Secreções, Excreções e Desatinos.

Fraga, Isabel (  ) – Face ( poesia, 1984); Pátio Interior (poesia, 2002);

 

França,

José-Augusto (Tomar, 16.11.1992 - 30.09.2018)

 

Franco, António Cândido – Obra: Estâncias Reunidas (1977-2002, Campo das Letras);

 

Freitas, José de (Andulo, Bié, 1956-) Obra: Silêncio em Chamas (romance, 1979)

 

Freitas, Manuel (1972 -) Todos contentes e eu também[233]; A noite dos espelhos (ensaio sobre Al Berto, 1999)

 

Freitas, Ruy Correia de (Angola, Moçamedes /Namibe, 1922 – Portugal, Mem Martins2009). “Um grande do jornalismo colonial”.[234] Foi director do jornal Província de Angola, nome que mudou para Jornal de Angola antes de ser obrigado a pedir asilo político à África do Sul. Chegou à direcção do jornal nos anos 50, depois de ter frequentado uma escola de jornalismo em Londres. Na sequência, reformou as práticas do jornal. Após 1974, teve que fugir do governador Rosa Coutinho no fim de 1974. Voltou a Luanda no início de 1975, de onde saiu poucos meses mais tarde. Em 1976, foi para o Brasil e em 1979, veio para Portugal, onde se tornou sócio de uma empresa de fotografia. 

 

Gaio, Silva (Séc. XIX) – Autor da novela de guerra, Mário;

 

Galvão, Duarte – Poeta moçambicano. Obra: Poetas de Moçambique, CEI, 1960 –colab.

 

Galvão, Henrique (1895- S. Paulo, 1970) – alto funcionário colonial ligado, sempre de muito perto, à ascensão e queda do Estado Novo português.[235] Em 1961, apossou-se do paquete Santa Maria. Da Vida e da Morte dos Bichos; A Caça no Império Português; O Kurika (1944); Impala; Outras Terras Outras Gentes; O Velo d’ Oiro; Em Terra de Pretos.

 

Gama, Arnaldo (Séc. XIX) - Autor da novela de guerra, O Sargento-Mor de Vilar;[236]

 

Gama, Curado – Moçambique de Outros Tempos (2006);

 

Ganhão, Fernando. Poeta moçambicano. Obra: Poetas de Moçambique, CEI, 1960 –colab.

 

Garcia, José Martins[237]

(Ilha do Pico, 17.2.1941 – Ponta Delgada, 3.11.2002)Lugar de Massacre (uma anti-heroica crónica do ambiente de guerra na Guiné-Bissau), 1975; Vitorino Nemésio: A Obra e o Homem (Arcádia, 1978)[238]; Temas Nemesianos; Dominiciano, 1987; Para uma Literatura Açoriana, 1987; Katafara um Ressurrecto (1992); Exercício da Crítica, 1995; No Crescer dos Dias, 1996; Contrabando Original[239] (1988); Memória da Terra[240](1990).

Obra: Contrabando Original (Veja, 1988)[241]

«Penso no dilema do escritor açoriano. Vivendo na sua terra, em Lisboa ou na já tradicional América das últimas gerações, impõe-se-lhe sempre, e à priori, um desafio: disputar aos livros dos outros escritores portugueses um habitat estranho – aquele que molda, apaixona e superiormente dirige os destinos da literatura portuguesa. Além disso, esse tão estreito espaço de manobra lida de perto com um preconceito lisboeta: o de olhar de alto, e por cima do ombro, à ficção desses inúteis lugarzinhos, dispersos por um país que se concentra nas cidades e no litoral e que desdenha das periferias. O país periférico limita-se a viver na difícil graça de deus.

(…) Estamos afinal em presença de um romance ideológico e de um romance de ideias. Importa destacar o benefício da dúvida que é dado ao autodidacta Miguel. Ele colhe na sabedoria dos livros um conhecimento avulso e curioso, para compensar a frustração dos estudos liceais que não frequentou e a quase desejada disciplina do seminário. É um livro onde o rural se urbaniza, percorrendo mais o foro dos vícios do que a escola das virtudes.

Fica dito que este novo romance de José Martins Garcia mantém as principais aquisições do seu estilo, a mesma qualidade literária e a provada sabedoria do romancista que eu muito admirei em Lugar de Massacre e Imitação da Morte. Escrita enérgica, dúctil, servida por um léxico e por uma disciplina literária que não estão ao alcance de muitos escritores portugueses. Mas estou em crer que há aqui uma grande ausência de paixão. Para mim, será o livro da amargura, do celticismo, de algum riso discreto, e o infernal livro dos outros. Pode ser que seja também o linóleo ou o baixo-relevo de um país diferente daquele que eu estimo e no qual me esforço por estar bem vivo. Mas se nada disto for objetivamente certo, então queira o autor desculpar-me. (João de Melo)

 

 

Gersão, Teolinda (Coimbra, 1940 -) – Obra: Histórias de Ver e Andar[242];

 

Gil, Fernando (  - 2006) Obra: Acentos (2005);

 

Godinho, Vitorino Magalhães (1918-2011). Obra: Os Descobrimentos e a Economia Mundial;

Gomes, Carlos de Matos; Farinha, Fernando – Guerra Colonial, um repórter em Angola[243]

 

Gomes, Luísa Costa – O Defunto Elegante[244] (1996)

 

Gomes, Manuel Teixeira

(Vila Nova de Portimão, 27 de maio de 1860- Bougie, 18 de Outubro de 1941) Filho de Maria da Glória Teixeira e de José Libânio Gomes, um riquíssimo comerciante de frutos secos. Aos 10 anos, foi estudar para o seminário de Coimbra, experiência que o converteu em ateu militante. Enquanto estudante universitário passou o tempo em tertúlias literárias, com Fialho de Almeida, António Nobre, Sampaio Bruno, Basílio Teles, Soares dos Reis. Viajou longamente pela Europa e pelo Norte de África e não concluiu os estudos. Por volta dos 25 anos, começou a trabalhar com o pai e passou a viver com Belmira das Neves, uma adolescente de origem modesta, com quem teve duas filhas. «Fiz-me negociante, ganhei bastante dinheiro e durante quase vinte anos viajei, passando em Portugal poucos meses.»[245] Republicano convicto e de excelentes relações com o poder, tendo sido, durante sete anos, ministro de Portugal em Londres[246], a convite de Teófilo de Braga. Em agosto de 1923, foi eleito Presidente da República, por sugestão de Afonso Costa. Termina o mandato em dezembro de 1925, resignando. A partir de 1931, passa a viver em Bougie (actual Bejaia) na Argélia, quarto nº 13 do Hotel l’Étoile. A vida e a obra deixam supor que nele habitavam pulsões homossexuais e pedófilas, apesar de descrever abundantemente o corpo feminino. Homem «refinado, mundano, literato e cosmopolita.» Para a edição de 1941 das Canções de António Botto, escreveu um curto ensaio. Este livro de Botto fora publicado, em 1922, pela editora Olisipo, de Fernando Pessoa, entretanto, mandado apreender pelo Governo Civil de Lisboa, em 1923. Obra: Inventário de Junho (1899); Cartas Sem Moral Nenhuma (1903); Agosto Azul (1904); Gente Singular (1909); Cartas a Columbano (1932); Novelas Eróticas (1935); Regressos (1935); Miscelânea (1937); Maria Adelaide (1938); Carnaval Literário (1938), Ver O Exilado de Bougie[247] (1942).

 

Gonçalves, Aurélio Nasceu em S. Vicente, Cabo Verde. Colaborador da Revista Claridade.

Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Atribuído desde 1982, foi concedido sucessivamente a José Cardoso Pires (Balada da Praia dos Cães); Agustina Bessa-Luís (Os Meninos de Ouro); Mário Cláudio (Amadeo); António Lobo Antunes (O Auto dos Danados); David Mourão-Ferreira (Um Amor Feliz); Vergílio Ferreira (Até ao Fim); João de Melo (Gente Feliz com Lágrimas); Paulo Castilho (Fora de Horas); Maria Gabriela Llansol (Um Beijo Dado Mais Tarde); José Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo); Helena Marques (O Último Cais); Vergílio Ferreira (Na Tua Face); Mário de Carvalho (Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde); Teolinda Gersão (A Casa da Cabeça de Cavalo); Augusto Abelaira (Outrora Agora

Guerra Colonial (sobre)[248]:

Cristóvão de Aguiar, Braço Tatuado.

Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969 na Terra dos Soncó

Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné

António Vieira, Fim de Império[249]

António Brito, Olhos de Caçador.

 

12 romances que importa ler sobre a guerra colonial:

Memória, de Álvaro Guerra, 1971

Modesto Navarro, História do soldado que não foi condecorado, 1972

Lugar de Massacre, de José Martins Garcia, 1975

Cortes, de Almeida Faria, 1978

Os cus de Judas, de António Lobo Antunes, 1979

E a raiva passa por cima, fica a engrossar um silêncio, de Ascênsio Freitas, 1979

Percursos: do Luachimo ao Luena, de Wanda Ramos, 1981

Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz, 1982

Autópsia de um Mar em Ruinas, João de Melo, 1984

Até Hoje (Memórias de Cão), de Álamo de Oliveira, 1986

A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge, 1988

Os Navios Negreiros não sobem o Cuando, 1993

Quanto à poesia, ler:

Rui Knopfli, Manuel Alegre, Fernando Assis Pacheco

 

 

Gonçalves, Egito (Matosinhos, 1922-) Promotor de revistas literárias: Serpente; Árvore; Limiar. Organizador de antologias: Poesia 70; Poesia 71. Editor responsável da Limiar; Obra: Poema para os Companheiros da Ilha (1950); Um Homem na Neblina (1950); A Evasão Possível (1952); A Viagem com o Teu Rosto (1958); O Amor Desagua em Delta (1971); E, no entanto, Move-se (1995)[250];

 

Gonçalves, Zetho Cunha (Angola, Huambo, 7.1.1960 - ). Poeta, ensaísta, tradutor e autor de literatura infantil.  Obra: Exercício de escrita (1979); Coração limite e Sobre a sombra do corpo (1981); A construção do prazer e Reportagem do silêncio (1981); O incêndio do fogo (1983… Vive em Lisboa.

 

Granja, Ângelo (1941-12.04.2008). Antigo jornalista e autor de teatro. Com Francisco Nicholson, foi co-autor da telenovela "Cinzas", exibida na RTP nos anos 1990, e com Edgar Preto escreveu o argumento da série televisiva "Canto Alegre", de finais dos anos 1980.

 

Guedes, Maria Estela Pinto de Almeida. Nasceu em Britiande (Lamego), a 21 de Maio de 1947.É uma dramaturga, poeta e ensaísta portuguesa. Licenciada em Literatura pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1978.

Escritora. Membro da delegação portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários (AICL), da Associação Portuguesa de Escritores (APE), da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e do Instituto S. Tomás de Aquino (ISTA) e do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL).

 

Guerra, Álvaro Manuel Soares (Vila Franca de Xira 11.10.1936 – 18.04.2002). Escritor-embaixador. Fez a guerra colonial na Guiné, onde foi ferido; emigrante em Paris; jornalista do República; diretor de informação da RTP (após o 25 de Abril); Co-fundador da Luta; apoiante da candidatura de Ramalho Eanes (1976); embaixador na Índia, no Zaire, na Jugoslávia, em Estrasburgo, na Suécia. Obra: Os Mastins (1967, prefácio de Alves Redol); O Disfarce (1969); A Lebre (1970); O Capitão Nemo e eu (1973); Do General ao Cabo Mais Ocidental (1976); Reflexões sobre a China (1977); Café República (1982); Café Central (1984); Café 25 de Abril (1987); Crimes Imperfeitos (1990); Razões do Coração (1991)[251];  A Guerra Civil[252] (1993); Esboços para uma Tauromaquia (1994); Crónicas Jugoslavas (1996); Eurotauromaquias (2001); No Jardim das Paixões Extintas[253] (póstumo, 2002)[254]

Entrevista ao DN, 13 de Outubro de 1991, a propósito de Razões de Coração, Dom Quixote. As paixões amorosas e o clima da luta contra o invasor durante as invasões francesas em Portugal estão bem patentes neste romance. Ponto de partida: José Medeiros mostrou a Álvaro de Guerra um calendário litúrgico de 1808 – diário de Frei Pedro Taveira, um monge que deixara o convento de Mafra perante a aproximação dos franceses, optando por se instalar na aldeia de Ribamar. Mafra é o cenário privilegiado deste romance. No dia 1 de dezembro chegam a Mafra as primeiras notícias da entrada de Junot em Lisboa. Entrou pela estrada de Arroios, montado num cavalo branco. Junot fora embaixador em Lisboa. Tabelião Gouveia enamorado do coração solitário de Mariana Maldonado. Perto dos muros da Tapada / Abrantes (Hospital da Misericórdia) / Mação – Junot / Philippe Villepin. 30 de novembro de 1807, o dia de santo André.

D. António (?) e D. Beatriz (?) Mariana Maldonado havia prometido leitura de um acto de Maria Parda. Ela lê, às escondidas, a constituição do Père-Gérard, deputado bretão, símbolo do saber popular…, Brissot[255], Voltaire, Bocage e as poesias do Abade Jazente[256].

 

 

Guerra, Henrique  (Luanda, 1938-). Obra: Poetas de Angola, CEI, 1959 –colab.; Quando me acontece Poesia (1976); Alguns Poemas; O Círculo de Giz de Bombo (teatro, 1979).

 

Guerra, Mário (Benúdia) (Luanda,1939-) Obra: Nossa Vida Nossas Lutas.

 

Guerreiro, António. Crítico literário durante vários anos no Expresso. Autor: O acento Agudo do Presente[257] (livros cotovia);

 

Guimarães, Ana Paula Obra: Olhos, Coração e Mãos no Cancioneiro Popular Português (1992); Abecedoria do Coração – Arte de Bem Viver no Cancioneiro Popular Português (1994); Nós de Vozes: Acerca da Tradição Popular Portuguesa (2001)[258]

 

Guimarães, Luís de Oliveira

 (Espinhal, Penela, 19 de Abril de 1900 – 199...)[259] Dramaturgo, cronista, jurista, conferencista, jornalista. Amigo de Guerra Junqueiro, de Cerejeira, de Pascoaes, de Pessoa[260], de Dantas, de Almada, de Salazar, de Aquilino Ribeiro... João Ameal, António Ferro, Ramada Curto, António Botto, Ferreira de Castro, Beatriz Costa, Trigo de Negreiros, Eurico Braga, Raul Brandão[261]... Fez centenas de entrevistas e dezenas de peças.[262] Foi condiscípulo da Florbela Espanca em Direito. Os grandes escritores na primeira metade do séc. XX eram: o Junqueiro, o Dantas, o Carlos Malheiro Dias... Fundou com o Henrique Lopes de Mendonça, o Júlio Dantas, o Felix Bermudes, o Feliciano Santos e o Mário Duarte a SPA – Sociedade Portuguesa de Autores -, evitando mais tarde que ela fosse destruída pela PIDE, aquando do assalto à Associação Portuguesa de Escritores (intervenção junto de Salazar)... Bonecas que Amam; O Direito ao Riso; Saias Curtas; O Arcanjo Negro; Senhoras Conhecidas; Junqueiro na Berlinda; Minha Mulher é um Homem; Auto da Tentação; O Enganador Enganado; Abaixo a Máscara.

 

 

Gusmão, Ana Nobre

 (1953-) Obra: Delito sem corpo (1996);

 

Halpern,[263] Armando Júdice

 (Lisboa, 1961 - ) Conto: Rainha da Noite; romance: O Segredo do Cavaleiro (2006)

 

Higino, Nuno (1960 -) Padre de Marco de Canavezes até 2001. Em 2004, decidiu abandonar o sacerdócio. Obra: A Fada Gigante

 

História

 

Por decreto de 1947, Salazar ordenava a demissão de 21 prestigiados professores universitários + 10 oficiais do exército. No entanto, quem escolheu as vítimas foram as universidades. Muitos dirigentes universitários eram contra a investigação científica. (Nota oficiosa de 15 de junho de 1947). Antecedente deste decreto, um outro de 1935 (Aurélio Quintanilha e Abel Salazar foram demitidos; Bento de Jesus Caraça foi alvo de um processo em 1942, sendo demitido em outubro de 1946 juntamente com Azevedo Gomes e Pulido Valente)

Figuras:

  • Andrée Crabbé Rocha (nunca soube porquê, demitida da Faculdade de Letras; Salazar quis atingir o marido, Miguel Torga).
  • Pinto Peixoto (termodinâmica)
  • Aurélio Marques da Silva (Faculdade de Ciências de Lisboa, engenharia civil)
  • Mário Silva (acabou funcionário comissionista da Philips).
  • Manuel Valadares
  • Albert Gibert
  • Marques da Silva
  • Ferreira Pinto Resende (botânico)
  • Torre de Assunção (geólogo)
  • Arnaldo Peres de Carvalho
  • Ferreira de Macedo

 

Só em 1970, os sobreviventes foram reintegrados, por decisão de Marcelo Caetano.

Homem, Maria Aurora Carvalho (S. Pedro do Sul, 13.11.1938-11.6.2010). Jornalista, autora de histórias infantis e de poesia. Professora de Português no Liceu Jaime Moniz, na Madeira, a partir de 1974.

 

Honwana, Luís Bernardo (Maputo, 1942 -) – amante da escultura maconde. Obra: Nós Matámos o Cão Tinhoso (conto, 1964)

 

Inácio, Ana Paula (1966 -) – As Vinhas de meu Pai (2000);

Jacinto, António do Amaral Martins (Luanda, 1924 – Lisboa, 1991 - Lisboa, Hospital da Cruz Vermelha, 23.06.1991). Pseudónimo: Orlando Távora. Fez estudos liceais em Luanda, trabalhando como empregado de escritório. Poeta, escritor, político. Fundador do MPLA. Nacionalista, foi preso, em 1961,  pela PIDE e condenado à pena de 14 anos de prisão, 10 dos quais no Tarrafal[264]. Libertado em 1972, tendo lhe sido fixada residência em Lisboa. Em 1973, evadiu-se de Portugal, tornando-se diretor do CIR (Centro de Instrução.  De 1947 a 1950, criou Mensagem. Obra: Comboio Malandro; Carta do Contratado[266]; Monangambe[267]; Vovô Bartolomeu; Prometeu; Fábulas de Sanji (1991); Em Kiluanje do Golungo; Cavalo Sentado; Poemas do Tarrafal. Em 1985, obteve o Prémio Nacional de Literatura de Angola, com o livro Sobreviver em Tarrafal de Santiago. A sua obra foi reconhecida no Cazaquistão soviético, em Cuba. Defendia uma cultura não europeizada. Foi ministro da Educação e secretário de estado da cultura. Membro do comité central do MPLA-PT

Por razões políticas esteve preso entre 1960 e 1972. Militante do MPLA, foi co-fundador da União de Escritores Angolanos, membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola e participou ativamente na vida política e cultural angolana. Foi empregado de escritório e técnico de contabilidade, Ministro da Educação de Angola e Secretário de Estado da Cultura.

Colaborou com produções suas em diversas publicações nomeadamente Jornal de Angola, Notícias do Bloqueio, Itinerário, Império e Brado Africano e foi membro da revista Mensagem.

Publicou em 1961 uma recolha de poemas, em edição da Casa de Estudantes do Império, estando alguns dos seus trabalhos incluídos na antologia Poesia Angolana de Revolta, publicada em Lisboa, em 1975. Em Janeiro de 1985, obteve o Prémio Nacional de Literatura de Angola, com o livro Sobreviver em Tarrafal de Santiago.
Monangamba

A.J.: Monangamba foi construído na serração de madeiras onde eu trabalhava. Em frente da serração passava a linha de caminho-de-ferro. O pessoal estava a descarregar madeira. Eu aí fiz um recuo para o mato, e lembrei-me das lendas dos kifumbes, da convicção de que quem tem barriga grande tem muito dinheiro, que o dinheiro é feito pelos pretos, etc. Lembrei-me do estribilho muito grande do Monangambééé e não sei se o escrevi lá mesmo no escritório, ou se o construí e, quando cheguei a casa, o escrevi… mas foi nessas circunstâncias, foi no trabalho mesmo…
(Michel Laban, in Encontros com Escritores, vol. I)

Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações:
naquela roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado
vai ficar negro, da cor do contratado.
Negro da cor do contratado.
Perguntem às aves que cantam
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipoia ou o cacho de desdém’
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre
panos ruins, cinquenta angolares
“porrada se refilares”?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
E cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar
ter barriga grande – ter dinheiro?
- Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
Responderão:
- “Monangambééé…”
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído as minhas bebedeiras
- “Monangambééé…”

 

Jamba, Sousa(Angola, Missão Dondi, 1971 –)[268] Em 23.7.1994 escrevia Público /The Guardian sobre os ruandeses (conflito entre os hutu e os tutsis. Deveria ser-lhes dada a possibilidade de emigrarem para outras regiões do continente africano (argumento: altíssima densidade demográfica)[269]. Dando-lhes a possibilidade de se dedicarem à agricultura. Obra: Patriots (Os Patriotas, 1991); A Lonely Devil (Londres, 1993). Defende um estado federal para Angola.

Jorge, Lídia (Boliqueime, 1947 -) Licenciada em Filologia românica; professora[270] – Obra: O Dia dos Prodígios; Costa dos Murmúrios; O Vento Assobiando nas Gruas (2002), D. Quixote[271]; Combateremos a Sombra (2007)[272]; A Noite das Mulheres Cantoras, (20

Jorge, Luísa Neto (1939-1989)[273] Poetisa, Tradutora, Argumentista (cinema): Brandos Costumes (1975); Nem Pássaro Nem Peixe (1978); A Ilha dos Amores (1982) ; Relação Fiel e Verdadeira (1989); Nuvem (1991) . Obra: Terra Imóvel;  Os Sítios Sitiados; Ver Revista Relâmpago nº 18 sobre esta autora.

Jorge, Tomás (Luanda, 1929 -) Obra: Areal

Júdice, Nuno nasceu em 1949, em Mexilhoeira Grande (Algarve). Formou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa. É Professor Associado da Universidade Nova de Lisboa na área de Literaturas Românicas Comparadas. Poeta e ficcionista, a sua estreia literária ocorreu com A Noção de Poema, em 1972. Recebeu os mais importantes prémios de poesia portugueses: Pen Clube, em 1985, D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em 1990, e da Associação Portuguesa de Escritores, em 1994, este último com o livro "Meditação sobre ruínas", que foi publicado em França em Inglaterra. Tem livros publicados em vários países, com destaque para Espanha, França, Itália, Holanda, México, Bulgária, Suécia, Dinamarca e Vietnam. Em 2000 editou «Poesia reunida (1967-2000)» e, mais recentemente, «Geometria variável» (2005), «As coisas mais simples» (2007) e «A matéria do poema» (2008). Dirigiu, entre 1996 e 1999, a revista de poesia «Tabacaria», da Casa Fernando Pessoa, e este ano (?), vai assumir a direcção da nova série da revista «Colóquio-Letras» da Fundação Calouste Gulbenkian.

Obra: O Tesouro da Rainha do Sabá (1984, Rolim); Por Todos os Séculos (1999, Quetzal); A Ideia de Amor e Outros Contos (2003, D. Quixote).

 

Júlio (José Júlio Reis Pereira) – pseudónimo Saul Dias (1902-1983) [274]. Nascido em Vila do Conde. Pintor e poeta. Irmão de José Régio.

 

Junqueiro, Guerra[275] (Freixo de Espada-à Cinta, 15/09/1850 - Lisboa, 1923). Formou-se em Direito aos 23 anos, em Coimbra, em 1873. Duas Páginas dos catorze anos (1864); Mysticae Nuptiae; Vozes sem Eco; Baptismo de Amor – antes de perfazer 18 anos; Vitória da França; À Espanha Livre; A Morte de D. João[276] (1874); A Musa em Férias (1879); A Velhice do Padre Eterno (1885)[277]; Finis Patriae (1891)[278]; Os Simples (1892); Pátria (1896); Oração ao Pão (1902); Oração à Luz (1904);

 

 

Kakueji, José Samuila, nasceu a 15 de Agosto de 1943, em Cainda, Município do Alto Zambeze, província do Moxico, onde fez os estudos primários.

Autor de Viximo, contos de Oratura e Luvale, foi deputado à Assembleia do Povo de 1987 a 1992 e Director do Gabinete de Imprensa do Governo Provincial do Moxico de 1992 a 1994.

Actualmente exerce o cargo de Inspector do Ministerio da Educação e Cultura, no Moxico.

Sobre a inserção do estilo e identidade de J.S: C, no programa da ficção angolana, Inocência Mata diz: “ sobre as narrativas de tradição oral, ou de “expressão oral”, como prefere Lourenço do Rosário, se constrói um outro subsistema literário angolano – não para recolher esse manancial como Raul David ou José Samuila Cacueji que têm vindo, privilegiadamente, a levar a efeito esse trabalho, às vezes na trilha do senegalês Birago Diop. Com efeito, a construção desta feição estética reside no resgate da riqueza do património etnográfico e dos valores tradicionais do respeito oral para os ficcionalizar, levando – os à categoria da fábula, no sentido aristotélico do conceito, num programa de consolidação dos alicerces da literatura africana em universo (espaço – tempo – mundividência)africano. Neste contexto citaríamos A Morte do Velho Kipacaça, de Boaventura Cardoso, A Konkhava de Feti ou Três Histórias Populares, de Henrique Abranches, a níveis diferentes de ficcionalidade. Estes textos são, parece – nos, exemplos de reinvenção e recodificação de símbolos tradicionais e sua integração noutra realidade ficcional e ideológico – política (leia-se Lenha Seca, de Costa Andrade, por exemplo, e a ideologização histórica das estórias, primitivamente missosso (na classificação de Héli Chatelain).”

 

Kalungano – Pseudónimo literário de Marcelino dos Santos (Moçambique, 1929-). Colaboração na colectânea Poesia de Moçambique (CEI)

 

Kandijiumbo, Luís. Angola, Benguela, 1960. Poeta, ensaísta e crítico literário. Obra: Apuros de Vigília (1988); Apologia de Kalitangi (1997); Estrada da Secura (poesia).

 

Khosa, Ungulani B

Obra: Ualalapi(1990); Orgia dos Loucos (1990);

 

Knopfli, Rui[279 

 (Moçambique, Inhambane 1932-1997) Filho de colonos brancos, sai de Moçambique em 1975, pouco tempo antes da independência, pela qual lutara. Foi adido de imprensa da embaixada portuguesa, em Londres, graças ao amigo Almeida Santos. Obra: O País dos Outros (1959); Máquina de Areia (1964); Mangas Verdes com Sal (1972); A Ilha de Próspero (1972); O Escriba Acocorado (1978); O Corpo de Atena (1984)[280]; O Monhé das Cobras (1997)

Lacerda, Carlos Alberto Portugal Correia de (Ilha de Moçambique, 20.9 1928 - Londres, 26.8.2007). Veio para Lisboa em 1946. Fundou, com David Mourão Ferreira, António Manuel Couto Viana, Ruy Cinatti, Luiz de Macedo, Raul de Carvalho, Luís Amaro e António Ramos Rosa, as folhas de poesia Távola Redonda. Em 1951, fixou-se em Londres trabalhando inicialmente como locutor. 77 Poemas (1955); Palácio (1961); Exílio (1963); Selected Poems (1969); Tauromaquia (1981); Oferenda I (1984); Elogio de Londres (1987); Meio-dia (1988) Prémio Pen Club); Sonetos (1991); Oferendas II (1994). Divulgador da Poesia Portuguesa em Inglaterra, Brasil e Estados Unidos da América. Foi também professor.

 Lamas, Manuel (Lisboa, 1947 - ). Jornalista. Obra: Notas sobre Massas e Públicos (ensaio, 1982); Poemas d’Outras Guerras (1987); Geografia e Geometria de Pinharanda Gomes; Os Dias de Missirá (romance, 1991)[281].  De raízes açorianas. Foi comandante de uma companhia de intervenção. “Foram quase 700.000 homens que estiveram em África.[282] Tive de ir três vezes em combate. Centenas de milhares de tipos que chegaram a África sem ideias feitas. A minha geração era, em geral, politicamente aculturada. Não tinha ideias precisas sobre grande parte das coisas, portanto foi para a guerra, se quiser, num certo estado de virgindade interior.”

Lamas, Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha (Torres Novas, 6/10/1893 -6/12/ 1983). O pai era natural do concelho de Mação, republicano convicto e “maçon”, e encontrou a mãe de Maria Lamas, nascida em Alcanena, em Torres Novas, onde se estabelecera com um negócio. “Uma referência de vida”, na síntese de António José Saraiva.[283]. A.J.S. diz que “ela tinha um amor real pelas pessoas e pela vida das pessoas. Era um dos últimos exemplares de uma geração a que também pertenceram, entre vários outros, Assis Esperança, Ferreira de Castro, esse que escreveu que um dia haveria pão para todos.”[284] Foi educada no colégio de Freiras de Santa Teresa de Jesus, ali próximo, entre 1902 e 1908. As irmãs eram espanholas e vestiam de castanho. Nós, as internas, nem nos encontrávamos com as externas, que também frequentavam o colégio. Vivíamos em quase reclusão. Em 1910, assiste à proclamação da República e envolve-se na propaganda do seu ideário. Ainda nesse ano, casa com Ribeiro da Fonseca (oficial de cavalaria – um casamento de amor aos 17 anos. É, pela 1ª vez, mãe aos 18 anos.  Com esta idade parte para África, acompanhando o marido. Em 1912, nasce-lhe a 2ª filha. Em 1920, está divorciada, com duas filhas. Em 1921, casa pela 2ª vez com o jornalista Artur Lamas de quem tem mais uma filha. Enviuvou, entretanto, Ele morreu atropelado. Vai para Lisboa. Em 1923, com 30 anos, inicia a sua carreira literária com um livro de versos “Humildes”, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre. Em 1926/27, começa a trabalhar na revista “Civilização” com Ferreira de Castro (o diretor) que lhe concede uma secção infantil; e também no “Século”,. entra pela mão de Ferreira de Castro. Em 1929, foi-lhe confiada a direcção da revista “Modas & Bordados”[285], que procurou transformar num órgão interveniente da vida feminina durante 20 anos. Só em 1938, é que o suplemento (nº 1382) aparecerá com nome da diretora Maria Lamas no cabeçalho. Em 1929, publicara o conto infantil “Cotovia”. E em 1930, sob o pseudónimo de Rosa Silvestre publicou o seu primeiro romance para adultos “O Caminho Luminoso”. Ficou célebre a exposição que organizou sobre “A Mulher em Portugal”; organizou uma exposição de tapetes de Arraiolos feitos pelas presas da cadeia das Mónicas... Na sequência da II Guerra Mundial fez renascer o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas[286]. Em 1945, foi eleita presidente do CNMP, insuflando-lhe alma nova. Perseguida, viu o CNMP encerrado, porque para resolver os problemas das mulheres já tinham a “Obra das Mães”[287]. Acreditando que a ditadura chegou ao fim, após a vitória dos Aliados, Maria Lamas apoia Norton de Matos, mas acaba por ser presa, acusada de «propagar notícias falsas e tendenciosas» e por pedir a libertação dos presos políticos. A última prisão nos anos 50 (isolamento rigoroso), fá-la sofrer terrivelmente; é libertada ao fim de 6 meses Em 1961, no regresso de uma visita à URSS, fixa-se em Paris. O exílio durou 8 anos. O seu quarto, no Hotel Saint-Michel, na rue Cujas, é um ponto de encontro e de apoio para todos os exilados políticos portugueses. Em Maio de 1968, apoia os jovens contestatários franceses. Regressa a Portugal, em 1970. Obra: Os Humildes (1923); Maria Cotovia (1929); Caminho Luminoso (1931); As aventuras de cinco irmãozinhos (1931); A Montanha Maravilhosa (1933); A Estrela do Norte (1934); Os Brincos de Cereja (1934); Para Além do Amor (1935)[288]; A Ilha Verde (1938); O Vale dos Encantos (1942); As Mulheres do Meu País” (1948)[289]; A Mulher no Mundo (1952); O Mundo dos Deuses e dos Heróis (1961). E As Confissões de Sílvia estão por publicar. Porquê? Foi enterrada no cemitério da Ajuda, em campa rasa.

Llansol, Maria Gabriela L Nunes da Cunha Rodrigues Joaquim (Lisboa, 24 de Novembro de 1931 - Sintra, 3 de Março de 2008). De ascendência espanhola, licenciou-se em Direito e em Ciências Pedagógicas, tendo trabalhado em áreas relacionadas com problemas educacionais. Em 1965, abandonou Portugal para se fixar na Bélgica. Regressou há alguns anos a Portugal. Considerada uma autora cuja escrita é hermética e de difícil inteligibilidade para o leitor comum, é, no entanto, apontada por muitos como um dos nomes mais inovadores e importantes da ficção portuguesa contemporânea. – Obra: Diário II, Finita (1987)[290]; Um Beijo Dado Mais Tarde (romance,)[291]Onde Vais, Drama-Poesia? Parasceve[292] (2001); O Livro das Comunidades; O Senhor de Herbais (2003); O Começo de Um Livro É Preciso” (2003); Finita (2005); Amigo e Amiga. Curso de Silêncio de 2004 (2006)[293]

Estela Guedes revela uma visão crítica da obra desta autora.[294]

Lapa, Manuel Rodrigues (Anadia, 1898-1989). Casapiano a partir dos 9 anos. Filólogo. Professora de Literatura portuguesa, sobretudo medieval. Colaborador da Seara Nova, de Câmara Reis. Afastado da Universidade por Salazar. Sofreu os interrogatórios degradantes da PIDE e passou pelo Aljube. Foi obrigado a exilar-se no Brasil.  Em1963, exilado no Brasil, voltar a Portugal para continuar os seus trabalhos de investigação, mas acabou por ser novamente incomodado pela PIDE. Combateu a «pedagogia heróica» que se caracterizava por «rufos de tambor, marchas pelas ruas da cidade braços ao alto e a algazarra das canções agressivas.» Obra:  Publica (1929)  uma minuciosa crítica filológica sobre a edição de J.J. Nunes das Cantigas d’Amigo. Estilística da Língua Portuguesa (1945); Lições de Literatura Portuguesa.[295] Em 1966, edita Cantigas d’Escarnho e Mal Dizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses. Deve-se-lhe também a preparação do Livro de Falcoaria de Pêro Menino, 1931. Bibliografia: João Palma-Ferreira, DN, 2-4-1989

Lara, Alda  (Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque). Nasceu em Benguela, Angola, a 9 de Junho de 1930 e faleceu em Cambambe, Angola, a 30 de Janeiro de 1962. Foi casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova veio para Lisboa onde concluiu o 7º ano dos liceus. Frequentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última.

Com uma grande ligação ao mundo literário, Alda Lara era reconhecida pela sua capacidade de declamação, cuja singularidade atraiu, entre outros, os poetas africanos. Assim, fez vários recitais em Lisboa e Coimbra, transformando estes lúdicos momentos em verdadeiros veículos de divulgação da poesia negra, até então ainda muito desconhecida.
Foi colaboradora de alguns jornais e revistas, nomeadamente do Jornal de Benguela , do Jornal de Angola, do ABC e Ciência e da revista Mensagem da CEI, da responsabilidade do Departamento Cultural da Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA). Nesta revista publicou, no número de Abril de 1952, o poema "Rumo", dedicado ao falecido estudante e contista moçambicano João Dias.
Integrando a Geração da Mensagem, fortemente influenciada formal e tematicamente pela corrente Modernista de 1922 e pelo Neo-Realismo português, a autora vai saciar-se nas origens do seu povo, descaracterizado por imposição da cultura colonial. Neste pretérito ancestral, metaforicamente designado por "Mãe África", a autora, assim como todos os "poetas mensageiros" vai encontrar a Alma da sua produção textual através da qual procura "despir-se" da camisa opressiva da história colonial. O drama dos contratados, a situação da mulher angolana, a repressão exercida sobre o uso das línguas nativas, o desejo de regressar, etc., são, por isso, temas recorrentes e abordados de forma avassaladora: " Quando eu voltar/que se alongue sobre o mar/o meu canto ao Criador!/Porque me deu a vida e o amor,/para voltar? / Ah! Quando eu voltar?/Hão-de as acácias rubras,/a sangrar/numa verbena sem fim,/florir só para mim./E o sol esplendoroso e quente,/ o sol ardente,/há-de gritar na apoteose do poente,/o meu prazer sem lei?/A minha alegria enorme de poder/enfim dizer:/Voltei!?".
Tendo sido publicada postumamente num volume de poesia e num caderno de contos pelo seu marido, Orlando de Albuquerque, a sua obra figura em diversas antologias, a saber: Antologia de poesias angolanas , Nova Lisboa, 1958; Amostra de poesia in Estudos Ultramarinos, n.º 3, Lisboa, 1959; Antologia da Terra Portuguesa - Angola, Lisboa, s/d; Poetas Angolanos , Lisboa, 1962; Poetas e Contistas Africanos , S. Paulo, 1963; Mákua 2, Antologia Poética , Sá da Bandeira, 1963; Contos Portugueses do Ultramar- Angola , 2.º volume, Porto, 1969; Livros Póstumos: Poemas , Sá da Bandeira, 1966; Tempo de Chuva , Lobito, 1973.
Com uma atividade diversificada, fez também algumas conferências, uma das quais - "Conferência sobre problemas da Assistência Médica Missionária em África" - se encontra publicada, dada a sua importância e repercussão.
Casada com Orlando Albuquerque, um médico ilustre que estava no Hospital do Dondo ou de Cambambe. Este estava afecto à Barragem de Cambambe e porque a mulher tivesse tido um problema complicado foi operada pelo marido no Hospital e, azar dos azares, faleceu na mesa de operações.

Lara, Ernesto Pires Barreto... Filho (Benguela, 2-11-1932 - Huambo, 7-2-1977). Em 1952, terminou em Portugal o curso de regente agrícola. Depois de deambular pela Europa, vivendo de trabalhos menores, e de ter residido em Moçambique, fixou-se em Angola. Aqui, em simultâneo com a atividade de quadro especializado dos Serviços de Agricultura  e Floresta, dedicou-se ao jornalismo. assinou crónicas e reportagens no jornal de Angola, na Província de Angola, no Diário de Luanda, no ABC, na revista Mensagem (CEI) e na revista Cultura II. Foi preso pela PIDE. Em colaboração  com Rebello de Andrade, dirigiu a coleção Bailundo, publicando 3 livros de poesia. Foi cofundador da União dos Escritores Angolanos.
Obra: Picada de Marimbondo (1961); O Canto de Martrindinde e outros Poemas feitos no Puto (1964); Seripipi na Gaiola (1970). As suas  crónicas foram compiladas em 1990 sob o título Crónicas da Roda Gigante.

Lara, Lúcio Rodrigo Leite Barreto, (Angola, 9-4-1929 - 27-2-2016). Tchiweka, nome de guerrilha.
Em 1996 lançou o livro de memórias "Por um amplo movimento…", com prefácio de sua esposa Ruth
Na cidade do Huambo, no início dos anos quarenta, Lúcio Lara envolveu-se na criação de um Partido Socialista Angolano, com os irmãos Alexandre e Sócrates Dáskalos, Victor Pinto da Cruz e outros...
Terminou os estudos secundários no Lubango, seguindo para Coimbra para se formar em Ciências Físico-Químicas, tendo conhecido Agostinho Neto, Veiga Pereira, Antero de Abreu, o moçambicano Orlando  de Albuquerque, que viria a casar-se com a sua prima, a poetisa Alda Lara, os irmãos Américo e Diógenes Boavida, Eduardo Macedo dos Santos, o brasileiro Fernando Mourão e tantos outros nacionalistas e revolucionários de vários países. Aderiu ao MUD-Juvenil (Movimento de Unidade Democrática), próximo do Partido Comunista Português.
Em Lisboa, este grupo aderiu à Casa dos Estudantes do Império. Constatando as dificuldades de uma acção política mais activa e formativa, decidiram os mesmos, já com Mário Pinto de Andrade, Alda do Espírito Santo, Francisco José Tenreiro, Edmundo Rocha, Amilcar Cabral, Arlindo do Espírito Santo, fundar o Centro de Estudos Africanos onde, em forma de tertúlia, animaram, na realidade, um verdadeiro núcleo de análise e de propostas de acção política nacionalista africana para os nossos países. Por aí passariam, também, entre outros, Viriato da Cruz, Marcelino dos Santos e outros importantes patriotas africanos, até que a dispersão causada pela Pide aconselhou a cessação de toda a actividade. 
Na mesma época, Lúcio Lara, com Agostinho Neto, Mário de Andrade, Humberto Machado, Zito Van-Dúnem, Amilcar Cabral e outros fundam o Club Marítimo Africano onde, além da formação política, estabelecem, com os marítimos, vias arriscadas de envio e recepção de material político de Angola, Moçambique e S. Tomé, do Brasil, Estados Unidos e de outros países, tocados pelos navios em que andavam embarcados os trabalhadores das colónias.  
Entretanto, a Pide, atenta à movimentação política dos estudantes africanos, aperta o controle e interrompe contactos. 
Lúcio Lara consegue escapar com a sua esposa, Ruth Lara para França, seguindo depois para a Alemanha onde, com Viriato da Cruz, Carlos Rocha "Dilolwa", Luís de Almeida, José Carlos Horta, Mário de Andrade e Marcelino dos Santos, já em Paris, participam em numerosas conferências políticas e culturais. 
Lúcio Lara, homem, político, dirigente partidário, guerrilheiro, chefiou a primeira delegação do MPLA enviada a Luanda, após o cessar-fogo, assinado com as forças de ocupação colonial. 
Participou, a partir de então, em todos os actos de maior dimensão política que envolveram o MPLA. Entregou a faixa presidencial ao primeiro presidente da República, o Dr António Agostinho Neto; foi primeiro Secretário da Assembleia do Povo, a primeira Assembleia Nacional da Angola independente. 

Laranjeira, José Pires, Negritude de Língua Portuguesa.[296

Leal, Raul. Sodoma Divinizada.[297]

Leão, Ponce de (  ). Aluno do Liceu Camões. Em colaboração com Mário de Sá Carneiro escreveu a peça “Alma”.

Leiria, Mário-Henrique (2/1/1922-1/9/1980). Em 1942, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes. Chegou tarde ao Surrealismo. 1947 – Em Lisboa, António Domingues, Alexandre O’Neill, João Moniz Pereira e Mário Cesariny aderem ao Surrealismo. COMPREM PÊLOS NAS PERNAS; ROMANCE EMPOLGANTE DE ALVES REDOL. Interessam-se pelo movimento José Cardoso Pires, Jorge de Sena, Adolfo Casais Monteiro. E de forma apaixonada: Cândido Costa Pinto, Vespeira, Fernando de Azevedo, António Pedro, José-Augusto França; Pedro Oom, António Maria Lisboa, Henrique Risques Pereira. Os 3 últimos formarão até 1949, um grupo à parte. Também Cruzeiro Seixas, António Areal, Mário-Henrique Leiria, Carlos Calvet, Jorge Oliveira, Jorge Vieira, Carlos Eurico da Costa, João Artur Silva. A partir de 1952, viajou pela Europa Ocidental e de Leste(?), pelo Norte de África e pelo Médio Oriente. Entre 1959 e 1961, esteve casado com uma Alemã. Em 1961, foi viver para a América Latina. Em 1970, regressou a Portugal, vivendo em Carcavelos. Em 1976, juntou-se ao Partido revolucionário do Proletariado. Obra: Contos do Gin-Tonic (1973); Novos Contos do Gin.(1974); Imagem devolvida, Conto de Natal para Crianças (1975); Casos de Direito Galático (com ilustrações de Cruzeiro Seixas; Imagem Devolvida – Poema-mito; Lisboa ao Voo do Pássaro; Conto de Natal Para Crianças.[298]

 

Lello, Júlia (..). Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e Mestre em Literatura e Cultura Portuguesas, pela Universidade Nova de Lisboa. Curso Superior de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema. Professora Adjunta da Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx), Coordenadora da Área de Expressão Dramática. Tem desenvolvido actividade teatral no seio de grupos como o Teatro Emarginato, a Oficina do Grotesco, a Barraca, etc., assim como participou em espectáculos no Acarte, Cinearte, Teatro Aberto e TNT. Colaborou em inúmeros eventos performativos e recitais de poesia, em bibliotecas, livrarias, bares, sociedades culturais e escolas. 

Obra: Alguns Textos de Amor (1991); Amores de Príncipe (1990); Textos de Privação (poesia, 1984); Textos Pretextuais[299] (Europress, 58 págs.)


Letria, José Jorge Alves nasceu a 8 de Julho de 1951[300]. Estudou Direito e História e é pós-graduado em Jornalismo Internacional. Deu os primeiros passos no jornalismo no Diário de Lisboa, colaborando no suplemento «A Mosca» e trabalhando depois em outros jornais. Foi, também, professor de jornalismo, experiência da qual resultou a publicação de três livros sobre a matéria.

Letria, Joaquim – jornalista[301]. Fez reportagem, nomeadamente, na guerra colonial de Angola.


Liceu Vieira Dias – pai da música popular angolana. Esteve no Tarrafal com Luandino Vieira…


Lima, Manuel dos Santos (Angola, Vila Teixeira de Sousa /Bial, 1935-). Chegou a Lisboa, para estudar, aos 12 anos (1947); frequentou o Liceu Camões; frequentou Direito. Foi um dos responsáveis da Casa dos Estudantes do Império[302]. Em 1956, foi a Paris, em representação de Angola, ao I Congresso Internacional de Escritores e Artistas Negros, realizado na Sorbonne[303].  Alistado, incorporou as fileiras dos comandos em Lamego. Mobilizado para organizar a resistência em Goa. Foi desertor do exército português[304]; criou de «A a Z» o Exército Popular de Libertação de Angola, em 1961[305]. Primeiro comandante do MPLA. Saiu do MPLA em 1963.[306] Mudou-se para Lausanne. Lá fez o doutoramento com uma tese sobre Castro Soromenho. Depois partiu para o Canadá. Faz conferências no Canadá, Estados Unidos, França e Portugal. Desde 1995, fixou-se em Setúbal. Obra: As lágrimas e o vento (1989); Os anões e os mendigos; Sementes de Liberdade; O buraco


Lisboa, António Maria. Nome grande do surrealismo.  Texto “Erro Próprio”.

Lisboa, Eugénio. (Lourenço Marques, 1930 - Lisboa, 2024).Dedicou-se ao estudo da literatura portuguesa, particularmente do Neorrealismo, tendo lançado a primeira obra em 1957, "José Régio. Antologia, Nota Bibliográfica e Estudo", autor a quem dedicou muito do seu trabalho, seguindo-se, entre outros, "O Segundo Modernismo em Portugal" (1977) e "Poesia Portuguesa: do "Orpheu" ao Neorrealismo" (1980). Obra: Matéria Intensa;[3


Lisboa, Irene (Arruda dos Vinhos, 25-12-1892) – Lisboa, 25-11-1985)

«Irene Lisboa, largamente autocensurada ou mutilada por motivos sub e objectivos (o nosso eterno pudor!), não consegui transpor-se suficientemente em personagens de ficção – espantaria que lhe faltasse o poder de efabulação, tão exuberante ele se revela nos seus contos e «contarelos» - nem permanecer, em contrapartida, suficientemente confessional, como tanto desejaríamos na nossa insaciável indiscrição. A sua obra fortemente poética e subjectiva, ficou entre duas águas.»

Comparem-na à da Anais Nin ou da Djuna Barnes das críticas (surrealistas) confissões!

Violette Le Duc…

José Rodrigues Miguéis

 

Loanda, Fernando Ferreira (Angola ? - enterrado no dia 19/06/2002 no Rio de Janeiro). Obra: Signo da Serpente, Lisboa, ed. Veja (2000). Notícia de Carlos Pacheco[308] que não compreende por que motivo o poeta é apreciado em países como a Argentina, o México e mesmo a Espanha e, por outro lado, é esquecido no espaço da lusofonia. Considera-o um divulgador, além-fronteiras, da poesia brasileira. Fernando Ferreira Loanda é um dos principais expoentes da geração de 45 brasileira (líder dos Orfeus!). O poeta esperava pelo fim da guerra em Angola, porque Luanda era o seu «lar primordial».

Lourenço, Frederico. Romance: Pode Um Desejo Imenso (2002)[309]; O Curso das Estrelas (Cotovia, 2003);

 

Lobo, António Augusto da Fonseca (Murça, 1919 – Almada, 1.10.2009 ) Realizou os estudos liceais em Trás-os-Montes, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica. Professor de Literatura no Secundário, publicou algumas obras de natureza didática no âmbito da Gramática. Viu a sua vocação dramática confirmada ao vencer, em 1973, o Concurso Nacional de Peças Inéditas para o Teatro Declamado com O Julgamento dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. D. Afonso VI recebeu o prémio ACTP (Associação dos Críticos do Teatro Português) para o melhor texto representado, em 1987, As Suplicantes recebeu a menção honrosa do Prémio Literário Cidade de Lisboa. Teatro profundamente influenciado pelo humanismo existencialista. Admirador incondicional de Camus, com quem se correspondeu. Fonseca Lobo também se considera influenciado pelo teatro de Garcia Lorca e por Shakespeare[310]. Obra: O Julgamento dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, s/l, 1973; Afonso VI, Lisboa, 1983[311]; O Estudante de Praga, Lisboa, 1985; A Comédia da Vida, Lisboa, 1987; As Suplicantes, Lisboa, 1987; O Dilema de São Dimitri, Lisboa, 1988; As Mulheres de Troia, Lisboa, 1989; Os Caminhos da Ira, Lisboa, 1990; A Outra Face da Peste, Lisboa, 1991; O Pecado de Sofia, teatro, Lisboa, 1993; A Traição da Rainha de Haro, teatro, Lisboa, 1994; O Enigma, Lisboa, 1996; O Caminho de Ítaca, Lisboa, 1997

Lopes, Adília[312] Obra: Mariposa Azul;

Lopes, Baltazar

 Pseudónimo - Oswaldo Alcântara – (Cabo Verde, S. Nicolau, 23.04.1907- Lisboa, 28.05.1989) Foi um dos fundadores da revista «Claridade»[313].Obra: Chiquinho (1947); Cabo Verde visto por Gilberto Freyre (1956);  O Dialecto Crioulo de Cabo Verde (1957); Antologia da Ficção Cabo-verdiana contemporânea (1961); Cântico da Manhã Futura (1986, Osvaldo Alcântara); Os trabalhos e os dias (1987, contos).[314]

Lopes, Carlos

 Sociólogo guineense. Ver artigo: Democratizar África ou africanizar a democracia?[315]

 

Lopes, Felisberto Vieira (pseudónimo literário – Kaoberdiano Dambará -) (Cabo Verde, S. Tiago, 1937-) Obra: Noti (edição do PAIGC)

 

Lopes, Manuel (1907-2005) Escritor cabo-verdiano. Obra[316]: romance Chuva Braba (1958); O Galo que Cantou na Baía… (1959)

Lopes, Nuno Garcia (Linhaceira, Tomar, 27.11.1965-). Um dos pioneiros do suplemento DN Jovem. Lançou, em Tomar, O Contador de Histórias. Escreve poesia e contos para crianças.

Lopes, Óscar Luso de Freitas (Leça da Palmeira, 2 out. 1917 – 23-03-2013). Irmão de Mécia, mulher de Jorge de Sena. Professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Linguista, Historiador de Literatura. Membro do Comité Central do Partido Comunista Português, a que aderiu em 1945. Esteve ligado a todos os movimentos de resistência ilegal ou semilegal desde 1942. Foi companheiro de prisão de Agostinho Neto (A). Na Faculdade, teve colegas como Baltasar Lopes (CV). Entre 1951 e 1957, fez crítica literária n’O Comércio do Porto. A partir de 1953 deixou de ser professor de Literatura por imposição do Estado Novo. Em 1958 e 1959, não pôde usar o seu nome, por ordem da Censura. Passou a assinar «Luso de Freitas».

Licenciado em Filologia clássica e em Ciências Histórico-Filosóficas, só depois do 25 de Abril de 1974, lhe abriram as portas da universidade. Entre 1974 e 1976, foi diretor da Faculdade de Letras do Porto, chegou mesmo a reitor, em regime de interinato, por ausência do reitor, prof. Ruy Luís Gomes.

Foi promovido a professor de catedrático, apesar de não ter um doutoramento formal, mediante o parecer de Vitorino Nemésio e de Jacinto Prado Coelho.

Elogia Eça, Pessoa, Agustina (apesar de reacionária), José Cardoso Pires. O poder político também o impediu de ensinar no ensino secundário entre 1955 e 1957. Por isso também recorre aos pseudónimos: Luso do Carmo ou Irene Gaspar. Membro do PCP, desde 1944. Obra: Gramática Simbólica; História da Literatura Portuguesa ( coautor da 1ª edição, 1955.[317]

Acredita que a língua portuguesa pode ter um grande futuro na África Austral.  Na Guiné, o futuro será do crioulo. Em Cabo Verde, o português é a língua tradicional de cultura, é a língua literária.

 

Lopes, Teresa Rita (Faro, 12 set. 1937-). Obra: Os Dedos os Dias as Palavras (poesia, 1987)[318]Por assim dizer (1994); Cicatriz (1996); A nova descoberta de Timor (2002); A Fímbria da Fala (2002)

 

Lourenço, Eduardo de Faria Lourenço (S. Pedro de Rio Seco, Almeida, Guarda, 23.5.1923 ). Porto – S. Pedro de Rio Seco (infância) – Colégio Militar, Lisboa (adolescência) – Coimbra[319] (1940), onde se licenciou. Ensaísta. 1944 – Licenciatura em ciências Histórico-Filosóficas ao mesmo tempo que inicia colaboração na revista Vértice, com um poema “Aceitação”. Foi assistente do professor Joaquim de Carvalho até 1953. Em 1954, casa com Annie Salomon, em Dinnard, na Bretanha. Em 1955, termina O Desespero humanista de Miguel Torga e o das Novas Gerações. Desde 1958, foi, sucessivamente, leitor de língua e cultura portuguesa nas universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier. Em1960 – Leitor de português, a convite do Governo Francês, na Universidade de Grenoble.[320] Em 1975, recusou ser ministro da Cultura, a convite do ministro da educação, Vítor Alves, e fixa residência em Vence. 1988 – Prémio Europeu de Ensaio Charles Vellon, pelo conjunto da obra. 1989 – Professor jubilado na Universidade de Nice. 1996 – Distinguido com o Prémio Camões. Obra: Heterodoxia I (1949); Heterodoxia II (1967)[321]; Sentido e Forma da Poesia Neo-realista (1968)[322]; Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente (1973); O Fascismo Nunca Existiu (1976)[323]; O Labirinto da Saudade (1978); O Complexo de Marx (1979); Fragmentos do Diário na revista Prelo (IN-CM, 1984); Fernando Rei da Nossa Baviera (1986); Nós e a Europa (1988); Montaigne ou La Vie Écrite (1992); O Esplendor do Caos (1998); L’Europe Introuvable. Jalons pour une Mythologie (1991); Tempos de Eduardo Lourenço - fotobiografia (2003); As Saias de Elvira (2007)[324]; O Espelho Imaginário (1966); Ensaio sobre Kierkegaard. Eduardo Lourenço considera-se «herdeiro de toda a tradição da Geração de 70, de António Sérgio, ou do grupo da “presença. ”[325] Procura compreender como é que funciona o imaginário português. Qual é a mitologia portuguesa? Em função de que horizonte é que a cultura portuguesa tem funcionado? Proposta de investigação: «Não está feita a história do que foi o verdadeiro comportamento de uma parte dos escritores e intelectuais portugueses durante o salazarismo, a ambiguidade que mantiveram em relação ao regime e ao chefe. Ver o caso de Aquilino, da mesma geração de Salazar.»[326]

A considerar: Retrato (póstumo I e II) do nosso colonialismo inocente (ensaio escrito entre 1961 e 1963)[327] Temas interessantes: colonização=civilização; a pequena Nação; o milagrismo – a hipertrofia da nossa autoconsciência; reconquista; conquista; Os Lusíadas; fixação cultural no séc. XVI (nefasta – a Nação Colonizadora; o Eterno Presente da alma portuguesa); a exemplaridade da nossa Colonização[328]; províncias / colónias; uma colonização – outra (mito); mitologia colonial portuguesa (falta de originalidade dos seus profetas); eurocentrismo; o português-emigrante; a burguesia-intermediária e não criadora de riqueza; o silêncio, esse é verdadeiramente original…

Sobre o ensaísmo: Há um ensaísmo de 3º grau. O primeiro era constituído pelos ensaístas da geração de António Sérgio[329]. O segundo é formado pelas pessoas da minha própria geração.  Neste momento (JL, 27.03.1996), podemos falar de uma intensa atividade ensaística em Portugal. O ensaio foi sempre o parente pobre dos géneros literários, mas hoje essa tendência altera-se.

 

Lourenço, Frederico (1963 -) Obra: Pode um Desejo Imenso[330] (2002); Amar não Acaba (2004); A Formosa Pintura do Mundo 2005); A Máquina do Arcanjo[331] (2006). Tradutor de Odisseia e da Ilíada.

 

Lourenço, Inês. Obra: Cicatriz 100% (1980); Um Quarto com Cidades ao Fundo; A Enganosa Respiração da Manhã (2003); 

 

Loures, Carlos (Lisboa, 1937 -) Entre 1958 e 1960, foi coordenador da revista Pirâmide (3 números), em que colaboraram escritores surrealistas[332]. Obra: Arcano Solar (poesia, 1962); Talvez um Grito (1985);[333]O Cárcere e o Prado Luminoso (1990); A Mão Incendiada (1995); A Sinfonia da Morte (2008)

 

Luandino Vieira (1935 -) O seu nome verdadeiro é José Vieira Mateus da Graça. Nasceu na Lagoa do Furadouro, freguesia de Ourém, em Portugal, a 4 de Maio de 1935.[334] Com três anos de idade, embarcou com a família para Angola. Passou vários anos da sua vida em contacto com os musseques (bairros periféricos de Luanda), de onde retira o conhecimento e a experiência necessários para a elaboração dos seus textos. Concluiu o liceu em Luanda. Trabalhou em diversas atividades, nomeadamente na firma Robert Hudson.

Foi preso antes da guerra colonial, em 1959. Acusado de ligações politicas com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), é preso em Luanda, em 1961. Com dois camaradas poetas, António Jacinto e António Cardoso, andou de cadeia em Angola. Em 1964 foram transferidos para o campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde), de onde Luandino saiu em 1972, em liberdade condicional.[335]

Libertado, parte para Lisboa, onde reside até 1975, regressando depois a Luanda para exercer tarefas de direcção na Televisão, no Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA, no Instituto Angolano de Cinema e na União dos Escritores Angolanos.

Tornou-se figura pública através da revista “Cultura”, em 1957 e participou, ao longo dos anos, com a sua literatura na luta pela independência de Angola. Desde 1993, vive no cimo do monte sobre Vila Nova de Cerveira, nas terras do antigo Convento de Sampaio, do seu amigo escultor José Rodrigues. Na última visita a Angola (2006), reencontrou o amigo Uanhenga Xitu, com quem partilhou anos de campo de concentração. Considera que Ruy Duarte de Carvalho é que merecia o Prémio Camões: «Escreve num português fantástico, uma coisa bela, mesmo. E é um intelectual polifacetado, cinema, artes plásticas, a sua formação de antropólogo, aquele apego à terra, tudo isso faz dele um escritor extremamente original ao ponto de baralhar os géneros.»

O seu nome literário, José “Luandino” Vieira, é uma homenagem a Luanda (Luandino = Luanda), capital da terra que ele escolheria como sua e que retrataria de maneira tocante na sua obra.

As suas obras são especialmente contos cujo espaço literário está centrado nos musseques, bairros pobres e, portanto, vítimas da discriminação e opressão económica.

As suas obras contribuem para a integração cultural e linguística de Angola. Os seus contos têm por função

ajudar a reconstruir a cultura de um povo que, por muito tempo foi desenraizado e fragmentado.

As principais obras deste autor são: A Cidade e a Infância (1960); Duas histórias de pequenos burgueses (1961); Luuanda[336] (1964)[337]; Velhas Histórias (1974); No antigamente, na vida[338] (1974) Vidas Novas (1975); Nós, os do Makulusu[339] (1975); Macandumba (1978); João Vêncio: os seus amores (1979); Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & eu (1981); De Rios Velhos e Guerrilheiros – O Livro dos Rios[340] (2006)

Prémio Camões 2006.

 

Lúcio, João – Poeta Algarvio «O meu Algarve, preguiçoso e mole», o maior no dizer de Ramos Rosa.

 

Mabunda, Gonçalo, , (Ang.) artista plástico. Il a récupéré les vieilles armes de la guerre d’Angola pour fabriquer des fauteuils majestueux ou une ironique tour Eiffel (Exp. Centre Pompidou, 2005)

 

Macedo, Hélder (30.11.1935- ) – Professor de Literatura Portuguesa no King’s College de Londres. Obra:  Vesperal (poesia, 1957); Nós: Uma Leitura de Cesário Verde; Do Significado Oculto da ‘Menina e Moça’; Camões e a Viagem Iniciática; Partes de África[341] (1991); Viagem de Inverno (Presença, 1995, poesia); Pedro e Paula (1998?)[342];

 

Macedo, Jorge

 (Angola, Malange, 1941 - 2009) Obra: Itetembu (poemas, 1965/66); Pai Ramos (1971); As Mulheres (1970); Irmã Humanidade (1973); Gente do meu Bairro (contos, 1977); Clima do Povo (1977); Gente do meu Bairro; Voz de Tambarino(1978); Geografia da Coragem; A Dimensão Africana da cultura angolana (ensaio); Obreiros do Nacionalismo Angolano: O Ngola Ritmos (1986). Ensaios: Página do Prado (1989); Literatura Angolana e Texto Literário (1989); Poéticas da Literatura Angolana (1989). O Livro das Batalhas (1993)[343]; O menino de olhos bimba (1999); Poesia Angolana (2003).

 

Machado, Álvaro Manuel (Porto, 4.5.1940). Poeta, ensaísta, professor. Obra: As Vozes e os Muros (poesia, 1960); Vento; Exílio[344]; A geração de 70 e a novelística portuguesa contemporânea; Poesia romântica Portuguesa (antologia, 1982)

 

Machado, Dinis Ramos (Lisboa, 21.3.1930- 3.10.2008). Viveu no Bairro Alto, na Rua do Norte, até aos 34 anos. Passou parte da vida no cinema Loreto, a ver filmes. Foi jornalista desportivo. Foi chefe de redação da revista Tintim. Organizou os primeiros festivais de cinema da Casa da Imprensa. Escreveu policiais, sob vários pseudónimos, como, por exemplo, Dennis McShade. Obra: A Mão Direita do Diabo (1967); Requiem para D. Quixote (1967); Mulher e Arma com Guitarra Espanhola (1968);[345]O que Diz Molero (1977); Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel Garcia Marquez (1984); Reduto Quase Final (1989); Gráfico de Vendas com Orquídea (1999).

 

Machado, Hugo Milhanas (Lisboa, 12.12.1984 -). http://hmmachado.blogspot.pt/

 

Machel, Samora (Moçambique, 1933-1986) Obra: Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas; Produzir é Aprender. Aprender para Produzir e Lutar Melhor; A Libertação da Mulher é uma Necessidade da Revolução, Garantia da Sua Continuidade, Condição do Seu Triunfo. Período áureo de Samora: de 1978 a 1986[346], ano em que morreu num desastre de aviação, depois de uma cimeira da Linha da Frente.

 

Magalhães, Luís de (1859-1935). Filho de José Estêvão, o grande tribuno e herói do liberalismo, grande amigo de Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Antero de Quental. No Porto, nos anos 80, foi um dos grandes entusiastas da VIDA NOVA. Esteve ao lado de João Franco, na última tentativa de salvar a governação. Mais tarde conspirou para a restauração da Monarquia, sendo encarcerado na Cadeia da Relação do Porto, até ser libertado na sequência de defesa inflamada de Guerra Junqueiro.

A residência de Luís de Magalhães na Quinta do Mosteiro, em Moreira da Maia, eternizada na Correspondência de Fradique Mendes como Refaldes, acolheu as maiores glórias do último quartel do século XIX. Antero era visita habitual, assim como Oliveira Martins e Eça de Queiroz.

           

Maia, Maria Helena (…) É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Coimbra. Fez o mestrado em Línguas e Literaturas Germânicas em Oxford, onde também cursou História de Arte. Foi colaboradora no New York Times e tem três títulos publicados no domínio da ficção, dois romances e um conto incluído no livro Sete Mulheres, Sete Histórias, publicado pela Presença na coleção “Grandes Narrativas”.

 

 

Maimona, João

(Angola, Quibocolo, Maquela do Zombo, Uíge, 1955 - ). Viveu no Zaire desde 1961 até 1976. Obra: Trajectória Obliterada (1985); Les Roses Perdues du Cunene (1985); Traço de União (1987); As Abelhas do Dia (1989); Quando se ouvir o sino das sementes (1993); Idade das Palavras (1997); Festa da Monarquia (2001); Lugar e origem da beleza (2003).

 

Malangatana Valente Gwenha : o guru da pintura moçambicana

 

Mangas, Francisco Duarte ( poeta e romancista)[347] – Obra:  Pequeno Livro da Terra (1996); Diário de Link (1997); Geografia do Medo (1997)[348]; A Fenda no Cavalo; O Coração Transido dos Mouros ( 2003); Transumância (2003);

 

Manuel Tiago (Álvaro Cunhal, 1913- 13.6. 2005). Obra: Até amanhã, Camaradas;

 

Mar, José Alberto. Obra: O Triângulo de Ouro (1990)[349]

 

Mariano, Gabriel[350] (Cabo Verde, S. Nicolau, 1928 - 2002). Poeta, contista, ensaísta.

Margarido, Alfredo Augusto (1928- 2010). Natural da região de Vinhais. Frequentou a Escola de Belas-Artes do Porto, chegando a fazer exposições de cerâmica e de pintura. Foi funcionário público em África. Regressou a Portugal e seguiu depois para Paris, onde estudou e veio a ser professor universitário. Foi um dos introdutores do nouveau roman em Portugal. Estudioso de Fernando Pessoa e de literatura africana de expressão portuguesa. Poeta e tradutor.

Escreveu obras de poesia, como Poemas com Rosas (1953), Poema Para Uma Bailarina Negra (1958); de ensaio — Teixeira de Pascoaes — A Obra e o Homem (1961), Marânus: Uma Linguagem Poética Quase Niilista (1976), O Novo Romance (1962, em colaboração com Portela Filho) e Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa (1980); e de ficção narrativa, como No Fundo Deste Canal (1960), A Centopeia (1961) e As Portas Ausentes (1963)

Marmelo e Silva, José (Paúl, Covilhã, 1913 – Espinho, 11.10.1991). Licenciado em Filologia clássica. Professor em Espinho. Colaborou nas revistas Presença, o Diabo, a Seara Nova, no suplemento literário do Jornal de Notícias.  Obra[351]: O Homem que Abjurou a Sociedade (1932, livro que renegou); Sedução[352] (1937); Depoimento (1939); O Sonho e a Aventura ((1944); Adolescente (1948); Adolescente Agrilhoado[353] (1958); O Ser e o Ter (1968); Anquilose (1968); Desnudez Uivante (1983). Demarcou-se do neorrealismo[354], em 1967, no prefácio da 3ª edição de Adolescente Agrilhoado.

 

Marmelo, Manuel Jorge (1971-) – Obra: As Mulheres Deviam Vir Com Livro de Instruções; O Amor é para os Parvos; Oito Cidades e uma Carta de Amor (2003); Aonde o Vento Me Levar (2006)

 

Marques, José Ferreira - Bichos do Mato (2003) [355]

 

Marques, Helena (1935, 16.6)

Obra: O Último Cais[356]Um livro muito sofrido, escrito e reescrito… O original foi lido em primeiro lugar por Maria Lúcia Lepecki que aconselhou a autora a reescrevê-lo a partir da página 100.

Uma história romântica: Marcos e Raquel formam o par amoroso ideal no séc. XIX até ao dobrar do (nosso) século… a partir de um diário de bordo de um bisavô que foi médico de bordo…

«A madeira é a grande personagem do meu livro (…) de finais do século XIX, princípios do séc. XX. Uma Madeira que nessa época teve uma grande qualidade de vida.» Tento explicar o que é viver numa ilha – a claustrofobia… A ilha e a mulher por vezes confundem-se

«Os escritores madeirenses não se têm ocupado muito da Madeira. Ocupam-se de outras coisas – o Cabral Nascimento, o Edmundo Bettencourt, o Herberto Hélder… No entanto, a ficção madeirense dicou-se por Saias de Balão, de Ricardo Jardim… e que data de há mais de cinquenta anos…

«Sou uma católica convicta, que, se tem tido épocas de afastamento e dúvidas, elas relacionam-se sempre com a hierarquia da igreja e nunca com a sua essência.»

Foi a primeira mulher jornalista na Madeira. 1957. Tinha 21 anos.

«Eu sou daquela geração em que ser jornalista exigia uma escrita despida de adjetivação, rigorosa, contida. Todas as notícias tinham de ser confirmadas em duas fontes para nós nos atrevermos a publicá-las.»

«Acho que os jornalistas-escritores – O Fernando Dacosta, o João Aguiar, o Guilherme de Melo, a Alice Vieira, trouxeram uma dimensão nova à escrita de ficção. Não só devido à sua própria personalidade, mas também à experiência profissional. O jornalismo é uma grande escola de vida e de escrita, dá-nos um contacto muito imediato e próximo com a realidade. E isso não tem preço.»

Deixou a Madeira em 1971, com 35 anos… (agora tem uma casa no Vale de Santarém)

 

Martins, Albano Dias (1930-2018). Foi um dos fundadores da revista Árvore, e colaborador das revistas Colóquio Letras e Nova Renascença.

Obra: 1950 - Secura Verde; 1967 - Coração de Bússola; 1974 - Em Tempo e Memória; 1979 - Paralelo ao Vento; 1980 - Inconcretos Domínios; 1982 - A Margem do Azul; 1983 - Os Remos Escaldantes; 1987 - Poemas do Retorno; 1987 - A Voz do Chorinho ou os Apelos da Memória; 1988 - Vertical o Desejo; 1989 - Rodomel Rododendro; 1990 - Vocação do Silêncio, Poesia 1950-1981; 1990 - Os Patamares da Memória; 1992 - Entre a Cicuta e o Mosto; 1993 - Uma Colina para os Lábios; 1995 - Com as Flores do Salgueiro; 1996 - O Mesmo Nome; 1998 - O Espaço Partilhado; 1998 - A Voz do Olhar; 1999 - Escrito a Vermelho; 2000 - Agenda Poética 2000 Albano Martins; 2000 - Antologia Poética; 2000 - Assim São as Algas. Poesia 1950-2000; 2001 - Castália e Outros Poemas; 2004 - Três Poemas de Amor Seguidos de Livro Quarto; 2004 - Frágeis São as Palavras; 2005 - Agenda Poética 2005; 2006 - Palinódias, Palimpsestos.

 

Martins, Fernando Cabral (Mangualde, 1950 -). Obra: Substâncias (1985); Ao Cair da Noite; Cesário Verde ou a Transformação do Mundo (1988); Antologia Comparativa da Poesia de Álvaro de Campos e Antologia Simbolista Portuguesa (1990); A Cidade vermelha. (1991)[357]

 

Martins, Filipa (1982 -) Obra: Elogio do Passeio Público[358]; Quanta Terra.

 

Martins, Ovídio (Cabo Verde, S. Tiago, 1928) Obra: Caminhada

 

Mata, Inocência – Obra: Literatura Angolana – Silêncios e Falas de Uma Voz Inquieta[359];

 

Mattoso, José (Leiria, 22.01.1933 -2023)

A sua experiência mística iniciou-a aos 12 anos. Levou-o ao encontro dos franciscanos e ao contacto com a vida conventual. Mas perdera-se a prática do que pregava o Povorello… (…) O desgosto leva-o a bater à porta do mosteiro de Singeverga, tinha 17 anos, donde sairá em 1968, formado em Ciências Históricas pela Universidade de Lovaina – e impedido da prática de monaquismo simples a que aspirava. Ainda procura no Mosteiro de Montserrat, em Espanha, mas mesmo então, o que pensa e o que encontra não se coadunam.

[a parábola do homem, dos tigres e da amora][360]

Fragmentos de Uma Composição Medieval (1987)

Porque é impossível «reduzir o real a formas discursivas», porque «as palavras nunca serão coisas», «a colagem da realidade aos modelos é necessariamente deturpante: torna a história uma mecânica, tenta transformar a abstracção em realidade.»

«Os documentos medievais (…) são a voz de indivíduos concretos, ainda que anónimos, integrados em grupos sociais igualmente concretos, e muitas vezes antagónicos. Daí a importância da atribuição dos discursos, preocupação a que se deve boa parte da clareza e da fecundidade dos estud31os reunidos neste livro.»

O papel das ordens religiosas na fundação de Portugal, após AFONSO VI DE CASTELATER CONFIADO A um único conde os condados de Coimbra e de Portugal (Portugal, a norte do Douro até ao Minho)…ordem de Clunny e ordem dos Templários

 

Medina, Miguel (Lisboa 1951 - Lisboa 2006). Era filho do médico psiquiatra Fernando Medina e da poetisa Maria Eugénia Cunhal.

Obra: Além do Maar[361]

Publicado em 1990 pelo Círculo de Leitores, tendo recebido o respetivo prémio…

Construído sobre textos que relatam a ida dos Gamas e das suas equipagens à Índia…, numa categoria cada vez mais na moda o «romance histórico». Ver A Quinta das Virtudes, de Mário Cláudio, A História do Cerco de Lisboa, de Saramago, Évora e os Dias da Guerra, de Mário Ventura, e Razões do Coração, de Álvaro Guerra.

S. Bruno aproxima este romance do de Álvaro Guerra que estaria sob a influência de Camilo Castelo Branco, Arnaldo Gama, Alexandre Herculano e Carlos Malheiro Dias no modo de tratar as Invasões Francesas… Medina não busca essa reconstituição história de modo tão cerrado, talvez devido à distância cronológica. Como criar um estilo de escrita a imitar as ‘práticas daquela época’?

«Os segmentos narrativos, apresentando diversos momentos da viagem de Vasco da Gama, parecem querer registar quadros variados de vários diálogos estabelecidos entre os portugueses e os povos que foram visitando…»

O romance "Cavalos brancos com espuma", "Tempo parado" (contos), "Três histórias à lareira" (contos musicados) ou "Esboços", uma obra documental que reúne em dois volumes depoimentos de presos políticos do regime de Salazar e Marcelo Caetano, são outras das obras de Miguel Medina publicadas.

 

 

Melo, Filipa Obra: Este É o Meu Corpo (2001);

 

Melo, José Dias de (Calheta de Nesquim, Lajes, Ilha do Pico, 8 de abril de 1925 - São José, Ponta Delgada, 24 de setembro de 2008

Obra:

Toadas do Mar e da Terra, poesia (1954)

Mar Rubro, crónicas romanceadas (1998)

Antologia poética (1962)

Pedras Negras, narrativa (1964)

Cidade Cinzenta, contos e crónicas (1971)

Tentativas de Teatro na Escola, dissertação didático-pedagógica (1973)

Na Noite Silenciosa, poesia (1973)

Mar pela Proa, romance (1976)

Vinde e Vede, contos e crónicas (1983)

Vida Vivida em Terras de Baleeiros, crónica (1985)

Na Memória das Gentes, Livro I, etnografia (1985)

Uma Estrela nas Mãos do Homem, conto (1986)

Lira Nossa Senhora Calhetense, monografia (1988)

Das Velas de Lona às Asas de Alumínio, crónicas de viagem (1990) [362]

Na Memória das Gentes, Livro II, etnografia (1991)

Na Memória das Gentes, Livro III, etnografia (contos populares) (1991)

Nem Todos Têm Natal, novela (1991)

O Menino Deixou de Ser Menino, novela (1992)

Tempos Últimos, romance (1992)

Aquém e Além-Canal, crónicas (1992)

A Viagem do Medo Maior, novela (1993)

Pena Dela Saudades de Mim, contos (1994)

Crónicas do Alto da Rocha do Canto da Baía, crónicas (1995)

Inverno sem Primavera, estórias (1996)

O Autógrafo, romance (1999)

Reviver: Na Festa da Vida a Festa da Morte, narrativa (2000)

À Boquinha da Noite, crónicas (2001)

Milhas Contadas, romance (2002)

Poeira do Caminho, crónicas (2004)

 

Melo, João[363] João de (Achadinha, S. Miguel, Açores - 4 de Fev. de 1949). Em 1960, veio estudar para o Continente, fixando-se em Lisboa em 1967. Participou na guerra colonial durante 27 meses. Desde Fevereiro de 2002, exerce funções de conselheiro cultural na embaixada de Portugal em Madrid. Obra: Histórias da Resistência (1975) Memória de Ver Matar e Morrer (1977) / Autópsia de um Mar de Ruínas (1984)[364]; O Meu Mundo Não É Deste Reino[365] (1983); Entre Pássaro e Anjo (1986); Os Anos da Guerra[366] (ant. 1988); Gente Feliz com Lágrimas[367]; O Homem Suspenso[368] (1996)[369]

 

 

Melo, João

Aníbal João da Silva Melo (Angola, Luanda, 5.9.1955 -) Obra: Definição, 1985; Fabulema, 1986; Poemas Angolanos (1989); Tanto Amor (1989); Canção Nosso Tempo (1989); O Caçador de Nuvens (1993); O Homem que não tira o palito da boca (2009). É atualmente (4.9.2018) ministro da comunicação social de Angola.

 

Melo, José Dias de (Calheta de Nesquim, 8 de Abril de 1925 – Ponta Delgada, 24 de Setembro de 2008). Obra[370]: Toadas do Mar e da Terra (1954); Mar Rubro (1958); Pedras Negras (1964)[371]; Mar Pela Proa; Das Velas de Lona às Asas de Alumínio (1990)[372]; Na Memória das Gentes (1985-1991); O Autógrafo (1999); Milhas Contadas (2002); Poeira do Caminho (2004);

 

Mello, Pedro Homem de (6/9/1904 – 5/3/1984). Influenciado por António Botto e Frederico Garcia Lorca. Colaborador da revista Presença.

 

Melo, Jorge Silva. Foi aluno de João Bénard da Costa[373] no Liceu Camões, em 1963/64.

 

Mendes, Abílio Teixeira – Henda Xala;

 

Mendes, Augusto Oliveira (Tramagal, 1959-2000)[374] Poeta e tradutor do castelhano. Fundador da revista ibérica “Canal” (nº1, Março, 1988) Obra: A Noite Embriagada; Emily e os Blues; Poemas dos Aranhiços nos Olivais do Sul (livro póstumo, 2001, Black Sun)

Mendes de Carvalho, (1927- fev.1988). Obra: Camaleões Altifalantes[375]; a 10ª Turista (peça de teatro); Aventuras de Animais & Outros  Como Tais[376];

 

Mendes, Manuel[377] (1906-1969). Roteiro Sentimental, Douro[378];

 

Mendes, Pedro Rosa. Obra: Baía dos Tigres[379];  Ilhas de Fogo[380] (2002); Atlântico (romance a sair); Lenin Oil (2006)

 

Mendonça, José Tolentino de (Machico, 1962 - ) Obra: Longe Não Sabia (poesia, 1997); Tobias e o Anjo[381];

 

Mestre, David (pseud. de Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga)

faleceu em Almada, no Hospital Garcia da Orta, onde estava internado desde quarta-feira, em consequência de um acidente vascular cerebral. Tinha 49 anos. No caso dele foi uma vida longa. David Mestre, como passou a ser conhecido após a publicação do seu segundo livro, "Crónicas do Gheto", em 1972, chamava-se na realidade Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga, e era natural da Loures, Portugal. Foi para Angola com apenas oito meses e pouco depois viu o pai assassinar a mãe. A tragédia, o azar, a desgraça (o que lhe quisermos chamar) nunca mais lhe largou as canelas. Mas ele sempre a tratou (à desgraça) com surpreendente insolência e bom-humor. Preso por se recusar a cumprir o serviço militar no exército colonial, fugiu 14 vezes, sendo finalmente libertado com o 25 de Abril. Ao contrário da maioria dos presos políticos angolanos não gostava de se vangloriar do tempo que passou na cadeia. Durante o regime de partido único, numa visita ao Brasil, enquadrado numa delegação de escritores, recusou mesmo o rótulo de preso político: "Se me chamassem agora para ir para a tropa eu voltava a recusar. Eu não gosto é dos tropas." Jornalista e crítico do regime Após a independência de Angola, publicou mais três livros de poesia, "Do Canto à Idade" (1977), "Nas Barbas do Bando" (1985) e "Subscrito a Giz" (1996), criando uma obra singularmente perturbadora, e afirmando-se, ao lado de Ruy Duarte de Carvalho, como uma das vozes mais importantes da moderna poesia angolana. Simultaneamente David Mestre distinguiu-se como crítico literário. "Nem Tudo é Poesia" (1987), e, mais recentemente "Lusografias Crioulas" (1997), recolhem textos e ensaios dispersos ao longo de muitos anos por jornais e revistas de todo o espaço lusófono. Actualmente trabalhava num segundo volume de "Lusografias Crioulas", procurando demonstrar a proximidade e a comum natureza mestiça das literaturas de língua portuguesa. Entre 1991 e 1992, David Mestre foi director do Jornal de Angola, cargo que viria a abandonar por dificuldade em lidar com o poder político. "Iluminou-se-lhe agora com cérebro com um relâmpago de sangue e assim vai ele", disse muito emocionado o poeta moçambicano Luís Carlos Patraquim, ao ser informado ontem de manhã, pela RDP-África, do súbito falecimento de David Mestre. Em Luanda, a morte de David Mestre, foi recebida com relativa frieza. Após deixar Angola, refugiando-se em Portugal com uma bolsa de criação literária que lhe foi atribuída pela Cooperação Portuguesa (presentemente trabalhava como revisor no jornal "24 Horas"), David Mestre denunciou em público o autoritarismo e a incompetência do regime angolano, o que enfureceu os dirigentes do MPLA e os intelectuais próximos daquele partido. Assim, a escritora Gabriela Antunes, entrevistada ontem pela rádio Luanda Antena Comercial, LAC, tentou diminuir o prestígio e a importância do escritor: "Essa notícia não me surpreende devido ao estilo de vida dele".

Jornal O Público, 13Jun98      

 

Mestre, Joaquim. Obra: A Cega da Casa do Boiro (2001)[382];

 

Mexia, Pedro – Um autor em que o olhar precede o discurso. Duplo Império (1999); Em Memória (2000)[383];

 

Miguéis, José Rodrigues (Lisboa, Rua da Saudade, nº 12, 3º, 1901- Nova Iorque, 27.10.1980).  Estudou no Colégio Francês, nos liceus Camões e Gil Vicente e na Faculdade de Direito de Lisboa. Em 1921, integra o grupo da Seara Nova[384]. Em 1922, colabora na Alma Nova. Colabora no Guia de Portugal, de Raul Proença (1924). Requer a nomeação para professor do liceu Gil Vicente; é advogado e episodicamente ajudante de notário e subdelegado (do Ministério Público em Setúbal (1926). Em 1928, conhece Camila Campanella, residente nos Estados Unidos desde os 10 anos. Em 1929, vai para a Bélgica, especializar-se em pedagogia (licencia-se em 1933 pela Universidade Livre de Bruxelas. Em 1930, polémica com Castelo Branco Chaves e António Sérgio na Seara Nova. Em 1931, de regresso a Lisboa, assume uma posição de simpatia para com a revolução soviética (carta a Sarmento Pimentel). Em 1932, casa com Peccia Cogan Portnoi, que conhecera em Bruxelas. Em Junho de 1935, parte para os E.U.A. Traduz A Abadessa de Castro, de Stendhal. A sua novela “A Mancha não se Apaga” é incluída numa antologia (?). Em 1936, retoma o contacto com O Diabo, sob a direcção de Rodrigues Lapa. Defende a causa republicana na guerra civil de Espanha. 1938, reaparece temporariamente nas colunas da Seara Nova. Em 1940, consuma-se o seu divórcio e casa, a 6 de Junho, com Camila Campanella. Publica Léa, na Revista Portugal, dirigida por Vitorino Nemésio. A 16 de Novembro de 1942 adquire a nacionalidade norte americana e inicia a sua colaboração nas Selecções Reader’Digest. Colabora na Time e na Life. Em 1944, o casal adopta Patrícia, com 4 anos de idade. Em 1945, Miguéis adoece gravemente, experiência que contará numa narrativa autobiográfica Um Homem Sorri à Morte Com Meia Cara. Vem a Portugal, em 1946. Em 1947, regressa aos EUA (Nova Iorque) e ao Reader’s Digest como colaborador independente. Em 1949, parte com a família para o Rio de Janeiro, onde continua a colaborar com a Reader’s Digest. Em 1950, regressa a Nova Iorque. Em 1952, faz uma breve visita a Portugal. Colabora na edição em português da revista técnica agrária La Hacienda. Em 1956, retoma a colaboração na Seara Nova. De 1957 a 1959, encontra-se em Portugal. Em 1958, traduz Coração Solitário Caçador, de Carson McCullers e parte do livro das Mil e uma Noites. Em Setembro de 1959, volta para Nova Iorque. Em 1960, traduz O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. Em 1961, é eleito sócio correspondente da Hispanic Society of América e da Comunitá Europea di Scritori. Colabora na Gazeta Musical e de Todas as Artes. Em 1963, regressa a Portugal com o objectivo de aqui permanecer definitivamente. Colabora no Diário de Lisboa. Em 1964, parte de novo para os EUA. Em 1965, a censura proíbe a continuação da publicação de Idealista no Mundo Real, que só seria retomada em 1979.  Volta a Lisboa em 1966 e colabora na Seara Nova e no Diário de Lisboa. Em 1967, vem de novo a Lisboa para se ocupar da venda do prédio na Avenida Almirante Reis, nº 135, de que é proprietário. Em 1968, inicia a publicação regular, no Diário de Lisboa, de crónicas sob o título genérico de O Espelho Poliédrico. Em 1974, polémica com Homem Cristo no Diário Popular. Em 1975-76, publica em folhetim, no Diário Popular, O Pão não Cai do Céu. Em 1976, a Academia das Ciências de Lisboa elege-o sócio correspondente. É eleito sócio efectivo da Hispanic Society of América. Em 1977, intensa colaboração no Diário Popular, dirigido por Jacinto Batista. Publicação de Miguéis: To the Seventh Decade, de John Austin Kerr Jr. Em 1979, é agraciado com a Ordem Militar de Sant’Iago de Espada (Grande Oficial). Em 1980, Carolina Matos conduz a última entrevista com José Rodrigues Miguéis (Gávea-Brown. Providence, Jan.-June, 1980). A 27 de Outubro morre, em Nova Iorque, na sequência de um ataque cardíaco. Ver correspondência com David Ferreira.

Influências: Camilo Castelo-Branco, Eça de Queirós, Raul Brandão, Dostoievski, Raul Proença, Cesário Verde. Obra: Páscoa Feliz[385] (1932); O ensino de crianças anormais, retardadas ou insuficientes, na Bélgica (1933); Folhetim Uma Aventura Inquietante[386] (N’O Diabo, 1934-1936); Conto O Acidente (in O Diabo, 1935); A Mensagem da Juventude (Gládio, dirigido por Mário Dionísio, 1935); Conto “Beleza Orgulhosa” (Rio de Janeiro e Lisboa, 1942); Arroz do Céu (1947, 1ª versão); Lisboa, Cidade Triste e Alegre[387];; Onde a Noite se Acaba (Brasil, 1946); Saudades para Dona Genciana (1956); O Natal Clandestino (1957); Leah e Outras Histórias (1958)[388]; Uma Aventura Inquietante (1958); Um Homem Sorri à Morte – Com meia Cara[389] (1959); O Passageiro do Expresso (teatro, 1960); A Escola do Paraíso[390] (1960); Conto O Crime Perfeito (1961); Tradução alemã de O Acidente (1962); Gente da Terceira Classe (1962); Tradução para italiano do conto Saudades para Dona Genciana (1963); É Proibido Apontar – Reflexões de um Burguês I [391](1964); Nikalai! Nikalai (1971); A Múmia [392](1971); O Espelho Poliédrico (1973); Comércio com o Inimigo (1973); Conto O Interruptor (1974); As Harmonias do “Canelão”: Reflexões de um Burguês II (1974); Milagre Segundo Salomé (1975)[393];  Poema Os Mortos (1980); Idealista no Mundo Real[394] (1986); O Pão não Cai do Céu (1981)[395]; Os Pass(ç)os Confusos (1982);  Uma Flor na Campa de Raul Proença (1985); Aforismos & Desaforismos de Aparício (1996);

 

Mira, Joseia Matos (pseudónimo literário de Maria José Matos Mira, Baleizão, 1945-) Filologia românica. Professora no Canadá, após 1974 e na Faculdade de Letras de Lisboa… Obra: O Cavaleiro e a Serpente; Exílios (contos); A Senhora das Sete Luas; Lugar Solitário (poesia); Le Voyage (contos); Vida e Morte do Fidalgo de Baleizão (conto); Trans-lúcido (poesia); Medos (contos); Os Dias Invisíveis (2006).

 

Monteiro, Ofélia Paiva (Porto, 1935-2018). Foi assistente do professor Costa Pimpão.

 

Morais, Manuel Fragata de (Angola, Uíge, 16.11,1941 -) Obra: “Como Iam as Velhas Saber” (Instituto Nacional do Livro e do Disco – INALD); “A Seiva” (INALD); “Inkuna Minha Terra” (União dos Escritores Angolanos – Menção Honrosa Prémio Sonangol de Literatura); “Jindunguices” (INALD – Prémio Literário Sagrada Esperança); “Momento de Ilusão” (Campo das Letras); “Amor de Perdição” (Chá de Caxinde); “Antologia Panorâmica de Textos Dramáticos” (INALD); “A Sonhar Se Fez Verdade” (INALD); A Prece dos Mal Amados ( Campo das Letras, Porto, 2005)

 

Moura, Vasco Graça (Foz do Douro, 1942 -) – Modo Mudando ( poesia satírica, 1963)[396];  Semana Inglesa (1966); O Mês de Dezembro (1977) Sonetos de Shakespeare (trad.1977);  A Variação dos Semestres deste Ano (1981); Nó Cego (1982);  A Morte de Ninguém; 50 Poemas de Gottfried Benn[397] (1982) Os Rostos Comunicantes (1984); Quatro Últimas Canções (1987); A Furiosa Paixão pelo Tangível (poesia)[398];  Naufrágio de Sepúlveda (1988); Partida de Sofonisba às Seis e Doze da Manhã (1993); Sonetos Familiares (1994) Nó Cego, o Regresso (1982 /2000[399]); Meu Amor, Era de Noite (2001); Enigma de Zulmira (2002); [400]Lacoonte, Rimas Vária, Andamentos Graves (2005); Poesia 2001/2005 (2006)

 

Msaho

Folha de poesia. 1952, Moçambique. Vergílio de Lemos define ‘uma corrente distinta e diferenciada com raízes moçambicanas’ como ‘uma força resultante do contacto com elementos nativos’ – o conceito de moçambicanidade. Já antes, no jornal Itinerário (de 1941 a 1955) outras individualidades tinham defendido o mesmo princípio. Em 1918, os irmãos Albasini tinham fundado ‘O Brado Africano’. Os mentores deste grupo são ainda Estácio Dias, Karel Pott e José Neto, todos ligados ao Grémio Africano. ‘O Brado Africano’ é um jornal bilingue- português e ronga, conduzido por indivíduos ditos assimilados, da pequena burguesia urbana.

 

Mutimati Barnabé João (pseudónimo de António Quadros).

 

Namora, Fernando Gonçalves (Condeixa-a-Nova, 15.04.1919-31.01.1989). Médico, escritor, cronista... Obra: As Sete Partidas do Mundo (1938); Fogo da Noite Escura; Casa da Malta (1945); Minas de S. Francisco (1946); Retalhos da Vida de um Médico; A Nave de Pedra. Terá, como presidente do Instituto de Cultura Portuguesa, criado a Biblioteca Breve (orientada por Álvaro Salema).

 

Namorado, Joaquim Vitorino (Alter do Chão, 30.06.1914-30.12.1986). Licenciado em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra. Foi o companheiro de todas as aventuras culturais, desencadeadas em Coimbra, desde o final dos anos 30 até 1986[401]. Militante comunista, orador arrebatado. Foi, também, ele com Carlos de Oliveira, um dos combatentes antifascistas que, quando a Península esteve ameaçada de invasão pelas tropas nazis, organizou uma rede de resistência armada, tendo, estabelecido relações com outro resistente famoso: Roger Vailland. Colaborador de Sol Nascente, Vértice, de que foi redator e principal responsável durante décadas, até 1981), Seara Nova; Gazeta Musical & de Todas as Artes, Diário de Lisboa, Diário… Com Carlos de Oliveira, criou a coleção «Galo», na qual saiu Poesia I, de José Gomes Ferreira. Também publicou a «Praça da Canção», de Manuel Alegre; e XVI Desenhos de Júlio Pomar, em 1948, com texto de Mário Dionísio. E ainda “Cuidar dos Vivos”, de Fernando Assis Pacheco. Em 1941, publicou no Novo Cancioneiro, “Aviso à Navegação”, porventura a sua mais significativa obra. Publicou ainda “A Poesia Necessária” (1966), “Incomodidade” (1945), “Vida e Obra de Frederico Garcia Lorca”. Joaquim Namorado terá sido o polarizador das energias do grupo neo-realista.[402] Proibido de leccionar no ensino oficial e particular pelo Estado Novo viveu como explicador de Matemática de sucessivas gerações… Só depois do 25 de Abril pode leccionar na Faculdade de Ciências de Coimbra, apesar de alguma oposição de um governo socialista. Joaquim Namorado fazia tertúlia n’A Brasileira da Rua Ferreira Borges.[403]

 

Nassar, Raduan ( Brasil, 27-11-1935). Obra: Menina a Caminho (conto, 1961); Lavoura Arcaica (1975); Um Copo de Cólera (1978). De ascendência libanesa, amigo de Hamilton Trevisan, terá acabado por trocar a literatura pela criação de galinhas(?)

 

Nava, Luís Miguel. Obra: Poemas[404] O principal traço da sua poesia é a expressão da violência, tendo como contraface a presença de formas da harmonia.[405]

Navarro, António Modesto – Ir à Guerra;

 

Ncomo, Barnabé Lucas. (MOC.) Obra: Uria Simango – Um homem, uma causa,[406] Edições Novafrica, 2004

 

Negreiros, Almada (7 de Abril de 1893, Roça da Saudade  / São Tomé - Lisboa, 15 de Junho de 1970). Natural da, onde nasceu a 7 de Abril de 1893. Veio para Portugal em 1900 para ser internado num colégio de Jesuítas. Estudou pintura em Paris e tornou-se colaborador das revistas que marcaram a agenda do seu tempo: O Orpheu a Contemporânea e o Portugal Futurista.  A Cena do Ódia (1915); em 1917, publicou duas obras: o panfleto “K4 O Quadrado Azul” e a novela “A Engomadeira”. Nome de Guerra (1925 / 1938). Entre 1927 e 1932, viveu em Madrid. Em 1934, casou com a pintora Sarah Affonso. Em 1935, lançou a revista Sudoeste. “Aconteceu-me” (1940). Em 1954, imortalizou Pessoa num retrato a óleo que esteve exposto mais de 20 anos na Brasileira do Chiado.

 

Nemésio, Vitorino (Açores, Praia da Vitória, 19.12.1901- 20.2.1978). Jornalista (A-Pátria).[407] Fundou, em Coimbra, com Afonso Duarte “O Tríptico”. Fundou a “Revista de Portugal” (1937-1940).[408]Foi leitor em Montpellier (1935-1939) e em Bruxelas, a partir de 1939. Foi professor na Universidade da Bahia. Obra: Canto Matinal (1916); Poesia I. II, III; Contos “Paço do Milhafre” (1924) e “O Mistério do Paço do Milhafre (1949)”; Varanda de Pilatos (romance, 1927); “La Voyelle Promise (1935); Casa Fechada (1937); O Bicho Harmonioso (1938); O Campo de S. Paulo (1954); O Pão e a Culpa (1955); O Verbo e a Morte (1959); Limite de Idade (1972); Corsário das Ilhas (1946…);Festa Redonda (1950); O Destino de Gomes Leal; A Mocidade de Herculano até à volta do exílio (1934); O Conhecimento de Poesia; O Século de Ouro Preto (crónicas, 1954); O Cavalo Encantado (1963); Violão de Morro (1968); Caatinga e Terra Caída (1968); “Era do Átomo, Crise do Homem”(1976);  Cadernos de Caligraphia e Outros Poemas a Marga (2003); Mau Tempo no Canal (1944); Isabel de Aragão, Rainha Santa (biografia romanceada com prefácio de José Mattoso); Sapateia Açoriana (1976). Em 1971, iniciou a sua colaboração com a RTP – Se bem me lembro…Fátima Freitas Morna foi a comissária de “A Rotação da Memória”, exposição alusiva ao 1º Centenário (iniciativa da Biblioteca Nacional).[409]

 

 

Neorrealismo[410]. Figuras: Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Fernando Namora, João José Cochofel, Mário Dionísio, Faure da Rosa, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Júlio Graça,  Júlio Pomar, Lima de Freitas, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Manuel Ribeiro de Pavia, Nikias Skapinakis (artes plásticas), Fernando Lopes e Manuel Guimarães (cinema) Fernando Lopes Graça[411] (música), Joaquim Namorado. Pode situar-se entre finais de 1930 e princípios da década de 70. Movimento antifascista de oposição ao regime salazarista. Precursores: Assis Esperança, Ferreira de Castro e Aquilino Ribeiro. Inventário temático[412]: a) denúncia das condições infra-humanas de existência do campesinato e de uma parte do lumpen-proletariado lisboeta (Manuel da Fonseca no primeiro caso, Aleixo Ribeiro e Leão Penedo no segundo); com uma passagem pela investigação das condições em que os camponeses se transformam em operários industriais (Engrenagem de Soeiro Pereira Gomes, seguido mais tarde por Buza de Júlio Graça); inventário das misérias morais, assim como das dificuldades perante a modernização do aparelho de produção da pequena e média burguesias (por exemplo, em Carlos de Oliveira); inventário da má consciência da burguesia (Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira; O Delfim, de José Cardoso Pires; mas, sobretudo, Angústia para o Jantar, de Luís Sttau Monteiro); enfim, descrição das condições de existência das regiões periféricas do industrialismo, sobretudo no caso de Romeu Correia ou até de Manuel Ferreira. (…) Com o neorrealismo, o Centro e o Sul do país irrompem de maneira definitiva no campo da ficção portuguesa. O Alentejo surge em Manuel da Fonseca, Garibaldino de Andrade, Antunes da Silva, Fernando Namora e Urbano Tavares Rodrigues (Moura). Ver também desenhador neorrealista – Manuel Ribeiro de Pavia. Pequito Rebelo criara o mito de que o Alentejo era o «celeiro de Portugal» e os neorrealistas subscreveram-no. Ver trabalho teórico de Álvaro Cunhal nos anos 40. A primeira obra de ficção do Neorrealismo é os Gaibéus (1939).

 

Neto, António Agostinho (17.09.1922 – 10.09.1979)[413] – ver traços do “manifesto da negritude”[414]. Obra: Poemas (CEI, 1961); “Sagrada Esperança” (1974). Ver papel de Arménio Ferreira na fuga de Agostinho Neto em 1962, da doca de Pedrouços. Antes estivera preso no Aljube. Nito Alves, o líder da “Revolta Activa”, morto no golpe de 27 de Maio de 1977, foi apoiado pelo PCP (Costa Martins e outros). Agostinho Neto. Morreu pobre.

 

Neto, Eugénia (Trás-os-Montes, 1934 -). Por volta de 1948, num círculo de intelectuais africanos, conheceu Agostinho Neto, com quem casou.[415] Obra: Poemas (CEI, 1961); Sagrada Esperança (1974); O Soar dos Quissanges (50 poemas inéditos + Este é o Canto /1998), Lisboa, Vela Branca... Em 2007, promove a criação, em Luanda, da Fundação Agostinho Neto a 14/9/2007.

 

Neto, Irene Alexandra (Angola). Obra: Angola, à flor da pele (1998)

 

Neves, Joaquim Pacheco (Vila de Conde, 1910-1998). Obra[416]: História do Desencanto (Influência de Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho); Contos Sombrios (1943); Sinfonia Burlesca (1956); História do Desespero (1972). Sofreu também influência do sobrenatural burlesco

 

Neves, Manuel (cónego)Manuel Joaquim Mendes das Neves[417]. (Angola, Golungo Alto, 25.1.1896 – Soutelo, Noviciado dos Padres Jesuítas, 11.12.1966). Da UPA? Os seus restos mortais regressaram a Angola (5.7.1994). Interlocutor privilegiado do cónego: o padre Pinto de Andrade (1961). Defendia o levantamento da colónia contra a metrópole e entendia que bastava «ter armas brancas e jornalistas estrangeiros contactados, isto na sequência do assalto ao navio Santa Maria, protagonizado por Henrique Galvão… Luanda enchera-se de jornalistas estrangeiros. Entretanto, encontrara-se com Adlai Stevenson, representante do presidente Eisenhower à Conferência de Bandung. Depois do levantamento e início da guerra no Norte de Angola, em 15 de março de 1961, a PIDE não hesitou: Manuel das Neves foi detido a 23 de março, deportado para a cadeia do Aljube, em Lisboa, no mês seguinte.[418] O seu trajeto religioso confundia-se com a vontade de intervenção política: representou as populações indígenas no Conselho do Governo e no Conselho Legislativo de Angola, entre 1954 e 1958, considerando que devia usar esse meio para defesa dos «condenados da terra», e presidiu à Liga Nacional Africana, uma associação que congregava os independentistas angolanos, onde também defendeu a extensão do ensino a toda a população.

 

Neves, Orlando (1935-2005). Jornalista, diretor de editoras, tradutor, encenador. Autor de poesia, narrativa, teatro… Obra: Morte em Vila Viçosa[419]

 

Ngungunhana Ascende ao poder em 1884, o último imperador do Estado de Gaza, fundado pelo seu avô, Sochangana (ou Manicusse), em 1821. O Estado de Gaza foi extinto em 1895. Portugal debatia-se com o infausto Ultimatum de 1890 e a rainha Victoria, através da British South African Company, de Cecil Rhodes, apoiava Ngungunhana e a sua tribo: os vátuas. Em 1896, como corolário das chamadas «campanhas de pacificação», Mouzinho de Albuquerque, 45 anos, captura Ngungunhana.[420]

 

Ningi, Frederico

(Angola, Benguela 17.02.1959 - ) Poeta, fotógrafo, artista plástico, jornalista. Obra: Os Címbalos dos Mudos (1994); Infindos nas Ondas (1998)

 

Noronha, Carmo de

 Goa. Obra: Contracorrente. É um inconformista e um contestatário de cepa lusa. É um crítico social, cheio de erudição linguística.[421]

 

 

Noronha, Rui

 (Moçambique, 1909). Obra: Sonetos.

 

Norton, Cristina

(1949 - ). Obra: O Segredo da Bastarda (2002); A Casa do Sal (2006)[422].

 

Nunes, Rui[423](Nov.1947-) Viveu na Áustria. Cursou Filosofia. Considerações do autor: «Nos meus livros, só consigo falar do que vivi, porque o meu conhecimento das coisas é um conhecimento pela emoção.» DN, 17 abril 1988

 «A escrita possibilita um ajuste de contas com o mundo.» DN, 17 abril 1988

«Uma vez publicado, o livro diz-me muito pouco, é um objecto com o qual não tenho nenhuma relação privilegiada.» DN, 17 abril 1988

Leu “Guerra e Paz”[424] de Tolstoi, entre os onze e os doze anos. Continua a lê-la ao longo dos anos.[425] Publica desde 1968. Obra: As Margens (1963); Sauromaquia[426] (1976); Boca na  (1976);  Os Deuses da Antevéspera; O Mensageiro Diferido; Quem da Pátria sai a si mesmo escapa? O Canto do Ocaso; Osculatriz (1992); Grito (1997); Rostos (2001); Cinza[427] (2003); Ouve-se Sempre a Distância numa Voz (2006)[428];

 

 

Oliveira, Carlos

 (Brasil, Belém, 1921- Lisboa, 1 de julho de 1981)[429] Veio para Portugal, Cantanhede, aos 2 anos. Em 1933, foi para Coimbra concluir os estudos (liceais e universitários). Obra: Turismo (poesia, 1942); Casa na Duna[430] (1943/1977); Alcateia (1944); Uma Abelha na Chuva (1953); Sobre o Lado Esquerdo (poesia, 1968); Micropaisagem (poesia, 1968); Entre Duas Memórias (poesia, 1971); Finisterra (1978)[431]; Micropaisagem;

 

O’Neill, Alexandre

Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões nasceu em Lisboa (19.12.1924-21.08.1986). Filho de um bancário e de uma dona de casa. Em 1944, termina o 1º ano da Escola Náutica de Lisboa, mas, por causa da miopia, é lhe recusada a célula marítima para exercer pilotagem. Deixa os estudos. Em 1946, em consequência de um conflito familiar, O’Neill abandona a casa dos pais e passa a viver na casa de um tio materno. Na casa de Amarante, conheceu nas férias Alexandre Pinheiro Torres. Ambos lá privaram também com Teixeira de Pascoaes. Passou a maior parte da vida no Príncipe Real. Em 1948, é um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa; colabora na Miraculosa, livro de colagens surrealistas. Em 1949, em Lisboa, apaixona-se pela surrealista (búlgara-francesa) Nora Mitrani. Em 1950: grande polémica e O’Neil rompe com o Movimento Surrealista. Em 1951, publica coletânea Tempo de Fantasmas -obra de rutura. A incompatibilidade com a vidinha e com a lírica lágrima-tinta neorrealista é hoje tão visível neste livro - Rua André Breton.[432]  Em 1951-52, frequentava a pastelaria Alsaciana, onde conheceu o realizador José Fonseca e Costa. Também lá se encontravam com João Pulido Valente e Arnaldo Aboim. Foi preso em 1953 por ter ido esperar Maria Lamas ao aeroporto.[433]Esteve preso durante 40 dias. Era vigiado pela PIDE. Noémia Delgado[434] foi a primeira mulher de O’Neill (casamento em 1957 – um filho, Alexandre Delgado O’Neill. Viveu com a inglesa Pamela Einichen Pinheiro; casou em 1971 com Teresa Patrício Gouveia (1 filho, Afonso; e Laurinda Bom… Obra: “A Ampola Miraculosa”, poema gráfico publicado nos Cadernos Surrealistas, em 1948; No Reino da Dinamarca (1958); Abandono Vigiado (1960); Poemas com Endereço[435] (1962); Feira Cabisbaixa (1965); Ombro na Ombreira (1969); Entre a Cortina e a Vidraça (1972); (Um Adeus Português; Uma Coisa em Forma de Assim (crónica) A Saca de Orelhas (1979)[436]; As Horas Já de Números Vestidas (1981); Dezanove Poemas (1983); O Princípio da Utopia, O Princípio da Realidade (1986). Poesias Completas (de 1951 a 1981), Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Slogans publicitários que duraram até hoje: “Bosh é bom”, “Há mar e mar, há ir e voltar”, “Vá de metro, Satanás” que não chegou a ser usado. Para Rui Ramos, O’Neill coloca-se na tradição dos poetas que são amadores da má vida, excêntricos e críticos, guardiães de uma certa identidade nacional.” Para Pulido Valente, “ele é um dos poucos escritores que mudou a língua. O português que se falava antes dele era um português pomposo e rural; fez a transposição de uma linguagem coloquial para uma linguagem poética.”[437]

Em entrevista a Clara Ferreira Alves, O’Neill declara que as suas influências estão em Cesário Verde e nos brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira… Há, no entanto, razões para lhe associar Nicolau Tolentino, Paulino António Cabral, abade de Jazente, Junqueiro ou Bocage[438]

Em 24-10-1979, em entrevista a António Carvalho, A Capital, Alexandre O’Neill refere «a minha poesia tende para o epigrama.» – breve composição em verso sobre qualquer assunto; pequena poesia satírica que termina por um pensamento conceituoso ou dito agudo. «Na minha poesia desarticulo, desmonto a conversa comum e depois remonto-a de outra forma, o que a torna grotesca, satírica.»

Fernando Assis Pacheco, Alexandre O’Neill: ‘Sempre ‘sofri’ Portugal” (1981?)

Naquela data, vivia com Laurinda Bom na Rua da Escola Politécnica, a curta distância do Jardim do Príncipe Real. A família censurava-lhe a atividade poética: «A minha mãe, quando apanhava um poema meu, rasgava-o logo. Provavelmente com a intenção caritativa de fazer de mim o oitavo advogado da família…»

Em 1945, conhece Mário Cesariny. Começa então a contestação do Neorrealismo.

Grupo surrealista (15.5.1948: Mário Cesariny; José Augusto França; Vespeira; António Pedro; Alexandre O’Neill; João Moniz Pereira[439]

 

 

Osório, António Gabriel (Setúbal, 1.8.1933 - 18.11.2021) Advogado. Escritor. Fundou com Pedro Támen a revista ANTEU (1954).[440]

Obra: A Raiz Afetuosa (1972); Ignorância da Morte [441](1978); O Lugar do Amor (1981); Décima Aurora (1982); Adão, Eva e o Mais; Ofício dos Touros (1991); Crónica da Fortuna (1997); Casa das Sementes (antologia 2006).

António Osório é um poeta de 70 na medida em que construiu uma obra alheada da pirotecnia verbal da Poesia 61, tanto quanto do refrão neorrealista dos poetas do Novo Cancioneiro.[442]

 

Osório, Osvaldo

 Pseudónimo literário de Osvaldo Alcântara Medina Custódio – Cabo Verde, Mindelo, 25.11.1937- Obra: Caboverdeamadamente Construção Meu Amor (1975); Cântico do habitante. Precedido de duas Gestas (1977); Gervásio (peça,1977); Clar(a) idade Assombrada[443] (1987); Desde as Portas de Roterdão (?). Colaborou em Seló, Alerta, Vértice, Notícias de Cabo Verde e Raízes.

 

Pacheco, Luiz José Machado Gomes Guerreiro (1925 - 5.1.2008). Em 1936, entrou no Liceu Camões, tendo, entre outros, como colegas José Cardoso Pires e Jaime Salazar Sampaio. Obra: O Teodolito; Comunidade; O libertino passeia por Braga; Uma Admirável Droga (2001); As Cartas de Pacheco versus Cesariny.

 

Paixão, Pedro

Obra: A Noiva Judia (1992); Boa Noite (1993); PortoKioto (2001); Rosa Vermelha em Quarto Escuro [444](2008)

 

Panguila, António Francisco

(1963-2018) Era licenciado em Ciências de Educação, na especialidade de História, pela Universidade Agostinho Neto, tendo apresentado a tese intitulada "Impacto Histórico-Literário do Ohandanji, 1984/1994".

Foi vencedor, em 1996, da primeira edição do Prémio Literário de Poesia Cidade de Luanda, por ocasião das comemorações do 420.º aniversário da capital de Angola.

 

Pascoaes, Teixeira de

Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos (Amarante, 2 novembro 1877- 14 dezembro de 1952). Advogado muito respeitado. «Somos originariamente uma criação da nossa fantasia, como os demónios e os deuses; e depois começamos a ser um produto do meio, isto é, dos outros (…) Eu que fui um anjo sem o saber sou agora um demónio que se conhece.»[445] Guerra Junqueiro aconselhou a que TP deixasse de fazer versos (obra: Embryões, entretanto rejeitada e queimada). Frequentou Direito em Coimbra, de 1896 a 1901, estabelecendo residência na Rua da Esperança, nº 23. Obra: Embryões (1895); Bello (1896 e 97); Sempre (1898); À Minha Alma (1898)[446]; Terra Proibida (1899); Profecia sobre a guerra dos boers, em colaboração com Afonso Lopes Vieira; Marânus; À Ventura (poemeto, 1901); Jesus e Pan (1903); Para a Luz[447] (1904); Elegias[448] (1912); O Doido e a morte (1913); Livro de Memórias (1927);  São Paulo; Os Poetas Lusíadas; Os Últimos Versos (1953) Epistelário Ibérico; artigos “O espírito lusitano ou o Saudosismo”

Em 1904, Pascoaes foi a Salamanca, onde Eugénio de Castro lhe apresentou D. Miguel de Unamuno, dando origem a uma forte e recíproca amizade.

Amigos: António Patrício; Philéas Lesbegue; Amadeo Souza-Cardoso;

Carta de Fernando Pessoa a Teixeira de Pascoaes, datada de 5 de janeiro de 1914

 

Patraquim, Luís

 Obra: Monção (1980); A Inadiável Viagem (1985); Vinte e Tal Novas Formulações e uma Elegia Carnívora (1991)

 

Patrício, António (-1930). Impressão de Paris, datada de 19 de Julho de 1927, do Hotel Monsigny (près de L’Opéra), e onde o escritor, o homem da carrière, com os seus ditos, o esteta e o dandy emergem de uma impalpável névoa de desencanto: «Todas as relações (…) me receberam com imensa simpatia…

António Patrício, que havia de morrer em 1930, manifesta nas Cartas Inéditas, em tom de desdém, ou mesmo de desprezo, a sua repulsa pelo ascenso da direita, não chegou a ver completamente a face hiante do regime fascista, que só, de todo, assentou arraiais em Portugal com a Constituição de 1932…

Obra: Pedro, o Cru. Texto dramático elogiado por João Gaspar Simões (1982)

 

Pedro, António

 (Pedro) da Costa (Cabo Verde, Praia 9.12.1909- Moledo do Minho, 17.08.1966)[449]. Adopta, por vezes, o pseudónimo de Cristóvão (crítica de arte). Em 1945, incêndio no seu atelier[450], com perda de grande número dos seus quadros. Em Outubro de 1947, participa na fundação do Grupo Surrealista (com F. Azevedo, Vespeira, A. O’Neill, A. Domingues, J.A. França e depois Mário Cesariny e Moniz Pereira). Artista plástico; poeta, dramaturgo, encenador e agente cultural. O alinhamento do poeta com o regime salazarista talvez o tenha prejudicado na memória dos surrealistas, embora também aponte para uma dimensão nova e original.[451] Entre 1960 e 1963, tem um programa quinzenal na televisão: «António Pedro conversa sobre Teatro». Obra: Apenas uma Narrativa (1946)[452]; Teatro-Comédia em Um Acto (1947); Protopoema da Serra d’Arga (1949); Antígona[453] (1954, texto, cenário e encenação no T.E.P.); Pequeno Tratado de Encenação (1962); Teatro Completo (1981).

 

Pedro, Carlos

 Carlos Pedro natural da província de Luanda, licenciado em Línguas e Literaturas Africanas pela faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, é funcionário da sede Nacional do MPLA na área juvenil e exerce o cargo de instrutor do Departamento de Informação e Propaganda do Secretariado Nacional da JMPLA. Obra: Pegadas do Passado (2009).

 

Peixoto, José Luís

 (1974 -). Nascido nas Galveias (Ponte de Sôr). É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (UNL). Escritor e dramaturgo. Obra: Morreste-me[454]; Nenhum Olhar[455]; A Criança em Ruínas (poesia); Uma Casa na Escuridão; A Casa, a Escuridão; Antídoto; Cemitério de Pianos.[456] Em 2008, venceu o Prémio Daniel Faria, herdeiros e Câmara Municipal de Penafiel.

 

Pepetela

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (Benguela, 29 de outubro de 1941 -)  mais conhecido por Pepetela ("pestana" em umbundo), pseudónimo com que assina os livros. É angolano de seis gerações e à sua designou-a "da utopia". Pelo lado do pai, virá da Beira Alta ou da Beira Baixa. Do Brasil (pernambucano), pelo lado da mãe. Esta emigração dos pentavós maternos deve ter sido consequência da independência do Brasil. Em 1843, estes fundavam a cidade de Moçâmedes.

            "Eram portugueses (ou brasileiros, já?) mas "com mistura" (de ciganos, de indianos, de qualquer coisa assim), o que explica aquele tom de pele do escritor que, à primeira vista, nem branco nem preto me pareceu, mas mestiço, assim o "queria" eu para justificar no corpo o imaginário que ele transportava para os seus livros. Livros que tanto devem à mitologia africana quanto subsidiários são da cultura europeia."[457]

            Nascido em Benguela, o escritor afirma-se "furiosamente benguelense", assim acentuando "um certo bairrismo" anti-Luanda, que remonta ao séc. XVII quando aquilo que hoje designamos por Angola estava dividido entre a colónia desse nome e o reino de Benguela. Este separatismo foi protagonizado por Manuel Cerveira Pereira.

            Benguela caracterizar-se-ia pela "frequente mestiçagem de muitas famílias" dedicadas ao comércio, como a sua, pelo tradicional liberalismo da cidade ("foi a única, em todo o Império, onde Delgado ganhou oficialmente as eleições em 1958."

            Em 1958, Pepetela frequentava o 7º ano, alínea F, do Liceu Diogo Cão no Lubango. Tinha então como colega Jonas Savimbi. Como anteriormente tivera como colegas, no Colégio Nuno Álvares, em Benguela, Daniel Chipenda e Jorge Valentim. Não guarda qualquer recordação destes colegas, exceto do padre Noronha, um luso-indiano de Goa, que, em 1958, o terá introduzido na candidatura de Humberto Delgado.

            Veio para Portugal, em 1958, com o objectivo de estudar engenharia, mas acaba por trocar o Instituto Superior Técnico pelo Curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa, apesar de preferir sociologia que não existia.

            Em Lisboa, frequenta, sobretudo, A Casa dos Estudantes do Império, cujo ambiente descreve na 1ª parte de "A Geração da Utopia", onde rememora a greve académica de 1962 (Eurico de Figueiredo, Jorge Sampaio) e a sua fuga ao serviço militar, depois de comprar a licença militar a um sargento por 5 contos. Um conto da sua autoria, “Revelação”, enviado ao concurso literário da CEI com o nome de Artur Pestana dos Santos, mereceu de Urbano Tavares Rodrigues a classificação de “pequena obra prima”. Colabora em MENSAGEM, boletim da C.A.E

            Foi para Paris, em 1962 - viveu 6 meses em Belleville, e ganhava uns francos na Imprimerie Desfossés, varrendo o chão -, onde se enquadrou com a "malta" do MPLA, apesar de só se ter filiado em Argel. Em Paris deve ter lido toda a obra de Boris Vian, e ainda Gide, Vaillant e Malraux.

            Em Argel, licenciou-se em sociologia, em 5 anos. Trabalhou na elaboração de uma "História de Angola" e dum "Manual de alfabetização". Aqui, foi um dos efémeros fundadores do efémero Centro de Estudos Africanos.

            Seis anos depois de ter chegado a Argel regressa a Cabinda como "guerrilheiro" e escritor[458]. A Literatura foi um dos motivos que o levou à guerrilha[459].

            Durante os cinco anos que participou na luta armada, começou por escrever o seu primeiro romance, As Aventuras de N’Gunga, uma obra sem valor literário, destinada à doutrinação política das crianças angolanas. Depois, escreveu, de noite, MAYOMBE, e dedicou-se ao trabalho de educação e organização das populações, transformando-se num quadro político-militar. Primeiro em Cabinda, e desde 1972, na Frente Leste (comandava um grupo de combate de sete homens).

            Em 1974, após a revolução de abril, integrou a primeira delegação oficial do MPLA a desembarcar em Luanda, e logo a seguir em Benguela. Em novembro de 1974, temo-lo em Luanda a instalar a primeira delegação do MPLA na capital de Angola. À beira da independência, ele era o responsável pela Educação e pela Orientação política do MPLA.

            Com a independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, Pepetela foi nomeado vice-ministro da educação, cargo que exerceu até 1980, o mesmo ano em que publicou MAYOMBE. Este romance só foi publicado porque Agostinho Neto, antes de falecer, defendeu publicamente um romance que ousava denunciar as divisões étnicas e raciais no seio do MPLA.

" Quando o exército sul-africano desfez o exército angolano e conquistou Benguela, apanhei duas doenças providenciais: uma hepatite deixou-me fora de combate, ao mesmo tempo que casava (com Filomena, em 1975). Se não fosse isso, agora estaria morto." [460] "Até 1980, havia escolas nos sítios mais recuados do país, onde nem havia militares, polícia ou administrador local. Os livros escolares eram distribuídos gratuitamente. Um milhão de adultos estava alfabetizado."[461]

Prémio Camões 1997. Júri: Óscar Lopes, António Alçada Baptista, Fernando. J. B. Martinho, Nélida Piňon, Eduardo Portela, Carlos Nejar.

Publicou Predadores em 2005. Este livro quer romper com os dois policiais anteriores. O autor considera que há uma «ligação» entre Predadores, A Geração da Utopia (1992)[462] e Mayombe. Em Predadores, «o meu objectivo era descrever o grupo social que dá o título ao texto.»[463] À pergunta «O que é a cultura angolana?» Pepetela responde: «É uma multiplicidade de culturas, quase que padronizadas por uma matriz ocidental, poderia dizer isto assim, que é a cultura oficial, que acaba por ser a cultura dominante. Mas com base em culturas localizadas até no espaço e múltiplas. Forçosamente tem de haver diferenças e tensões.»

Princípios a reter: «Procuro que a minha literatura reflicta o que as pessoas sentem em Angola no momento em que escrevo (…) Hoje a palavra corrupção já nem tem grande significado em Angola. No fundo toda a gente o é, de uma forma ou de outra. Digamos que se perdeu a noção de trabalho para o bem comum, da preocupação com o que é de todos. (…) A Angola precisa de um mito criador que faça as pessoas pensarem ma nação. Mas primeiro têm de resolver o problema da barriga.» (Expresso, 12.07.1997)

(…) «Qualquer mestiçagem é uma riqueza.» DN, 7.10.1990

Entrevistas: a Maria Teresa Horta[464]

Obra: Muana Puo[465] (1969); As Aventuras de N’Gunga (); Mayombe (1980); O Cão e os Caluandas (1985); Yaka (1985); Lueji, o nascimento de um império (1990)[466];  A Geração da Utopia (1992); O Desejo de Kianda (1995); Parábola do Cágado Velho (1997); Predadores (2005); O Quase Fim do Mundo (2008); A Planície e a Estepe (2009);   

 

Pereira, Ana Teresa. Obra: Até que a morte nos separe;

 

Pereira, Aristides – Uma luta, um partido, dois países, ed. Notícias, 2002.

 

Pessanha, Camilo

( - Macau, 9 /3/1926). Em 1894, Pessanha partiu para Macau, para ser professor no liceu local. – Um exemplo de integração numa cultura estrangeira[467] – a chinesa -, que, enquanto poeta, viveu e morreu português. Obra: Clepsidra (1920). A maioria dos poemas que constituem esta obra foi escrita em Portugal ou nos períodos que cá passou. A poesia de Camilo Pessanha, independentemente do ascendente musicalista de Verlaine, repete a lição do nosso pastoralismo medieval (serranilhas e pastoreias).[468]

 

Pessoa, Joaquim Maria (22-02-1948 - 17-4-2023) Poeta. Obra: O Pássaro no espelho (1975); Poemas de Perfil; Amor Combate[469] (1977); Canções de Ex-Cravo e Malviver (1978); Português Suave (1979); Os Olhos de Isa (1980); Os Dias de Serpente (1981); O Livro da Noite (1982); Antologia (1982). A obra publicada permite acompanhar de perto o pulsar de Abril…

 

Piedade, Ana Nascimento

 (1954 -)[470]. Ironia e Socratismo em A Cidade e as Serras[471];

 

Pimenta, Alberto (Porto, 26-12-1937 - )

Discurso sobre o filho-da-puta (1977) / Discurso sobre o filho-de-deus· (2000). Uma parte da sua obra integra-se no movimento da poesia experimental (Ernesto de Melo e Castro; Ana Haterly); O Silêncio dos Poetas (ensaio, 1978). O lema do filho-da-puta é amar a humanidade em geral e odiar toda a gente em particular. O lema do filho-de-deus: que nada de velho se perca, que nada de novo se crie, que nada de novo ou velho se transforme.

 

Pina, António Manuel (Sabugal, 18-11-1943 – Porto, 10-10-2012) [472]  Jornalista. Obra:  O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973); Os Gigões e Amantes (1974); Ainda não é o princípio do mundo, Calma, É Apenas Um Pouco Tarde (1974); Um Sítio Onde Pousar a Cabeça (1991); O Anacronista (1994); Poesia Reunida[473]; Porto Modo de Dizer (2002); Os Papéis de K[474] (novela, 2003); Por outras palavras & mais crónicas de Jornal;

 

Pinto, António Costa

 Obra: Os Camisas Azuis – Ideologia, Elites e Movimentos Fascistas em Portugal: 1914, 1945[475]. Temas: Rolão Preto (1893-1977) – conspira contra a república; exílio; contacta com “moderado” Maurras e com o pró-fascista Valois; leu Sorel com o consequente elogio da violência – Os camisas azuis, entre 1932 e 35, detiveram algum poder, só que Salazar recusava-se a partilhar o poder[476]Rolão Preto sentia-se pronto para responder ao apelo do Conde de Monsaraz e do futuro surrealista António Pedro. A Hora![477] “Quando sobreveio a Guerra Civil de Espanha, Rolão Preto pediu silêncio às suas debilitadas tropas, em nome da união sagrada contra o comunismo. Entretanto, Rolão Preto participou nas campanhas eleitorais para a Presidência da República, ao lado de Norton de Matos (1949), de Quintão Meireles (1951)e Humberto Delgado (1958). Colaborou com o Partido Popular Monárquico depois do 25 de Abril.[478] Temas: O Integralismo Lusitano teve sinal na revista “A Alma Portuguesa[479]” em Louvain, em 1913. Ergueu-se contra a República.

 

Pinto, Fernão Mendes. Terá nascido por volta de 1510 em Montemor-o-Velho. Partiu para a Índia em 1537. Regressa em 1568. Faleceu na quinta do Pragal, em 1583.Obra: Peregrinação (1614). A versão castelhana, da autoria de Herrera Maldonado, foi a que correu mundo… O estilo de FM Pinto seria mais oral do que escrito![480]

 

Pires, Jacinto Lucas ( ) revelação literária em 1996. Obra: Universos e Frigoríficos (1997)[481];

 

Pires, José Cardoso (2.10.1925 – 26.10.1998). José Cardoso Pires nasceu em São João do Peso, Castelo Branco, filho do oficial de Marinha José António Neves e de Maria Sofia Cardoso Pires Neves. Entre 1935 e 1944 faz os estudos secundários no Liceu Camões e frequenta Matemáticas Superiores na Faculdade de Ciências de Lisboa, sem, todavia, concluir o curso[482]. “O Rapaz de Lisboa”, segundo António Lobo Antunes[483]. Obra:  Salão de Vintém (1945-46); Caminheiros (1949)[484]; Histórias de Amor (contos, 1952) Lavagante[485]; O Anjo Ancorado (1958)[486]; O Render dos Heróis (1960); Jogos de Azar (1963; 1993); O Hóspede de Job (1963); O Delfim(1968)[487]; Dinossauro Excelentíssimo (1972); E Agora, José (ensaio, 1977); Balada da Praia dos Cães (1982); Alexandra Alpha (1987); Lisboa, Livro de Bordo (1994);  A República dos Corvos[488]; De Profundis, Valsa Lenta[489] (1997);

 

Pitta, Eduardo (Lourenço Marques - ) Obra: Persona[490](2000).

 

Pomar, Júlio. Pintor e poeta. Não gosta da palavra oral, «porque, se há alguma coisa que me caracterize, é o voltar atrás, é o repensar.» Cresceu num universo feminino, sem pai. Vive 1º nas Janelas Verdes; mais tarde, nas Avenidas Novas. Aos 8 anos, começou a frequentar as aulas de desenho livre na Escola António Arroio. Aluno do Liceu Camões. Desiste de Belas-Artes. Na sua 1ª exposição, Almada Negreiros compra-lhe um quadro[491]. Muda-se para o Porto. Convive com o Vespeira, o Fernando Azevedo. Conhece também Dórdio Gomes[492]. Envolve-se no MUD[493] juvenil, o que lhe vale um processo. Por outro lado, a sua ligação ao neorrealismo é assumida – ver quadro O Almoço do Trolha. Tem 20 anos, casa-se. Do período passado no Forte de Caxias datam os seus primeiros desenhos de retrato. Foi demitido do lugar de professor de desenho no Ensino Técnico, porque um retrato que fizera de Norton de Matos (campanha para a PR) lhe trouxe grande popularidade. Em 1963, mercê de uma 3ª ligação afectiva parte para Paris. Em 1969, inicia a série de retratos. Com o 25 de Abril, participa numa pintura colectiva com a qual 18 artistas celebram a queda do regime. Obra: Alguns Eventos; Da cegueira aos pintores. Numa entrevista à Pública ( 22 de Setembro de 2002) J. P. disse: «O retrato é sempre um resultado de uma relação, diria, não de dois mas de três: eu como observador, o modelo e o quadro.» Pintores preferidos: Cézanne; Velásquez; Goya.

 

Proença, Raul

(1884 - )  Um dos fundadores da Seara Nova. Alma Nacional;

 

Quadros, António Gabriel de Quadros Ferro

(Lisboa, 1923 - 21.03.1993) – Filho de dois escritores, António Ferro e Fernanda de Castro. Licenciado em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1948. Professor, pensador[494], ensaísta, romancista. Tradutor de L’Étranger, de Camus. Organizou com Branquinho da Fonseca e Domingos Monteiro o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian (1958-1981), tendo sido um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Escritores[495] (1957). Foi um dos fundadores do IADE, instituto de que foi diretor. Dirigiu a Biblioteca Breve do ICALP. Fez parte de um grupo de portugueses que se exprimiu no Jornal 57, de que foi diretor.[496] Foi um dos fundadores e diretores das revistas Acto, 57, Espiral.

Obra: Além da Noite (poesia, 1949), Imitação do Homem (poesia, 1966), Anjo Branco, Anjo Negro (ficção, 1960), Histórias do Tempo de Deus (conto, 1965)[497], Uma Frescura de Asas[498] (romance 1991); Pedro e o Mágico (literatura infantil); A Angústia do Nosso Tempo e a Crise da Universidade (ensaio, 1956) Modernos de Ontem e de Hoje; A Existência Literária (1969), Crítica e Verdade (1964), Ficção e Espírito (1971); O Espírito da Cultura Portuguesa (1967);O Movimento do Homem (ideias, 1963); Introdução à Filosofia da História (1982) Portugal entre Ontem e Amanhã (1976); A Arte de Continuar Português (1978); Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista (1982-83, 2 vol.); A Filosofia Portuguesa de Bruno à Geração de 57; O Primeiro Modernismo[499] Português - Vanguarda e tradição; Fernando Pessoa, Vida, Personalidade e Génio (1981)[500]; A Ideia de Portugal na Literatura Portuguesa dos Últimos 100 anos.; Estruturas Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa (1993)[501]; Portugal, Razão e Mistério; Memória das Origens, Saudades do Futuro.  Teses: a) Mensagem não é um poema nacionalista só entendido por portugueses – transmite, sim, arquétipos universais. b) Fernando Pessoa veio dar expressão literária e poética a uma das conquistas da modernidade: o inconsciente, a procura do si, o facto de revelar que em cada ser humano existem muitas outras vozes, que não só a máscara social. Ora isso revela-se através da heteronímia.

Sobre o pai, António Ferro: «não me é fácil falar de uma pessoa que foi meu pai. Penso que meu pai veio republicanismo na sua juventude, desiludiu-se da República e entusiasmou-se com a figura de Sidónio Pais. Quando aparece a figura do Salazar e ele lhe faz as famosas entrevistas embala-se com a sua imagem. Muita gente pensa que a acção de António Ferro se subordinava aos interesses do regime. Não concordo. Aproveitou a oportunidade para lançar uma obra cultural, misto de cosmopolitismo e portuguesismo, vanguardismo e tradicionalismo.» [502] 

António Nobre pertence à geração daqueles que, depois do Ultimatum (1890), procuraram contribuir para uma regeneração do Ser Português. Não é um activista como Guerra Junqueiro ou Sampaio Bruno. Através da saudade procura contribuir para uma consciência dos valores pátrios. Antero foi mais interventor e activista, enquanto António Nobre evocou nostalgicamente a regeneração de Portugal.

 

Quadros[503], António Augusto Lucena

 (Viseu, 1933 – Viseu, 1994) – Pintor e Poeta.[504] Diplomado em pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde foi docente. Em 1958-59, seguiu os cursos de gravura e pintura a fresco na Escola de Belas-Artes de Paris. Obra: 40 sonetos de Amor e Circunstância e uma Canção Desesperada· (1968); O Morto (1971); A Arca, (1971); Laurentinas, (1971); Quybyricas·, (1972); Eu, o povo (1974?)[505]; Facto-Fado (1986); O Povo em nós[506] (1991); Pintor, está representado no Museu da Gulbenkian e em Moçambique. Foi cantado por José Afonso ou Amélia Muge. «A lenda dizia: Mutimati Barnabé João foi um guerrilheiro, que morreu de armas na mão. Entre o cantil e o bornal, sobrou-lhe “Eu, o povo”. Não há menino que se tenha sentado nos bancos da escola que não conheça os versos de Mutimati. Todos aprendemos a gramática da cidadania com a sombra do combatente mítico. Mais tarde, soube que aqueles hieráticos poemas tinham saído do coração de António Quadros, português, pintor de murais na praça de Moçambique e encantador fabuloso nas diversas pessoas que faziam a sua pessoa.»[507]

 

 

 

Ramos, Wanda (Dundo, Angola, 1948 - Lisboa, 1998). Formação em Germânicas – tradutora, professora do ensino secundário, poetisa e romancista. Obra: Litoral[508] (1992)

 

Redol, Alves

 (1911, 29/12-1969, 29/11) Nasceu a 29 de Dez. de 1911 em Vila Franca de Xira, numa família modesta. Trabalhou sucessivamente como marçano, empregado de escritório, vendedor de pneumáticos, encarregado de publicidade e gerente de tipografia. Com 16 anos (1927), foi para Luanda em busca de trabalho, aí sobrevivendo como professor de taquigrafia, explicador, empregado dos Serviços da Fazenda e, de novo, empregado de escritório. Regressa à terra natal três anos mais tarde. Foi membro activo do MUD (Movimento de Unidade Democrática). O início do neorrealismo é habitualmente datado pela publicação do romance “Gaibéus” em 1939. No entanto, nessa época os “neo-realistas” eram influenciados pelo realismo lírico de Jorge Amado que descrevia as vicissitudes e aspirações dos pobres e os abusos  e a cupidez dos ricos. Obra: Gaibéus (1939);  Avieiros (1943) Fanga;  Uma Fenda na Muralha,  Ciclo “Port-Wine” (1949-53);  Olhos de Água;  Barca dos Sete Lemes (1958) Barranco de Cegos.

Na sua obra, a reportagem faz sobressair o retrato decalcado na realidade.

 

Régio, José

 (1901-1969)[509]Obra: Poemas de Deus e do Diabo (1925); Biografia (1929); Jogo da Cabra Cega (1934); Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941);O Príncipe com Orelhas de Burro (1942); As Encruzilhadas de Deus (1936); Fado (1941); Mas Deus é Grande (1945); Histórias de Mulheres (1946); A Chaga do Lado (1954); A Velha Casa ( de 1945 a 1966 – 5 partes); Cântico Suspenso(1968); Três Peças em um Acto; Benilde; Confissão de um Homem Religioso; Cântico Negro; Filho do Homem (1961); Há Mais Mundos (1962); Música Ligeira (1970); Colheita da Tarde (1971)  [510] “Este autor não é visto como algo da época – quando os neorrealistas defendiam um poesia social ele contrapunha uma poesia do eu, introspetiva. Essa é a primeira machadada na literatura do Régio. A 2ª machadada surge uma nova geração nos anos 60, com nomes como Ruy Belo, mas que o veem como um autor ultrapassado, com uma temática circunscrita à religião[511].

 

Resende, Sebastião Soares de

 (Milheirós de Poiares, 1906-1967) Bispo que abalou o colonialismo. O primeiro bispo da Beira (Moçambique). Chegou a Moçambique a 30 de Novembro de 1943. Obra: Profeta em Moçambique (pastorais dirigidas à diocese). Ver: Carta Hora Decisiva para Moçambique (1953) [512]; Carta Moçambique na Encruzilhada

(Dezembro de 1958 – ano das eleições a que Humberto Delgado concorrera.)[513]. Consegue a implantação do ensino secundário na cidade e reclama liberdade de acção para a Igreja Católica e para o jornal que ele próprio criara, o Diário de Moçambique. Para além de censurado, o jornal chega a ser suspenso. Manuel Vieira Pinto suceder-lhe-á, em 1967, como bispo de Nampula. Este tinha sido formado por D. António Ferreira Gomes (1906-), no seminário do Vilar (Porto).

 

REVISTAS

 

  • A Sementeira: (artigo de João Freire, Análise Social)

Revista anarquista do arsenalista Hilário Marques (proprietário e diretor). A revista de propaganda e doutrina anarquista mais duradoura do primeiro quartel do século XX” a obra-prima de Hilário Marques”.

Revista mensal que ocupa lugar importante na imprensa libertária (de set. 1908 a agosto 1919; suspensa entre março 1913 e dez 1915)

Nesta revista:

·         A ideologia prima sobre a política

·         O doutrinário sobre o analítico

·         A formação sobre a informação

·         O texto sobre a imagem

Colaboradores

José Luís

Ismael Pimentel

Neno Vasco (Dr. Nazianzeno de Vasconcelos)

Emílio Costa

César Porto

Bento Faria

Avelino de Sousa

João Branco

Adolfo Lima

 

- Valha-me a consolação de que os nomes estão trocados. Há ladrões que são honrados, mas o «honrado» é ladrão.

 

  • Almanaque. Diretor, José Cardoso Pires; editor e financiador, Figueiredo de Magalhães; redatores, Augusto Abelaira, Sttau Monteiro, José Cutileiro, Vasco Pulido Valente, Alexandre O’Neill e Baptista Bastos. 1960.
  • A Arte.
  • A Geração Nova.
  • Boémia Nova (Coimbra, 1889). Simbolismo. Colaboradores: António Nobre
  • Intermezzo.
  • Nova Renascença. XII volume – O comunismo em questão e a cultura em causa. Um dos documentos é de José Régio, Cartas Intemporais do Nosso Tempo (dirigidas a Álvaro de Cunhal, publicadas na Seara Nova em 1939, entre as cinzas da Guerra Civil Espanhola e as labaredas da Segunda Guerra Mundial.[514]Para Cunhal, «a poesia de Régio exalta uma posição (e até uma atitude) condenável, fracassada e decadente. Por isso deve ser combatida.» Para Régio, havia homens e não partidos. Outro documento é de Eduardo Lourenço, Do Comunismo (Português) como Cultura – a especificidade do nosso comunismo foi a do seu ‘nacionalismo’.
  • Os Insubmissos (Coimbra, 1889). Simbolismo.
  • Os Novos.
  • Revista Ilustrada[515]
  • Távola Redonda – revista literária (1950): veículo de uma alternativa à literatura empenhada, de realismo social, defendendo uma arte autónoma. Dela fizeram parte: David Mourão-Ferreira; Luís de Macedo; António Manuel Couto Viana; Alberto Lacerda; Ruy Cinatti.

 

Ribas, Óscar Bento (Luanda, 17.08.1909 – Lisboa, 19.06.2004)[516] Filho de Arnaldo Gonçalves Ribas, português, e de Maria da Conceição Bento Faria, angolana, natural de Luanda. Fez os estudos primários e secundários no Seminário da capital, que também ministrava ensino liceal em regime de externato, onde em apenas dois anos de escolaridade concluiu o 5º ano. Em Portugal, por curto período, estuda aritmética comercial e depois regressa a Luanda para se empregar na Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.
Residiu por curtos períodos nas cidades de Novo Redondo (atual Sumbe), Benguela, Ndalatando e Bié. Aos 22 anos de idade, em Benguela, nele se manifestaram os primeiros sinais da doença que década e meia mais tarde o levaria à cegueira definitiva, aos 36 anos de idade, o que não o impediu de construir uma obra pioneira de grande rigor literário e etnográfico, premiada internacionalmente, que só a morte travou. Iniciou a sua atividade literária nos tempos de estudante do Liceu, começando por publicar as novelas Nuvens que Passam (1927) e Resgate de Uma Falta (1929). A seguir traz a público “Flores e Espinhos”, “Uanga” e “Ecos da Minha Terra”, dados à estampa entre 1948 e 1952. Seguiram-se depois as obras que exploravam a matriz filosófica, literária e religiosa da cultura kimbundu: “Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos” e “Misoso”, (1961, 1962, 1964), esta última em três volumes.
“Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba - Associativismo e Recreio” (1969), “Sunguilando - Contos Tradicionais Angolanos” (1967 e 1989), “Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973), “Tudo Isto Aconteceu – Romance Autobiográfico” (1975), “Culturando as Musas” (1992, poesia) e “Dicionário de Regionalismos Angolanos”, estes dois livros já publicados em Portugal, completam a sua obra escrita.
Óscar Ribas foi homenageado com diversas condecorações e títulos honoríficos em vários países do Mundo, tendo sido distinguido em Angola com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Humanas.
A
s suas cinzas repousam em Luanda no Cemitério do Alto das Cruzes.
JS

 

Ribeiro, Aquilino

 (Carregal de Tabosa, 13.09.1885 – Lisboa, 7.05.1963). Vive em Lisboa a partir de 1906, envolvendo-se na agitação contra a monarquia. Em 1907, é preso, mas evade-se. Entre 1908 e 1914, vive entre Paris e Berlim (?). Com a eclosão da 1ª guerra mundial, volta a Lisboa. Obra:

 

Ribeiro, João Ubaldo (Brasil)

 

Ribeiro, António Pinto. Programador cultural. Obra: Ser Feliz é Imoral? (ensaio, ed.cotovia). Estudou Filosofia ( o corpo, a dança, a Culturgest)

 

Roberto, Holden (1924- 2 de Agosto de 2007). Dirigente nacionalista angolano desde 1954, com a fundação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), uma organização de matriz baconga, que mais tarde foi designada de UPA. A sua grande acção teve início no dia 15 de Março de 1961, no Norte de Angola, com o assalto às fazendas do café e a morte indiscriminada de colonos brancos e trabalhadores negros bailundos. Em 1962, criou a Frente Nacional de Libertação de Angola, da qual se tornou presidente. Esta organização constituiu o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios Estrangeiros.

 

Rodrigues, Armindo (1904-1993). Médico e poeta ligado à corrente neorrealista desde o seu primeiro livro (Voz Arremessada ao Caminho, 1943). Ergueu ao longo de cinquenta anos de poesia uma Obra Poética que, no conjunto dos dezoito volumes, se impõe na fulgurância da sua expressividade e merece ser lida e relida sob outros olhares, não só na perspectiva do próprio alinhamento ideológico, que desde longe se revelou coerente e firme pelas linhas cruzadas de atitudes e posições bem próximas do neorrealismo poético dos anos 40 e 50, mas sobretudo pela importância literária de que toda ela se reveste ou, como afirmara Óscar Lopes, ser o Poeta de Quadrante Solar, "adentro do neo-realismo, um atualizador de velhas tradições, sobretudo lírico-epigramáticas e sentenciárias". Ou no sentido dialético de sempre inquirir a realidade social e humana que o rodeava, sabermos ainda que na vida e na poesia sempre Armindo Rodrigues ergueu a sua voz, falou alto e com justiça, participou corajosamente no acto de emendar o rumo da História que, como poucos de nós, viveu por dentro nas linhas cruzadas da própria vida e do tempo que lhe coube viver:

 

Toda a justiça é injusta, porque julga,

toda a ordem desordem, porque impõe,

toda a verdade errada, porque muda.

 

Rodrigues, Urbano Tavares[517]

(Lisboa, 6.12.1923 – 9.08.2013 ) Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, onde também se doutorou com uma tese sobre Manuel Teixeira Gomes. Casou em 1949 com a escritora Maria Judite de Carvalho[518]. Foi jornalista e redator de publicidade. Professor na Faculdade de Letras de Lisboa e na UAL. Também lecionou em Montpellier e em Aix-en-Provence (1951-52), assim como no Instituto de Estudos Portugueses e Brasileiros, em Paris. Regressa a Portugal em 1955. Em 1959, é afastado da Faculdade de Letras, por motivos políticos A partir de 1961, foi preso por 3 vezes. Em outubro de 1969, candidatou-se, pelo Círculo de Beja, às eleições legislativas. Voltou a casar a 19 de setembro de 2002. Deste casamento tem um filho, António.  Obra: A Porta dos Limites (1952); Vida Perigosa (1955); A Noite Roxa (1956); Uma Pedrada no Charco (1958)[519]; Bastardos do Sol (1959); As Aves da Madrugada (1959); Nus e Suplicantes (1960); Os Insubmissos (1961); Exílio Perturbado (1962); As Máscaras Finais (1963); De Florença a Nova Iorque (1963); Terra Ocupada (1964); Dias Lamacentos (1965); Imitação da Felicidade (1966)[520]; Despedidas de Verão (1967); Casa de Correção (1968); Horas Perdidas (1969); Contos da Solidão (1970); As Torres Milenárias (1971); Estrada de Morrer (1972); Dissolução (1974); Viamorolência (1976); As Pombas são Vermelhas (1977); Desta Água Beberei (1979); Fuga Imóvel (1982)[521]; Oceano Oblíquo (1985); A Vaga de Calor (1986)[522]; Filipa Nesse Dia[523] (1989); Violeta e a Noite (1991);[524]  Deriva (1993); A Hora da Incerteza (1995); O Ouro e o Sonho (1997)[525]; Vida Perigosa; Nunca Diremos Quem Sois (2002)[526]; Tradição e Ruptura (ensaios); Ao Contrário das Ondas (2006)[527].

 Em 1963, U.T.R. foi proibido de lecionar (Colégio Moderno). Foi chefe de redação do semanário “Artes e Letras”. Doutorou-se em 1984 com uma tese sobre Manuel Teixeira Gomes. Em 2003, U.T.R. foi homenageado na cooperativa Árvore, no Porto[528] - tema: «O intelectual empenhado no limiar do século XXI» No encerramento, participaram Miguel Veiga, José Barata Moura e Mário Soares.

 

Romano, Luís Madeira de Melo[529]

(Cabo Verde, Santo Antão, 10.06.1922 – Brasil, 22.01.2010). Viveu grande parte da vida em Rio Grande do Norte (Brasil). Obra: Os Famintos (romance); “Negrume Lzimparin” (poemas); Ilhéu (1991). O espólio literário foi doado à Universidade Potiguar (UNP), na cidade de Natal (nordeste do Brasil).

 

Rosa, António Vítor Ramos[530]

 (Faro, 17.10.1924 – Lisboa, 23.9.2013). Fez estudos liceais no Algarve (Faro, até ao 6º ano do Liceu) e trabalhou como empregado de escritório, atividade que abandonou, sendo explicador e tradutor (durante mais de 20 anos), crítico. Foi corresponsável pela edição das revistas: Árvore; Cadernos do Meio-Dia. Foi um elemento activo do MUD Juvenil, tendo sido presidente da Comissão Distrital de Faro. Esteve 3 meses preso no Aljube por ter subscrito um manifesto por ocasião da comemoração do 5 de Outubro de 1947. Considera-se um antifascista genuíno, simpatizando com a democracia directa. Entende a poesia como forma de conhecimento, como arte do impossível, um acto fundador, para dissipar o que está escrito[531]. Em 1971, Ramos Rosa rejeita o Prémio Nacional de Poesia, concedido ao livro “Nos Seus Olhos de Silêncio”, porque se aceitasse entraria no jogo de compromisso com o fascismo.[532] Quanto às influências de João Cabral de Melo Neto, considera-as muito pequenas[533]. É de 1958, o seu poema «O funcionário cansado”: / Sou um funcionário apagado / um funcionário triste / Obra: Grito Claro (1958); Viagem através duma Nebulosa (1960); Poesia, Liberdade Livre (ensaio, 1962); Ocupação do Espaço (1963); Construção do Corpo (1969); Nos seus olhos de silêncio (1970); Não Posso adiar o Coração (1975); As Marcas no Deserto;[534]  Gravitações (1983); Incisões Oblíquas (ensaio, 1988); Acordes[535] (1989)[536]; Pátria Soberana (2001); Os Volúveis Diademas (2002), ed. Ausência; Em 1988, recebeu o Prémio Pessoa pelo conjunto da sua obra. Pensamento A. Ramos Rosa: «a prática poética ou artística é sempre um fenómeno social que só se justifica e identifica pela sua inerente capacidade subversiva.»[537] Em entrevista a Antónia Sousa[538] dá conta da sua arte poética: Sou mais um poeta da imanência do que da transcendência. (…) Não tenho nenhuma perspectiva religiosa na minha poesia. Escrevo diariamente… como um trabalho, como um exercício… Eu penso que há uma tendência regressiva no homem, para voltar ao estádio de perfeita integração na matéria inorgânica;

Outras palavras-chave: o verde é uma indicação, uma forma, pujança, o que há de germinal na natureza, no mundo. O branco, talvez por eu ser algarvio; é a plenitude do vazio; ausência e presença – duas outras palavras-chave. A poesia não tem a possibilidade de ser reduzida por uma linguagem analítica ou conceptual. Acabei por me desenvencilhar do surrealismo e do neorrealismo iniciais…

 

Rosa, Luís. Obra: O Claustro[539] do Silêncio[540], (2002) ed. Presença;

 

Rovisco, Miguel (Lisboa, 9.12.1959 – Lisboa, 3.10. 1987 - suicídio). Católico devoto. Pensou entrar para o seminário em 1986 (?). Estudou no Liceu Pedro Nunes. Escondia-se na leitura: Eurípedes, Gil Vicente (utilizará mais tarde o pseudónimo Vicente Gil…) Lope de Vega e Racine. Apreciava Herculano e venerava Garrett.  Anónimo funcionário da edilidade lisboeta. Prémio Secretaria de Estado da Cultura 1986 com Trilogia Lusitana. Escreveu mais de vinte peças. Obra: O Bicho (1984); Cobardias (série RTP – escreveu argumentos e diálogos); Um Homem para Qualquer Pátria, incluído na Trilogia dos Heróis; Quatro Entremezes e Dois Dramas Breves; A Infância de Leonor Távora (1985); A Lua Desconhecida (adaptação de A Queda de Um Anjo); O Tempo Feminino (1985); A História de Tobias; Uma Família Portuguesa (1985); O Arco de Santana (1986); O Homem da Pluma Azul; Uma Comédia de Quinhentos (adaptação de Vilhalpandos, de Sá de Miranda); O Homem dentro do Armário; Esta Coisa da Vida (destruiu-a); Mulheres Infelizes e Velhos e Mefistófeles (destruídas); O ano de 1641 (1987); A Felicidade do Jovem Luciano; Os Patriotas (o seu testamento como teórico do teatro…); Casamento e Morte (que termina com um suicídio)

Como dramaturgo, o seu objectivo era: um uso correcto da memória.

 

Ruben A. - Alfredo Andresen Leitão

 (Lisboa, 26/5/1910 – Londres, 26/9/1975) Cresceu no Porto, em casa da avó materna, onde brincava com a sua prima direita, Sophia de Mello Breyner Andresen. Obra: Caranguejo[541] (romance, 1954); Sargaço e Páginas III (1956); Contos e Páginas IV (1960); Um Adeus aos Deuses – Grécia (1963); O Mundo à minha Procura: Autobiografia (1964); A Torre da Barbela (1964); O Outro que era eu (novela, 1966); O Mundo à Minha Procura II (1966); Inventário dos Chafarizes Portugueses (1967); O Mundo à Minha Procura III (1968); Silêncio para 4 (romance, 1973); Kaos (romance escrito em 1974 e apenas publicado em 1981).

 

Rui, Manuel

  (Angola, 1941- ) Jurista de formação. Ativista político do MPLA. Obra: Quem Me Dera Ser Onda (1982); Crónica de um Mujimbo (1989); 1 Vivo & os Mortos (1993)

 

Saa, Mário Paes da Cunha (18.6.1893(?) – 1971). Publicou textos nas revistas Athena e Contemporânea (de Fernando Pessoa) e na revista Presença. No DN de 8 de setembro, João Gaspar Simões arruma a poesia de Saa ao lado da de Almada Negreiros e da de António Ferro, exemplos de cultores da poesia sensacionista. Temática: a doença. Textos conhecidos: Poemas da Razão Matemática (1924) e Versos Frios, ambos publicados na revista Athena. [542]

 

Sakala, Alcides - Memórias de um Guerrilheiro[543]

 

Salema, Álvaro (Viana do Castelo, 1914 – 1991). Crítico literário, tradutor e divulgador[544]. Na Faculdade de Letras de Lisboa, dirigiu a revista Momento. A sua atividade literária teve início em 1933, ao tornar-se crítico e ensaísta na revista Seara Nova. Redator-principal do Jornal do Comércio, passou depois para o Diário de Lisboa onde foi, durante 10 anos, responsável pelo suplemento literário. Em 1968, abandonou este jornal para refundar a Capital, onde foi responsável pelo suplemento literário. Obra: Variações sobre Dom Quixote e o Ideal Quixotesco (1965); Trinta Anos da Novelística Portuguesa (1974); Antologia da Ficção Portuguesa Contemporânea (1979).

 

Salvador, Paulo – Era uma vez… Angola; Recordar Angola (I); Recordar Angola (II).

 

Salústio, Dina –

 

Sampaio, Ernesto (1935-2001) escritor e tradutor. Surrealista.  Obra: Cadáver Esquisito (1956); Luz Central (1958); A Antologia do Humor Português (1969); Para uma Cultura Fascinante (1959); A Procura do Silêncio (1986); O Sal Vertido (1988); Feriados Nacionais e Ideias Lebres (1999); Fernanda (2000)[545];

 

Sampaio, Jaime Salazar (Lisboa, 5.5.1925-2010) Teatro Completo 1997: Aproximação (1945[546]); O Pescador à Linha (1961)[547]; Os Visigodos (1968); Junto ao Poço (1971); A inauguração da estátua (1974); Conceição ou O crime Perfeito (1979)[548];  Desconcerto (1980); Fernando (Talvez) Pessoa (1982); Magdalena Lê Uma Carta (1984); Olá, Fernando (1988). 5 livros de poesia: Em Rodagem, 1949; Poemas Propostos (1954); Palavras para um Livro de Versos; O Silêncio de um Homem; O Viajante Imóvel[549] (1979); O Poço;

 

Sanches, Vicente (Alcains, 7.06.1936 -). Professor de Filosofia e dramaturgo. Obra: Teatro (edição de autor)[550], de que se destaca a peça O Passado e o Presente, aproveitada como texto de uma montagem cinematográfica de Manuel de Oliveira. A Birra do Morto (1973) será provavelmente a obra que teve mais sucesso. Um comediógrafo da escola de Pirandello, Ionesco, Adamov

 

 

Santo, Alda do Espírito (São Tomé, 1926 – Lisboa, 2010) Colaborou na coletânea «Poetas de S. Tomé e Príncipe» (CEI, 1963). Obra: É nosso o solo da Terra (1978).

Alda Espírito Santo nasceu na cidade de São Tomé no dia 30 de Abril de 1926 e na juventude esteve ligada aos movimentos nacionalistas africanos. Exerceu, já depois da independência, cargos nacionais, tendo sido ministra da Educação, da Informação e da Cultura. Actualmente, é presidente da União dos Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe.

A poetisa de S. Tomé e Príncipe, Alda Espírito Santo publicou, pela editora Acácia Rubra, do Centro Cultural Português, um novo livro - "Mataram o Rio da Minha Cidade".

O tótulo faz alusão à morte do rio que atravessa a cidade de São Tomé e que, no passado, como refere o jornal Téla Nôm, "foi cenário para histórias de muitas vidas, com mulheres que, de manhã e de tarde, lavavam a roupa da família, e crianças que viram a luz do dia enquanto as mães, já no final da gravidez, se esforçavam na lavagem de roupa".

Ainda de acordo com o Téla Nôm, numa peça assinada por Abel Veiga, "até os cânticos que animavam o rio desapareceram, dando lugar ao silêncio assombroso de muros de betão".

A obra de Alda Espírito Santo simboliza a realidade são-tomense, lembrando o rio Água Grande, agora poluído, e que deu nome ao distrito mais populoso do país, incluindo outros contos que reflectem o quotidiano de São Tomé e Príncipe, nomeadamente nas roças.

 

 

 

Santos, Aires de Almeida – (Cuíto, 1921- 1992) Colaborou na coletânea «Poetas Angolanos» (CEI, 1959) e em várias revistas, jornais e antologias.

 

Santos, Arnaldo – (Luanda, 1936-). Obra: Fuga, 1960; Quinaxixe, 1965; Tempo de Munhungo, 1968; Poemas no Tempo, 1976; Prosas, 1979

 

Santos, Fernando Fonseca. Escritor português (membro da União de Escritores Angolanos). Obra: A    Lenda dos Homens do Vento (…); A Morte e a Sorte[551] (2003)

 

Santos, José Rodrigues (Moçambique, 1964). Jornalista e escritor. Obra: A Ilha das Trevas (2002); A Filha do Capitão[552](2004); O Codex 632 (2005); A Fórmula de Deus (2006); O Sétimo Gelo (2007); A Vida Num Sopro (2008); A Fúria Divina (2009); O Anjo Branco (2010)[553];

 

Santos, Marcelino dos - Kalungano  ou Lilinho Micaia - pseudónimos literários. (Moçambique, 20.5.1929- 11.2.2020). Colaboração na colectânea Poesia de Moçambique (CEI)


Santos, [554]Mário Beja – S.P.M. 3778 (aerogramas enviados da Guiné para Portugal);


Saraiva, António José (Leiria, 31.12.1917 – Lisboa, 17.03.1993). [555] Doutorado em Filologia Românica (1943), após ter exercido funções de assistente na Faculdade de Letras[556]. Ensaísta[557]. Por razões políticas, foi remetido para funções de professor dos liceus entre 1944 e 1949. Esteve exilado voluntariamente em França, a partir de 1961, por rejeitar obedecer ao salazarismo. Foi professor catedrático na Universidade de Amesterdão entre 1970 e 1975. Depois do 25 de Abril, foi nomeado professor catedrático da Universidade Nova e, mais tarde da Faculdade de Letras. É coautor, juntamente com Óscar Lopes, da obra fundamental “História da Cultura em Portugal”, em 3 volumes. Obra: A Tertúlia Ocidental (Estudos sobre Antero, Oliveira Martins, Eça de Queirós e outros) 1990.[558]

Saramago, José (1922-2010)[559] Obra: História do Cerco de Lisboa; A Jangada de Pedra[560]; Memorial do Convento; O Evangelho Segundo Jesus Cristo[561]; Levantado do Chão; No Ano da Morte de Ricardo Reis; Ensaio sobre a Cegueira [562](1995); Todos os Nomes (1997); O Homem Duplicado[563] (2002); As Intermitências da Morte[564] (2005)[565]; As Pequenas Memórias (2006)[566]; A Viagem do Elefante (2008);

 

Saúte, Nelson

(Maputo, 26.02.1967-) Ver artigos: A colonização, a descolonização e as independências (Público, 15/5/1994)[567] Obra: A Ponte do Afeto (1990);

 

Seabra, Jorge – Obra:  Anos de Eclipse; O Tempo só Falta no Fim (2003)[568];

 

Seixas, Noémia – Isabel, Isabel, Isabel;

 

Selvagem, Carlos

Pseudónimo de Carlos Tavares de Andrade Afonso dos Santos (Lisboa, 1890-1973). Jornalista, ficcionista, ensaísta e dramaturgo. Obra: Ninho de Águias (1920); Entre Giestas (1922); Ave do Paraíso (…); O Herdeiro (1923); Cavalgada Das Nuvens (1922); Bonecos Falantes (1925); Tropa d’África: jornal de campanha dum voluntário do Niassa (1931); Telmo, o Aventureiro (1937); Papagaio Real, contos para crianças (1937); Dulcineia ou a Última Aventura de D. Quixote (1944); O Problema das Elites no Mundo Moderno (1944); O Ribatejo no Mapa da Nação (1945); Os Távoras (1961); A Batalha de La Lys e o Marechal Gomes da Costa (1963); O Anjo Rebelde (1964); A Bela Impéria (1969); A Espada de Fogo (1990); Teatro Completo, com peças inéditas (1997).

 

 

Sena, Jorge (22.11.1919 – 4.6.1978). Poeta-tradutor-ensaísta.

Obra: Líricas Portuguesas antologia, 3 séries); Poesia de Vinte e Seis Séculos (antologia); Poesia do Século XX (antologia, 1978, reeditada em 1994);  

De acordo com Francisco Sousa Tavares, após o 25 de Abril, Jorge de Sena pensava ficar em Portugal, mas nada lhe ofereceram que fosse digno da altura a que no exílio se guindara. Nem o convidaram para professor de Letras nem souberam ver nele um administrador prestigiante da Fundação Gulbenkian.»[569]

Engenheiro de formação, é como poeta, dramaturgo, ficcionista, tradutor, historiador da cultura, ensaísta (…), que o recordamos.

No entanto, este homem, que enquanto estudava no Lyceu Camões dizia “andava já escrevendo versos”, quem é? Cremos que deve ser Jorge de Sena, e a sua obra, quem melhor dirá de si próprio.

Assim, tomem-se, por exemplo, os seguintes versos: A minha terra não é inefável/A vida na minha terra é que é inefável”. O primeiro verso remete-nos, directamente, para o que nos traz hoje aqui – a homenagem sincera e reconhecida a este grande vulto das letras portuguesas. Na verdade, “A minha terra” – Portugal – disse-se Jorge de Sena, durante a segunda metade do século XX e “não é inefável” na nossa contemporaneidade, onde o fascínio do legado do poeta continua, entre tantos outros géneros que tão bem cultivou.

A sua personalidade literária e crítica testemunharam o tempo do silêncio, que a censura impôs, quando afirmou” A vida na minha terra é que é inefável”. De facto,” a vida”, na sua época, foi tema fértil de denúncia e crítica mordazes, no sentido de a transformar, intervindo socialmente através da palavra, objecto estético. Como reiterou, em fina ironia no alongamento do poema “na minha terra (…) há (…) prédios altos/Com renda muito alta” e “não há pardieiros, / que são todos na Pérsia ou na China”.

É, também, comum verificar na obra de Jorge de Sena, que este superou os antagonismos próprios das diferentes escolas literárias da sua época, quer o realismo social, o surrealismo ou o experimentalismo, tendo, finalmente, a sua superação recebida raízes filosóficas da dialéctica hegeliana e do marxismo. Por conseguinte, soube aliar os recursos da tradição medieval e renascentista, tornando a sua obra clássica e revolucionária (dado que se encontram, frequentes vezes, técnicas surrealistas). Neste domínio, por que não deixar falar o ficcionista daquele “ “físico”(ou médico ou mágico, no sentido medieval e ainda ulterior do termo) que eu criei como símbolo de liberdade e de amor, quando escrevi dele em 1964, em Araraquara, no Brasil”. Trata-se, como logo identificamos, de O Físico Prodigioso que Jorge de Sena classificou de novela, publicada no seu exílio no Brasil, e que nos permite conhecer, para além do esteta, o homem:” eu já uma vez disse que pouco do que eu alguma vez escrevi é tão autobiográfico como esta mais fantástica das minhas criações imaginadas”. E, noutro passo, “aceitei gratamente, menos por mim que por amor desse “físico”, meu muito bem-amado filho entre outros, e que sempre tive por como que um “alter-ego””.

Com estas palavras, esperamos ter-lhes aguçado a curiosidade para a leitura destes dois grandes géneros, a poesia e a ficção.

Agora, é fundamental enaltecer Jorge de Sena como ensaísta, onde são fulcrais os seus estudos sobre a vida e obra de Luís de Camões e de Fernando Pessoa. E, não é por acaso que, mesmo antes de ter defendido como tese de doutoramento “Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular”,1964, já tinha realizado uma conferência sobre o tema “A poesia de Camões, Ensaio de Revelação da Dialéctica Camoniana”,1948, e no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, na Universidade da Baía, foi o conferencista com o estudo “O Poeta é um Fingidor”,1959. Mais tarde,1970, publicou “A estrutura de Os Lusíadas e outros estudos camonianos e da poesia peninsular do século XVI”. Finalmente, 1972, efetuou várias viagens pela Europa, América e África, no âmbito das Comemorações do IV Centenário da publicação de Os Lusíadas.

De salientar, que Jorge de Sena passou a maior parte da sua vida no estrangeiro, primeiro no Brasil, onde se exilou, de 1959 a 1965, ano em que se estabeleceu nos Estados Unidos da América, na Universidade de Wisconsin e de 1970 a 1978 na Universidade da Califórnia. Em ambos os países, desenvolveu uma atividade académica intensa em prol da língua e literatura portuguesas, sendo disso prova a inauguração, em 1980, do “Jorge de Sena Center for Portuguese Studies”, na Universidade de Santa Bárbara, E.U. América.

Mas não ficamos por aqui. Além de escritor e professor, Jorge de Sena empenhou-se na divulgação de autores e correntes literárias estrangeiras, através de conferências (1941-Rimbaud – “O dogma da Trindade Poética”), estudos críticos (1942 – sobre o cabo-verdiano Jorge Barbosa, e em 1942, o texto de apresentação do surrealismo ‘’Poesia Sobrerrealista”), traduções (André Breton, Paul Éluard, Benjamin Péret, Georges Huguet, entre outros), e ainda ajudou a divulgar autores como Bertolt Brecht, T.S.Elliot, Hemingway ou W. Faukner.

Para despertar-lhes o desejo de apreciar, ainda mais, a sua obra, aqui lhes deixamos as suas (quase) derradeiras palavras:” sabe perfeitamente viver ou morrer (para mais viver) inteiramente por si mesmo, sustentado pela força do amor que tudo manda e pelo ímpeto da liberdade que tudo arrasa”, que são denunciadoras da perpetuidade do seu talento, da sua escrita prodigiosa, sempre renovada pelo chamamento da nossa memória, que ultrapassa os nossos dias. Mas, se, porventura, ainda não se sentem rendidos a temas tão arrebatadores e intemporais como são o amor e a liberdade, saibam que recebeu, em 1977 o Prémio Internacional de Poesia Etno-Taormino, pelo conjunto da sua obra e foi condecorado, no mesmo ano, com a Ordem do Infante D. Henrique, pelos serviços prestados à comunidade portuguesa. Postumamente, foi-lhe concedida a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada.

Pelo inefável e por aquilo que não foi inefável, obrigada e até sempre, Jorge de Sena.

 

Sepúlveda, Torcato (1951-2008). Jornalista e crítico literário.

 

Sérgio, António (3.9.1883-24.1.1969)[570]. Historiador e pedagogo. Lança a revista Pela Grei (1918-19, sidonismo) Integra a Seara Nova nos anos 20 (com Raul Proença e Jaime Cortesão). É ministro da Educação no governo de Álvaro de Castro (1923). Com o fim da 1ª República, parte para o exílio em 1926, tendo vivido em Paris, até 1933. De regresso a Portugal, tornou-se num dos principais nomes do movimento cooperativista e do socialismo democrático Obra: Ensaios.

 

Silva Carvalho (Vila do Conde, 1948 – )

 

Silva, José Mário (1973 -). Crítico literário. Autor de micronarrativas. Obra: Efeito Borboleta e Outras Histórias.

 

Silveira, Onésimo. (Mindelo, em Cabo Verde, 1935 -). Viveu na China e na Suécia, onde representou o PAIGC. Obra: Hora Grande; Consciencialização na Literatura de Cabo Verde;  A Saga das As-Secas e das Graças de Nossenhor;

 

Simbolismo. António Nobre; Eugénio de Castro, Oaristos (1890); Camilo Pessanha; Ângelo de Lima; Guerra Junqueiro; António Patrício; António Carneiro, quadro É a Vida: Esperança, Amor Saudade; Carlos Mesquita (Jerónimo Freire); Raul Brandão; Manuel Teixeira-Gomes;

 

Simões, João Gaspar (Figueira da Foz, 25.02. fev.1903 - Lisboa, 6.1.1987)[571]. Começou a escrever, sob o pseudónimo João d’Altamira, num jornal da terra natal. Em 1921 matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra, em 1924, fundou a revista Tríptico, com Branquinho da Fonseca. Em 1927, lança a revista PRESENÇA, com José Régio, Adolfo Casais Monteiro e Branquinho da Fonseca. Presidiu à Associação Académica em 1931-32, tendo falado em nome da Academia no centenário de João de Deus. Iniciou, como crítico literário,[572] no dia 11 de julho de 1936, uma página semanal de crítica literária no Diário de Lisboa. Em 1924, casara com Mécia Vasconcelos Gonçalves[573]. Terminou o Curso de Direito em 1932 (fuga à carreira comercial, desejo do filho).  Em 1929, JGS, na PRESENÇA, escreve um texto intitulado “Fernando Pessoa”, quando Pessoa não passava de um simples empregado de escritório. Em 1931, na companhia de José Régio, encontra-se no café Montanha com o criador dos heterónimos. Em 1935, JGS fixa-se em Lisboa.  Revisor de provas na Biblioteca Nacional, torna-se seu bibliotecário, em 1940, reformando-se desse cargo em 1954. Funda e dirige, na 1ª fase, a Portugália, e prepara com Luís Montalvor a edição das obras completas de Fernando Pessoa. Em 1955, foi convidado por Natércia Freire para crítico semanal do DN (Artes e Letras). Obra: Temas (1929)[574]; O Mistério da Poesia (1931); Tendências do Romance Contemporâneo (1934); Novos Temas (1938); António Nobre, precursor da Poesia Moderna (1942); Caderno de um Romancista (1944); Ensaio sobre a Criação do Romance (1947); Liberdade do Espírito (1949); Natureza e função da Literatura (1950); Vida e Obra de Fernando Pessoa (dois volumes, 1953, 59); Balzac e a Arte do romance (1959); História da Poesia Portuguesa (1958);  Elói ou o Romance numa Cabeça (1932); Carta aos Novos Romancistas Portugueses (1938); Crítica I (1941); Biografia “Eça de Queirós, o homem e o artista” (1945); Biografia “Fernando Pessoa” (1950); romance Pântano[575]; História do Movimento da Presença (1958); Literatura, Literatura, Literatura (1964); Cartas de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões (1958); Retratos dos Poetas que Conheci (1977); Amigos Sinceros; Uma História de Província; Internato; A Unha Quebrada; O Marido Fiel.

 

Soromenho, Castro (Zambézia, 1900 - )

Obra: Nhári (contos, 1938); Noite de Angústia (1939); Homens sem Caminho (1941); Terra Morta (1949); Viragem (1957); A Chaga (1972)

 

Sousa[576], Américo Guerreiro de (Matosinhos 1942-) Obra: Exercícios no Futuro; Os Cornos de Cronos; Onde Cai a Sombra; O Rei dos Lumes;

 

Sousa, João Rui de Matos (Lisboa, 1928 -17-06-2022) o último sobrevivente de uma das grandes gerações de poetas que marcaram o século XX, entre os quais António Ramos Rosa, Herberto Helder, Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, morreu ontem, dia 17, em Lisboa, aos 94 anos. O poeta e ensaísta nasceu na mesma cidade, em 1928, e, depois de frequentar a Escola Prática de Agricultura D. Dinis (Paiã, Odivelas), onde concluiu o respetivo curso, licenciou-se em C. Históricas e Filosóficas, pela Faculdade de Letras de Lisboa. Fez parte da direcção da revista Cassiopeia (1955), onde, com dois poemas e um ensaio, fez a sua estreia literária. Enquanto crítico literária e poeta colaborou ainda em inúmeras publicações, entre as quais Colóquio/Letras, JL, O Tempo e o Modo, Seara Nova, Crítica, Folhas de Poesia, Bandarra, Cronos, Nova Renascença, entre outras[577]Morreu o poeta João Rui de Sousa aos 94 anos (sapo.pt)

 Poesia: A Hipérbole na Cidade; Circulação (1960); Os Percursos, as Estações (2000). Obra Poética 1960-2000; Percurso: Foi codirector da revista literária “Cassiopeia”, em 1955.[578]

Sousa, Noémia Carolina Noémia Abranches de Sousa (Lourenço Marques, 20.09.1926 – Cascais, 4.12.2002)[579] Só escreveu de modo regular entre os 22 e os 25 anos (1948-1951).[580] O seu único livro – Sangue Negro – foi publicado em 2001, aos 75 anos de idade.[581] No entanto, teve grande influência nas gerações intelectuais africanas. Durante esses 3 anos forjou o conceito de identidade nacional anticolonialista com uma obra curta mas intensa. Os seus poemas surgiram em várias revistas: Mensagem; O Brado Africano e “Présence Africaine”. Em 1951, fugindo da polícia política portuguesa, passou a residir em Lisboa, trabalhando como tradutora numa agência de notícias. Em 1964 viveu algum tempo em Paris, sendo funcionária do consulado de Marrocos. Voltou a Portugal, sendo repórter das agências noticiosas ANI, ANOP e LUSA.

Souto, António (Angeja, 4 setembro 1961-) Obra: Arcanas Carícias (poesia, 1993); La Navra do Dizer;  Caprichos (poesia, 2001); Crónicas de Tempos Vagos (2011); Palavras Inadiáveis (poesia, 2018); Retrato Sumido (poesia, 2024)

 

Spínola, Danny. Daniel Euricles Rodrigues Spínola - Pseudónimo literário nasceu em Ribeira da Barca, concelho e freguesia de Santa Catarina da ilha de Santiago de Cabo verde. Cursou Língua e Literatura Portuguesa no Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário da cidade da Praia, Cabo Verde, e licenciou-se em Língua e Cultura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi professor de língua e literatura portuguesa nos liceus da Praia, da Achada de Santo António, da Várzea e de Santa Catarina, tendo ainda lecionado na Faculdade de Línguas Estrangeiras da Universidade de Havana e na Guiné-Bissau aos voluntários do Corpo da Paz. Tendo feito alguns estágios e algumas formações na área da língua portuguesa e da pedagogia no ICALP, e no domínio do jornalismo para o desenvolvimento rural com técnicos da FAO no Instituto Nacional de Investigação Agrária e com técnicos portugueses e cubanos no Curso de Superação para Jornalistas no Instituto Amílcar Cabral, enveredou-se pelo mundo da investigação e divulgação cultural, realizando, dirigindo e apresentando vários programas radiofónicos e televisivos, nomeadamente: - CONTACTO E ACTION, programas radiofónicos para jovens. 1982/89; GENTES, IDEIAS E CULTURA, programa radiofónico artístico-cultural. 1986; ALÔ CABO VERDE, programa radiofónico e televisivo para emigrantes. 1991/92; ARTES & LETRAS 1992; CULTURA VERSUS CULTURA 1994/95; CLARI(E)VIDÊNCIAS 1997/99; NOS IDENTIDADI 1997/99; FINASON DI KONBERSU. 2006, programas televisivos de investigação, informação e divulgação cultural e artística, para além do programa televisivo sócio-cultural intitulado TESTEMUNHOS DO TEMPO. Foi distinguido pelo Governo de Cabo Verde, em 2005, com o 1º grau da Medalha de Mérito, em reconhecimento pelo seu especial mérito demonstrado no domínio da cultura; e em 2007 foi distinguido pela Câmara Municipal da Praia com uma medalha de mérito enquanto escritor. Está ligado aos Poetas Del Mundo, (Cônsul - Cidade da Praia - Ilha de Santiago)

 

Sttau Monteiro, Luís (3/4/1926 - 27/7/1993). Licenciado em Direito. Advogado; jornalista; publicitário; dramaturgo. Um “bom vivant”. Filho do jurista e diplomata Armindo Monteiro (embaixador em Londres), viveu durante alguns anos na Inglaterra. Regressa a Portugal em 1943. Expulso do colégio de Jesuítas de Santo Tirso, vai estudar para o Pedro Nunes, onde conhecerá dois dos seus grandes amigos: João Pulido Valente (1926-2003)[582] e Abel Manta.  Antifascista. Chegou a ser preso pela PIDE. A literatura surge por causa dos amigos, à cabeça dos quais se encontra José Cardoso Pires. Obra: Um Homem não Chora (1960); Angústia para o Jantar (1961)[583]; Felizmente Há Luar (1961); Todos os anos pela Primavera (1963); O Barão[584] (1964); O Auto do Motor Fora de Borda (1966); Duas Peças em Um Acto (1967); A Estátua (1967); A Guerra Santa (1967)[585]; As Mãos de Abraão Zacut (1968); Sua Excelência (1971); Se for Rapariga Chama-se Custódia (1978); Guidinha[586]. Dedicou-se também à crítica gastronómica, sob o pseudónimo Manuel Pedrosa., nomeadamente no “Almanaque[587], ao lado de José Cardoso Pires, Carlos Henrique da Costa e Baptista Bastos. Escreveu ainda a telenovela “Chuva na Areia”, a partir da história “ Guida, Agarra o Verão, Guida”.

 

Surrealismo, único movimento intelectual organizado que conseguiu cobrir a distância que separa as duas guerras. Começou em 1919 pela publicação na revista Littérature dos primeiros capítulos dos Campos Magnéticos, trabalho escrito, em colaboração, por Philippe Soupaut e por mim[588], e no qual o automatismo como método confessado surge pela primeira vez livremente, para se concluir vinte anos depois, no plano literário com a aparição do Château d’Argol, de Julien Gracq…

O Surrealismo tem como fim exprimir o pensamento puro, liberto de todas as limitações ou censuras e de todos os preconceitos morais e sociais. Menospreza o discurso lógico (o logos greco-latino que dominava a Civilização Ocidental) e encontrar outros caminhos que evidenciassem coisas ainda não vistas. Personalidades envolvidas: Breton, Éluard, Rimbaud… optou-se por 4 caminhos: o automatismo, a atividade lúdica, o acaso objectivo e a psiquiatria. O que se impunha era equacionar o mundo como um “cadáver esquisito”, pois só assim haveria «um comunismo de génio» Uma das primeiras coisas que se impunha transformar era a linguagem de que nos servimos, recorrendo quer ao automatismo quer ao adicionar de frases de pessoas diferentes (cada uma com a sua subjetividade), a fim de se poder elaborar poemas (ou textos em prosa, ou cores, ou desenhos) que outras coisas significassem e para sempre nos definissem com outros seres. Cesariny, Pedro Oom, Risques Pereira, Maria Lisboa, Ernesto Sampaio encontravam-se no Café Gelo, no Rossio… O Surrealismo acabou substituído pelo Dadaísmo. [589]

 

Tamen, Pedro – Analogia e Dedos (2006)[590];

 

Tavares, Ana Paula (Huíla, 1952 -). Cedo, foi entregue a uma “madrinha”[591], em Sá da Bandeira (Lubango), onde teve acesso aos livros, ao cinema...Nas férias, regressava ao campo (oratura vs literatura; línguas locais vs Português). Professora: História; alfabetização; formação cultural.[592] Conclui uma tese de doutoramento sobre os povos lunda e tchokwe do Leste de Angola, profundamente influenciada por Henrique de Carvalho, um viajante português que andou por Angola no século XIX. Obra: Ritos de Passagem[593] (Angola, 1985); O Sangue das Buganvílias (Cabo Verde, 1998); O Lago da Lua (Caminho, 1999) Dizes-me coisas amargas como as frutas[594] (Caminho, 2001); Ex-Votos (Caminho, 2003).

 

Tavares, Gonçalo M. (1970 -) Professor de Epistemologia na Faculdade de Motricidade Humana[595]. O Livro da Dança (2001); O Senhor Valéry (2002); O Homem ou é Tonto ou é Mulher (2002); Investigações. Novalis (2002); Um Homem: Klaus Klump (2003); A Máquina de Joseph Walser (2004); Biblioteca (Campo das Letras, 2004); Água, Cão, Cavalo, Cabeça (2006)[596]; “Uma Viagem à India” (2010); Uma Menina Está Perdida no Seu Século; À Procura do Pai; Os Velhos Também Querem Viver.

Ver: Entrevista[597] ao Mil Folhas, 8 de Janeiro de 2005. Prémios José Saramago 2005 e Portugal Telecom 2007.

 

Tavares, José Luís – poeta cabo-verdiano. Prémio para a poesia da Fundação C. Gulbenkian (2004), ex-aequo com Ana Paula Tavares

 

Teixeira, Judith (- 1959). Morreu na miséria.   Obra: Decadência.[598]

 

Teixeira, Paulo. Poeta. Obra: Conhecimento do Apocalipse; A Região Brilhante (1988);

 

 

Telles, Lígia Fagundes[599] (Brasil, S. Paulo, 1923 -) Obra: Porão e Sobrado (1938); Ciranda de Pedra (1954); Verão no Aquário (1963); Antes do Baile Verde; As Meninas (1973); Seminário dos Ratos; A Disciplina do Amor; Mistérios; As Horas Nuas (1989); A estrutura da Bolha de Sabão; A Noite mais Escura e Eu; Invenção e Memória; Durante Aquele Estranho Chá… Prémio Camões 2005.

 

Tojal, Altino (26.7.1939-15.7.2018)

 

Tomás, António – antropólogo. Sobre a literatura angolana: «os escritores angolanos são contadores de histórias, como Pepetela, com pouca intervenção social ou se têm intervenção social, falam pelo poder ou fazem parte das estruturas partidárias, como Costa Andrade, Arnaldo Santos e João Melo. Em relação a isso Agualusa é diferente…; Manuel Rui é um exemplo de crítica ao poder em mais de 30 anos de escrita; Luandino Vieira desistiu de criticar

 

Torrão, Cristina. Nasceu a 16 de julho de 1965, em Castelo de Paiva. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, exerceu funções administrativas na Delegação do Norte da Radiodifusão Portuguesa, ao mesmo tempo que dava aulas de Inglês e Alemão. Em 1992 radicou-se na Alemanha, onde durante vários anos lecionou português. Actualmente, põe em prática duas paixões antigas: a pesquisa histórica, nomeadamente sobre a Idade Média, e a escrita.

 

Valente, Vasco Pulido. Obra: Marcelo Caetano, As Desventuras da Razão [600](2003);

 

Valter Hugo Mãe nasceu em Angola, em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira e vive em Vila do Conde desde 1981. Licenciado em Direito, tem uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.

Para além do Prémio José Saramago, viu em 2004 o seu livro “O Nosso Reino” ser considerado pelo Diário de Notícias como o melhor romance português editado nesse ano.

Van Dúnem, Aristides Pereira (Luanda, 17.9.19 - 17.11.2007 ). Tendo iniciado a atividade política em 1953 quando estudante da Escola Industrial de Luanda. Foi preso em 1956 pela divulgação das resoluções da Conferência Afro-Asiática de Bandung.

Novamente preso em 1961, e, igualmente, no ano de 1964, e só é libertado em 1969, tendo ficado com residência fixa, em Luanda, situação a que o 25 de Abril de 1974 poria fim.

A sua actividade literária inicia-se em 1955 no Jornal do bairro indígena «O Movimento». Colabora ainda no Jornal «Trabalho e Estudo» e posteriormente, em 1959, no Jornal da Associação dos Naturais de Angola.

Participa, a partir de 1961, em concursos literários promovidos pela Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, em Luanda, e no prémio mota Veiga dirigido pela «Revista Prisma».

Assina a 11 de Novembro a Proclamação da União dos Escritores Angolanos de que é membro. Já desempenhou o cargo de Director Nacional dos Petróleos. 

Van-Dunem, Domingos (Mbumba, Caxito, iss 1925 - Paris, 2003) – Escritor e diplomata angolano. Na década de 50 conviveu com Agostinho Neto, primeiro presidente angolano. Publicou o seu primeiro conto “A Praga” no “Diário de Luanda”, em 1947. Obra: Uma História Singular (1975), Panfleto (1988).

Vargas, Alexandre (filho de José Gomes Ferreira).É poeta e tradutor. De poesia publicou «Morta a sua Fala»,«Cyborg», «Vento de Pedra», «Lua Cisterna», «Organum» além de ter participado em antologias, cadernos, etc. Traduziu os músicos-poetas Peter Hammil e Patti Smith. Sintra ocupa um lugar especial no seu imaginário.[601]

 

Vário, João Manuel Varela (Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde, 1937-2007). Também conhecido por Djom (família) ou Varela (comunidade científica). Pseudónimos: Timóteo Tio Tiofe, G.T. Didial. Neurologista. Referências literárias: Bíblia, Saint-John Perse, Eliot, Aimé Césaire. Obra: Exemplo Geral; Exemplo Relativo; Exemplo Dúbio; Exemplo Próprio… tudo reunido no volume Exemplos 1-9; Os Cadernos de Notcha.[602]  

 

Vasconcelos, António Augusto Teixeira (Porto, 1.11.1816 – Paris, 29.6.1878). Miguelista, em 1844, funda o jornal A Oposição Nacional para incomodar o Costa Cabral e os seus amigos governantes, e demarcar-se dos seus antigos correligionários. Em Abril /Maio de 1846, os povos revoltam-se na província do Minho. Obra: O Prato de Arroz-Doce[603] dá conta de tudo o que se refere à revolta da Patuleia.

 

Vasconcelos, José Mauro (Rio de Janeiro, 26.02.1920 – 24.06.1984). Devido à pobreza dos pais, foi viver com os tios no Rio Grande do Norte, Natal. Homem de múltiplos ofícios. Obra: Banana Brava (1942); Longe da Terra (1949); Vazante (1951); Arara Vermelha (1953); Rosinha, minha Canoa (1962); Meu Pé de Laranja Lima (1968); Rua Descalça (1969); Vamos Aquecer o Sol; O Doidão; Confissões do Frei Abóbora; Kuryala: Capitão e Carajá (1979).

 

Ventura, Mário (…) Henriques.[604](Lisboa, 1936-16.06.2006). Escritor, jornalista (Diário Popular, Diário Notícias, Seara Nova, Extra, Câmbio16), fundador (1985) do Festival internacional de Cinema de Troia – Festroia. Obra: A Noite da Vergonha (1963); À Sombra das Árvores Mortas (1966); O Despojo dos Insensatos (1968); Alentejo Desencantado (1969); Morrer em Portugal (1976); Outro Tempo Outra Cidade (1979); Vida e Morte dos Santiagos[605] (1985); Conversas (1986); Março Desavindo (1987)[606]; Évora e os Dias da Guerra[607] (1992); A Revolta dos Herdeiros (1997); O Segredo de Miguel Zuzarte (1999); Quarto Crescente (memórias, 2001); Portugal – Geografia do Fatalismo (antologia, 2001); Atravessando o Deserto (2002); O Reino Encantado (2005).

 

Ventura, Reis – Sangue no Capim (1963)[608];

 

Viana, António Manuel Couto (Viana do Castelo, 24.1.1923 -8.6.2010) O poeta da Távola Redonda. O Teatro Sá de Miranda era propriedade de sua família e lá começou a dar os primeiros passos na arte de representar e estreou a sua primeira peça de teatro infantil, "A Rosa Verde". Em 1946, foi viver com a família para Lisboa onde conheceu Sebastião da Gama, David-Mourão Ferreira e Vasco Lima Couto. David-Mourão Ferreira, conhecedor da sua paixão pelo teatro, levou-o para o Teatro Estúdio do Salitre, onde se estreou como actor, figurinista e encenador. Em 1948, estreou-se na poesia com o livro "O Avestruz Lírico" e desde então publicou dezenas de obras. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David-Mourão Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia "Távola Redonda". Mais tarde dirigiu a revista cultural "Graal" e fez parte do conselho de redação da revista "Tempo Presente" (1959-1961). O culto do passado está presente em toda a sua obra poética, em oposição ao neorrealismo que era na época a corrente literária dominante. Couto Viana fez parte da direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental), Companhia Nacional de Teatro e foi empresário e diretor do Teatro do Gerifalto, onde apresentou dezenas de peças para crianças. Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera, Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), foi mestre de arte de cena do Teatro Nacional de S. Carlos e orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra. A sua obra foi distinguida com vários prémios e foi condecorado pelo Governo Português e pelo Governo Espanhol.

 

Viana, Gentil Ferreira ( - 2008). Lutou pela independência de Angola e integrou o grupo nacionalista que deu origem à Revolta Activa (ver: Manifesto dos 19).

Victor, Geraldo Bessa. (Luanda, 1917 - Lisboa, 1985). Sofre a influência do americano Langston Hughes... aderindo posteriormente ao luso-tropicalismo “freyriano. Obra: - Ao som das marimbas, Lx, 1943. Destaque: o poema “ O Menino negro não entrou na roda”. Segundo Venâncio, Bessa Victor denuncia o racismo subjacente ao sistema colonial. - Debaixo do Céu, LX, 1949 Venâncio rejeita a tese de Salvato Trigo, segundo a qual Bessa Victor terá influenciado VirViegas, Francisco José. Obra: Crime em Ponta Delgada (1989); Lourenço Marques[609]

Vieira, Alice. Nasceu em Lisboa, em 1943. É formada em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, coordenou o suplemento juvenil do Diário de Lisboa e foi jornalista profissional do Diário de Notícias. Colaborou em programas de televisão, escreveu recensões críticas e obteve o seu primeiro sucesso em literatura infantojuvenil em 1979, recebendo o «Prémio do Ano Internacional da Criança». A partir de 1969 dedica-se profissionalmente ao jornalismo e em 1989 à escrita. Em 1994, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. A sua escrita centra-se em temas relacionados com a pré-adolescência e a adolescência. Actualmente, Alice Vieira é um nome que se destaca no panorama da literatura infantojuvenil portuguesa. A sua obra tem sido traduzida em várias línguas. Algumas das suas principais obras são: «Rosa, Minha Irmã Rosa» (1979), «A Espada do Rei Afonso» (1981), «Livro com Cheiro a Chocolate» (2005) e «Meia Hora Para Mudar a Minha Vida» (2010).

Vieira, Arménio (Cabo Verde, 2.01.1941 -). Prémio Camões 2009[610].

Vilanova, João Maria (Luanda,) Obra: Vinte Canções para Ximinha; Carta de um Guerrilheiro (1978)


Vital, Joaquim (Lisboa, 1948 - Lisboa, 8.5.2010). O jovem Joaquim Vital abandonara Portugal depois de ter passado pelas cadeias da PIDE, em 1965, quando era estudante e militante do Partido Comunista. Editor[611] e escritor. Na Bélgica, em Bruxelas, fundou a editora “La Taupe”. Principal divulgador da literatura portuguesa em França, desde que criou as Éditions de La Différence, em 1976. Obra: Vingt Ans, Bilan sans Perspective (1996, antologia); Un qui Aboie (2000, poesia); Adieu à Quelques Personnages (2004, retratos); La Vie et le Reste (2008, conto).

 

Wenceslau de Morais (1854-1929)

Dai Nippon foi escrito em Macau, na segunda metade de 1895, após a guerra sino-japonesa. O autor sintetiza nesta obra as impressões de quatro viagens (1889, 1893, 1894, 1895), de um a dois meses cada, que o levaram de Macau, onde residia, ao Japão. (…) O Dai Nippon que assim nasce é «um cantinho de paraíso terrestre legado miraculosamente aos filhos de Eva.»

Ver relação de Dai Nippon com um conto, escrito por Venceslau aos 21 anos, em Portuga, Os Mistérios de um Telhado.

(Fonte: Helmut Feldmann)

 

VV.AA, Manuela Ribeiro Sanches (org.) Portugal não é um País Pequeno[612] – Contar o Império na Pós-colonialidade, Cotovia, 2006

White, Eduardo –

 

 

Zambujal, Mário (1936-) Jornalista e escritor.[613] Obra: Crónica dos Bons Malandros; Uma Noite Não São Dias (2009); Dama de Espadas” – Crónica dos Loucos Amantes (2011?)

 

 

 

Editores

 

Lyon de Castro (1915 – 2004)

Em 1939, aquando da celebração do Pacto germano-soviético (Agosto de 1939), rompeu com o PCP, passando a ser persona non grata para o Partido. Em 1945, lançou a editora Publicações Europa-América.[614] Lyon de Castro convida Piteira Santos para dirigir a editora, agravando as tensões com o PCP. Apesar disso, edita, entre outros, Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol... Por outro lado, ao criar a revista mensal “Ler” – um jornal literário e de ideias – que subvencionou entre Abril de 1952 e Outubro de 1953, provocou enorme celeuma com o PCP.[615]

 

A Volta de Oiro do Dia; Limiar – coleções líricas portuenses: ver aliança entre núcleo de poetas e um outro de artistas plásticos. Ver: Eugénio de Andrade, Vasco Graça Moura; Mário Botas, José Rodrigues, Armando Alves…

 

Antologias

 

Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império – publicadas entre 1951 e 1963.

A ideia mestra parece ser a de liberdade, fundamental para o futuro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.

Esta produção poética, narrativa e ensaísta promoveu literaturas que tentavam um percurso num espaço geográfico no qual o colonialismo português proibia a existência de culturas e de identidades próprias.

De acordo com Alfredo Margarido, «não havia ainda nesse momento literaturas especificamente nacionais, verificando-se também uma confusão evidente entre “escrita colonial” e “escrita africana”.»[616]

Em 1951, Vitor Evaristo e Orlando Albuquerque, oriundos de Moçambique, editaram como separata da revista Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império, a colectânea “ Poesia Portuguesa”, inaugurando um espaço inexistente.

Desde os santomenses Costa Alegre ou Francisco José Tenreiro aos moçambicanos Noémia de Sousa ou Rui Nogar, passando pelos angolanos Viriato da Cruz ou António Jacinto... todos oferecem páginas de indignação contra a situação que foi a colonial.

O papel das antologias: «estes poemas convocam uma certa memória que é preciso escutar e interrogar.» 

 

Reedição – Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império 1951-1963, Angola e S. Tomé e Príncipe, I Volume, ed. ACEI, 1994

 

POESIA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA (antologia), de Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos, com introdução de Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro, Lacerda Editores e Academia Brasileira de Letras, 304 págs., 2003

 

Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra) – selecção de Eugénio de Andrade, Campo das Letras, 1998(?)

 

 

 

Acontecimentos

 

Por decreto de 1947, Salazar ordenava a demissão de 21 prestigiados professores universitários + 10 oficiais do exército. No entanto, quem escolheu as vítimas foram as universidades. Muitos dirigentes universitários eram contra a investigação científica. ( Nota oficiosa de 15 de Junho de 1947). Antecedente deste decreto, um outro de 1935 (Aurélio Quintanilha e Abel Salazar foram demitidos; Bento de Jesus Caraça foi alvo de um processo em 1942, sendo demitido em Outubro de 1946 juntamente com Azevedo Gomes e Pulido Valente)

Figuras:

  • Andrée Crabbé Rocha (nunca soube porquê, demitida da Faculdade de Letras; Salazar quis atingir o marido, Miguel Torga).
  • Pinto Peixoto (termodinâmica)
  • Aurélio Marques da Silva (Faculdade de Ciências de Lisboa, engenharia civil)
  • Mário Silva (acabou funcionário comissionista da Philips).
  • Manuel Valadares
  • Albert Gibert
  • Marques da Silva
  • Ferreira Pinto Resende (botânico)
  • Torre de Assunção (geólogo)
  • Arnaldo Peres de Carvalho
  • Ferreira de Macedo

 

Só em 1970, os sobreviventes foram reintegrados, por decisão de Marcelo Caetano.

 

 

 

Luanda, 14/02 - La Brigade Jeune de Littérature d`Angola (BJLA) réalisera du 24 au 25 février prochain, au siège de l`Union des Ecrivains Angolais(UEA), à Luanda, le deuxième séminaire sur l`essai et la critique littéraire, a annoncé lundi John Bella, membre de la BJLA.

 

Exposição Looking Both Ways – Das esquinas do Olhar arte da Diáspora Africana Contemporânea (27/2/2005, F.C. Gulbenkian). Ideias interessantes de N’Dilo Mutima ( Angola, 1978-): a televisão como máscara pwo; Fernando Alvim (Angola, 1963-); kendell Geers (Africa do Sul): A feira da ladra e o colonialismo (instalação feita de peças sobre / de África, recuperadas na feira da ladra de Bruxelas(?).

Léxico: hotentote – termo ofensivo: “hot” e “tot” – sons e estalidos – língua dos khoisan.

 

Léxico

 

A escola de Lycophron, gramático e poeta da Alexandria, precursor dos mestres herméticos da poesia dos nossos dias, os quais regem em larga escala, a grande orquestra da mais moderna lírica portuguesa (J.G.S., 1983)

 

 

 

Fotobiografia de Óscar Ribas em livro de Baguet Júnior

JOÃO SERRA | Lisboa

“Óscar Ribas – A Memória com a Escrita”, um livro de fôlego com textos e fotos sobre o escritor, poeta e etnógrafo angolano, da autoria do jornalista também angolano Gabriel Baguet Júnior, será lançado dentro de dias em Portugal em edição de autor. Trata-se de uma edição cuidada que reproduz um extenso manancial de informação sobre o intelectual classificado como “pai” da genuína ficção literária em Angola.
A obra ilustra o percurso de vida e obra do autor de “Uanga”, “Misoso”, “Dicionário de Regionalismos Angolanos” e “Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos”, entre outros títulos que ilustram uma carreira literária e etnográfica iniciada em 1927 com a publicação da novela “Nuvens que Passam” e só terminou com a sua morte em 19 de Junho de 2004, em Portugal, aos 95 anos de idade.
A obra traz prefácio de José Carlos Venâncio, professor catedrático da Universidade da Beira Interior (Portugal) e Pró-Reitor para os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, para além de vasta documentação fotográfica antiga sobre Óscar Ribas fornecida por familiares, juntamente com fotos mais recentes, textos e escritos em bruto e considerações de intelectuais angolanos, portugueses e brasileiros sobre essa figura de intelectual e estudioso angolano que representa um marco inegável da criação literária de Angola sem matriz colonial, a que acresce todo o seu valioso trabalho de pesquisa da cultura tradicional angolana, nas áreas da literatura oral, hábitos e costumes, religiões e filosofia dos povos de língua kimbundo, a que não escapou a culinária tradicional e sua justificação.
“Óscar Ribas foi um dos poucos escritores angolanos a ver a sua obra reconhecida pelas instâncias coloniais, sem que da mesma se possa inferir, directa ou indirectamente, qualquer compromisso político do seu autor”, escreve o catedrático José Carlos Venâncio no prefácio à obra, comparando-o, em termos estéticos, a autores angolanos do século XIX como José Maia Ferreira, Cordeiro da Mata e Assis Júnior, prolongando-se em contemporâneos como Agostinho Neto, Uanhenga Xitu, Manuel Rui Monteiro, Boaventura Cardoso ou Pepetela.
Óscar Ribas, que cegou pouco depois de atingir os 20 anos de idade, guardava de Luanda, onde nasceu em 17 de Agosto de 1909, a “lembrança do pôr de Sol que os meus olhos viram. Não há cegueira que possa roubar-me a luz desse Sol”, cita Gabriel Baguet Júnior no seu texto de introdução ao livro, que conta também com depoimentos de dois sobrinhos do escritor, Arnaldo Gonçalves Ribas e Maria do Céu Ribas, de Isabel Bastos Feliciano, mestre em História de África, de Luiz Gonzaga do Amaral, jornalista e escritor brasileiro, amigo de longa data de Óscar Ribas, e de Cyl Gallindo, escritor brasileiro e Membro da Academia de Letras do Brasil, para além de ilustrações da pintora angolana Manuela Alegre, do escultor e pintor angolano José João Oliveira e dos arquitectos Susana Fialho e Pedro Partidário.
“Entre letras, múltiplos papéis, documentos diversos, livros variados de Angola e do Mundo, memórias e tradições, Óscar Ribas pintou a Literatura Angolana inserido no seu tempo e para além do próprio tempo”, refere Gabriel Baguet Júnior na abordagem que faz da figura e obra de Óscar Ribas, acrescentando que ele “fez da escrita e da investigação o ponto de partida para descomplexar universos humanos e sociais à época e durante a sua existência”.
Gabriel Baguet Júnior, jornalista, escritor e autor de “Óscar Ribas – A Memória com a Escrita”, de 44 anos, é natural de Luanda, onde fez estudos primários e secundários no Liceu Salvador Correia, fixando-se depois em Portugal para frequentar o curso de Sociologia na Universidade do Porto e Ciência Política em Lisboa. Iniciou-se no jornalismo em 1980 no jornal “Primeiro de Janeiro”, tendo depois disso passado por uma carreira profissional em outros órgãos de imprensa e canais televisivos portugueses, estando hoje ao serviço da RDP-África.

Merecia esta homenagem

Qual o percurso para este livro?

Vai ser lançado proximamente em Lisboa e eu gostaria de poder apresentá-lo em Angola em Março próximo, mas a data terá que ser combinada com o Ministério da Cultura. É minha intenção levá-lo também ao Brasil, nomeadamente à Baía, Rio de Janeiro, Pernambuco e Brasília devido à presença e ligações de Óscar Ribas nestes destinos.

A sua figura e obra são reconhecidas no Brasil, daí essa ideia?

Óscar Ribas é estudado em algumas universidades brasileiras e ele próprio era um apaixonado pelo Brasil, tendo até abordado a influência do kimbundo no falar e nos hábitos brasileiros, para além de que este livro tem também contributos de dois escritores e jornalistas brasileiros, nomeadamente Luís Gonzaga do Amaral, seu amigo de longa data, e Cyl Gallindo, membro da Academia de Letras do Brasil.

Trata-se de um trabalho de fôlego. Como decorreu a sua elaboração?

Foi um trabalho de oito anos. Eu gostaria que o livro tivesse saído com Óscar Ribas ainda vivo, mas não foi possível. Por casualidade sai agora no ano em que se cumprem os 100 anos do seu nascimento e o bicentenário de Louis Braille, o que me deixa particularmente feliz.

Já está a trabalhar noutra obra relativa à sua figura?

Tenho outro projecto já em preparação que se chamará “Óscar Ribas, o Pensamento e as Palavras”, um ensaio que também incluirá ilustrações relativas à sua pessoa e obra. Terá participação de algumas pessoas que vou convidar e que queiram contribuir para a estrutura do livro. Visará dar a conhecer a importância que Óscar Ribas conferia à cultura angolana nos seus mais variados aspectos, designadamente nas áreas da ficção literária, ensaio, poesia, etnologia, música e artes-plásticas.

Óscar Ribas foi muito homenageado a nível internacional.

Ele merecia mais esta homenagem devido à sua vida, importância da obra e sua projecção e eu acho que a cultura angolana, nos seus mais variados aspectos, deve ser cada vez mais internacionalizada. JS


Perfil biográfico do escritor

Óscar Bento Ribas nasceu em Luanda a 17 de Agosto de 1909, filho de Arnaldo Gonçalves Ribas, português, e de Maria da Conceição Bento Faria, angolana natural de Luanda. Fez os estudos primários e secundários no Seminário da capital, que também ministrava ensino liceal em regime de externato, onde em apenas dois anos de escolaridade concluiu o 5º ano. Em Portugal, por curto período, estuda aritmética comercial e depois regressa a Luanda para se empregar na Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.
Residiu por curtos períodos nas cidades de Novo Redondo (actual Sumbe), Benguela, Ndalatando e Bié. Aos 22 anos de idade, em Benguela, nele se manifestaram os primeiros sinais da doença que década e meia mais tarde o levaria à cegueira definitiva, aos 36 anos de idade, o que não o impediu de construir uma obra pioneira de grande rigor literário e etnográfico, premiada internacionalmente, que só a morte travou.
Iniciou a sua atividade literária nos tempos de estudante do Liceu, começando por publicar as novelas “Nuvens que Passam” (1927) e “Resgate de Uma Falta” (1929). A seguir traz a público “Flores e Espinhos”, “Uanga” e “Ecos da Minha Terra”, dados à estampa entre 1948 e 1952. Seguiram-se depois as obras que exploravam a matriz filosófica, literária e religiosa da cultura kimbundu: “Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos” e “Misoso”, (1961, 1962, 1964), esta última em três volumes.
“Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba - Associativismo e Recreio” (1969), “Sunguilando - Contos Tradicionais Angolanos” (1967 e 1989), “Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973), “Tudo Isto Aconteceu – Romance Autobiográfico” (1975), “Culturando as Musas” (1992, poesia) e “Dicionário de Regionalismos Angolanos”, estes dois livros já publicados em Portugal, completam a sua obra escrita.
Óscar Ribas foi homenageado com diversas condecorações e títulos honoríficos em vários países do Mundo, tendo sido distinguido em Angola com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Humanas.
As suas cinzas repousam em Luanda no Cemitério do Alto das Cruzes.
JS

Van-Dunem, Domingos (Mbumba, Caxito, iss 1925 - Paris, 2003) – Escritor e diplomata angolano. Na década de 50 conviveu com Agostinho Neto, primeiro presidente angolano. Publicou o seu primeiro conto “A Praga” no “Diário de Luanda”, em 1947. Obra: Uma História Singular (1975), Panfleto (1988).

 

Valente, Vasco Pulido. Obra: Marcelo Caetano, As Desventuras da Razão [617](2003);

 

Vargas

Alexandre Vargas (31.12.1952-15.11.2018, filho de José Gomes Ferreira), poeta e tradutor. De poesia publicou «Morta a sua Fala»,«Cyborg», «Vento de Pedra», «Lua Cisterna», «Organum» além de ter participado em antologias, cadernos, etc. Traduziu os músicos-poetas Peter Hammil e Patti Smith. Sintra ocupa um lugar especial no seu imaginário.[618]

 

Vário, João Manuel Varela (Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde, 1937-2007). Também conhecido por Djom (família) ou Varela (comunidade científica). Pseudónimos: Timóteo Tio Tiofe, G.T. Didial. Neurologista. Referências literárias: Bíblia, Saint-John Perse, Eliot, Aimé Césaire. Obra: Exemplo Geral; Exemplo Relativo; Exemplo Dúbio; Exemplo Próprio… tudo reunido no volume Exemplos 1-9; Os Cadernos de Notcha.[619]  

 

Vasconcelos, António Augusto Teixeira (Porto, 1.11.1816 – Paris, 29.6.1878). Miguelista, em 1844, funda o jornal A Oposição Nacional para incomodar o Costa Cabral e os seus amigos governantes, e demarcar-se dos seus antigos correligionários. Em Abril /Maio de 1846, os povos revoltam-se na província do Minho. Obra: O Prato de Arroz-Doce[620] dá conta de tudo o que se refere à revolta da Patuleia.

 

Vasconcelos, António Teixeira de

 (Irmão de Teixeira de Pascoaes, suicidou-se em 1903, depois de ter agredido o professor Guilherme Moreira que o reprovara num dos exames…). Fundou o jornal de Amarante e foi redator do jornal A Justiça – semanário republicano…

 

Vasconcelos, José Mauro

 (Rio de Janeiro, 26.02.1920 – 24.06.1984). Devido à pobreza dos pais, foi viver com os tios no Rio Grande do Norte, Natal. Homem de múltiplos ofícios. Obra: Banana Brava (1942); Longe da Terra (1949); Vazante (1951); Arara Vermelha (1953); Rosinha, minha Canoa (1962); Meu Pé de Laranja Lima (1968); Rua Descalça (1969); Vamos Aquecer o Sol; O Doidão; Confissões do Frei Abóbora; Kuryala: Capitão e Carajá (1979).

 

Vasconcelos, João Teixeira de

(Irmão de Teixeira de Pascoaes). Obra: África Vivida – Memórias de um Caçador de Elefantes (com prefácio de Raul Brandão).

 

Vasconcelos, Maria José Teixeira de

Sobrinha de Teixeira de Pascoaes (Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, Amarante, 2 novembro de 1877). Sua secretária desde a adolescência, fez o texto introdutório de «Na sombra de Pascoaes», uma fotobiografia. Pascoaes viveu na “Casa Pascoaes, em São João de Gatão – “Uma Casa para a Poesia”, chamou-lhe Eugénio de Andrade.[621] Atenção à Fonte do Silêncio com o nome dos amigos mais notáveis inscrito em placas de bronze… e à sala dos pretos, onde tocava uma orquestra de negros, durante as refeições… as crianças da casa iam às aulas ao Colégio do Padre Sertório, no Campo da Feira em Amarante. Era uma caminhada penosa, nas frias manhãs de inverno. E era também a perda da liberdade que tanto apreciavam… Pascoaes era mau estudante, mas ficou distinto no exame da quarta classe. O avô deu-lhe de presente um relógio e uma corrente, o que muito alegrou o futuro poeta.

 

Venda, António Manuel

 (Monchique, 1968- ). Obra: Quando o Presidente da República visitou Monchique por mera curiosidade (1996/2013)

 

Ventura, Reis – Sangue no Capim (1963)[622];

 

Viana, António Manuel Couto (Viana do Castelo, 24.1.1923 -8.6.2010) O poeta da Távola Redonda. O Teatro Sá de Miranda era propriedade de sua família e lá começou a dar os primeiros passos na arte de representar e estreou a sua primeira peça de teatro infantil, "A Rosa Verde". Em 1946, veio viver com a família para Lisboa onde conheceu Sebastião da Gama, David-Mourão Ferreira e Vasco Lima Couto. David-Mourão Ferreira, conhecedor da sua paixão pelo teatro, levou-o para o Teatro Estúdio do Salitre, onde se estreou como actor, figurinista e encenador. Em 1948, estreou-se na poesia com o livro "O Avestruz Lírico" e desde então publicou dezenas de obras. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David-Mourão Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia "Távola Redonda". Mais tarde dirigiu a revista cultural "Graal" e fez parte do conselho de redação da revista "Tempo Presente" (1959-1961). O culto do passado está presente em toda a sua obra poética, em oposição ao neorrealismo que era na época a corrente literária dominante. Couto Viana fez parte da direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental), Companhia Nacional de Teatro e foi empresário e diretor do Teatro do Gerifalto, onde apresentou dezenas de peças para crianças. Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera, Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), foi mestre de arte de cena do Teatro Nacional de S. Carlos e orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra. A sua obra foi distinguida com vários prémios e foi condecorado pelo Governo português e pelo Governo espanhol.

 

Viana, Gentil Ferreira (23.2.1935 – 23.2.2008). Lutou pela independência de Angola e integrou o grupo nacionalista que deu origem à Revolta Activa (ver: Manifesto dos 19).

 

Victor, Geraldo Bessa (20.1.917-22.4.1985) Sofre a influência do americano Langston Hughes... aderindo posteriormente ao luso-tropicalismo “freyriano”.

Obra: Ao som das marimbas, Lx, 1943. Destaque: o poema “O Menino negro não entrou na roda”. Segundo Venâncio, Bessa Victor denuncia o racismo subjacente ao sistema colonial; Debaixo do Céu, Lx, 1949.

Venâncio rejeita a tese de Salvato Trigo[623], segundo a qual Bessa Victor terá influenciado Viriato da Cruz.

 

Viegas, Francisco José. Obra: Crime em Ponta Delgada (1989); Lourenço Marques[624]

(2003, Asa)

Vieira, Alice. Nasceu em Lisboa, em 1943. É formada em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, coordenou o suplemento juvenil do Diário de Lisboa e foi jornalista profissional do Diário de Notícias. Colaborou em programas de televisão, escreveu recensões críticas e obteve o seu primeiro sucesso em literatura infantojuvenil em 1979, recebendo o «Prémio do Ano Internacional da Criança». A partir de 1969 dedica-se profissionalmente ao jornalismo e em 1989 à escrita. Em 1994, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. A sua escrita centra-se em temas relacionados com a pré-adolescência e a adolescência. Actualmente, Alice Vieira é um nome que se destaca no panorama da literatura infanto-juvenil portuguesa. A sua obra tem sido traduzida em várias línguas. Algumas das suas principais obras são: «Rosa, Minha Irmã Rosa» (1979), «A Espada do Rei Afonso» (1981), «Livro com Cheiro a Chocolate» (2005) e «Meia Hora Para Mudar a Minha Vida» (2010)

 

Vieira, Arménio (Cabo Verde, 2.01.1941 -). Prémio Camões 2009[625].

 

Vilanova, João Maria (Luanda,) Obra: Vinte Canções para Ximinha; Carta de um Guerrilheiro (1978)

 

Vital, Joaquim (Lisboa, 1948 - Lisboa, 8.5.2010). O jovem Joaquim Vital abandonara Portugal depois de ter passado pelas cadeias da PIDE, em 1965, quando era estudante e militante do Partido Comunista. Editor[626] e escritor. Na Bélgica, em Bruxelas, fundou a editora “La Taupe”. Principal divulgador da literatura portuguesa em França, desde que criou as Éditions de La Différence, em 1976. Obra : Vingt Ans, Bilan sans Perspective (1996, antologia); Un qui Aboie (2000, poesia); Adieu à Quelques Personnages (2004, retratos); La Vie et le Reste (2008, conto).

 

 

VV.AA.

Manuela Ribeiro Sanches (org.) Portugal não é um País Pequeno[627] – Contar o Império na Pós-colonialidade, Cotovia, 2006

 

White, Eduardo

Obra: Amar sobre o Índico (1984); O País de Mim (1990); Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de ser Ave (1992)

 

Xitu, Uanhenga

(pedacinho de carne) Pseudónimo do escritor angolanoMendes de Carvalho.

 

Zambujal, Mário

 (1936-) Jornalista e escritor.[628] Obra: Crónica dos Bons Malandros; Uma Noite Não São Dias (2009); Dama de Espadas” – Crónica dos Loucos Amantes (2011?)

 

 

APÊNDICE

 

Antologias

 

Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império – publicadas entre 1951 e 1963.

A ideia mestra parece ser a de liberdade, fundamental para o futuro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.

Esta produção poética, narrativa e ensaísta promoveu literaturas que tentavam um percurso num espaço geográfico no qual o colonialismo português proibia a existência de culturas e de identidades próprias.

De acordo com Alfredo Margarido, «não havia ainda nesse momento literaturas especificamente nacionais, verificando-se também uma confusão evidente entre “escrita colonial” e “escrita africana”.»[629]

Em 1951, Vítor Evaristo e Orlando Albuquerque, oriundos de Moçambique, editaram como separata da revista Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império, a coletânea “ Poesia Portuguesa”, inaugurando um espaço inexistente.

Desde os santomenses Costa Alegre ou Francisco José Tenreiro aos moçambicanos Noémia de Sousa ou Rui Nogar, passando pelos angolanos Viriato da Cruz ou António Jacinto... todos oferecem páginas de indignação contra a situação que foi a colonial.

O papel das antologias: «estes poemas convocam uma certa memória que é preciso escutar e interrogar.» 

 

Reedição – Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império 1951-1963, Angola e S. Tomé e Príncipe, I Volume, ed. ACEI, 1994

 

 

POESIA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA (antologia), de Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos, com introdução de Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro, Lacerda Editores e Academia Brasileira de Letras, 304 págs., 2003

 

Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra) – selecção de Eugénio de Andrade, Campo das Letras, 1998(?)

 

 

Publicações

 

Tríptico - Em 1924, João Gaspar Simões  fundou esta  revista com Branquinho da Fonseca.

Presença (1927 a 1940). Fundadores: José Régio; João Gaspar Simões; Branquinho da Fonseca. Adolfo Rocha; Albano Nogueira[1] (1930); Edmundo Bettencourt. Adolfo Casais Monteiro (1931). Fernando Lopes Graça. A pastelaria Central, na Rua Ferreira Borges (Coimbra) era então o local da tertúlia quer dos presencistas, quer de outras figuras que residiam na cidade: Afonso Duarte ( colaborador da Renascença Portuguesa), Vitorino Nemésio, António de Sousa, Paulo Quintela, Martins de Carvalho, Carlos de Oliveira, Arquimedes Silva Santos...

Seara Nova – colaboração de Albano Nogueira desde 1933.

O Diabo – “Semanário de crítica literária e artística”, aparecido em 1934. Director: Artur Inez. Opunha-se à ditadura salazarista e ao fascismo ascendente na Europa. Ver também colaboração Albano Nogueira,  de Rodrigues Lapa...


Manifesto – dirigida por Miguel Torga e Albano Nogueira. Surge em 1936, ano da deflagração da Guerra Civil Espanhola. Valoriza o “social”, descurado pela Presença. Saíram 5 números. O último foi em 1938. Colaboradores: Bento Jesus Caraça e Eduardo Scarlatti. Não tinham consideração por alguns neo-realistas, pois faziam simples panfletos ( Alves Redol nos primeiros romances). Consideravam: Soeiro Pereira Gomes – fazia verdadeira literatura. Criticaram (A.N.) o José Rodrigues Miguéis. Mais tarde, A.N. vê Miguéis como um homem vencido.

Revista de Portugal - Desde 1937, dirigida por Vitorino Nemésio. Colaboração de Albano Nogueira.

Novo Cancioneiro ( neo-realismo)

Cassiopeia ( 1955) – ver nota de rodapé.

Tempo e o Modo

Foi fundada por Helena Vaz da Silva (3/07/1939-13/08/02)[2], Alçada Baptista, Bénard da Costa, Nuno Bragança, Pedro Tamen, Alberto Vaz da Silva. Este grupo católico e progressista reunia-se na Livraria / editora Moraes de Alçada Baptista – anos 60. Esta revista combatia o neo-realismo da esquerda da época.

 



[1] - Em 1940, Albano Nogueira ( 1911- ) publica um livro de ensaios – Imagens em espelho côncavo. Obra elogiada por Eugénio Lisboa. Em 1967, A.N publica o romance Uma Agulha no Céu.

[2] - Lema de vida: agir. Inicialmente trabalhou na agência de publicidade “Hora”, onde trabalhara Fernando Pessoa. Em 1968 (Maio), encontrava-se em Paris, onde estudava jornalismo. Regressou a Portugal em 1973, trabalhando sucessivamente no Expresso ( coordenadora da revista); na RTP, na ANOP... Em 1978, fundou a revista “Raiz e Utopia”, dirigiu (dinamizou) o Centro Nacional de Cultura... 


 

 

 

 

Bibliografia

 

António, Mário: Artur Queiroz: Mukandano[630] (ed. Ulmeiro, 1980), p. 83-84, in Colóquio Letras, nº59, 1981.

 

            Carneiro, João - Henrique Guerra (ANDIKI)[631]: Três histórias populares, (col. aut. angolanos, ed.70, 1980), p.98-99, in Colóquio Letras nº 62, 1981.

 

            Chalendar, Pierrette e Gérard - Uanhenga Xitu: Os sobreviventes da máquina colonial depõem... (ed.70, 1980), in Colóquio Letras, nº 61, 1981.

            Chalendar, P. e G. - Manuel Pedro Pacavira:1974; Gentes do mato + Mingota (ed.70, 1981), p.100-102, in Colóquio Letras, nº 73,1983.

 

            Cortez, Mª de Lourdes - Os três espaços de “Karingana ua Karingana” de José Craveirinha, p.74-77, in Colóquio de Letras, nº 25, 1975.

 

            Cruz, Liberto da - Lígia Guterres[632]: Kalunga (Parceria A.M.Pereira, 1972) in Colóquio Letras, nº 13, 1973.

            Cruz, Liberto - Agostinho Neto: Sagrada Esperança (ed. italiana em 1963; Sá da Costa, 1974) p.80-81, in Colóquio Letras, nº 32, 1976.

            Cruz, Liberto: MANTENHAS PARA QUEM LUTA! (antologia da nova poesia da Guiné-Bissau, 1977), p.101-102, in Colóquio Letras, nº 46, 1978.

 

            Dias, Eduardo Mayone - Donald Burness: Fire[633] (Three continents press, Wash., D.c./1977), p. 95-96, in Colóquio de Letras, nº 51, 1979.

 

            Faria, Duarte - Luandino Vieira: Nós, os do Makulusu (ed. Sá da Costa, 1975), p. 90-91, in Colóquio de Letras, nº 35, 1977.

 

            Ferreira, Manuel - Mário de Andrade: 1967, Antologia temática de poesia africana (I - Na noite grávida de Punhais, Sá da Costa, 1975), p. 88-90, in Colóquio de Letras, nº 35, 1977.

            Ferreira, Manuel - Mia Couto: Vozes Anoitecidas (ed.Caminho,1986), p. 132-133, in Colóquio Letras, nº101, 1988.

            Ferreira, Manuel - Baltazar Lopes: Cântico da manhã futura (Banco de Cabo Verde, 1986) p. 187-188, in Colóquio Letras, nº 100, 1987.

 

            França, José-Augusto - “Terra Morta[634]( Brasil,1948; Sá da Costa, 1975), de Castro Soromenho, edição e reedição, p. 84-85, Colóquio de Letras, nº 31, 1976.

 

            Garcia, José Martins - Luandino Vieira: o anti-apartheid (Luuanda, No antigamente na Vida; Velhas Estórias) p. 43-50, in Colóquio de Letras, nº 22, Nov.1974.

 

            Iannone, Carlos Alberto - Manuel Ferreira no Reino de Caliban (antologia, vol. I - Cabo Verde e Guiné-Bissau, Seara Nova, 1975), p.96-97, in Colóquio de Letras, nº 33, 1976.

 

            Júnior, Benjamim Abdala - Voz de Prisão / libertação de Manuel Ferreira (1971),p. 29-34, in Colóquio de Letras, nº 73, 1983.

            Liakhovskaia, Nina - O romance nas actuais literaturas de língua portuguesa, (ed. Nauk, Moscovo, 1980), p.81, in Colóquio de Letras, nº59, 1981. 

 

            Lisboa, Eugénio - Jorge Macedo: Gente do meu bairro (conto; ed.70, 1977), p.94-95, in Colóquio Letras, nº 47, 1979.

            Lisboa, Eugénio - Liberto da Cruz: Jornal de Campanha, 1986 (Situações, Angola entre 1962 e 1965), p. 89-90, Colóquio Letras,  nº99,1987.

 

            Listopad, Jorge - José Martins Garcia: Lugar de Massacre[635] (ed. Afrodite, 1975) p. 88-89, in Colóquio Letras, nº 31, 1976.

 

            Margarido, Alfredo - Luandino: retrato do ambaquista João Vêncio[636], p. 63-67, in Colóquio de Letras, nº 61, 1981.

            Margarido, Alfredo - Quem são os escritores africanos de língua portuguesa? , p.62-63, in Colóquio Letras, nº73, 1983.

            Margarido, Alfredo - Pires Laranjeira: literatura calibanesca (Porto, Afrontamento, 1985), p.129-130, Colóquio Letras, nº 99, 1987.

 

            Martinho, J.B. - David Mestre: Do Canto à Idade[637] (ed. Centelha, Coimbra, 1977), p. 95-96, in Colóquio de Letras, nº 44, 1978.

            Martinho, J.B. - Agostinho Neto - o difícil combate, p. 39-41, Colóquio Letras nº 52, 1979.

            Martinho, J. B. - Manuel Ferreira: Literaturas africanas de Expressão Portuguesa, p. 100-103, Colóquio Letras, nº 52, 1979.

            Martinho, J.B. - NZOJI de Arlindo Barbeitos: Ars poetica e Ars combinatória, p. 19-29, in Colóquio de Letras, nº 59, 1981.

 

            McNab, Gregory - Para um estudo da narrativa extensa de Cabo Verde: os casos de Vida Crioula(Teobaldo Virgínio, 1967) e Famintos (Luís Romano, 1962), p. 29-35, in Colóquio Letras, nº 99, 1987.

 

            Melo, João de - Fernando Monteiro: Como um pingo de caju (ed.70, 1979) p. 85-86, in Colóquio Letras, nº 61, 1981.

 

            Mestre, David - Manuel Rui[638]: Memória de Mar ( UEA/ed.70, 1980), p.98, in Colóquio de Letras, nº 62, 1981.

            Mestre, David - Ernesto Lara Filho[639]: da poesia ( Picada de Marimbondo - 1961; O Canto de Martrindinde -1963;  Seripipi na Gaiola -1970) e do seu autor, p. 58-62, in Colóquio de Letras, nº 72, 1983.

            Mestre, David - Arnaldo Santos: Nova Memória da Terra e dos Homens (UEA, 1987), p.130-131, in Colóquio Letras, nº 101, 1988.

 

            Moser, Gerald - Cadernos Capricórnio[640] (nº1 a 16/ nov. 72 a Março de 1974 - direcção de Orlando Albuquerque, Lobito, Angola), p.94-95, in Colóquio de Letras, nº 22, Nov. 1974.

            Moser, Gerald - Boaventura Cardoso: Dizanga dia Muenhu (ed.70, 1977), p. 101, in Colóquio Letras, nº 46, 1978.

            Moser, Gerald - Moçambique: outra república de poetas? p.60-62, in Colóquio Letras, nº 51, 1979.

            Moser, Gerald - Os Jovens Poetas de Bissau, p. 68-70, Colóquio Letras nº 52, 1979.

 

            Nunes, Natália - Luandino Vieira: Vidas Novas (1962; ed. Afrontamento, 1975), p. 83-84, in Colóquio Letras, nº 32, 1976

 

            Rebelo, Luís de Sousa - Urbano Tavares Rodrigues: ensaios de pós-Abril[641] (Moraes edit. 1977), p. 90-91, in Colóquio Letras, nº 44, 1978.

            Rebelo, Luís de Sousa - As Quibíricas de Grabato Dias ou o discurso da ruptura - Moçambique, 1092 -,  p. 21- 28, in Colóquio Letras nº 99, 1987.

 

            Rebelo, Luís Francisco - Costa Andrade: No velho ninguém toca (Teatro; Sá da Costa, 1979), p.84-85, Colóquio de Letras, nº 59, 1981.

 

            Relvas, Clementina - Uanhenga Xitu: Maka na Sanzala (Mafuta) - ed.70, 1979, p. 83, Colóquio Letras, nº 59, 1981.

 

            Santilli, Mª Aparecida - Orlanda Amarílis: A Casa dos Mastros (Linda-a-Velha, ALAC,1989), p.199-200, in Colóquio de Letras, nº 115-116, 1990.

 

            Trigo, Salvato - Mário de Andrade: O canto armado (antologia temática da poesia africana, Sá da Costa, 1979), p. 94-95, in Colóquio de Letras, nº 51, 1979.

           

 

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] - «Já nos primeiros livros de Abelaira, Lourenço e Silvestre veem uma ruptura com a “ruralidade da matriz cultural neorrealista”, que, nesse sentido, abrirá caminhos a obras como “Rumor Branco” (1961), de Almeida Faria, ou “Os Passos em Volta” (1963), de Herberto Hélder.» Público, 6/7/2003.

[2]  - Um romance que marcou toda uma geração que aí aprendeu a namorar. Romance concluído em 1957, mas só publicado em 1959.

[3] - Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências.

[4] - «A revisitação da nossa literatura das Descobertas, o mais desbragado fantástico, a celebração irónica da irrisão do humano, tudo isso se concretiza numa trilogia que é talvez a sua obra maior.» Público, 6/7/2003.

[5] - De acordo com Vítor Viçoso, a estrofe de Fernando Pessoa que serve de epígrafe ao romance “Outrora Agora” é a seguinte: “Com que ânsia tão raiva/Quero aquele outrora/ E eu era feliz? Não sei:/Fui-o outrora agora.”. A verificar: «Como noutras personagens dos romances do autor, em Jerónimo há uma consciência obsessiva do fracasso (…) sem que esse estatuto atinja uma verdadeira dimensão trágica, porque permanentemente se desconstrói sob a leveza da autoironia.»

Com Outrora Agora, 40 anos depois de ter escrito o 1º livro, foi distinguido com o Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (16.05.1997). Prémio no valor de 2000 contos. Neste ano, O Manual dos Inquisidores, de António Lobo Antunes foi preterido.

JL, 21.05.1997: Em Outrora Agora, a literatura é aí uma espécie de matriz condutora da vida (…) A citação direta ou alusiva, o cliché, o pastiche, podem constituir técnicas discursivas que permitem ao narrador evitar o deslize («o pudor das palavras») para aquilo a que chama o lirismo fácil. Há por outro lado, diríamos, uma vertigem hermenêutica que conduz o narrador para uma descodificação obsessiva das palavras dos outros ou das suas próprias palavras. Uma metalinguagem que desenvolve frequentemente uma atitude irónica em torno do próprio material da literatura, as palavras e as frases. Também os modalizadores e as frequentes disjunções são outros modos de instalar a incerteza no que diz respeito aos outros e a si próprio.

[6] - «Deste modo, esta fusão do outrora/agora apenas nos pode conduzir a um jogo com as palavras ou ao romance do romance…» JL, 21.5.1997.

[7] - Um irmão mais novo, advogado, monárquico e católico, em 1963, foi mobilizado para Angola. «Não resistindo ao confronto entre os seus ideais e a realidade – suicidou-se.» Público Magazine 8 de janeiro de 1995.

[8]  - Uma estranhíssima e inesgotável utopia: Numa ilha, ensaiam a construção de um país, com a sua particular organização política e social…

[9] - Foi a sua primeira tentativa de reformular a intolerável visão de um país à deriva.

[10] - Sobre o nacionalismo da sociedade angolense (de raiz urbana) desde 1880 até ao início do século XX. Inspirado na leitura de “A Voz de Angola Clamando no Deserto”. Consequência da independência do Brasil e mais tarde da Conferência de Berlim? Ver entrevista de 29.03.1990, DL

[11] - D. Nicolau existiu de facto. É uma figura rural do Norte de Angola, educado em Portugal, acabando por ser vítima da estratégia política inglesa. Ele terá traído a sua origem camponesa.

[12] - Torcato Sepúlveda, Público, 26-04-1997. Um Fradique Mendes angolano. Uma espécie de heterónimo colectivo da geração de 70 regressou no romance «Nação Crioula» pela mão de José Eduardo Agualusa. Um livro composto por cartas imaginárias, em que Fradique peregrina pelo Brasil e por Angola, apaixona-se por uma negra e volta anti-esclavagista e anti-racista. Um Fradique do século XX.

JEA – Eça carrega todos os preconceitos da época. O final do séc. XIX é um tempo de passagem, de dúvidas, e de ideologia colonial . A personagem Fradique é mais aberta que o criador. É uma personagem muita aberta, muito receptiva à cultura dos outros.

(Referência ao europeu Alfredo Trony que se integra na cidade de Luanda, de tal modo que hoje é considerado um escritor angolano – ver romance Nga Mutury. Terá ido para angola, ou como emigrante ou como degredado.)

Angola e Brasil estão ligados, pelo menos, desde que Luanda foi ocupada pelos holandeses. Luanda foi libertada por uma armada brasileira. E mais tarde, os portugueses que viviam no Brasil e não aceitaram a independência da colónia, foram viver para Angola e foram eles que fundaram, por exemplo, a cidade de Moçâmedes.

JEA – Uma das coisas que eu tento provar neste livro é que a luta contra a escravatura foi levada a cabo também por africanos, negros e mestiços, tanto em Angola como no Brasil.

JEA – O livro leva como subtítulo “A Correspondência Secreta de Fradique Mendes” (…) Uma relação entre o cosmopolita Fradique e uma negra seria, na época, relativamente estranha. (…) Quem tiver lido Eça poderá divertir-se mais, embora o romance possa ser lido por qualquer pessoa.

Outras obras: Estação das Chuvas; A Conjura; D. Nicolau Águarosada…

[13] - “As mulheres de Meu Pai “é um inventário das vidas africanas, caóticas, infelizes ou banais, histórias de traficantes de diamantes, curandeiros, colonos e prostitutas. Agualusa mantêm a prosa entre o jornalístico e o maravilhado, detendo-se também em lendas mágicas, anedotas sobre maridos doidivanas e entusiasmos por mulatas apetitosas. ver Pedro Mexia, Ípsilon, 15 de junho de 2007

[14] - A acção decorre, em Luanda, em 2020. O livro é um superlativo da realidade (Alexandra Lucas Coelho, Ípsilon, 5/6/2009).

[15] - «O que Bosch nos mostra com o Jardim das Delícias é um falso paraíso, cuja beleza é passageira e conduz os homens à ruína e à condenação...», Walter Bosing

O mesmo se poderá dizer de "O Jardim das Delícias" (ASA, 2005) de João Aguiar. Trata-se de um romance sobre a União Europeia transformada em "Federação Europeia" no séc. XXI.

O federalismo vai destruindo todos os símbolos identitários em nome de uma volúpia económica, conduzida pelos «conglomerados político-financeiros» que de fusão em fusão condicionam consumidores e governos tornando-se indissociáveis do poder político e da própria criação cultural (pág.130).

Perante a destruição das identidades nacionais e regionais surge a reação do integrismo - no caso português (ou do que resta...) - a reação da Sagrada Milícia - a ala combatente do Movimento Integrista Português.

E no meio destes dois poderes, o protagonista - o Jornalista João Carlos - procura opor-se à cegueira de uma Europa minada por um duplo cancro... num espaço e num tempo em que a lucidez dificilmente sobrevive à arrebanhadura.... Um romance que obriga a pensar o presente, à luz da história recente... raramente problematizada. Não chega a ser um romance profético, a não ser, talvez, nesta sub-região da Ibéria... posted by CARUMA

[16] - Sobre si própria: “eu escrevo torrencialmente; se eu considerasse o lado académico, que eu poderia construir, acho que a espontaneidade se perdia. Os defeitos são importantes nos livros.» Semanário, 23 de maio de 1998. Para Agustina a obra feminina mais conseguida é «O Monte dos Vendavais», de Emile Bronté. Também considera Teresa de Ávila, que escolheu o claustro, uma grande escritora – ver a importância da solidão para a escrita. Vê em Torga, o modelo de escritor. Na pintura é o BACON que me impressiona mais, no aspecto do dinamismo tenebroso que ele tem.

[17] - É uma narrativa romanceada, baseada num diário de um avô – a história dos Lourenços de uma família…  Entrevista, Público, 24.02.1996.

[18] - Ver Carlos Câmara Leme, Mil Folhas, Público, 26 de julho de 2003: Por detrás de Camila está Agustina.

[19] - Ver filme “O Convento”. A verdade é que houve uma espécie de desencontro, provavelmente voluntário, porque a certa altura Manoel de Oliveira entendeu que devia eliminar totalmente o meu livro da obra dele, foi estreitando o meu terreno cada vez mais e resumiu a minha intervenção a duas conversas que tivemos, uma delas pelo telefone. Eu preferia fazer um guião a fazer um livro do qual ele tira o guião. Público, 24.02.1996.

[20] - Artigo de Vamberto A. Freitas: A literatura de guerra e Álamo de Oliveira, DN, 24 de junho de 1990

A experiência militar africana nas páginas de José Martins Garcia, João de Melo (romancistas) e agora Álamo de Oliveira com o seu romance Até hoje (Memórias de Cão)

Mobilizado para a Guiné-Bissau em 1967 só agora dá à estampa «o nojo» daquela experiência.

Sobre a guerra de África: «a pergunta seria: Quem manipulou quem? Como se conseguiu transformar o simplesmente hediondo em imagem puramente romântica?» (…) Portugal, em relação a África, procurou fundamentar a sua razão no peso histórico de 400 anos, ignorando as razões do tempo enquanto elemento evolucionável. Foi um direito acumulado.

(…) Haverá remorsos pelo e pelo não feito, no mal e no bem, respetivamente. E, em todos, com certeza, a raiva de um logro que só a ingenuidade pôde aceitar. Nada é mais fácil que manipular a ingenuidade.

(…) As cicatrizes psíquicas. Uma cicatriz será curável? Ou a cicatriz é a marca indelével da ferida que sarou?

(…) Na guerra, pior do que a morte, é a solidão. Por isso, a procura de companhia – como geradora de amor e de carinho – era luta fundamental. (…) Nada pior do que ter um coração do tamanho do mundo e ter que frequentar a catequese do ódio.

(…) Na guerra é difícil conhecer-se a fronteira que separa o normal do anormal. E isso sem que caíssem dogmas ou as figueiras secassem.

Subtemas: a droga e a homossexualidade.

[21] - Sebastião Alba era o pseudónimo de Dinis Albano Carneiro Gonçalves. Viveu a maior parte da sua vida em Moçambique. Aqui, fez o ensino secundário, foi professor, jornalista e poeta, casou com uma mestiça, foi chamado para a tropa. Ao segundo dia, desertou. Foi preso. Esteve dois anos e meio detido, sem julgamento. No isolamento e sob tortura. Sob o Governo da Frelimo, foi nomeado para o cargo de administrador da província da Zambézia. Abandonou o cargo. Entretanto, o irmão António morre num acidente de viação. Dinis nunca recupera do choque. Só em 1981, por causa das filhas, regressa a Portugal (Braga). Aí viveram cerca de 5 anos num pequeno apartamento. Chegou a escrever para o “Correio do Minho”. Já, em Lisboa, Dinis abomina a cidade e, alcoólico, incompatibiliza-se com a mulher e os vizinhos e sai de casa. Um ano mais tarde, regressa a Braga. Acaba na rua. Desadaptação total.

[22] - José Manuel Mendes: professor, escritor e presidente da Associação portuguesa de Escritores. Era amigo de Sebastião Alba. Outro amigo, o poeta Virgílio Alberto Vieira.

[23] - Virgílio Alberto Vieira e Herberto Hélder conseguem publicar-lhe esta antologia na Assírio & Alvim.

[24]  - António Guerreiro, Expresso, 7.02.98

[25] - Maria Lúcia Lepecki, DN.29 maio 1988

[26] - Inventaria grande parte dos acontecimentos políticos e militares que tiveram lugar em Angola de 1993 a 1998. Revela parcialidade (?) na abordagem dos acontecimentos.

[27] - Prémio António Patrício.

[28] - Rompi com o PC numa carta assinada em conjunto com a Adalcina e o Germano Ferreira da Costa.

[29] - Tinha 16 ou 17 anos. O livro foi prefaciado por Cruz Malpique, seu professor no Liceu Alexandre Herculano.

[30] - Manuel Alegre: “Ainda não tinha lido o Ezra Pound, nem as suas teorias sobre os cancioneiros e os trovadores. Quando os escrevi foi um impulso, por instinto, por razões não explicáveis.» JL 6-19 julho 205. Nesta entrevista, destaca o papel da aprendizagem de cor de muitos poemas (António Nobre, Garrett, Guerra Junqueiro, António Sardinha (Maria do Carmo Sampaio, tia-avó, monárquica, integralista) …Foi muito influenciado pelo professor António Cobeira (ver conto de O Homem do País Azul), que fora amigo de Pessoa e de Mário Sá-Carneiro… Em Coimbra, começou a ler Rilke e Hoderlin por influência do Paulo Quintela. E aí o contacto mais importante foi com o Lousã Henriques, com o Herberto Hélder e com o Fernando Assis Pacheco… A Trova do Vento que Passa é de 1964, quando estava em Coimbra com residência fixa, depois de ter sido preso em Angola (Mesmo na noite mais triste/em tempo de servidão/ há sempre alguém que resiste, / há sempre alguém que diz não.) Parte para o exílio no dia 12 de maio de 1964. Na fuga, tem apoio do pai, de Ivo Cortesão, do Zé Lopes Monteiro, do João José Cochofel, do Rui Feijó

[31] - Reclama-se fora do neorrealismo: «não escrevo poesia por ato voluntarista. (…) A minha poesia tem a ver com a estrutura rítmica, a cadência, a toada, os cancioneiros. A grande toada lírica da poesia portuguesa. A toada camoniana. (…). Desde os 17 ou 18 anos que se sente marcado pelos Sonetos de Antero de Quental. Admira sobretudo Camões, Nobre, Camilo Pessanha e Mário Sá-Carneiro…

[32] - Prefácio de Eduardo Lourenço.

[33]  - Coletânea de textos políticos.

[34] -«É uma liturgia, uma celebração, um exorcismo. Um poema que tem a ver com a morte e com a experiência muito concreta da morte. »

[35] - Reúne toda a sua poesia, incluindo os livros Pico, Alentejo e Ninguém e Che e outros inéditos.

[36] - Inclui alguns textos de natureza biográfica esclarecedores: Entrevista a Giovanni Ricardi; Fausto Sampaio: um olhar português...Ver ainda sobre Pepetela: Muana Puó ou talvez o nosso rosto. A explorar ligações geracionais: Nuno Bragança: “ Directa” / “Square Tolstoi”; Fernando Assis Pacheco; João de Melo: O Meu mundo não é deste Reino; Gente Feliz com Lágrimas; Dicionário de Paixões;

[37] - “ Um grande poeta teve a coragem de escrever um livro simples sobre a banal relação de afecto que une pessoas e animais.” Adelino Gomes, Público, 12 de Outubro de 02.

[38] - Um livro sobre o exílio.

[39] - «Quando eu cheguei a Argel, criei logo uma relação especial com o Piteira. Era uma pessoa muito inteligente, com quem eu aprendi muito, foi o meu professor, levou-me a ler muitos livros, a ter uma outra visão da política, da esquerda portuguesa, do marxismo. (...) quem me fez ler os “Manuscritos de 1844” do Marx – na altura ninguém falava nisso – foi o Piteira, o Trotsky foi o Piteira, um artigo fundamental de Lélio Bassio – que faz a grande crítica do leninismo como um desvio voluntarista e idealista do marxismo – foi o Piteira. Coisas que me levaram a romper horizontes.» in Público, 25.04.2003.

[40]  - “Letras está dentro da literatura em si e a sua escrita é toda ela um exercício literário específico.”

[41]  - “Sendo o herói épico habitualmente um herói colectivo, o herói desta anti-epopeia é, em rigor, uma geração.”

[42] - A curta novela de Fialho surge no contexto decadentista finissecular em que se verifica um descrédito de todos os sectores do espaço público. (Eunice Cabral, Público, 14.03.1998) Para Fialho, Balzac era o escritor modelar. Ver influência da obra de Balzac, Illusions Perdues, 1843. Ver também a necessidade do escritor se submeter às regras dos jornais (folhetim)… O tempo de Fialho é já o de «um jornalismo que transforma os textos literários em literatura industrial.»

[43] - ver entrevista ao JL, 10 nov. 1992.

[44] - ver Maria João Martins, JL, 29/03/1995: «conta a história de um casal de amantes, cujo amor superlativo e profano transforma num presépio de carne.»

[45] - ver artigo de Paula Morão, JL de 19 de julho de 2005.

[46] - ver filme Metal en Melancholie, 1993, Tot Ziens, 1995, de Heddy Honigmann.

[47] - Nasce na Póvoa de Atalaia (Fundão) a 19 de Janeiro de 1923. Aos sete anos partiu com a sua mãe para Castelo Branco. Em 1931-1932 (?), muda-se para Lisboa. Estuda no Liceu Passos Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro.  Chega a frequentar Engenharia. Em 1936, escreve os primeiros poemas. Em 1943, instala-se em Coimbra. Em 1947, entrou nos quadros dos Serviços Médico-Sociais do Ministério da Saúde, como inspetor administrativo. Convive com Torga, Carlos de Oliveira e Eduardo Lourenço. (Parece que foi Francisco Sousa Tavares que lhe arranjou o emprego.) Por causa do trabalho, em 1950, muda-se para o Porto, onde vive o resto da sua vida. A mãe falece a 14 de Março de 1956. Em 1959, Óscar Lopes organiza, no Porto, um colóquio dedicado à sua poesia. Em 1969, traduz as “Cartas Portuguesas” atribuídas a Mariana Alcoforado.

[48] - Para lá ir, entre outros livros, vendeu uma 1ª edição de MENSAGEM, por 10 contos.

[49]  - João Gaspar Simões escreve pela primeira vez sobre Eugénio de Andrade. Ver Crítica II, 2º volume.

[50] - Textos de Torga, António Nobre, Eduardo Lourenço, Carlos de Oliveira, Vergílio Ferreira, Eça, Pascoaes, Fernando Assis Pacheco, Antero de Quental (?), Ruben A. , Tomás de Figueiredo, João Miguel Fernandes Jorge…

[51] - Crítica literária, Maria Lúcia Lepecki, 11.09.1988: «Amor da realidade, do dia e da hora, amor do pequeno quotidiano recuperado para formas superiores da criação estética: eis aí o primeiro ponto onde se podem encontrar Eugénio e Visconti.» Sobre Visconti alguém terá afirmado: Trabalha para não morrer… horas e horas para escolher o tom de um cortinado (…) com esse amor à realidade que só conhece quem a sabe tão fugidia.

[52] - ver artigo de Fernando Pinto do Amaral, Público, 24-12-1994.

[53] Sophia

6 novembro 1919, Porto / - 2004

Tem o núcleo familiar em Lisboa. Ver Rua de São João dos Bem-Casados (atualmente, Rua Silva Carvalho)

Do lado materno, Thomaz de Mello Breyner, 4º conde de Mafra, médico da família real e professor da Faculdade de Medicina com vasta cultura humanista de tradição liberal.

Do lado paterno, os Andresens, família com ascendência dinamarquesa e alemã ligados a negócios de transporte de vinhos, seguros e navegação, uma das maiores fortunas do Porto. Rua António Cardoso, nº 170 – percurso familiar, entre este número e o 1191 da Rua do Campo Alegre (casas e natureza, ligados entre si).

No Porto, a partir dos 7 anos, frequente o colégio católico “Sagrado Coração de Jesus”.

Convive com o primo direito, Ruben Andresen Leitão, o escritor Ruben A. (1920-1975) Descreveu-o minuciosamente na autobiografia “O Mundo à Minha Procura”.

Outro dos sítios fundamentais é a Granja, estância balnear entre o Porto e Espinho, onde a família passava o verão.

O papel da Nau Catrineta no imaginário (a criada Laura…)

O avô Thomaz, grande amigo de Almada Negreiros, foi importante na educação poética de Sofia, pois lhe ensinava os poemas, mesmo antes de saber ler... e que lhe fez descobrir Camões e Antero de Quental.

Começou a escrever versos aos 14 anos… numa noite de primavera...

Em 1937, veio frequentar o Curso de Filologia Clássica.

O primeiro livro foi publicado em 1944 (Poesia), poemas escritos entre os 14 e os 23 anos.

Casou com Francisco Sousa Tavares a 27 de novembro de 1946. Vivem na Graça…

Será Sophia a cunhar a revolução da Poesia: o “dia inicial e limpo” do 25 de Abril, “a poesia está na rua” inspirado pelo 1º de maio pós-ditadura (de que Vieira da Silva pintará o famoso cartaz).

 

[54] Os dois homens que melhor e mais profundamente refletiram sobre Angola, Mário António de Oliveira e Mário Pinto de Andrade, nunca tiveram direito a um passaporte angolano. Morreram estrangeiros. Ver: José Eduardo Agualusa, Público, 18 de junho de 2000.

[55] - Oficial médico em Angola.

[56] - Nesta obra, L.A. cai no erro de confundir África com os arrabaldes da Pátria que tanto o inspiram: «A ideia de uma África portuguesa, de que os livros de História do liceu, as arengas dos políticos e o capelão de Mafra me falavam em imagens majestosas, não passava afinal de uma espécie de cenário de província a apodrecer na desmedida vastidão do espaço, projectos de Olivais Sul…» Ver Fátima Maldonado.

[57] - Em Memória de Elefante, A.L.A., entre muitas outras notas de cariz autobiográfico, refere-se ao seu exame de admissão no Liceu Camões, observada da janela pela mãe que, cética, tinha pouca esperança no futuro dele: «vira todos os miúdos inclinados para o ponto, compenetrados e atentos, à excepção do psiquiatra, que queixo no ar, inteiramente alheio, estudava distraído a lâmpada do teto.» pág. 96. A páginas 119-120, descreve a vida decadente na Praça José Fontana: « durante sete anos atravessara diariamente as árvores desse jardim povoado em doses equitativas de reformados e de crianças, com o urinol subterrâneo debaixo do coreto guardado por um Cérbero camarário, a curtir desde a aurora os vapores oscilantes de uma bebedeira crónica…»

[58] - São os heróis dos Descobrimentos. E é a Lisboa do tempo das Navegações, amalgamada com outra Lisboa, a do período da descolonização. Maria Lúcia Lepecki, DN 31.07.1988.

[59] - «É o meu melhor livro, mas não sei se é aquele de que gosto mais. Quando não sou capaz de escrever começo a deprimir-me e a sentir-me culpado (…) como se eu tivesse um dom e estivesse a desperdiçá-lo. (…) não ter o direito de ser preguiçoso». Sobre as personagens: À casca são pessoas que eu conheço, como as casas, como as ruas, preciso de um cenário sólido que eu sinta como muito real. Depois eu visto-as por dentro e por fora como me apetece. Público magazine, 18.10.1992

[60] - O Manual dos Inquisidores parece a sua obra mais falhada, um museu de figuras de cera onde cada personagem é mais inverosímil que a anterior. Dum lado os vilões, ministros de Salazar, saídos das profundas do Inferno, comandados por Belzebu, Salazar em pessoa, do outro os pobres (…) A meio não há nada, só preto e branco. Ver Fátima Maldonado, Expresso 12/12/1997

[61] - Ver texto de Fátima Maldonado, Expresso 12/12/1997. “Há, em L.A., uma incontinência que se detém nos pormenores mais sórdidos, penduricalhos de pechisbeque cobrem de opróbrio as orelhas, peitos das mulheres, urina que inunda tudo de uma luz febril, gente, paisagem, tudo acaba por parecer-se. L.A. é dotado de um sentido de irrisão tão forte que submerge toda a capacidade crítica, o que de certa forma debilita a sua visão pessimista mas quão realista de Portugal. Ele acerta ao apontar-nos as chagas, leprosos que somos, mendigos de favores, de cunhas, de prebendas, está certo quando arrasa o país tão desgraçado, bebendo por uma palhinha o capilé da sua mediocridade. Mas não sabe fazê-lo com grandeza, não consegue a distância que permite visão larga, estreita talvez sem querer o horizonte, é incapaz de não se misturar na intriga, acabando por ser sempre mais uma das personagens e quase nunca o diagnosticador que pretende. Por qualquer síndroma de que só ele saberá a razão, raramente consegue manter-se fora da cega-rega que tanto caricatura. Em O Esplendor de Portugal talvez seja uma das raras vezes em que isso sucede.”

[62] - Reúne as transcrições integrais dos mais de 300 aerogramas que Lobo Antunes mandou de Angola à primeira mulher, Maria José Xavier da Fonseca e Costa, entre 7 de janeiro de 1971 e 30 de Janeiro de 1973. Durante esse tempo, Lobo Antunes nunca deixou que ninguém lesse uma linha do que escrevia.

[63] - Baptista Bastos.

[64] - A Tia Susana é uma pessoa que não tinha nada a ver com aquilo que a rodeava, nomeadamente com o marido. Isto não era um caso isolado, era a própria estrutura social. in Artigo de Leonor Xavier, DN.19-03-1989.

[65]  - Escrito em colaboração com Gustavo Rubim. O trabalho inicial data de 1984, mas a revisão e publicação de 2003.

[66] - João Barrento procura definir, sob a forma de verbete enciclopédico, os conceitos de ‘moderno’, ‘cultura’, ‘contracultura’, ‘anticultura’.

[67] - Ver Regresso a casa, crítica literária de Maria Estela Guedes, DN. 3nov1991. De acordo com a crítica: «é um livro de visão realista, mas de estrutura imaginária. Tudo se passa como se como se fosse pura fantasia ou incursão nos domínios do fantástico. O livro é divertido, com passagens inesquecíveis…»

[68] - A propósito desta e de outras publicações, coloca-se a questão do interesse do público pelo romance histórico, em que a realidade na maioria dos casos é confundida com a ficção.

[69] - Pai da Inês Barros (aluna de Literatura Portuguesa, em 2008/2009). Pertence ao grupo do DNJOVEM.

[70] - “Analisado na perspectiva dos sujeitos da fala, A Colina de Cristal é uma espécie de coro. (...) Cinco vozes fundamentais seguram, alicerçam as informações do romance. São as vozes do Centauro, do Narrador, do Leitor textualmente representado, do Escritor e dos discursos políticos – a voz do Poder fascista – citados.” Maria Lúcia Lepecky, DN, 19 de Junho de 1988.

[71] - A desilusão perante o fracasso do socialismo no pós-25 de Abril.

[72] - Crónicas. Na pág. 39, faz referência ao sinaleiro “ O Bailarino “, no cruzamento do Matadouro com o Liceu Camões. No entanto, foi aluno da turma 13 da Escola de Artes Decorativas António Arroio. (pág. 167). Colegas: Vicente Van Gogh, Costa Pinheiro, Luís Vaz de Souzel, Francisco Botelho, Daniel Vidas. Será que ainda existe sinal do protesto inconformado numa das paredes da Escola? Textos seleccionáveis: “Advérbio como protesto” (pág. 83); “ Os Anjos Mudos” (pág. 87). Poetas preferidos: José Gomes Ferreira, Torga, Sophia, Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Cesariny, Herberto Helder, Armindo Rodrigues, Alexandre O’Neill. Temas: a nostalgia; o tempo na cidade; as ruas de Lisboa; Pronunciamento: Além da limpeza da escrita, tive a obsessão de outras limpezas; sobretudo a da limpeza do Mundo. Não tolero muitas coisas: sobretudo, não tolero a biface, o ambíguo, sem que isso queira dizer que tenha uma perseverante tendência para a desconfiança.” (pág. 60)BB caracteriza José Gomes Ferreira do seguinte modo: “ E ele sempre fora um poeta das ruas, um caminhante dos dias claros e um perguntador das noites. Cercado de livros, de quadros, de memórias, de afectos – e de quimeras.” Pág. 191

[73] - No dia 11.03.2003, proferiu uma interessante palestra na Biblioteca da E. S. de Camões: considera que o português sempre se preocupou em valorizar o OUTRO. Exemplificou com a “fala” e sobretudo com o género “reportagem” – ver Pêro Vaz de Caminha: Carta do Achamento do Brasil. Ver Fernando Cristóvão, Cruzeiro do Sul. Valorizou também o contista Mário Dionísio. Na educação, considera fundamentais três componentes: conhecimento, vontade, paixão.

[74] -Fazer o retrato da pessoa através das leituras, do conhecimento do mundo, dos tiques.

[75] - Há dois onde fundamentais na poesia de Lourdes Belchior: o cá e o lá. O primeiro, em princípio, é o profano e o histórico; o outro é o sagrado, eternidade e modelo. Maria Lúcia Lepecki, DN 8-11-1987.

[76] - Domina a ideia de que a vida do homem se confina à sua dimensão terrena. Interrogação acerca do sentido da existência.

[77] - Sobre a responsabilidade da poesia e do poeta: «Ao escrever, e independentemente do valor do que escrevo, tenho às vezes a vaga consciência d que contribuo, embora modestamente, para o aperfeiçoamento desta terra onde um dia nasci para nela morrer um dia para sempre (…) Mas, ao escrever, dou à terra, que para mim é tudo, um pouco do que é da terra. (…) Ao escrever, mato-me e mato. A poesia é um acto de insubordinação a todos os níveis, desde o nível da linguagem como instrumento de comunicação, até ao nível do conformismo, da conivência com a ordem, qualquer ordem estabelecida.» Nota crítica de António Guerreiro, Expresso, 12 Dez.1997. Dá destaque ao tempo trágico do indivíduo, mais do que da História. O tempo trágico é aquele que preside à passagem do nada ao nada. E ainda à passagem e à travessia.

[78] Nos 2 primeiros livros, não há um afastamento das categorias do cristianismo e da tradição mística da «noite da fé», apesar do questionamento da doutrina e das práticas da Igreja.

[79] - não há resposta para o «insolúvel da morte» …

[80] - são múltiplas as marcas de descrença.

[81] - aborda-se o problema da «condição definitiva», tendo o ceticismo dado lugar a posições ambíguas.

[82] - José Craveirinha dedicou-lhe o poema “25 de Abril”: Naquele ontem / que delirantes apoteoses / nos crédulos corações do povo. // Neste hoje / dúvidas interrogam presságios / mãos persignando-se ao realismo / dos soluços no imo do Chiado // É nos amanhãs do tempo? / Às avessas das líricas espingardas / talvez reste uma sardónica lembrança / dos poetas cobaias dos cravos. / /Ponto. / Parágrafo. / Viras a página Desde o Tejo ao Zambeze / um parêntesis de quimera / é o nexo do paradoxo. // Posfácio:/ Um tal menino do Rossio / e tal menino da Matalala / rótulas alcatifando o chão / em pleno 25 de Abril de noventa e quatro / sapatos engraxam-lhes a vida.

[83] - António Botto tentou, por todos os meios, voltar a Lisboa, ao ponto de escrever ao cardeal Gonçalves Cerejeira, dedicando-lhe o poema Fátima e oferecendo a letra do hino do 13 de Maio, o Ave, Fátima.

[84] - Obra proibida por acção da Liga da Acção dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923), liderada por Pedro Theotónio Pereira.

[85] - Maria Lúcia Lepecki, Era uma vez em Lisboa, DN, 22-11-1987. Encontro de Mulheres, DN, 29 novembro 1987; o Bem e o Mal, DN, 6 -12-1987

[86] - Antónia de Sousa, Não tenho opiniões radicais a respeito de coisa nenhuma, DN, 26-06-1988.

[87] - Charles Boxer teve como assistentes no King’s College, 3º titular da cátedra Camões, 1947 a 1967, primeiro Ruben Andresen Leitão e, depois, Luís Rebelo. A Fundação Oriente tem editado a obra completa de Boxer.

[88] - Hélia Correia parece conhecê-la um pouco melhor.

[89] - João Gaspar Simões, Sobre a Arte de Contar, DN 5.04.1984.

[90] - Apreciada por Fernando Pessoa.

[91] - Maria Alzira Seixo (JL, 21.5.1997): Nuno Bragança pratica uma espécie de fusão de perspectiva e de estilos que implicam uma assunção do património literário e, sobretudo, uma intensa prática de leitura, e canaliza-o para um hibridismo textual que promove a rejeição  de qualquer perspetiva unilateralmente assumida, e, ao mesmo tempo, desenvolve a paródia como homenagem, o realismo como crítica e o surrealismo como amarga dissenção em relação a um quotidiano instável, insatisfatório e sem sentido.

[92] - F.H.P.B foi revelada na Poesia 61 (juntamente com Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta). Fiama foi aluna do Colégio Inglês de Carcavelos, o St. Julian’s School, e frequentou  o curso de Filologia Germânica na Universidade de Lisboa. Exerceu crítica de teatro, acompanhou o trabalho do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras, estagiando em 1964 no Teatro Experimental do Porto. Foi, em 1974, um dos fundadores do Grupo Teatro Hoje, sendo a sua primeira encenadora com Maria Pineda, de Lorca.

[93] - «Quando manobra para arrumar o carro no telheiro que lhe serve de garagem, Amílcar e Ana (Maria de Sá Cabral) são encadeados por dois potentes faróis. É um jipe do Partido, de onde saltam vários militantes armados. Um deles é Inocêncio Kani, um veterano ex-comandante da Marinha. Depois de uma ríspida troca de palavras, Kani dá instruções para amarrarem o secretário-geral. «Podem-me matar, mas não consinto que me atem.», terá dito Amílcar, segundo o único testemunho presencial viva, Ana Maria, a viúva. nervoso, impaciente, surpreendido com a resistência de Cabral, Kani dispara a pistola à queima-roupa. Atingido no fígado, cai. Apelando a uma qualquer força interior, consegue sentar-se; chama por Ana Maria e desafia os adversários para um diálogo. A resposta é uma curta rajada de metralhadora AK: atingido na cabeça, Amílcar Cabral morre. (23 horas, 20 janeiro de 1973, Conacry – José Pedro Castanheira /Expresso, 16 de janeiro de 1993) Os cabecilhas seriam Mamadou Touré (Momo) e Aristides Barbosa. Segundo Senghor, «a morte de Cabral foi instigada por Sékou Touré».

[94] - Autor de estudo inédito “A Independência da Guiné e a Descolonização Portuguesa”.

[95] - Esta obra foi reeditada pela União Latina, em 1999 (edição trilingue: port.; fra. romeno). Estes poemas foram escritos, entre 1951 e 1974.

[96] - Recolhe artigos seus publicados na imprensa. Ver também: José Pedro Castanheira; Gerhard Seibert.

[97] - Um relatório sobre a revolta de 1961, com fotografias de fazendas destruídas e cadáveres terrivelmente mutilados.

[98] - Foi durante 18 anos adido cultural em Maputo.

[99] - Explica o que foi a exportação sistemática de escravos em Moçambique de 1733 até ao início do séc. XX.

[100] - Eurico Gonçalves, Olhos de ver, DN, 22-03-1992.

[101]  Considerar 11 cartas inéditas de Amadeu que integram um livro de Fernando Pamplona. Cartas escritas ao seu tio paterno, Francisco Cardoso, da Casa Ribeiro, em Manhufe, seu confidente e conselheiro…

[102] - Ministro da Cultura em 2005 : "La littérature orale angolaise est presque millénaire et omniprésente une fois que notre peuple, hier et aujourd'hui, se régit par une culture en majorité agraphe (non écrite), au moment où plus de la moitié de notre population ne sait ni lire, ni écrire", a indiqué le ministre.

[103] - «O fundamental do meu livro é a luta de libertação nacional. O problema que enfrentavam na altura os grupos de ação do MPLA.» Entrevista a Maria Teresa Horta, DN 20.09.1992

[104] - António Guerreiro, Expresso, 19-05-1990.

[105] - Teresa Rita Lopes e Paulo Cardoso, Máxima…

[106] - Marcelo Caetano só gostava de alunos que tivessem 18 no exame. Era um grande elitista.

[107] - Acabou preso em Espanha, mas foi libertado por pressão do Presidente Kennedy. Já em Paris, aderiu ao MPLA. Depois foi para Ara (Gana) e a seguir para Rabat onde foi um dos principais organizadores da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP). Só em Rabat é que conheceu pessoalmente Agostinho Neto. Em Marrocos contactou com Ayala Monteiro; na Argélia, com Piteira Santos e Manuel Alegre… Agostinho Neto (e família) fugiu de Portugal para Rabat graças ao apoio da rede clandestina do PCP. Em dezembro de 1962, Neto patrocinou a eleição de Iko para o Comité Diretor do movimento, encarregado do Departamento de Segurança. Encontrou Che Guevara em Brazzaville em 1964, que lhe enviou 3 militares cubanos (ao Domingos da Silva). Iko só conheceu Fidel de Castro em 1976, a 1 de janeiro, em Havana, apesar de Cuba ser um dos principais suportes do MPLA.

[108] A UNITA foi fundada em março de 1966. Tony da Costa Fernandes foi cofundador coim Jonas Savimbi. Miguel N’Zau Puna foi secretário-geral durante 20 anos. Este entrou na organização em 1967, vindo das alfândegas portuguesas.

[109] - Nito Alves seria apoiado pelo Partido Comunista Português, querendo ocupar o lugar de Agostinho Neto que nele delegava muitas das suas funções, designadamente de o representar no Congresso do PCUS. Ver 13 teses em minha defesa de Nito Alves, cunhadas pelos irmãos Vale. Era muito seguido pelos jovens na contestação do governo de Neto. Nito e Zé Vandunem foram expulsos do Comité Central do MPLA, ficando com residência fixa em Luanda.

[110] - Todo o tratamento foi pago pelo Governo angolano. O nitismo baseava-se num conflito geracional, na contestação da liderança de Neto… e no racismo – ódio aos brancos e aos mestiços. No caso, os alvos mais sonantes eram os mestiços Iko Carreira e Lúcio Lara. O golpe de estado de 27 de maio foi liderado por Nito Alves, Zé Vandunem e Sita Vales, com o apoio do PCP e da URSS.

[111] - Escrito conjuntamente com Maria Velho da Costa.

[112] - Reúne quarenta anos de trabalho poético, desde “Lírica Consumível” (1965) a “Sol a Sol” (2005). Pouco estudado. Excetua-se José Manuel de Vasconcelos.

[113] - ver Linda Santos Costa, Retrato Satírico de Portugal, Público, 11-06-1994.

[114] - São crónicas escritas entre 1971 e 1974 para o suplemento Mulher do “Diário de Lisboa”.

[115] - Reúne 5 narrativas dificilmente classificáveis.

[116]  - As suas origens familiares estão em Alvalade do Sado e Figueira de Cavaleiros. Frequentou o Liceu Camões entre 1959 e 1961, tendo como colegas: Eduardo Prado Coelho, Basílio Horta, João Aguiar...

[117] - Prémio Cidade de Lisboa.

[118] . Constituído por 2 novelas, ele divide-se entre a tragédia e a crítica acerada, de sorriso exposto. Numa entrevista a Maria Teresa Horta (15/12/1991), Mário de Carvalho sobre o recurso à ironia, diz o seguinte: «Porque quanto mais solenes são as instituições mais apelam ao riso. Por isso dá-me sempre imensa vontade de brincar com o cardeal-patriarca, porque é a pessoa mais solene que há em Portugal. Com a instituição militar passa-se a mesma coisa…»; «As minhas personagens têm sempre imensas dúvidas. Nunca são pessoas perfeitas, heróis perfeitos.» O papel do MEDO… de falar, de trair alguém (na PIDE). «Abomino o sentido de carneiragem», embora seja comunista.

[119] - Nas palavras do autor, um conto dramático, sombrio, de amores impossíveis. Um livro de destinos.

[120]  - Grande Prémio APE de Romance.

[121] - Entre outros aspectos referentes ao antes e pós 25 de Abril, alude ao «controleiro» - Vitorino Nunes (PCP). Ver impacto do 25 de Abril no cónego (bispo de Grudemil). Ver também o texto crítico de Linda Santos Costa  “Arquitetura, a Violência”, Público de 11 de Novembro de 1995: «O título, longo e rebarbativo, resume o espírito do romance, sendo mais do que o “bordão do discurso”, que o narrador se presta a dilucidar. Vera Quitério (a única representante da pureza da militância comunista), a funcionária do PCP que usa a frase que dá o título ao livro, tem três comportamentos idiossincráticos: tirar notas compulsivamente, usar o tal “bordão do discurso”, fazer festinhas nas caras das pessoas. (...) O autor não deixa de lado os filhos de Abril e deles dá um retrato em que a caricatura ignora as “festinhas nas faces” e a ironia dá lugar à sátira virulenta. O filho de Joel está preso em Pinheiro da Cruz por tráfico de droga e a filha de Jorge é missionária em S. Tomé (...) mas, onde a sanha do escritor mais se empenhou foi no traçar do percurso da arrivista e analfabeta Eduarda Galvão que pontifica nas margens da 24 de Julho... »

[122] - “O livro do país patusco”. Ver entrevista de Teresa Coelho, Público, 5.12.2003. «O grande tema deste livro é a situação em que nos encontramos. Lançar um riso amargurado, talvez mesmo um pouco azedo. (…) Num país com nove séculos de história, é um exagero dizer que nunca esteve tão mal. Mas posso dizer que, em minha vida, nunca senti isto tão apodrecido. E magoa-me profundamente. (…) Dá impressão que há qualquer coisa de reles, de baixo, de avacalhante, ajavardante que vai impregnando camada social após camada social. (…) O ensino é o lugar da crítica, o jornalismo é o lugar da crítica. As elites, se assim quiser, são o lugar da crítica. Não são o lugar daquilo que se opõe à crítica: o obscurantismo, a astrologia, a tolice… (…) o lugar da literatura é de resistência. È uma afirmação de humanidade. É também uma forma de organizar um mundo apavorante. No momento em que se exerce o pensamento, o gozo de ler, em que praticamos esta ludicidade, estamos a ser outra coisa que a javardice dominante. É uma resistência civilizacional, porque é a civilização que está em jogo.» Expresso, 22 Nov. 2003.

[123] - Breve retrato de um vencido da vida. Entrevista na Notícias Sábado, 23/2/2008.

[124] - Cronovelema (conjuga crónica, novela e cinema) no dizer do autor. Trata-se de uma narrativa de costumes, uns bons e outros maus, que Mário de Carvalho resolve dissecar e mostrar aos seus leitores. Retrata as franjas de uma Lisboa globalizada. Citação: «Quando não tenho vocabulário não tenho conceitos e faz-se uma aproximação muito difícil à realidade.» Citação: «Tenho a experiência prática de ver, nos últimos 20/trinta anos, que o primado das televisões tem levado ao afunilamento do vocabulário e do pensamento e enclausurado as pessoas dentro de espaços muito limitados. Esta pobreza do vocabulário televisivo é, por vezes, um disfarce pois não existe capacidade para ir mais além.» Entrevista conduzida por João Céu e Silva.

[125] OS MEUS POEMAS: São simplesmente coisas /igualmente dispersas, /que em vez duma só /são muitas conversas.

[126] - Aos 59 anos de idade.

[127] Opções / definições: Sobre o início da guerra, há 40 anos: "tinha 19 anos. Foi talvez o dia em que estive mais perto da morte. Estava no Quitexe e tinha começado a trabalhar como regente agrícola numa grande fazenda. Não morri porque cheguei três minutos tarde de mais ao posto administrativo onde fora buscar o correio. Foi uma situação tão extrema, que os horrores que se lhe seguiram não me deixaram dúvidas sobre o lado em que passaria a colocar-me daí para a frente. Por isso é que digo ser angolano por condição e não opção. (...) Estava do lado da razão de Angola." Sobre a literatura: "Em relação à produção literária, o que me interessa na escrita são os seus elementos detonativos. E a poesia militante é, quase sempre, conotativa e, muitas vezes (o que sempre a diminui!), demonstrativa. Mas pode de facto acontecer que através dela se produza, por diversas razões, conjunturais e não só, um tal grau de exaltação no leitor que lhe assegure o efeito de "revelação" sobre a "causa" que o poeta, independentemente da qualidade do poema, quis cantar e apoiar. Foi o que aconteceu comigo. Sobre o comprometimento da literatura: Sobre se a Angola independente e soberana nunca lhe causou "arrepios" que o levassem a pegar na pena, denotativa ou demonstrativamente, Ruy Duarte de Carvalho responde: Antes do "Vou lá Visitar Pastores", cujo terreno seria "a priori" o da escrita demonstrativa, mas onde, por um artifício literário, introduzi elementos de escrita criativa, eu já tinha escrito o " Aviso à navegação", dirigido a interventores, a políticos, a ONG, etc. ... Foi a minha resposta cívica, se quiser, feita em termos demonstrativos, sobre os mesmos kuvale (ou mucubais, como toda a gente lhes chama) e sobre as sociedades angolanas de economia doméstica em geral, para que técnicos e executores políticos pudessem servir-se do livro como instrumento de consulta. Está implícita em todo o livro a crítica ao poder, às práticas mais reprováveis dos poderes. Sobre o boi kuvale: " A raça dos bois kuvale corresponde a uma matriz dos bovinos de toda a África. São os sanga, descendentes em linha directa dos "Bos primogenitus", que dá o "Bos taurus" (bois sem bossa) e o "Bos indicus" (com bossa).

[128] - Sobre Angola (1999): "Estou a chamar a atenção para uma Angola que as pessoas não sabem que existe porque a actualidade de Angola é de tal forma confrangedora que as pessoas só se detêm nos aspectos catastróficos. A Angola de hoje é uma coisa geograficamente de tal forma insularizada e de difícil circulação que as pessoas acabam por se ocupar só de Luanda. Esquecem-se que Angola é vasta e tem Angolanos... lá no fim...! que por razões culturais, como é o caso dos Kuvale, ou por razões de actualidade político-militar, vivem em situações de grande isolamento, que reabilitaram sistemas de produção, de circulação económica que até implicam dispositivos de troca... (...) São estes processos que me interessam. À medida que o mundo cumpre a globalização, de que vocês tanto falam, há processos de insularização em curso, que desligam as pessoas mas ao mesmo tempo lhes garantem a sobrevivência. E são tão angolanos como os outros! E raramente são tidos em conta: quer pelos poderes nacionais quer pela chamada assistência humanitária, que normalmente não atende à especificidade das populações e, a coberto de uma acção que pressupõe um resultado positivo, introduz formas que se revelam negativas para as populações. Tudo isto acontece, tudo isto é referido aqui. Sobre o "mundo Kuvale": Toda a gente come, a redistribuição é um facto, há gente mais rica e gente mais pobre, mas do comportamento dos ricos consta a componente intrínseca de distribuir a sua riqueza. Entre estes pastores, há famílias que detêm milhares de cabeças de gado; há outras que detêm dezenas ou unidades. Mas, de uma maneira geral, todos acabam por comer da mesma maneira.Por todo o mundo os ricos ostentam a sua riqueza, não há acumulação que não vise exibir-se... No caso destas populações, a exibição da riqueza passa pela redistribuição, um homem é mais prestigiado quando alimenta mais gente, quando da riqueza pode extrair vantagem e destaque social através da sua capacidade de dar, não de acumular.Todos os anos os homens ricos matam pelo menos dois, três bois, que partilham com toda a vizinhança. Essa é a diferença fundamental! Enquanto os homens ricos de Luanda acumulam automóveis nos quintais, os homens ricos pastores que eu trato acumulam bois de que depois fazem beneficiar as pessoas que estão à volta.

Eu posso ter que sair de Angola, no dia em que sair fechei o escritório, não falarei mais de Angola. Angola não é uma coisa que a História destinou à extinção e de que nós sabemos tudo porque extraímos uma leitura. Não! Angola vive, pulsa, é maior do que as situações que lhe assistem. Era maior do que a condição colonial que lhe estava imposta, hoje é maior do que a situação de catástrofe que vive.

Dados biográficos: Conheço esta sociedade desde criança. O meu pai era português, de perto de Lisboa, foi para Angola com 30 anos. Eu ia com ele para o mato, caçar, foi aí que eu apanhei o vício do mato. Ainda ando a dormir nas pedras. Este é o livro que escrevi para me explicar a mim mesmo. Tinha 19 anos quando rebentou a revolta contra o poder colonial, vi de tudo, fui bombardeado, lutei pela independência e pela autonomia. Desde então que sei perfeitamente de que lado estou – do lado de Angola como país que ainda não desistiu.

Sobre a adopção de um estilo literário no discurso antropológico:"É verdade que a adopção de um estilo literário, ficcional, no discurso antropológico não é novidade. Já não o era quando Geertz e seus seguidores mais radicais, em Writing Cultures, assumiram a etnografia como uma forma de escrita e os antropólogos como um tipo de autores: Lévi Strauss nos seus "Tristes Trópicos", Michel Leiris e Georges Balandier nas suas "Áfricas" (para o primeiro "uma Afrique Fantôme", para o segundo uma "Afrique Ambigue") já o haviam feito, tentando escapar aos constrangimentos que o figurino de uma ciência moderna impunha à tradução difícil das realidades culturais (...) Mas, em "Vou lá Visitar Pastores", Ruy Duarte de Carvalho transcende tudo isto e todos eles: turistas, viajantes, ficcionistas e etnógrafos de caderno de campo em punho e diário no bolso. Ele consegue, aqui, o milagre de uma "antropologia doce". Uma antropologia que, sem qualquer ingenuidade, se reconhece e transcende recuperando formas discursivas que estiveram, afinal, na sua origem, para se impor em novo formato. O verdadeiro milagre reside na capacidade de imposição de um olhar antropológico ( subrepticiamente exclusivista, diga-se), sem fazer recurso evidente aos elaborados alicerces de uma ciência clássica - que apesar de tudo, está lá nos bastidores (nas entre-linhas, nas referências múltiplas e cruzadas, nas perspectivas poliédricas, no glossário, no post scriptum) - mas antes ressuscitando a sua vocação original mais universalista e humanista (...)

Testemunhos / Leituras: Nas palavras de José Eduardo Agualusa:"Vou lá Visitar Pastores" está organizado como se fosse uma conversa entre o narrador, Ruy Duarte, e um jornalista angolano do qual não se refere o nome (é Filipe Correia de Sá, ele próprio escritor, há anos a trabalhar nos serviços portugueses da BBC, em Londres), que combinou encontrar-se com o amigo para visitar o deserto. Filipe Correia de Sá não comparece ao encontro e Ruy Duarte deixa-lhe uma série de cassetes... – curioso artifício literário / de um discurso antropológico... " Vou Lá Visitar Pastores" – exploração epistolar de um percurso angolano em território Kuvale (1992-1997) Luís Carlos Patraquim: Observação Directa estabelece uma relação tanto com a obra "Vou lá visitar pastores" como com a obra anterior "Habito da Terra". Aqui, autor, tradutor, língua, recriam-se em jogo onde o legado da tradição oral se institui como instância decisiva, única e primeira razão produtora de sentidos, alavanca para a instauração de um ser-outro "no Texto, lugar de encontro"...Tudo neste livro se conjuga, confundindo-o: a mera notação de viandante ou de antropólogo viandante, o provérbio que se retraduz em derivação, a enumeração de pontos / temas de observação, a estruturação no sentido da complexidade que quer conotar territórios poéticos ainda em gestação, o registo de um retraduzido lirismo pastoril, hínico, salmódico, ritualístico, sincopado, a fragmentação quase como pose de olhar, uma encenação charadística, labiríntica, mas também plana que só os pastores, os que cantam a beleza da vaca e do carneiro e a pele da chana, lograrão saber.

 

[129] - Em entrevista, a propósito de Paisagens Propícias, Ruy Duarte de Carvalho defende uma tese que sempre me foi cara: »Poucos retêm que o último embate da guerra fria ( a batalha do Cuíto Canavale) foi em Angola, e que esta tem sido campo de batalha de muitas guerras que não têm a ver connosco: Afeganistão, independência da Namíbia, reflexo da luta armada no fim do apartheid na África do Sul…»

[130] - O livro narra uma viagem física e literária pelo rio S. Francisco ( ver referências brasileiras: Guimarães Rosa e Euclides da Cunha). Resulta de uma estadia de alguns meses no Brasil com intervalo para o autor regressar a Angola e voltar a cruzar o Atlântico.

[131] - Luís Miguel Queirós, Público, 24-9-1994: Matosinhos homenageia Guilherme de Castilho.

[132] - João Gaspar Simões, DN5-07-1984. O crítico excede-se no elogio, sobretudo da construção da personagem Joana. O romance psicológico ultrapassa as 50.000 palavras. Este primeiro romance quando Paulo Castilho fez 40 anos.

[133] - Não sinto comprado. Entrevista conduzida por Maria Teresa Horta, DN 28-4-1991.

[134] - Reúne poemas inéditos e publicados entre 1950 e 1990. Foi lhe atribuído o Grande Prémio Inasset/Inapa por um júri constituído por Alçada Batista, Pedro Tamen e José Saramago.

[135]  - Em 1 de Setembro de 1966, Armand Guibert, nas Nouvelles Littéraires, definia Emigrantes como «romance sociológico», equiparando-o a A Estrada do Tabaco, de Erskine Caldwell, e a Pão e Vinho, de Ignazio Silone.

[136] - Urbano Tavares Rodrigues, in Jl, 29 de Março de 1995.

[137] - Encontro com colegas no Café Herminius (Cruzeiro Seixas, Júlio Pomar, Pedro Oom, Marcelino Vespeira,…)

[138] - Despe-te de verdades/ das grandes primeiro que das pequenas/ das tuas antes que de quaisquer outras /abre uma cova e enterra-as / a teu lado (…) discurso ao príncipe de Epaminondas

[139] - Nesta obra, verifica-se a indissociabilidade da obra plástica com a obra literária. Escreve o poeta: “Ela sabe que os pintores / os escritores / e quem morre / não gosta da realidade / querem-na para um bocado / não se lhe chegam muito pode sufocar./ Praticadas dentro dos princípios surrealistas, poesia e pintura são colocadas pelo artista, pelo escritor num mesmo plano – uma das suas primeiras exposições individuais reuniu mesmo, em 1956, numa livraria, a António Maria Pereira, em Lisboa, “capas-poemas-objectos”.

[140]  - Diz o Cesariny: “Perante dádá, como perante qualquer outro movimento de finalidade puramente estética, o aparecimento de Breton ergue um ternário de que a literatura e a arte são apenas um dos lados, talvez o mais acessório; o outro, a vida humana, terceiro, o mundo dado. O amor, a poesia, a imaginação.”

[141] - JL, Francisco do Vale, de 3 a 16 de Agosto de 1982.

[142] - A obra exposta ajuda-nos a relacioná-la com o movimento de abstraccionismo não geométrico do pós-guerra internacional e com a ruptura estabelecida com a ortodoxia figurativa do surrealismo. Uma das vozes mais significativas e polémicas do surrealismo português (obra literária e plástica).

No plano nacional há um cruzamento de uma vertente expressionista e lírica: colhida nos exemplos das figuras mitificadas de Mário de Sá Carneiro e Amadeo de sousa Cardoso, de teixeira de Pascoaes e de Vieira da Silva...

(Ver catálogo editado por João Lima  Pinharanda e Perfecto E. Cuadrado, Assírio e Alvim e EDP, 60 €.)

 

[143] - Óscar Faria, Público, 9 de Agosto de 2003.

[144] - E. Sampaio apresentou a reedição do Cadáver Esquisito, 1ª ed. da Guimarães edit. De 1956.

[145][145] - Rami ( a heroína) procura regressar à essência da poligamia como é praticada nas sociedades tradicionais, em que as mulheres novas e velhas partilham a mesma casa, dividem as mesmas tarefas, criam os mesmos filhos que são de todos.  Ver António Tomás, Público de 20 de Março de 2003.

[146] - “ Eu quando quero dormir, durmo, quando quero escrever, escrevo e quando quero chorar, o que acontece de longe a longe, carrego num ou dois botões que tenho cá dentro e choro.” Público, 23/7/1993.

[147] - Clara Ferreira Alves, Expresso, 6-02-1988, Eu, Mário Cláudio.

[148] - Ver uma visita guiada ao museu imaginário, de Maria Lúcia Lepecki , DN, 27/11/1988.«É da prisão que Mário Cláudio parece tratar, afinal, em Um Verão Assim.»

[149] - Amadeo de Souza-Cardozo, Guilhermina Suggia, Rosa Ramalho. Um romance de costumes, no dizer do autor, e não uma ‘saga familiar’.

[150] - A 20-12-1989, a ‘história’ de Rosa Ramalho não tinha tido mais de 800 leitores.

[151] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 22-05-1988: O plano do Altíssimo em «A Fuga para o Egipto» (MNAA, Lisboa). Livro inspirado no quadro de Tieppolo.

[152] - Maria Teresa Horta, DN, 13-1-1991, “uma Viagem ao passado longínquo”

[153] - Filomena Mónica, Tocata, Notícias Magazine. Deveria o autor ter incluído um texto explicativo? Ou ter escrito um romance de tese? Ver também Joaquim Matos, 6-1-1993:Tocata para Dois Clarins é um xeque-mate ao conceito épico da história:  o culto dos heróis e dos ‘grandes’ feitos.

[154]  - A noção central acaba por ser o Sebastianismo. Histórias escritas entre 1987 e 1997.

[155] - Facto: em 1493, D. João II enviou para o degredo da ilha de São Tomé sete meninos Judeus.

[156] - Publicados na Revista de Etnologia e de Glotologia – fundada e dirigida por Adolfo Coelho.

[157] - Do ponto de vista antropológico.

[158] - Antecedente remoto, Les Mythologies de Roland Barthes (1957). Vinte e dois ensaios. A Geografia dos cafés: A Granfina dos anos 60 (Nuno Júdice, Gastão Cruz, Luís Miguel Cintra…); No Monte Carlo, havia José Saramago e a mulher, Isabel da Nóbrega, Fernando Lopes, João César Monteiro, Carlos de Oliveira, Augusto Abelaira, Mário Dionísio, José Fernandes Fafe. Herberto Hélder e Ruy Belo preferiam o Toni dos Bifes. O Vává, lugar de cultura e boémia…

[159] - Obra escrita em colaboração com o psiquiatra Francisco Allen Gomes (ed. Âmbar)

[160] - Obra escrita em colaboração com Maria Assunção Avillez (ed. Rolim)

[161] - Viale Moutinho, DN 8-10-1989.

[162] - A sua inspiração é «O Manuscrito encontrado em Saragoça», do escritor polaco Jan Potocki que CPC confessou ser o romance da sua vida (Pública, 6 de Junho de 2003).

[163] - Margarida Sérvulo Correia, As ficções e os espelhos, DN, 6 abril 1983: A ficção de Hélia Correia funciona como um espelho. Resta saber como é este seu espelho. Em O Separar das águas vamos de 1917 – o ano em que os santos tremeram e cravaram em Deus os seus olhares perplexos (Revolução Bolchevique) e em que Deus envelhecido e já um-tudo-nada-cauteloso mandou a sua mãe que abalasse em recado a terras portuguesas (Fátima) – até à peste inelutável de 1926, sem esquecer o passar com demora breve pela ditadura sidonista. Depois ( em O Número dos Vivos) estamos num tempo deixado impreciso: no salazarismo, no pós-guerra;  um tempo apenas datável (1945 /1954) porque lá fora se viaja numa Europa esfuziante e perplexa entre os seus louros de guerra e as suas ruínas…

[164] - Ver Entrevista a Maria Teresa Horta, DN16-06-1991. «Neste meu livro falo da inexistência da verdade. Ou de quanto a verdade é dúbia, é próxima, se satisfaz a si mesma quando encarna nas pessoas… labiríntica.»

[165] - ver Eduardo Prado Coelho, Público 29 de Setembro de 2001: Lillias, portadora do nome terrível dos Fraser da Escócia até Portugal, sob a influência de Blimunda de Saramago? vê, ao olhar para alguém, a morte. Articular com Saramago, Agustina Bessa-Luís e Maria Gabriela Llansol. 

[166] - Em 1942, casa com Álvaro Santos Dias, um escrivão notário. Em 1946, divorcia-se e casa com o americano William Hylen. Em 1947, apoia a candidatura de Norton de Matos à Presidência da República. Em 1950, regressa dos EUA, divorcia-se e casa com Alfredo Machado, o homem da sua vida. Em 1958, apoia a candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República. Em 1971, funda, com Isabel Meyrelles, O Botequim. Dórdio Guimarães foi o seu último marido. Casaram em 1991. Foi Natália Correia quem apresentou, no Botequim, em 1978, a Francisco Sá-Carneiro, Snu Abecassis, a editora do D. Quixote.

[167] - Este poema foi dedicado ao assalto ao navio «Santa Maria», em 1961.

[168] Artigo “O recôndito concerto”, a propósito dos Sonetos Românticos, artigo de Maria Lúcia Lepecki, DN 5-5-1991. «Em Natália Correia, o eu é, sobretudo, a medida  de todas as coisas.» Ver também “Sonetos Românticos”, DN28-04-1991.

[169] - DN, 30.06.1991.

[170] - Segundo Raul Rego, viveu 30 anos no exílio – de 1927 a 1957.

[171] - «Imaginação e criação aliam-se em Jaime Cortesão com a força de uma mundividência estruturada pela Liberdade.» Joaquim Romero de Magalhães, Público, 24.03.1996.

[172] - Foi o, então, marido Sedas Nunes que adiantou à Moraes 15 contos para que a obra fosse publicada.

[173] - com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno.

[174]  - Ver Irene Lisboa e Manuel Ferreira.

[175] - Da leitura de Irene ou o Contrato Social fica-me a excessiva referência literária e a exibição poliglota que, frequentemente torna a narrativa ininteligível. Finalmente percebe-se que a autora ama o floreado fónico, obscurecendo o sentido. E é pena porque não lhe falta capacidade!

[176]  - Romance epistolar, escrito com Armando Silva Carvalho.

[177] - “O que se impôs foi o sentido denunciador de um tempo de fascismo dos anos quarenta e cinquenta, retratado ou fixado no simbolismo dos valores os ideológicos ou políticos, nas intrigas e denúncias, nos actos de coragem e de esperança, para assim fazer compreender aos leitores de hoje quem são ou foram os verdadeiros "netos" de Norton (de Matos, entenda-se) e como esse tempo português foi bem difícil, cinzento e terrível de suportar.” Serafim Ferreira

[178]  -  Inventei este nome quando tinha 2 ou 3 anos. Pensava que era gato… “ As palavras são propriamente um meio, um veículo para fazer despertar um universo que de outra maneira estaria adormecido. Eu fico um bocado triste quando as pessoas não percebem isso.” – Mia Couto em entrevista a  Mil Folhas, 28/09/2002.

[179] - Entrevista, 2.1.2000.

[180] - Era para se chamar O Eclipse dos Vivos. Revela certa semelhança com “Vida e Morte Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Quem promoveu “Terra Sonâmbula” em Moçambique foi o Centro Cultural Francês que disponibilizou 500 exemplares.

[181] - Mia Couto: «No fundo, os velhos que estão no livro são uma espécie de guardiões da moralidade, os últimos pilares de uma ética que é hoje a minha opção política. (...) Não sou niilista, acredito que as respostas para os assuntos sérios podem ser encontradas também naquilo que eu faço nos meus livros, nesta brincriação, neste desafio aos sistemas de pensamento que até agora usámos e pelos quais fomos usados. Temos que inventar outros sistemas de pensar, autorizarmo-nos a pensar em poesia. Aquilo que faço é também experimentação do próprio pensamento, dos modelos de pensamento, é uma ligação a esses universos para os quais não existe idioma. Para dar expressão a esses universos invisíveis é preciso criar mais do que palavras, é preciso criar outro idiomaPúblico, 15 de Junho de 1996.

[182] - Parte de um episódio verídico da História, a viagem do missionário português D. Gonçalo da Silveira entre Goa e Moçambique, para descrever a ideia de uma África cristã «que nunca podia acontecer» e evocar as múltiplas realidades da África presente., Público, 13 /5/2006.

[183] - Com pseudónimo de Mário Vieira iniciou-se como jornalista em «O Brado Africano». Colaborou na coletânea Poetas de Moçambique (CEI, 1960).

[184] - Entrevista à revista “Sábado” de 11/03/93.

[185] Viveu nesta localidade desde 1971.

[186]  - Mª Estela Guedes - Crítica Literária: Histórias do Barroso

[187] - Casou com Fiama Hasse Pais Brandão nos anos 60 (?).

[188] - Mil Folhas, 24 de Julho de 2004.

[189] - Em 1963, era professor do Colégio Moderno.

[190] - Arte Poética: “ na poesia procuro uma casa onde o eco / existe sem o grito que todavia o gera.” O interlocutor maior  de “Rua de Portugal” é a morte, e o seu reverso, o amor imenso, ambos infindos, confrontados intertextualmente com vários poetas, nomeadamente Fiama Hasse Pais Brandão. Ver Maria da Conceição Caleiro, Público, 22 de Fev. de 2003.

[191] - Maria Estela Guedes: Gastão da Cruz não é daqueles poetas que provocam o amor à primeira vista. O poeta tem algumas afinidades com os simbolistas. O seu barroquismo é de ordem conceptista.

[192] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 26-05-1991: Gastão Cruz: a poesia e a vida.

[193] - Entrevista Gastão Cruz: Estou farto! Público,23.9.1995.

[194] - Visão subjetiva e relativa; espelho (as aparências); a angústia; a escrita – a parte visual do pensamento / a velocidade; o duplo e a figura do mal; violência, sexo, obscenidade; 

[195] - Confrontar com a obra Sancirilo, de António Manuel Pires Cabral sobre a morte do Ditador Salazar. Ver DN 2 fevereiro 1984, António Valdemar.

[196] - Escrita para as crianças aprenderem a ler, tornou-se uma obra polémica, aliás como aconteceu também com o Método Português de Castilho. (Prof. Messias Martinho de Oliveira, Almonda, 19.01.1996)

[197] - Este livro foi concluído em Abril de 1938, em Sá da Bandeira. Relata de forma apaixonada a vida empreendora dos colonos, faz a apologia do povoamento, dando particular atenção ao papel da mulher branca. Insurge-se contra a indolência e a ignorância da metrópole que, em vez de apostar na deslocação para Angola, mergulha na inacção ou emigra para outros países, deixando as colónias à mercê de interesses inconfessados dos estrangeiros. Com frequência, celebra o testemunho dos estrangeiros sobre as qualidades de que os portugueses de Angola dão prova: hospitalidade, espírito de sacrifício, audácia, iniciativa. E sobretudo, celebra a capacidade do homem português de, após esforçado combate de ocupação e de pacificação, criar uma relação harmoniosa com o preto, apesar do mulato surgir, por vezes, como uma figura demasiado assimilada, capaz de rejeitar a própria mãe. Gastão Sousa Dias acredita que Angola pode ser o futuro de Portugal, se os governantes se empenharem no povoamento e desenvolvimento de Angola; no entanto, teme que os estrangeiros, isto na década de 30, estejam cada vez mais interessados na riqueza angolana. Para este autor, o inimigo é o estrangeiro que ele não identifica de modo nenhum com o negro. Esse apenas necessita de ser civilizado, o que já estaria a acontecer pois estaria a perder o instinto destruidor que o caracterizava. Para além do estrangeiro,  Gastão Sousa Dias temia que os governantes da Metrópole não estivessem à altura do desafio. Angola essa oferecia tudo – o clima, a água, a flora, a fauna; a extensão e diversidade – para ser o futuro de Portugal. Finalmente, o autor revela um profundo conhecimento da história da ocupação de Angola, sobretudo do Sul. Evoca D. Ana de Castro Osório; D. Marta Mesquita da Câmara; D. Emília Sousa Costa; João Furtado de Mendonça (1595, Governador); o capuchinho Merolla (1688); Fernão Cardim (Narrativa Epistolar); D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho (governador de 1764-1772); Lopes Lima (1846); Christian de Caters; Sá da Bandeira ( decreto. de 10 de Dez. de 1846 – proíbe o tráfico de escravos); Maeterlink ( A inteligência das flores); Millet ( o pintor); Vicente Ferreira; Norton de Matos; Raul Lino; José Osório de Oliveira; Padre Bonnefoux (Huíla); Artur de Paiva (chefe glorioso); Pereira de Eça; Gregório José Mendes (1785); João Bordalo (1877); Jacquemina Elisabeta Gertruida Botha de Paiva ( filha do boer Jacobus Botha e casada com Artur de Paiva); Nunes da Mata (governador); Silva Porto; H.ª Bernatrik (O Continente Negro); Théodore Delachaux e Charles Thiébaud (Pays et Peuples d’Angola); Francisco Gouveia (séc. XVI); Desastre de Vau do Pembe (1904); Padrel; Alves Roçadas; Álvaro Damião Dias ( condiscípulo do autor, morto no combate de Mongua a 18 de Agosto de 1915). Para Gastão Sousa Dias, as formas mais eficazes de marcar vincadamente a nossa passagem por sobre a nossa terra, de eternizar o esforço do colonizador são: a vivenda e a língua.

[198] - Entrevista a Elizabeth França, DN 24-01-1981.

[199] - R. Andrade n.º2 – r/c. Em 1927, ano da morte do pai em Tete, entra no Liceu Camões. E em 1930, no Liceu Gil Vicente. Em 1933, ano da morte da mãe, concluí em Évora o 7º ano do liceu. Em 1934, frequenta a Faculdade de Letras de Lisboa. Funda o semanário “Gleba”. Em 1935, entra para o semanário “Liberdade”, ao mesmo tempo que Álvaro Cunhal. Em 1937, inicia colaboração no “Sol Nascente”, “Diabo”, “Seara Nova”. Em 1940, licencia-se em Filologia Românica e casa com Maria Letícia Clemente da Silva. Em 1944, é professor no Colégio Moderno. Em 1945, colabora na “Vértice”, “Seara Nova”, “República”. É militante do PCP e do MUD. Em 1952, sai do PCP. Polémica com Eduardo Lourenço sobre Pessoa. Em 1962, colabora no Diário de Lisboa. Em 1975, colabora no “Diário de Notícias”; “Diário Popular”, “Jornal”. É empossado diretor de programas da RTP. Em 1976, demite-se.

[200] - Centro Mário Dionísio – Casa da Achada, no Largo da Achada, em Lisboa. (Abre brevemente).

[201] - Ver artigo de Eduardo Prado Coelho, Público de 1 de fevereiro 2003.

[202]  - António Guerreiro, Expresso, 21-03-1992, O murmúrio dos mortos.

[203] - “Este projecto era ele próprio fruto do activismo político do seu fundador. O nome da editora traduzia a aliança gerada pela guerra e pela esperança de um novo mundo que a vitória contra o nazismo abria.» José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.

[204] - «O partido via o jornal como uma espécie de iniciativa paralela de criar um outro partido comunista ou de servir de instrumento organizado e de influência contra a direcção do PCP. Se tivermos em conta o que acontecera com O Diabo, em 1939-1940, o receio não era tão paranóico como hoje parece. Piteira sabia o que queria e o modo como orientou o “Ler”mostra uma clara intencionalidade política contra a então direcção partidária na clandestinidade.» José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.

 

[205] - Na perspectiva de Eurico Monchique, “a obra não sai bela”. Público, 16 de Novembro de 2002.

[206] - Livro de saudade e de mágoa que retrata certa Luanda da primeira metade do século XX. Companheiro de António Jacinto.

[207] - «Sou um gajo que gosta de escrever, mas que não gosta de publicar, é isso». Ver entrevista conduzida por Baptista Bastos, Sábado Popular 30 de Março de 1985.

[208] - Deu origem a uma das mais violentas polémicas daquele tempo entre Vergílio Ferreira e Alexandre Pinheiro Torres.

[209] - Prémio Aquilino Ribeiro da Academia das Ciências de Lisboa.

[210] - Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus.

[211] - Prémio Originais de Ficção da Associação Portuguesa de Escritores.

[212]-  O Conquistador. Uma novela que retrata “a iniciação sexual de um jovem, a sua descoberta dos meandros da psicologia feminina. “O protagonista é nada mais nada menos Sebastião , nome emblemático que remete para o célebre rei derrotado em Alcácer Quibir. Sebastião e a sua iniciação sexual confronta-nos perante um determinado tipo de sexualidade dos rapazes dos anos sessenta / setenta, antes dos 25 de Abril...O Conquistador “ é uma efabulação sobre o Português, cujo percurso, de Sintra a Paris, conduz a um tal conhecimento da Mulher, desde a provinciana à aristocrata, da intelectual à diletante... Don Juan nacional é o mito acarinhado por Almeida Faria que desbrava outras formas de ficção.

[213] - Alexandra Lucas Coelho, Público, 14 /07/2001. Pseudónimos adotados: Daniel Augusto; Germano Serra.

[214] - Poesia erótica. Ilustrações de Luandino Vieira.

[215] - Empresário de Amália Rodrigues, de 1965 a 1992.

[216] - Baptista Bastos. Ver também testemunho de Nelson de Matos: “A sua poesia era cantada nas ruas e na rádio, nos comícios políticos, em espetáculos, a sua imagem aparecia frequentemente na televisão, nos jornais, em cartazes, todos o conheciam, todos sabiam de cor muitos dos seus poemas. Os seus livros, a ficção, as crónicas, a poesia, atingiam tiragens e vendas impensáveis. Estávamos na segunda metade da década de setenta. Todos o respeitavam. Todos sabiam de cor os seus poemas. (...). Como pudemos esquecê-lo assim tão depressa? (DNa, 3 de Maio de 2003)

[217] - Sou um poeta dos factos. (Entrevista, 12.6.1980) A classe que considerava mais culta era a camponesa (literatura oral, cantada) vs cultura pequeno-burguesa, pífia…

[218] - Em 16 fevereiro 1992 (Inquérito Literário DN) – as leituras preferidas de Manuel Ferreira: Peregrinação e a obra teórica de Mikhail Bakhtine.

[219] - Furriel miliciano.

[220] - Óscar Lopes formou-se no mesmo ano e curso que o autor de Vagão J, na Faculdade de Letras de Coimbra, em 1940;

[221] - Foi enterrado em Melo (Gouveia), sua terra natal. Eduardo Lourenço define-o “entre o humanismo e o absurdo”.

[222] -É um romance alentejano, centrado em torno de Évora, assim como de um problema central, não só dos neorrealistas, mas do conjunto dos cidadãos portugueses: da lógica do combate antifascista, cuja reestrutura aparece como cortada de uma grande parte das condições teóricas e práticas da realidade nacional. (Alfredo Margarido, Uma Geografia da Ficção Neorrealista). Mudança é uma obra de transição na obra de V.F., que não deve ser ignorada pelos neorrealistas.

[223] - Transposto para o cinema em 1974, por Manuel Guimarães. Protagonista, Mário, um pintor. Cresceu na aldeia, foi professor de Desenho na cidade e regressou, doente, à aldeia.

[224] - Este romance foi sumariamente considerado reacionário.

[225] - Até ao Fim pretendia ser um símbolo do nosso tempo, ao tratar da dissolução da família, do desaparecimento do apoio religioso, da confusão de valores...

[226] - “A beleza nasce do trabalho inventivo do homem, de um contacto paciente com o que a não tem.”

[227]  - Ver crítica de Miguel Esteves Cardoso “De uma vez para sempre” (DN, 12-02-1984). Ver também o artigo de Maria Joaquina Nobre Júlio «Para sempre» de Vergílio Ferreira, uma proposta de leitura (DN, 16-02-1984):”a personagem, Paulo, persiste na busca obsessional que lhe definiu a existência inteira e que agora se agudiza: a busca do enigma, do possível sentido para as pegadas que o homem deixa no universo. A obsessão das personagens das suas criações literárias, sejam elas Alberto, Adalberto, Jaime Faria ou Paulo, não é mais do que a sua própria obsessão perante o mistério do Ser, e, como a outra face do mistério do Ser, o mistério do próprio homem. (...) Para sempre é uma denúncia do abuso da palavra no mundo dos homens. (...) A música, o canto, o grito surgem, assim, em oposição à palavra falada, desnaturada e desviada do seu uso mais genuíno.”

[228] - « Não há realmente ajuste de contas: há questões literárias que podem ter o seu interesse histórico, no domínio da história literária; coisas da própria vida e de mim próprio. (...) as pessoas que não foram lá buscar aquilo que era acidental, aderiram com força.» Depoimento dado a Elisabete França, DN 19 de Junho de 1988.

[229] - «O prazer de ajudar à formação de um jovem que parte para a vida foi a única compensação, a única coisa gratificante da minha carreira de professor. Tudo o mais foi negativo. Num tempo em que a escravatura foi abolida, os professores continuam a ser escravos. Depoimento dado a Elisabete França, DN 19 de Junho de 1988.

[230] - Eduardo Lourenço, Expresso, 9.03.1996.

[231] - Expresso, 9.03.1996.

[232] - que representou como actor no Brasil.

[233] - Reúne poemas de 1989 a 1992. “Reflecte um olhar desapiedado e cruel sobre o vazio de tudo o que nos rodeia...” Fernando Pinto do Amaral, Público, 9 /12/2000

[234] - No início dos anos 70, RCF acumulava o cargo de diretor de jornal com as missões de piloto voluntário da Força Aérea, ao serviço da qual apoiava os soldados na frente de combate e transportava feridos para Luanda.

[235] - Apoiou a revolução de 28 de maio de 1926. Defendeu a Situação de armas na mão em fevereiro de 1927 no largo do Rato em Lisboa. Em 1927, foi deportado para Angola, mas dois anos depois já era chefe de gabinete do Alto-Comissário e, em seguida, Governador do Distrito da Huíla. Entre 1952 e 1959, esteve preso em Peniche, na Penitenciária de Lisboa, e no Hospital Miguel Bombarda. Fugiu de um 7º andar do Hospital de Santa Maria, conseguindo asilo na embaixada da Argentina, tendo seguido depois para a Venezuela, onde, em ligação com Humberto Delgado, organizou, em 22 de janeiro de 1961, o assalto do paquete Santa Maria., como forma de denunciar o salazarismo. No assalto, participaram 24 homens, entre os quais: Soutomaior, Pepe Velo e Camilo Mortágua. Mais tarde, em novembro de 1961, Henrique Galvão e o seu grupo desviaram um avião da TAP da carreira Lisboa-Casablanca, que foi obrigado a sobrevoar Lisboa, enquanto eram despejados panfletos da “Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro”.

[236] - Esta obra inicia a atitude anti-heroica que iria predominar na posterior literatura portuguesa.

[237] - Natural da aldeia de Criação Velha, no Pico, Açores. Frequentou o Liceu da Horta. Licenciou-se em Filologia românica em 1969. Jornalista no República, no Jornal Novo, n’ A Capital, n’ A Luta, no Diário de Notícias, n’ O Diabo, na Vida Mundial. Leitor de Português em Paris, ensinou na Brown University, Providence, E.U.A., entre 1979 e 1984. Em 1989, defendeu a tese de doutoramento “Fernando Pessoa: Coração Despedaçado”.

[238] - Esta obra foi republicada em 1988 (Vega) com o título Vitorino Nemésio: à Luz do Verbo, com o qual ganhou o Prémio Eça de Queirós.

[239] - «Este é um romance de tese: onde há miséria não há dignidade». Maria Lúcia Lepecki, Crónica de Monte Brabo num livro invulgar.

[240] - ver Arte de narrar «em puro», de Maria Lúcia Lepecki, DN 14.04.1991. «Algures,numa ilha, uma patética parcela da humanidade vegeta…»

[241] - João de Melo, DN 31-01-1988

[242] - São 14 as histórias que desfilam à nossa frente vindas de nenhures..., in Linda Santos Costa, Público, 1 de Fev. de 2003.

[243] - O álbum refere-se ao período de 1961-1974.

[244]  - Escrito em colaboração com Abel Barros Baptista.

[245] - Torcato Sepúlveda, Público, 12.06.1990

[246] - Substituiu Luís Pinto do Soveral, marquês de Soveral (1850-1922), uma figura quase lendária da alta sociedade europeia.

[247] - Autor: Norberto Lopes.

[248] - Alexandra Prado Coelho, Ípsilon, 4 de Abril de 2004.

[249] - A história de um Jovem médico no norte de Angola, na guerra colonial.

[250] - Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1996. Júri: Helena Carvalhão Buescu, João Rui de Sousa, Teresa Rita Lopes, Vasco Pereira da Costa, Vergílio Alberto Vieira.

[251] - As paixões amorosas e o clima de luta contra o invasor durante as invasões francesas em Portugal estão bem patentes neste romance. Na perspetiva de Maria Teresa Horta, trata-se do melhor livro de Álvaro Guerra (DN, 3 nov 1991).

[252] - Este romance retrata o Portugal da primeira invasão francesa. Começa em 1807...

[253] - Tudo parte de dados autobiográficos de um português que combateu do lado dos republicanos na Guerra Civil de Espanha (1936-1939). O manuscrito foi lhe oferecido por João Coelho.

[254] - É um romance muito bem construído que põe em causa a ortodoxia comunista através do olhar de um filho familiarizado com a ausência do pai e, sobretudo, através do olhar do repórter que atravessou todas as guerras em que o choque das grandes ideologias (e religiões) marcou o séc.XX .A recepção a este romance parece ter sido fraca, porque ele, também, acaba por pôr em causa a consistência das ideias que nos têm governado desde o 25 de Abril. Do ponto de vista da informação sobre a participação portuguesa na guerra civil de Espanha ( e na 2ª Grande Guerra ) encontramos uma clarificação interessante sobre o choque ideológico que atravessou a sociedade portuguesa. Estamos , sem qualquer dúvida, perante um romance importante sobre o séc. XX ( em particular sobre Portugal e Espanha).

[255] un adepte de Voltaire, de Diderot et, surtout, de Rousseau. La Profession de foi du vicaire savoyard lui parut être un nouvel évangile.

[256] Paulino António Cabral (1719-1789), Abade de Jazente, nasceu e faleceu em Amarante. Foi abade da freguesia de Jazente, advindo-lhe daí o nome por que é mais conhecido. Pertenceu à Arcádia Portuense, juntamente com Xavier de Matos, seu colega de Coimbra, cidade onde ambos estudaram. Embora clérigo, escreveu poesias onde se canta o amor epicurista e horaciano. As suas obras foram publicadas em dois volumes: Poesias de Paulino Cabral de Vasconcelos, Abade de Jazente, vol. I (Porto, 1786) e Poesias de Paulino António Cabral, vol. II (Porto, 1787).

[257] - EPC, 10junho200, Público Leituras: Guerreiro defende uma cultura que aparece subvertido pelo tipo de investimento textual a que se chama ‘poesia’, e que é um real absoluto da linguagem (…), uma experiência em si mesma… Guerreiro influenciado pela famosa “Carta de Lord Chandos” , de Hoffmannsthal, em que faz a narrativa nos nossos dias. E todos os autores que interessam a Guerreiro passam por esta determinação essencial: seja Musil ou Broch, Kafka ou Celan, Primo Levi ou Blanchot, ou mesmo, e sobretudo, esse caso limite que é Carlo Michelstaedter. A influência da biblioteca alemã e da biblioteca italiana. Temas: desconfiança da arte, em particular da palavra lírica); a consciência trágica da cisão entre o indivíduo e a cultura (Simmel). Para Guerreiro, a poesia começa onde a narrativa acaba. Crítica: «É claro que cada um escolhe a sua morada, e a de António Guerreiro é daquelas que se impõem pela inteligência e pela coerência interna. Mas podemos dizer que esta concepção da literatura segundo as cores outonais de um modernismo tardio talvez não permita entender muito da literatura do passado e sobretudo parte considerável do que o futuro n os parece anunciar como literatura.»

[258] - Apresenta a compilação de 16 textos «construídos» entre 1985 e 1999.

[259] - No princípio do séc. XX, os grandes pólos de Lisboa eram a Bertrand e a Brasileira, no Chiado. Entrevista ao Público de 25 de Junho de 1995.

[260] - Luís Guimarães ajudou António Ferro a inventar um prémio extra para Fernando Pessoa, pois quem ganhara o concurso de poesia do SNI fora o padre Vasco Reis com “A Romaria”. Sobre F. P.: “Fernando Pessoa não tinha graça nenhuma. Era um macambúzio.”

[261] - Sobre Raul Brandão: Esse sim, esse é que foi um grande escritor.

[262] - Foi representado por todos os grandes autores: Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro, Hermínia Silva, Laura Alves...

[263]  - Licenciado em Filosofia. Actualmente, trabalha no Reino Unido, perto de Stonehenge, com System Developer.

[264] - com Luandino Vieira.

[265]  - corrente estética e política subscrita, entre outros, por Aimé Césaire e Léopold Senghor.

[266] - poemas cantados por Fausto.

[267] - poema cantado por Rui Mingas.

[268] - Viveu a infância no Huambo, donde fugiu em 1976 para a Zâmbia. Em 1984, regressou à Jamba, mas partiu para os EUA, Brasil, Portugal… Sousa Jamba defende que o conflito angolano é de natureza étnica, apesar do esforço dos anos 60 para apresentar uma face unida da África face à Europa… (DN, 10.03.1993)

[269]  Eu fui um dos muitos que, em 1975 quando rebentou a guerra civil, fugiram para a Zâmbia, onde passei a minha infância. Campo de refugiados: Meheba, no noroeste da Zâmbia.

[270] - «Fiz canto coral dos 10 aos 16 anos onde fui primeira voz, mas tinha ouvidos de cortiça.», i, 1 Abril 2011.

[271]  - Ver crítica favorável de Eduardo Prado Coelho, Público de 26 de Outubro de 2002. O pretexto é uma família de cabo-verdianos imigrada em Portugal.

[272] - Numa entrevista ao Ípsilon (16.03.2007) LJ dirá «que não faz parte do grupo de pessoas que acha que “ a literatura se deve debruçar sobre os sentimentos ou sobre o nada”.» A personagem Osvaldo Campos é o psicanalista cujo divã assiste à passagem de todo o tipo de dependência, incluindo o tráfico humano e droga - «um livro muito português sobre os nossos modos, sobre a nossa “camorra”, a nossa “ormeta”, a nossa máfia interna que não tem nome. Não existe uma palavra para designar este tipo de crime organizado.»

[273] - Foi casada com António Barahona.

[274]  - José Júlio Reis Pereira.

[275] - Entre os que o admiravam contam-se: Miguel de Unamuno; Sampaio Bruno; Pascoaes; Leonardo Coimbra; a “Renascença Portuguesa”; Alexandre Pinheiro Torres. Entre os que com ele não simpatizavam: António Sérgio; os presencistas; os homens da Seara Nova. Jacinto do Prado Coelho prima pela equidistância. Ver: Luís Miguel Queirós, Público, 16/09/2000. Ver também Casa Museu de Guerra Junqueiro, junto à Sé portuense.

[276] - Dedicada a Alexandre Herculano.

[277] - Uma edição é de 1912, com aguarelas de Leal da Câmara.

[278] - Redigido na ressaca da malograda  intentona republicana de 31 de Janeiro de 1891.

[279] - Nasceu em Moçambique, mas com a independência viu-se empurrado para o exílio de Londres.

[280] - ver poema “Derrota”: Cansados de tantas pátrias, de pátrias / rejeitados, na pária indesejados, / silentes volvemos/…

[281] - Conta a história de 16 gerações, acabando na minha, na daqueles que têm hoje, quarenta e cinco anos (…) passando pela guerra de África. Entrevista concedida a Maria Teresa Horta, DN 24/3/1991.

[282] - «A maior parte das pessoas que tem escrito sobre a guerra de África tem mentido, ao fazer coincidir a realidade com os seus preconceitos.» Manuel Lamas, entrevista DN 24/3/1991

[283] - Artigo de Maria Antónia Palla.

[284] - “O seu exíguo quartinho pobremente mobilado num hotel de Paris foi durante anos o ponto de união de tantos e tão variados náufragos, uma lareira onde todos iam aquecer as mãos, onde cada um encontrava a palavra própria para o seu caso.”

[285] - Assinava “O Correio da Tia Filomena”, o que lhe permitiu tomar consciência das condições de vida das mulheres portuguesas.

[286] - Uma associação fundada por Adelaide Cabete no tempo da primeira República – inativa, fruto da ditadura salazarista.

[287]  - Palavras do Governador Civil de Lisboa, Mário Madeira.

[288] Este romance provocou um enorme escândalo, porque só lhe interessavam os “romances da vida vivida”. Não se integrava no neorrealismo nem em qualquer outra corrente e defendia, quando isso ainda não fazia parte das reivindicações feministas, a prática de uma escrita feminina. “Tenho horror às mulheres que escrevem como homens”, dizia. Ver Regina Louro.

[289] - Resposta a Mário Madeira. Durante 2 anos percorreu o país para testemunhar o modo como as mulheres viviam.

[290] - Páginas respeitantes ao 25 de Abril: «Essa língua portuguesa onde aprendi a falar sobre o que não experimentara.»

[291] - Grande Prémio do Romance e da Novela. Maria Estela Guedes põe em causa essa atribuição. Ver artigo «Prémios literários para que vos quero?», DN, 3.10.1991: «Não sei como vai Gabriela Llansol salvar o romance, sobretudo não sendo o seu livro um romance, e nada havendo para salvar, exceto a sintaxe, esse corpo visível do sentido. (…) No caso vertente, já chegámos à conclusão de que nem sequer é possível dizer o que a autora disse, por não se perceber o que ela disse.»

[292]  - Mensagem: «no momento em que a escrita se tornar transparente e o novo conhecível e intelectualizável, não vale a pena leres-me.» João Barrento, Público, 22 de Setembro de 2001. »Parasceve  - que é o dia da morte de Jesus e do ritual preparatório do sábado judaico – no livro, é o nome de um rapazinho que tem o ‘ruah’, o sopro, a linguagem elementar que ainda não temos, que deixámos de ter.»

[293]  - Ver João Barrento, O Livro das Transparências, in Público 17Junho2006.

[294] - Maria Estela Guedes, Prémios literários para que vos quero, DN 13 de Outubro de 1991. Livro: Um Beijo Dado Mais Tarde. Não sei como vai Gabriela Llansol salvar o romance, sobretudo não sendo o seu livro um romance, e nada havendo para salvar, exceto a sintaxe, esse corpo visível do sentido.

(…) Só queria era pedir que pensem na sintaxe narrativa, a intriguinha. A intriga foi vilipendiada, desapareceu do mapa com o sentido, e hoje já poucos sabem contar a história por causa disso. Recuperemos a sintaxe, só ela pode trazer de volta aos livros os leitores que despertaram para o país da telenovela.

[295] - Ampliação do estudo publicado em 1929 sob o título Das Origens da Poesia Lírica em Portugal na Idade Média.

[296] - A nossa tese é que a Negritude é mais extensa e profunda do que tem sido pensado. Existiu um discurso do racismo nas literaturas de base universalista negra, e, por sua vez, na base da autonomização literária, a par de outro discurso regionalista-nacional (poesia benguelense, ambaquismo, etc), por necessidade de afirmar a universalidade do homem negro perante a particularização e menorização feita pelo homem branco. (…) O novo paradigma prepara a instauração e reconhecimento, em definitivo, das literaturas nacionais, nos anos 60. JL, 31.1.1996.

[297] - Obra proibida por acção da Liga da Acção dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923), liderada por Pedro Theotónio Pereira.

 

[298] - De acordo com Torcato Sepúlveda, Público, 2-1-1993, Mário-Henrique Leiria mostrava-se um homem muito chateado com a humanidade em geral e com Portugal em Particular.

[299] - Aqui encontramos desde o lirismo que se reencontra no lugar do eros e do thanatos, até à ironia em torno do social – na tradição do que melhor herdámos de Tolentino ou de O’Neill. Cecília Barreira, DN, 13 de Outubro de 1991.

[300] - No dia 29 de Novembro de 2011, na Escola Secundária de Camões, proferiu uma interessante conferência sobre a crónica jornalística e sobre o jornalismo antes e depois de Abril.

[301] - Notícias Magazine: Dossier 55/64.

[302] - Faziam reuniões político-partidárias em casa do Mário Pinto de Andrade e no estúdio do pintor António Domingues.

[303] - Com o então padre Joaquim Pinto de Andrade.

[304] - “Quando o avião fez escala na Síria, pedi asilo político que me foi concedido.” Dali, seguiu para Rabat, onde foi ao encontro de Mário de Andrade e da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas, para ser integrado no MPLA, depois para Kinshasa.

[305]  - O Exército foi treinado no Congo, na Argélia e em Marrocos.

[306] - «Quando se deu o cisma sino-soviético e vi o Viriato Cruz pró-chinês, o Agostinho Neto pró-soviético e o MPLA dividir-se...»

[307] - Ver comentário de Maria Lúcia Lepecki, DN, 31-1-1988 e 7-2-1988.

[308] - Público de 29/07/2002. No artigo “Um poeta sepultado vivo”, Carlos Pacheco traz a lume um poema inédito que o poeta lhe oferecera: “Acabaram com os bondes / e a paisagem dói;/tentam dinamitar a poesia / os poetas da paróquia, /ardilosos confundem / o incauto forasteiro, / vendem gato por lebre. / Sê surdo: o exílio / em tua casa, entre os livros / é a solução; na balança, / a amabilidade de um / ou o impropério de outro / só têm peso para a tua vaidade. / Que falem em vão ao vento.”

[309] - Denúncia paródica do meio universitário português. Em O Curso das Estrelas essa denúncia é mais aprofundada. Num departamento de Estudos Portugueses reina uma guerra de morte entre dois catedráticos: José Júlio Mendes e Lourenço da Cunha Barroso.

[310] - Entrevista ao DN Jovem, 1 Março de 1988.

[311] - Esta peça foi levada à cena pela Companhia de Teatro de Almada (1987). De verdade, a protagonista da peça é Maria Francisca Isabel de Saboia.

[312] - Pseudónimo de Maria José da Silva Fidalgo Oliveira. (n. 1960-)

[313] - com Jorge Barbosa e Manuel Lopes. Esta revista surgiu em 1936, levando os escritores a olhar para «o chão crioulo», sob a influência dos escritores brasileiros, Jorge Amado, José Lins do Rego, Ribeiro Couto…, embora Baltazar Lopes defenda que não há influência, mas, sim, confluência. Ver Entrevista ao JL, de 25.5.1987.

[314] - Na esteira de Hesíodo. DN, 21.02.1988 / 28.02.1988/13.03.1988 / 6.03.1988, por Maria Lúcia Lepecki.

[315] - Público, 11/09/1994. Uma ideia que resume o pensamento de C.L: «Se acreditarmos que os africanos não são vítimas de qualquer maldição bíblica ou de carácter intrínseco da sua cultura, teremos que reconhecer-lhes também um papel na definição do seu modelo de crescimento e desenvolvimento económico. Este desafio parece-me ser muito mais importante para a consolidação da democracia do que a luta por direitos morais que propõe o Ocidente ao continente.» A democracia ocidental tende a marginalizar as minorias. A aplicação deste modelo pode ser fatal para África, porque as minorias têm formas de defesas convencionadas, mesmo que simbólicas, e de natureza consensual.

[316] - Maria Armandina Maia e António Loja Neves: Manuel Lopes – Rotas da Vida e da Escrita, 2001.

[317] - «Grande parte da literatura portuguesa não tem interesse a nível europeu. Nós temos de ver a História de Portugal como europeus e como cidadãos do planeta. Somos uma pequena região. Passa-se o tempo e cada vez certos autores nos interessam menos, mesmo alguns ainda vivos.»

[318] - De acordo com Maria Lúcia Lepecki, fala uma voz feminina na poesia de Teresa Rita Lopes ( DN 5 Junho de 1988) Subjacente uma voz masculina, em diálogo com a primeira. Ver o lugar da antítese. «Tudo muda porque tudo nasce, renasce, renova. Ou tudo se inventa e reinventa, descobre-se ou se redescobre.»

[319] - Em Coimbra, 1940, Eduardo Lourenço convive com o movimento neo-realista: Rui Feijó, Carlos de Oliveira, Egídio Namorado, Raul Gomes. Entretanto, só depois de 1968, conheceu Arquimedes Silva Santos, Mário Dionísio, e Manuel da Fonseca.

[320] - Em França, lecciona o curso de História das Ideias durante vários anos. Autores de referência: Unamuno, Ortega, Luís Vivés, Antonio Machado, Guillén.

[321] - Com este livro assinala, sob influência da obra Il Crollo dell’Utopia, de Eugene Lyons, 1937, o seu afastamento do neo-realismo coimbrão: «Já me tinha afastado do catolicismo e agora afastava-me dos outros. E ainda por cima tinha ido para o estrangeiro. Sei que aquele grupo de Coimbra ficou muito surpreendido e chateado quando o livro saiu. Pública, 13 de Maio de 2007.

[322] - Terá escrito este livro como tentativa de se reconciliar com o Carlos de Oliveira – a coisa mais sincera que escrevi. Pública, 13 de Maio de 2007.

[323] - A principal preocupação de Salazar era a de que não se fizessem ondas, para ele poder governar tranquilamente, à sua maneira. Pública, 13 de Maio de 2007.

[324] - Reúne textos sobre vários autores, com especial predilecção por Eça de Queirós. Eduardo Lourenço começou a sua leitura por O Primo Basílio.

[325] - Pública, 13 de Maio de 2007.

[326] - Pública, 13 de Maio de 2007.

[327] - «É necessário da ser raça dos Las Casas, dos Vitória ou de Vieira para compreender o mecanismo infernal deste sentimento “natural” de superioridade…» - colonialismo.

[328] - «O português é colonizador como é português e não vê motivos para se problematizar enquanto colonizador pois também os não vê enquanto português.»

[329] - Corresponde à abordagem (interpretação)historicista, racionalista. Depois surge uma interpretação que encarava o País como senhor de uma missão histórica precisa durante um momento solar do nosso percurso.

[330] - Introduz na literatura portuguesa o tema da homossexualidade bem comportada.

[331] - Ilustra com precisão o quotidiano dos homossexuais adolescentes das classes médias “cultas”, nos anos 1980.

[332] - Mário Cesariny de Vasconcelos, Luiz Pacheco, Herberto Hélder, Pedro Oom, António José Forte, Ernesto Sampaio, Manuel de Castro,

[333] - Ed. Salamandra, Lisboa, 1985. Preso pela PIDE, a descrição do interrogatório na polícia constitui o fio central da narrativa.

[334] - Fez-se “angolano pela sua participação no movimento de libertação de Angola”.

[335] - No Tarrafal, estudava quimbundo (tinha uma gramática do José Luís Quintão) e italiano. Escrevia cartas à mulher numa letra muito pequenina e certa. Só podia escrever de 15 em 15 dias. Havia no Tarrafal, a caserna dos angolanos (80) e a caserna dos guineenses (100). Não se podiam cruzar. A maioria dos presos angolanos era protestante. À hora do culto, os trechos escolhidos falavam sempre do exílio, do regresso à terra prometida. Não havia nenhuma organização formal. Ao princípio, não havia água nem casa de banho. Todas as semanas podiam fazer compras ( as permitidas) à vila. Mais tarde, no banho, Luandino punha água para os mais velhos: Fernando Pascoal da Costa, Sebastião Gaspar Domingos, Adão Domingos Martins… Depois de 1965 a política em relação aos presos era de “recuperação” e o regime prisional abrandou. «Nesse ano, as notícias que nos abalaram foram a invasão da Checoslováquia, a morte de Che Guevara e do Hoji-Ya-Henda (nome de guerra de José Mendes de Carvalho), o jovem comandante que no Leste estava a comandar a guerrilha do MPLA. Em 1965-66, a Gulbenkian enviou para o Tarrafal uma biblioteca básica de língua portuguesa: Namora, Redol, os livros da Agência  Geral do Ultramar.. Luandino, no Tarrafal, leu: O Delfim, do José Cardoso Pires, El Siglo de las Luces, do Carpentier… O Grande sertão Veredas, de Guimarães Rosa. O último director foi o Eduardo Vieira Fontes. (era da escola colonial). O director levou o escritor Manuel Lopes. Luandino foi visitado uma única vez pela mulher, em 1970. Enquanto esteve preso fez amizade com nha Ana que durante 8 anos lhe forneceu ½ litro de leite por dia que lhe recebia os manuscritos das histórias escritas no Tarrafal, guardando-as em sua casa. Os manuscritos chegavam-lhe como prenda de Natal, no fundo de um cesto cheio de milho, cujo fundo era forrado com papel canelado, onde o autor colava as folhas dos manuscritos…  ver entrevista de 1 de Maio de 2009, P2.

[336] - Tomou conhecimento do prémio atribuído pela SPE por um telegrama de (Manuel?)Ferreira.

[337] O livro “Luuanda” recebeu o prémio literário angolano Motta Veiga, em 1964, e o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1965. Mas por ter sido atribuído a Luandino Vieira, prisioneiro político em Angola, as autoridades de Lisboa tentaram retirar o prémio, lançando suspeitas sobre a excelência literária do livro, e talvez assustados com as palavras e frases em kimbundo, inseridas nas histórias. A PIDE escaqueirou a Sociedade Portuguesa de Escritores e prendeu o júri que o premiara. Além disso, em 1972, uma edição de “Luuanda”, editada pela Edições 70, foi apreendida, em Portugal, por ordem do Governo de Marcelo Caetano.

[338] - Um dos livros de histórias feitos no Tarrafal, foi escrito depois de Luandino ter sofrido bastante, sobretudo, no ano de 67-68, em que esteve quase a desesperar. Esteve um ano sem notícias da família, porque a mulher em Luanda continuava ligada aos grupos da oposição. Começaram a cercear-lhe a correspondência

[339] - Este romance foi escrito entre 16 e 23 de Abril de 1967.

[340] - Referências: Guimarães Rosa (Sagarana); Uanhenga Xitu, seu companheiro de prisão e mestre de língua ‘quimbunda’; Langston Hughes, referência fundamental do chamado ‘renascimento negro’;  António Oliveira Cadornega, o iniciador da historiografia angolana; Agostinho Neto, o Manguxi.

[341] - Este romance inicia-se como um romance autobiográfico: poeta em anos de prosa. Este romance anexa três vias semântico-discursivas: a do lugar, a do intertexto e a da memória. Ver Alzira Seixo, JL, 29/03/1995.

[342] - Porque de Portugal se trata, de Portugal e das suas colónias, com a PIDE e a guerra, mais os exilados e a censura, passando pelo 25 de Abril e a revolução, até aos dias de hoje. Vale a pena comparar este romance com o “Esplendor de Portugal” de Lobo Antunes. É a partir de mitos literários e operáticos («O Ouro do Reno», «Pelléas e Melisande») depois do mito cinematográfico “Casablanca” que a narrativa se inicia. Ver Linda Santos Costa, Smoking / No Smoking, Público 21/3/1998.

Em Pedro e Paula, Helder Macedo diz: usei como referência literária muito remota, porque o livro não tem nada a ver com isso, ‘Esaú e Jacó’ do Machado de Assis. (…) Os meus mestres são gente como Stendhal, como Fielding, o próprio Machado de Assis. (Público, 21/3/1998)

[343] - Ver David Mestre, JL, 1.03.1995, Poesia angolana dos anos 90.

[344] - Ver crítica de João Gaspar Simões sobre a extensão do romance (de 80 páginas).

[345] - Na coleção Rififi.

[346] - “anos de chumbo”.

[347] - Ver artigo de António Brás “Nomes em trânsito”, Público, 1 de fevereiro de 2003.

[348] - Romances de ambiência rural que procuravam a estética neorrealista... ver cenas da guerra colonial.

[349] - Prémio de Revelação de Poesia da APE em 1987.

[350] - Juiz nas comarcas de Mafra e Sintra. Fui professor de pelo menos 2 dos seus filhos.

[351] - Para Baptista Bastos, a obra de Marmelo e Silva ‘reflecte a melancolia, a tristeza e o tédio do viver português.»

[352] - Primeira abordagem do tema da adolescência que viria a atravessar a sua obra. Temática autobiográfica, sobretudo no que respeita ‘à vida adolescente’ vivida tanto no seminário como na instituição militar. Ver semelhanças com A Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira.

[353] - Este romance retoma/ renova Adolescente (1948). Ver ainda Maria Lúcia Lepecki, A linguagem dos heróis, DN 24.5.1987.

[354] - Devido à temática da homossexualidade.

[355]  - Ficção-memória da guerra colonial – Angola.

[356] - DN 29 de março de 1992 Entrevistadora: Maria Teresa Horta. O Último Cais, prémio Círculo de Leitores, prémio da Associação Portuguesa de Escritores, prémio da revista Máxima. -Público, 16 de maio de 1993

 

 

[357] - Entrevistado por Maria Teresa Horta, DN 5-5-1991.

[358] - Prémio Revelação 2004 da A.P.E.

[359] - Suportes: Alda Lara; Ana de Santana; Paula Tavares; Maria Alexandra Dáskalos.

[360] - Qual é a diferença entre tomar providências razoáveis e a preocupação incessante com pensamentos que rodopiam vertiginosamente? Há uma famosa parábola budista: um homem estava sendo caçado por um tigre. Em seu desespero, desceu pela beira de um rochedo e agarrou-se a um arbusto; enquanto aquele tigre vinha se aproximando por cima, ele olhou para baixo e viu um outro tigre lá em baixo, só esperando que ele caísse. Para culminar, dois ratos estavam roendo o tronco do arbusto. Naquele instante, viu alguns morangos silvestres e, segurando-se por uma das mãos, colhe a fruta e a come. Era deliciosa! O que aconteceu com o homem afinal? Todos sabemos, claro. Foi uma tragédia o que lhe aconteceu?"

[361] - Texto crítico de S. Bruno, DN 3 de Maio de 1992.

[362] - Reconta uma viagem à América do Norte, mas é algo mais do que o tradicional «livro de viagem», ao contrário de Cavalgada Cinzenta, de Fernando Namora.

[363] - Furriel enfermeiro num posto avançado em Angola, entre 1971-1974.

[364] - Este romance, concluído em 1983, foi revisto em 1992. Relata a vida de uma “companhia” na Calambata. É uma obra que, de facto, faz a autópsia da vida militar nas suas múltiplas contradições num contexto hostil. Mostra, num discurso oralizante e polifónico, os choques entre culturas, sem, no entanto, deixar de afirmar o papel do mediador cultural, aqui representado, pelo furriel enfermeiro. Foi difícil ler este romance, depois de ter lido toda a obra, por exemplo, de Pepetela. João de Melo não fica em nada atrás deste romancista. Por vezes parece que vestiu a pele do africano (angolano), revelando as suas angústias mais profundas.

[365] - Exemplo de realismo mágico. Para o autor, os latino-americanos não são pioneiros deste género, cujo suporte é etno-fantástico.

[366] - Há uma geração literária da guerra colonial. (...) Mas a literatura da guerra teve o condão de preencher um vazio, de pôr fim ao tabu das tais guerras que “nunca existiram”, e creio que um dia os historiadores precisarão de ler-nos para escreverem a história verdadeira da guerra colonial.

[367] - “Este é um romance de partida, um itinerário familiar de perdição no espaço exterior. (...). Estão nele uns bons 40 anos do nosso itinerário colectivo: a ditadura, a ideologia política da Igreja, as guerras de África, a Lisboa boémia e literária dos anos duros, a emigração vista de dentro, o 25 de Abril, a revolução, o divórcio, o desencanto.” In Entrevista ao Público de 11/12/2002.

[368] - Deu o manuscrito a ler à Teresa Martins Marques, que considerou o livro como “o mais intrinsecamente autobiográfico”, contrariando a intenção do autor de se demarcar do “biografismo”.

[369] - Escrito entre 19.12.91 e 22.09.95, Homem Suspenso (1996) é um romance sobre o fim do  casamento de 11 anos ( de um desencantado professor  de Literatura na Faculdade de Letras, especialista em «ficção histórica», e de uma professora de Matemática, Carminho), sobre a morte do pai ( a coragem), sobre o amor pela mãe, sobre a amante açoriana (Mariana), sobre o fim da agricultura ( aniquilada pela política europeia) sobre  Lisboa, sobre o desenraizamento provocado pela integração na União Europeia. Sobre um homem “descrente, agnóstico, angustiado”. Sobre  a identidade, o sentimento europeu, a nova portugalidade. Frei Bernardo desdenha do «sentimento europeu», da «portugalidade». Sobre os «vendilhões do templo (...) os traficantes da religião» que deitaram a perder a fé ( do jovem que chegou a entrar na vida conventual, em Fátima).O romance insere-se numa corrente que parece anunciar o fim do homem português: agora, em Poitiers, o herói pede, no entanto, à mãe: “Por favor, mãe, não morra nunca. Que será de mim sem pai nem mãe nem casa nem família nem pátria em fim de século, sem esta ideia de continuidade, sem o amor de quem amei, sem fé nem trabalho nem amigos nem ideologia?” Opus cit. pág. 218, Publicações D. Quixote. O modelo do Homem Suspenso é a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto « ó desde sempre duplo da minha alma» ( Op.cit., pág. 104).

[371] - Primeiro romance açoriano traduzido e editado nos Estados Unidos em 1988 – Dark Stones.

[372] Vamberto A. Freitas, Dias de Melo à procura do pai e da Califórnia, DN, 13 de Janeiro de 1991.

[373] - “cujas aulas eram incandescentes”. Público, 15 de Março de 2003.

[374] - Morreu perto de Constança, junto ao Tejo, aos 41 anos (Dez. de 2000), encarcerado no seu próprio carro na noite de Natal.

[375] - Sátira do regime deposto em 25 de Abril.

[376] - peça de teatro infantil, escrita de parceria com o crítico Orlando Neves, colaborador do DN.

[377] - Manuel Mendes e Mário Soares «companheiros de todos os dias, do café, das noitadas de discussão política e literária, da resistência política»... estiveram os dois presos na mesma cela do Aljube.

[378] - Um conjunto de crónicas de viagem que foram publicadas no jornal “O Primeiro de Janeiro”, entre 1961 e 1963.

[379] - Um livro traduzido em vinte países.

[380] - Setenta e sete histórias que têm por cenário a Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. “Coisas que se passam em África e que não são ditas.”

[381] - Nova versão “The Waste Land”, de T.S. Eliot…

[382] - Mais um exemplo do “realismo mágico” sul-americano. «O paganismo galego [aldeia galega de Mazouco, perto de Santiago de Compostela] enfrenta a igreja Católica e Apostólica, quase divinizando um menino que fala pelas nádegas...» Mafalda Ivo Cruz, Público Setembro de 2001

[383] - Sob influência de David Mourão Ferreira, de Wallace Stevens, de Roberto Juarroz.

[384] - Ao lado de António Sérgio, Jaime Cortesão, Raul Brandão, Raul Proença, Leonardo Coimbra.

[385] - Prémio Casa da Imprensa.

[386]  - Pseudónimo Ch. Vander Bosh.

[387] - Temática de Miguéis: a crítica aos Impérios, a busca da liberdade, a simplicidade do homem, o conhecimento pelo olhar.

[388] - Ver Saudades para Dona Genciana. Prémio Camilo Castelo Branco.

[389] - publicado inicialmente em Folhetim, no Diário de Lisboa, entre 19 de Julho e 13 de Outubro

[390] - Trata-se de um romance centrado na infância do herói – Gabriel – e na figura materna – a intrépida D. Adélia -, Lisboa, cidade-mãe do herói, funciona como personagem dupla da mãe real: protectora, na mansarda da Rua da Saudade onde o herói nasce, e hostil no Bairro das Ilhas onde a criança virá a perder-se. JL, 26 Dez. 2001 (Teresa Martins Marques).

[391] - O narrador deambula cesaricamente pela Baixa Lisboeta à luz do entardecer…

[392]  - A Múmia contém matéria ficcional originariamente destinada ao projecto do romance Filhos de Lisboa.

[393] - A Escola do Paraíso é um romance de luz que esmorece progressivamente e se extingue no Milagre Segundo Salomé – grande fresco da sociedade lisboeta e da ambiência depressiva fruto da degradação dos sonhos republicanos, que de queda em queda sufocariam com o golpe de 28 de Maio de 1926. JL, 26 Dez. 2001 (Teresa Martins Marques).

[394] - Problematiza as contradições de um jovem magistrado colaborador da Seara Nova em busca da sua identidade e ideológica e social – Deodato…

[395]  - A sua obra mais conforme ao cânone neorrealista. (?)

[396] - Na perspectiva de João Gaspar Simões, Modo Mudando girava, à maneira de satélite, em torno do orbe lírico do poeta de No Reino da Dinamarca (Alexandre O’Neill). Por seu lado, Nó Cego aproxima-se de Ostinato Rigore, de Eugénio de Andrade.

[397] - Poeta alemão (1886-1956)

[398] - Maria Lúcia Lepecki, no artigo “Tocar de Ouvido”, publicado no DN de 24 de Janeiro de 1988, expõe os pontos convergência etimológica entre «tangível» [TAG, de que também descendem ‘toque’ e ‘tacto’] e «dizível» [DEIK, cujo primeiro sentido é rigorosamente mostrar]. Estabelecida esta associação, refere «o primeiro traço pelo qual em VGM o dizível-dito se faz também tangível relaciona-se com uma dinâmica de materialização. Qualquer coisa que dá ao lido o efeito de tocável, dando aos corpos falados o efeito de existência como volume, peso, forma e cor.» (…) A função da IMAGEM «é trazer no mais concreto sinal do mais abstrato, conferir corpo físico – peso, volume, forma e cor, movimento – ao que de «físico» pouco teria…» E ainda: «ficamos nós entre o ver e o ouvir, duplo investimento sensorial espaço e experiência intermédios onde mora a pessoa, o ser mais profundo, da poesia de Graça Moura.

[399] - reedição com 15 aguarelas de Mário Botas.

[400] - Ver crítica de Miguel Real, JL de 13 de Novembro de 02: vê duas fases na obra deste autor – a fase estético-realista, em que denuncia os mitos arqueológicos da esquerda portuguesa.

[401] - Joaquim Namorado, com Carlos de Oliveira, Fernando Namora, João José Cochofel, Arquimedes da Silva Santos, Álvaro Feijó, Políbio Gomes dos Santos, Mário Dionísio e Manuel da Fonseca, entre outros, animou o neo-realismo português. Baptista-Bastos, 30/12/1986.

[402] - Eduardo Lourenço – Sentido e Forma da Poesia Neo-realista.

[403]  - Referido por Fernando Assis Pacheco, cujo pai tinha consultório no Largo da Portagem, paredes meias com Joaquim Namorado.

[404] - Inclui os livros publicados entre 1979 e 1984.

[405] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 14 de Fevereiro de 1988.

[406] - A trajectória política de um missionário presbiteriano que foi vice-presidente da Frente de Liberttação de Moçambique (Frelimo) e depois acabou por ser fuzilado durante os primeiros cinco anos após a proclamação da independência do país. Ncomo procura investigar a correlação de forças que se verificou durante a primeira dúzia de anos da existência da Frelimo, dominada pelas figuras de Eduardo Mondlane, de Uria Simango e de Marcelino dos Santos.

[407] - Ver Leonor Xavier, DN. 27.11.1988. Relata a sua ida ao Brasil em 1954, a propósito da viagem inaugural do Santa Maria, mas também se centra no ano de 1952, ano da sua 1ª viagem a este país, e o seu papel na Casa dos Açores no Rio de Janeiro. Sempre que ia ao Rio, ficava em casa de António Luís Silveira e dona Maria dos Anjos, açorianos como ele. Quando ele estava, havia sempre uma tertúlia em torno do violão… ( O Violão de Morro)

[408] - Revista alternativa à PRESENÇA.

[409] - Sobre Vitorino Nemésio, ver Público, 19 de Dezembro de 2001.

[410]  - No DN de 16 de Julho de 1989, Clara Camacho, da comissão instaladora e responsável do departamento cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, assegurava que o neo-realismo ia ter um museu naquela localidade.

[411] - Autor das Canções Heróicas cantadas na clandestinidade,

[412]  - Alfredo Margarido, in Uma Geografia da Ficção Neo-realista. 1978.

[413] - Nasceu em Kaxicane, na região de Icolo e Bengo. Formou-se em medicina. Em 1962, foi eleito Presidente do MPLA.

[414] - Corrente estética e política subscrita, entre outros, por Aimé Césaire e Léopold Senghor.

[415] - De acordo com a entrevista dada ao Expresso de 5/1/2008 (Única), terá conhecido Agostinho Neto com 16 anos, isto é, em 1950.

[416] - Bibliografia: João Gaspar Simões, Sobre a Arte de Contar, DN 5.04.184

[417] -Público, 5.7.1994, por António Marujo, O padre que provocou a guerra colonial.

[418] - Só graças à pressão do arcebispo de Luanda, D. Moisés Alves de Pinho, e do núncio do Vaticano em Lisboa, monsenhor Panico, o cónego Neves foi transferido para a casa dos padres jesuítas em Soutelo, onde ficaria detido sob residência fixa.

[419] - DN 16.06.1988.

[420] - Este acontecimento está na origem do filme de António -Pedro Vasconcelos j«Aqui d’El Rei”. Ver Nelson Saúte. JL, 26.01.1993.

[421] Artigo de Maria Estela Guedes “Esta saudade da língua”, in DN 16 de fevereiro de 1992.

[422] - «Com dois protagonistas, Irene e Mário, (…) o romance situa-se no Algarve, perto de Tavira… um desenho do Algarve nos anos 1950 e 1960, de pescadores, emigrantes e vidas quotidianas, quase impercetíveis…» Pedro Sena-Lino, Público, 17Junho2006.

[423] - Professor de Filosofia. Passou pela Esc. Sec. de Santa Maria – Sintra (anos 90 – fanático por peixe; ia, de propósito, comprá-lo a Sesimbra). Nessa época, interessava-se, sobretudo, por Biologia.

[424] - Decorre entre 1805 e 1813.

[425] - Entrevista ao Público, 16 de Fevereiro de 2003.

[426] - Elisabete França, Escrever como amar ou morrer, DN 18.01.1987.«Sauromaquia, fragmentos de memórias habitadas – por personagens esboçadas em redor de nomes próprios ou comuns. Sobre estas se propõe o narrador falar…»

[427]  - Longa entrevista a Teresa Coelho, Mil Folhas (Público, 5/7/2003). Continua a reflectir sobre a “diferença”, o “corpo”, “o sexo”; a vida e a morte, mostrando a maturidade típica dos intelectuais-sem-deus  ou para quem deus é um sinal último de que estamos mortos. Revela-se de grande acuidade quando desconfia de todos aqueles que procuram por todos os meios eliminar o que não é “belo”, seja na política ou na arte.

[428]  - «À margem de enfadonhos e nobelizáveis homens de letras, Rui Nunes ousou erigir uma lúcida e compacta barreira contra o vazio…», Manuel de Freitas, Expresso, 6 de Janeiro de 2007.  Ver Heidegger que, em Novembro de 1933, escreveu num jornal de estudantes da Universidade de Friburgo a frase que, para muitos, é o ponto culminante da sua participação na política: « O próprio Führer e ele só é a realidade alemã de hoje e do futuro, tal como a sua lei.» «As palavras crescem como ervas daninhas, neste caminho proposto por Rui Nunes. Multiplicam-se como metástases, recordam a cada instante uma cegueira…» (Óscar Faria, Mil Folhas, 26 de Janeiro de 2007.

[429] - Centro de Estudos Carlos de Oliveira, na Gândara, Rua do Funchal.

[430]  - Casa da Duna (1943) crítica de Alfredo Margarido. A versão de 1977 é muito diferente da 1ª, que seria uma estrutura fechada, «onde não pode haver mais significados do que aqueles que foram propostos pelos destinatários.» romance (consciência)/ leitor-protagonista (não consciência). O romancista assume enfim o seu destino de «engenheiro de alma», como pretendia o camarada José Estaline, tão famoso e nefasto Zé dos Bigodes. Os neorrealistas: «escrevem não para descrever a condição existencial do homem, ou o simples e complexo percurso do imaginário, mas para impor uma visão do mundo, para obrigar os dominados a ler a sua alienação, ou mais ainda, a sua reificação. (A. M.)

[431] - ver Silvina Rodrigues Lopes, Aprendizagem do Incerto (1990); Carlos de Oliveira, O Testemunho do Inadiável (1996)

[432] -ver O Poeta que perdeu as graças do lirismo, por Gustavo Rubim, in Público, 24-7-1990.

[433] - Em 1950, foi lhe recusado o passaporte por vários anos, devido a uma cunha de um familiar à PIDE, para que ele não pudesse juntar-se a Nora Mitrani. Pertencia ao grupo surrealista francês. O’Neill apaixonara-se… Ver poema “Um Adeus Português”

[434] - Em 1947, no “Mundo Literário”, publica versos dedicados à escultora e realizadora Noémia Delgado (depois autora da longa-metragem “As Máscaras”, sua primeira mulher. O’Neill, teve uma noiva antes, era uma prima sua que vivia em Marco de Canavezes, com quem esteve apalavrado para casar.

[435]  - ver poema Autorretrato. Nesta obra, surgem “Seis Poemas Confiados à Memória de Nora Mitrani”. Esta suicidara-se.

[436] - Faz-me aí umas orelhas à saca (antiga voz de trabalho).

[437] - Ver Maria Antónia Oliveira, Uma Biografia Literária, D. Quixote, 2006. No entanto há uma lacuna, a ausência em discurso directo de Afonso e da ex-mulher, Teresa Gouveia. Noémia Delgado, Pamela Ineichen, Laurinda Bom falaram e por isso as suas histórias estão mais pormenorizadas.

[438] -Torcato Sepúlveda, Pública, 18.08.1996. Ver antes João Gaspar Simões: Nicolau Tolentino, Abade de Jazente, Bocage, Gomes Leal, Feijó, Ignácio d’Abreu Lima (das Bailadas)

[439] - Pública, 18.08.1996.

[440] - Ilustradores: Manuel Cargaleiro e Júlio Pomar. Prefácios de: Eugénio de Lisboa, Joaquim Manuel Magalhães, Fernando J. B. Martinho, Eduardo Lourenço. António Osório coloca a sua obra «aquém» do literário, num espaço ocupado por uma literatura não erudita, condicionada pela fugacidade e particularidade da experiência pessoal, que tem o seu espaço no mundo jornalístico ou no relato biográfico.

[441] - Com prefácio de Eugénio Lisboa. Integra o grupo dos anos 70. Outros poetas representativos: João Miguel Fernandes Jorge; António Franco Alexandre; Joaquim Manuel Magalhães; Nuno Júdice.

[442]  Ver Eduardo Pitta, Público, Mil Folhas 10 de Novembro de 2006.

[443] Mas Claridade remete para a história literária de Cabo Verde, a revista Claridade, publicada nos anos 30 e 40, os poetas da geração da Claridade, os chamados Claridosos, que seguiam o caminho dos neorrealistas portugueses … 

[444] - De acordo com Pedro Mexia, Ipsilon, 4/4/2008: é no conto, e no conto curto, que Pedro Paixão se notabiliza (…) Num romance, ficamos com uma sensação de tempo perdido.

[445] - DN, 22 de abril de 1993.

[446] Guerra Junqueiro confessa a sua admiração e o seu arrependimento…

[447] - Livro de versos magoados e inconformistas, na sequência do suicídio do irmão António em Coimbra.

[448] - O produto da venda deste volume reverteu a favor da subscrição pública nacional para socorrer a miséria de Gomes Leal.

[449] - A partir do Verão de 1951, passa a viver em Moledo do Minho. Em 1953, assumiu a direcção artística do Círculo de Cultura Teatral – Teatro Experimental do Porto.

[450] - Na Travessa da Trindade, 25, em Lisboa, ent.ão habitada por A. Dacosta.

[451] - Ípsilon, 4 de Maio de 2007.

[452] - Descreve “a tristeza sem razão” da vila de Caminha. Este livro foi dedicado a Aquilino Ribeiro que terá feito, de acordo com António Pedro, com que a distinção entre antigo e moderno não tenha sentido.

[453] - Peça levada à cena pelo grupo de Teatro da Escola Secundária de Camões no dia 7.05.2010.

[454] - Uma novela em memória do seu pai – obra de estreia.

[455] - Prémio José Saramago.

[456] - Neste romance, surge um referente do atletismo português, Francisco Lázaro que correu e morreu nos Jogos Olímpicos de 1912.

[457] - JL, 290395, entrevista conduzida por Rodrigues da Silva.

[458] - "A consciência desse destino literário possui-a o escritor desde a adolescência em Angola, quando se lhe revelam os brasileiros Graciliano Ramos, Jorge Amado e José Lins do Rego, ou desde Portugal onde descobre Hemingway, com Faulkner, Steinbeck e Horace McCoy, uma das suas referências (ao lê-lo estamos sempre a vê-lo como personagem principal, e ele escreve sobre o quotidiano como se fosse ao ritmo do próprio dia." Em Portugal, Pepetela descobre também Eça ("foi o escritor que me tocou mais", responsável pela reprovação na disciplina de Literatura Portuguesa, no exame de 7º ano no Liceu Pedro Nunes.) Ibidem

[459] - "Independentemente do dever patriótico, sentia que a guerrilha me era necessária como experiência literária. E a literatura foi sempre o que eu quis fazer. O resto aconteceu em função disso. Ibidem.

[460] - Entrevista ao FORUM

[461] - ibidem

[462] - Ver artigo de Filomena Cabral, A Geração da Utopia. Ver também David Mestre “A Memória coletiva” in JL, 29.3.1995: «Numa escrita condenada nos modos de articulação do português mais usuais, na sociedade angolana, de que se faz porta-voz, Pepetela interroga-se, denuncia e polemiza sobre uma geração a quem ficou a dever-se a epopeia das lutas pela independência…»

[463] - Entrevista publicada no Público em 2005 (Mil Folhas)

[464] DN, 7.10.1990: «aquela que foi a rainha da Lunda provoca uma funda ruptura ao casar-se com um estrangeiro (…) romance marcado pelo realismo animista “porque põe em jogo essas forças da natureza e dos espíritos que não sabemos verdadeiramente explicar. (…) outros cultivadores do animismo: Henrique Abranches e Vítor Cardoso.»

[465] -máscara tchokué de uma rapariga. Com que dança na festa da circuncisão (…) A Lunda é um lugar de passagem para todas as povoações que povoaram a região de Angola: as populações bantu, todas passaram pela Lunda. A Lunda criou uma cultura que marca o imaginário angolano, ao nível dos mitos – desde a estatuária à pintura – na qual serve de base ao que poderá ser o futuro de Angola.» (Público, 11.03.1995)

Sobre Pepetela (Manuel Alegre / Muana Puó: ou talvez o nosso rosto, JL, 29.3.1995): «Não me fácil fazer uma apresentação crítica de um livro de Pepetela. Porque eu ponho-me a olhar para a cara dele e estou a ver uma máscara africana. Ele é uma metade, eu sou a outra. (…) Pepetela é o meu além-mar afectivo. (…) Muana Puó é uma máscara oval. Muana Puó é um símbolo da ovalidade do mundo, dividido em duas metades, separadas por uma montanha proibida. Os morcegos (escravos) fabricam o mel para os senhores (os corvos) comerem. O herói fixa-se no olho esquerdo e nele se reconhece. A heroína, na outra metade. Estão destinados um ao outro. Juntos, mas separados como diria o poeta.»

[466] - A considerar o espetáculo de Ana Clara Guerra Marques (1962-) “A propósito de Lueji”: A intenção era precisamente partir das danças tradicionais, neste caso do Leste de Angola, para criar uma dança moderna. Inspirou-se igualmente no romance de Pepetela “Luegi”, prolongando um curioso jogo de espelhos – neste livro, o escritor benguelense conta a história de uma bailarina que no ano 2000 tenta encenar o mito da rainha chokwé, Luegi, de quem recebeu o nome. É tudo um pouco mais estranho sabendo-se que Pepetela dedica o livro à filha, também chamada Luegi, que foi aluna de Ana Clara. Publico Magazine, 8 de janeiro de 1995.

Ver também Ramiro Teixeira, Letras e Letras, 6.11.1991: este romance procura ser inovador «porque ao tentar destruir uma linguagem velha em favor de uma nova, ao eliminar o conceito de temporalidade, ao transferir o que é do domínio oral para a escrita, isto é, a lenda para o quotidiano, o simbólico para o social, entre a verosimilhança e a reportagem, está também a ser atravessado pela crónica, ou seja, pelo desejo de fazer História – neste caso literária e política.»

[467] - Iniciado nas línguas do «país do meio»; fumador de ópio; vivendo com várias concubinas  a 1ª com quem se estabeleceu na Boa Vista; depois Ngang-Yeng – a Águia da Tarde, finalmente  a filha de Ngang…)

[468]  - João Gaspar Simões, O Primeiro de Janeiro, 16 de maio de 1982.

[469]  - Em colaboração com o compositor / cantor Carlos Mendes.

[470] - Leciona Literatura Portuguesa Contemporânea na Universidade Aberta. Licenciou-se em Filosofia em 1981, na Faculdade de Letras de Lisboa.

[471] - Prémio de Ensaio Ernesto Guerra Da Cal – 2001.

[472] - Como o pai era funcionário das Finanças, mudava de localidade de 2 em 2 anos. Aos 6 anos, deixou a casa dos avós (?) no Sabugal. Entrevista Pública 26.04.2009

[473] - Eduardo Prado Coelho, Público, 10 de novembro de 2001.

[474] - Este livro assume-se como um exercício de memória, onde tudo é “inseguro” ...

[475] - Artigo de Torcato Sepúlveda, Público, 26.11.1994

[476] - “Finanças saudáveis e ordem nas ruas…” era a palavra de ordem salazarista.

[477] “Isto vai, por Deus!”, gritava Preto nos comícios, fardado, Cruz de Cristo cosida na manga da camisa.

[478]- O artigo “Os Novos e o seu drama” de Rolão Preto é republicado em 9.7.1967 pelo “Comércio do Funchal sobre os “novos” / a Juventude…” Assim, a posição dos novos pode definir-se como a de diretos colaboradores na ação da História ou como simples espectadores da marcha da História.

[479] - Foi lançada por um grupo de emigrados realistas: Domingos de Gusmão Araújo, Luís de Almeida Braga e António Álvares Pereira (filho do duque de Cadaval e Rolão Preto. O segundo órgão, publicado em Portugal, foi a revista “Nação Portuguesa”, agora com António Sardinha, Alberto de Monsaraz, Hipólito Raposo, Vasco de Carvalho, Pequito Rebelo… Em 1917, surgiu em Lisboa o primeiro diário do Movimento “A Monarquia”, sob a direção de Alberto de Monsaraz e António Sardinha.

[480] - ver obra FLORES, Alexandre M.; Feinaldo Varela GOMES, R. H. Pereira de SOUSA. Fernão Mendes Pinto. Subsídios para a sua Biobibliografia. [Sem indicação de lugar]. Câmara Municipal da Almada. 1983

[481] - “Uma espécie de retrato da geração dos anos 90”, art. Maria Teresa Horta, DN, 27.12.1997. “Somos uma geração que cresceu a ver televisão, que leu menos livros e outros livros do que os nossos pais, leu mais banda desenhada, viu outros filmes. Tudo isto tem de trazer formas novas para as formas já existentes.”

[482] - Deixou duas cadeiras por fazer.

[483] - José Cardoso Pires é reverenciado pelo amigo António Lobo Antunes, que dele dizia: «O Zé era um alpinista que trepava sem corda”. DN, 26.10.2008

[484]  - Mário Dionísio considerava” presença excessiva dos grandes escritores americanos (Faulkner, Caldwell, Hemingway…)” no jovem Cardoso Pires.

[485]  - Publicação póstuma, por Nelson de Matos, seu editor na Morais e depois no D. Quixote. Também publicou os contos Histórias de Amor.

[486] - DN, 7.10.1990, Maria Lúcia Lepecki, “Um grande escritor: definição, procura-se”.

[487] - Adaptação cinematográfica de Fernando Lopes.

[488] - Maria Lúcia Lepecki, DN 2-04-1989. Fala mais de teoria de composição do que da(s) intriga(s): da epígrafe: Cada homem transporta em si o seu bestiário privado – disse o juiz»; dos modelos de citação e das autoridades; do palimpsesto; da vox populi.

[489] - Em Janeiro de 1995, JCPires esteve internado no Hospital de Santa Maria, na sequência de um acidente vascular cerebral de gravidade muito acentuada”.

[490] - No conto PESDELO aborda o processo 1/808/71 referente à homossexualidade entre militares em Moçambique. In Pública 12 Julho 2009.

[491]  - Exposto no IX Salão de Arte Moderna do SNI – Secretariado Nacional de Informação. Este quadro provocou a 1ª crítica, publicada na Seara Nova, e da autoria de Mário Dionísio “O princípio de um pintor?”

[492] - Professor na Escola de Belas Artes no Porto.

[493] - MUD: Movimento de Unidade Democrática. Fez parte da Comissão central do MUD juvenil com o Mário Soares, o Rui Grácio, etc.

[494] - Perante «um mundo em que impera o egocentrismo, o narcisismo e o desejo de riqueza, o Quinto Império consistia na capacidade visionária de sonhar, de criatividade, de passagem do Homem a um plano superior da vida intelectual. Ou seja: esse mito, que nasce na Judeia no Livro de Daniel, seria o império do Espírito.» Ana Marques Gastão, DN, 22.03.1993

[495]  - Aquilino Ribeiro foi o primeiro presidente.

[496] - Um grupo dos discípulos de Álvaro Ribeiro e José Marinho, na linha de Leonardo Coimbra que procuravam levar os problemas para um nível de pensamento exigente e não puramente político. Perfilhava o criacionismo de Leonardo Coimbra.

[497] - Prémio de Novelística da Casa da Imprensa e o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa.

[498] - Romance inspirado na vida e obra do pensador portuense Sampaio Bruno.

[499] - Define o (1º) modernismo como o período que medeia entre 1905 e 1920, época em que se quebra com a tradição romântica e naturalista. Considera que o grupo do Orfeu foi constituído, em torno do Orpheu, por: Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Santa Rita Pintor, Amadeu Sousa Cardoso e António Ferro. Os outros eram decadentistas: Luís de Montalvor, Armando Cortes Rodrigues e Raul Leal.

[500] - Pessoa era empenhado politicamente, basta ler os textos políticos que escreveu… Pessoa era basicamente da oposição a qualquer regime, porque era um idealista e um homem do mito, mais do que da realidade. Podia entusiasmar-se episodicamente por um momento político, como é o caso do sidonismo, mas a breve trecho desiludia-se. DN, 28.05.1989

[501] - De acordo com Cecília Barreira, «o que se nota na primorosa obra de ensaísmo de António Quadros é a sua capacidade de destrinçar o essencial do supérfluo. (…) Houve sempre neste autor a tentativa de deslindar o lado oculto das coisas, a sua incomensurabilidade, o seu aspecto insondável» JL, 9.03.1993

[502]  - DN, 28.05.89 (Cecília Barreira).

[503] - Pseudónimos: João Pedro Grabato Dias, Frey Ioannes Garabatus, Mutimati Barnabé João.

[504] - Ver artigo de Nélson Saúte, 3 de Julho de 1994

[505] - Sob o pseudónimo de Mutimati Bernabé João: este poema foi adoptado como hino da revolução de Moçambique.

[506] - Este poema ter-lhe-á sido sugerido por Samora Machel como glosa de “Eu, o Povo”.

[507] - Nelson Saúte, Público, 25/06/1995.

[508] - ver entrevista dada por Wanda Ramos a Maria Teresa Horta, DN, 16.02.1992

[509] - Sobre José Régio: Isabel Cadete Novais, José Régio – Itinerário Fotobiográfico ( Impr. Nacional- Casa da Moeda), 2002.

[510] Isabel Cadete Novais.

[511] - Basta ler “Filho do Homem” / Cancioneiro de João Bensaúde (1961) para que não se resumir tudo à religião: o erotismo e a morte estão bem presentes.

[512] - Defende o direito dos indígenas à propriedade sem limitações, estende a crítica ao apartheid na África do Sul.

[513] - Faz a pergunta proibida: «Qual o futuro, político e nacional, de Moçambique? Será o da independência, em época mais ou menos remota ou próxima, como país integrado plenamente no conjunto dos países africanos?»

[514] - Joaquim Matos, Letras & Letras, 3 março 1993.

[515] - 3ºano, nº48, 31 de março de 1892, Os Poetas Novos – Trindade Coelho e Eugénio de Castro eram bons amigos.

[516] - Fotobiografia de Óscar Ribas em livro de Baguet Júnior.

[517] - Foi aluno do Liceu Camões do 1º ao 7º ano, onde também foi professor durante um ano, no anexo do Areeiro. No dia 24 de março de 2000, U.T.R. proferiu uma palestra nesta escola. Em 26 de Novembro de 2009, foi homenageado no Auditório, no âmbito dos 100 anos do edifício.

[518] - Tiveram uma filha, que ficou ao cuidado da avó paterna, no Alentejo.

[519] - Prémio Ricardo Malheiro Dias.

[520] - Prémio da Imprensa Cultural.

[521] - Prémio Aquilino Ribeiro.

[522] - Prémio da Crítica.

[523] - Maria Lúcia Lepecki, DN.19.03.1989: «o traço que definitivamente me agradou no romance foi a reconstrução do clima de pesadelo. Imagine-se o leitor na situação de Hélio, o protagonista. Ele sai de Lisboa, de carro, para ir a uma herdade em Reguengos, acudir a Filipa. Em princípio uma viagem fácil, até rápida, nos longos segmentos de planuras… arribado, finalmente, à herdade, Hélio encontra Filipa morta.»

[524] - Prémio Fernando Namora.

[525]  - Crítica a um mundo em que só a posse e os objetos contam, num consumismo desenfreado, onde não há lugar para a vida. Nota crítica de Helena Malheiro (Expresso, 12/DEZ 1997)

[526] - Nas palavras de Eduardo Prado Coelho, a marca de sempre de U.T.R.: “excesso de esperança, excesso de amor, excesso de palavras”, Público de 16 de novembro de 2002. Neste mesmo artigo, E.P.C. refere que U.T.R. “manteve um posicionamento anti estalinista sem cedências”.

[527] - O romance faz o retrato da burguesia “gauche”, desencantada com a normalização democrática.

[528] - Público, 6/7/2003.

[529] - Irmão de Teobaldo de Virgínio, escritor e pastor nazareno que vive nos Estados Unidos.

[530] - Não posso adiar para outro século a minha vida / nem o meu amor / nem o meu grito de libertação / não posso adiar o coração. // Não posso adiar / ainda que a noite pese séculos sobre as costas / e a aurora indecisa demore. /

[531]  - / É preciso queimar os livros e calarmo-nos / Esta é a matéria bárbara a matéria viscosa /

[532] - Entrevista conduzida por José A. Salvador, Diário Popular.

[533] - No entanto, reconhece influências de Drummond de Andrade e Paul Éluard, assim como dos poetas espanhóis da geração de 27 (Guillén, Vicente Aleixandre e Pedro Salinas). E ainda dos norte-americanos: Theodore Roethke e Wallace Stevens.

[534] - Livro oferecido aos 80.000 jovens que se reuniram em Bolonha, em 1977.

[535] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 13-1-1991: António Ramos Rosa – prelúdio e fuga.

[536] - Prémio de Poesia APE /CTT.

[537] - Entrevista dada a Baptista-Bastos, a 9 de Abril de 1981.

[538] - DN, 18-10-1987.

[539] - O claustro em questão é o centro nevrálgico do mosteiro dos frades cistercienses de Alcobaça.

[540] - Prémio Vergílio Ferreira 2002.

[541] - Romance de crítica social extremamente violenta. Novidade: organização sequencial dos capítulos, ilustando «If like a crab you could go backward.».

[542] - Ver: António Brás Oliveira; João Rui de Sousa.

[543] - Trata-se de um livro testemunho. O relato leva-nos dos santuários do Huambo, de que Jonas Savimbi fez praça-forte, «nos tempos de soberba resistência ao poder central de Luanda, às florestas virgens do Leste, onde o avanço do exército governamental o encurralou. Iniciada em outubro de 1999, a fuga terminaria quase dois anos e meio depois, em fevereiro de 2002, com a morte do líder da UNITA às mãos das Forças Armadas Angolanas, no Moxico.»

[544] - Ver ação como diretor da Biblioteca Breve do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.

[545] - Fernanda era a atriz Fernanda Alves, falecida subitamente no Porto a 5 de janeiro de 2000.

[546]  - Editada pelo autor e por Luiz Pacheco

[547] - Quando vi Beckett, achei que era tudo o que me faltava para saber o que era o teatro (…) A sua influência na minha escrita é inegável. Ver Entrevista ao Expresso, 6 de dezembro de 1997.

[548] - Um dramaturgo de mulheres?

[549] - Maria Estela Guedes, DP 8.11.1979: O Viajante Imóvel, como todos os bons livros de poemas, relata uma peregrinação interior sem que metaforicamente lhe corresponda qualquer importante vector de significação na ordem de um percurso espacial. Poemas narrativos, cuja linguagem está próxima da prosa. Há uma redução dos valores burgueses à caricatura.

[550] - Na perspetiva de João Gaspar Simões (DN 21.12.1986), Vicente Sanches parece ter o mesmo destino do dramaturgo Manuel Figueiredo (1725-1801), ao não ver os seus textos encenados. No entanto, JGS considera-o «um comediógrafo da escola de Pirandello, senão de Ionesco ou de Adamov.»

[551] - Livro de contos temático: “O Menino e o Pumunu”. O 2º conto será o melhor. João Ferreira, angolano branco, perde a alegria de viver com o fim do império colonial.... Outro conto: “Lá-Tem-Kimbo?”, baseado no acervo de memórias do Sul de Angola.

[552] - Este romance permite conhecer a 1ª República, designadamente a participação portuguesa na 1ª Grande Guerra. O comportamento dos oficiais e a atitude dos soldados no conflito. Facilita a compreensão do anti belicismo de Ricardo Reis.

[553] - Em parte é sobre o pai do autor e sobre a guerra colonial, em Moçambique, nos anos 60 do séc. XX.

[554] - Alferes miliciano que comandou um pelotão de indígenas.

[555] - Vale a pena conhecer a história de vida do pai, José Saraiva (aldeia de Donas, 1.04.1881-1971) que, depois de ter começado como pastor nas encostas da serra da Gardunha (Beira), foi reitor do Liceu de Leiria e do Liceu Passos Manuel (1933-1951) Antes, fora presidente da Câmara Municipal de Leiria durante o consulado de Sidónio Pais. Em 1924, publicou ‘Os Painéis de São Vicente’ que desencadeou uma das grandes polémicas literárias do séc. XX.

[556] Óscar Lopes: «um incidente pessoal com Nemésio (aliás perfeitamente digno de parte a parte) interrompeu-lhe a carreira na Faculdade de Letras. Mais tarde seria demitido de professor liceal em Viana do Castelo na ressaca repressiva do Movimento de Unidade Democrática de 1945-46.»

[557] - Guilherme d’Oliveira Martins, DN, 25.03.1993 – ‘António José Saraiva: Os vários ritmos’.

[558] - ver Edmundo Cordeiro, O clarim do combate da vida, DN 13.01.1991.

[559]  - Entrevista a Mil Folhas (Público, 12 Nov. 2005): «Só há pouco tempo é que me apercebi: andava a seguir um caminho aparentemente deliberado mas que não o era: A Blimunda (Memorial do Convento), os cruzados (História do Cerco de Lisboa), tudo isso aconteceu sem que eu me apercebesse que cada livro desse partia de uma impossibilidade ou de uma improbabilidade» -  Jornalista: «Os seus romances partem quase todos de uma impossibilidade: De Blimunda ver através da pele; de Pessoa sair do Cemitério dos Prazeres e passear por Lisboa com Ricardo Reis…»

[560]  - No encontro de José Anaiço com Joana Carda, no Hotel Bragança,  reflecte-se o encontro do escritor com Pilar (a mulher do escritor).

[561] - Temos uma confrontação directa entre o texto sagrado e o texto profano, entre Saramago e Deus. (…) José Saramago, em vez de argumentos contra o maravilhoso, usa a chacota, o realismo chão, vicia a propriedade intelectual alheia (…) e o leitor pergunta-se: Com que intenção?» Ver Maria Estela Guedes, DN, 15/12/1991.

[562] - Filme “Blindness” (adaptação do romance), de Fernando Meirelles.

[563] - Sobre a temática da identidade, como em “Ensaio sobre a Cegueira” e “Todos os Nomes”. Sobre O Homem Duplicado, ver Carlos Reis, JL de 13 de novembro de 2002: com esta obra, Saramago constrói um romance que parece contemplar uma história fora (ou quase) do tempo e do espaço.

[564] - A ideia inicial era «a impossibilidade de a morte matar uma determinada pessoa.»

[565] - Na perspectiva de Adelino Gomes,  o romance “Intermitências da Morte” pode dividir-se em 3 partes: « Numa primeira, à alegria com que as pessoas descobrem que deixaram de morrer – bandeiras nacionais aparecerão em varandas e janelas, fazendo lembrar, como noutros trechos do livro, euforias portuguesas recentes – sucede o pesadelo dos novos problemas que o país enfrenta…; Na segunda parte, a morte, em mensagem enviada para a televisão, anuncia o imediato regresso à normalidade…; Na terceira parte, nova inflexão na história, com a morte a encarnar em mulher (bela)…»

[566]  - Nela figuram o avô Jerónimo e avó Josefa.

[567]  - A pretexto de um artigo de Xavier de Figueiredo que elogiava o modelo de colonização portuguesa.

[568] - O livro passa-se no Portugal contemporâneo com algumas piscadelas de olhos ao passado dominado por Salazar e todo o seu regime, incluindo a guerra colonial... art. de Carlos Câmara Leme, Público de 1 de Fev. de 2003.

[569] - DN, 11-04-1993.

[570] - «Sérgio é a consciência negativa da sua geração e, por muito estranho que possa parecer, a verdadeira bête noire, a posteriori, da Geração de 70, em cujos códigos éticos, em cujo tópos, em cuja referencialidade cultural imbebe a sua personalidade.» Cecília Barreira, António Sérgio um modo de efabular, DN 21.12.1982

[571] - Sobre o crítico. Maria Alzira Seixo num artigo intitulado “Um exemplo pernicioso”: “A crítica JGS era uma crítica de opinião, vagamente formulada segundos preceitos presencistas (que na obra de Régio se salvaguardavam pela criatividade e pela argúcia estética) e condicionada pela observância das regras impostas pelo regime salazarista, em relação às quais nem metaforicamente nem em perífrases procurava demarcar-se.” Público, 1 de março de 2003. Sobre o mesmo crítico, Carlos Reis: “primeiro: “Nada é supérfluo quando se estuda a biografia de um grande homem.” Assim é, sobretudo, se quem a estuda está convencido de que existe uma linear projeção da vida do autor nos textos que escreveu; nesse equívoco laborou prolificamente Gaspar Simões, contribuindo de forma decisiva para o anedotário queirosiano...” Público, 1 de março de 2003. Ainda, Baptista Bastos sobre JGS: “Preso pela PIDE, no episódio da atribuição do Prémio da Novela a Luandino Vieira (então nas masmorras do Tarrafal) o comportamento de Gaspar Simões pautou-se por uma excelência de carácter e por uma inteireza de espírito – de quem nem todos os envolvidos no caso se puderam orgulhar. Ele é um dos grandes portugueses do séc. XX.” Público, 1 de março de 2003. Também Urbano Tavares Rodrigues, sobre JGS, afirma: “Democrata convicto e antifascista, voltado para o psicologismo e a arte próxima da vida, relutante a aceitar os pressupostos teóricos do neorrealismo, não deixou, contudo, de fazer justiça ao talento de Fernando Namora e de Carlos de Oliveira ou mesmo de Alves Redol.” Público, 1 de março de 2003

[572] - Na morte de JGS, Eduardo Prado Coelho, História de um desencontro, Expresso 17.01.1987, explica o “desencontro” de Ambos: «nunca aprendi nada ao ler João Gaspar Simões»; «JGS concentrou toda a sua energia em julgar. Ora o juízo é sempre o aspecto mais evanescente e mortal. A grande crítica é aquela que permanece interessante para além do frágil interesse dos juízos que formulou.»

[573] - JGS viveu com Isabel da Nóbrega entre 1954 e 1968.

[574] - Aqui, surge o primeiro dos ensaios que dedicou à figura de Fernando Pessoa.

[575] - Eduardo Lourenço considera Pantano, um dos melhores romances de amor do século XX.

[576] - «Em todos os meus livros o 25 de Abril e a guerra colonial estão presentes apenas como pano de fundo e referência compulsiva, porque é do ‘homem’ português que tenho tratado.» Entrevista ao DN, 17/5/1984.

[577] - Notícia dada por Ernesto Rodrigues.

[578] - Em “Cassiopeia”, colaboraram António Ramos Rosa, José Bento, José Terra, António Carlos. Cassiopeia vs Novo Cancioneiro? De acordo com Fernando Assis Pacheco, o grupo de “Cassiopeia” procurou fazer a síntese de três fluxos então recentes na lírica portuguesa: o neorrealismo, os «Cadernos de Poesia» e o Surrealismo.

[579] - Perdeu o pai aos 8 anos de idade, tendo sido criada por uma mãe sobrecarregada por uma enorme família.

[580] - Voltou a escrever alguns poemas à data da morte de Samora Machel, em 1986.

[581] - Por iniciativa do escritor moçambicano Nelson Saúte.

[582] - Faleceu no 5 de agosto de 2003. Frequentou a casa de um tio, Francisco Pulido Valente, amigo de algumas das grandes figuras da República, como Afonso Costa, e de opositores à ditadura de Salazar, como Aquilino Ribeiro, Bento de Jesus Caraça, João Abel Manta e Fernando Lopes Graça. Integrou o MUD juvenil; aderiu ao PCP e nos inícios dos anos 60, entrou ruptura, fundando, com Francisco Martins Rodrigues e Rui D’Espinay,  a Frente de Acção Popular (FAP) em 1964, que pouco mais tarde originará o Comité Marxista Leninista Português (CMLP). Esteve exilado em Paris e Argel. Em 1965, a FAP executa Mário Mateus na mata de Belas, na sequência de um “Tribunal Revolucionário”. Em 25 de Abril de 1974, estava preso em Caxias. Conviveu com figuras da cultura portuguesa, como José Cardoso Pires, Alexandre O’Neill e o realizador José Fonseca e Costa. Alexandre O’Neill dedicou-lhe o poema “Olho Azul”, que celebra a sua faceta boémia. Mais tarde colaborou com Otelo na FUP e foi um dos promotores do Bloco de Esquerda. Ver Adelino Gomes, Público, 5/07/2003.

[583] - O culpado é o pintor Nikias Skapinakis, que estava escondido da Pide numa quinta do escritor em Loures: “Chateava-me de tal maneira a vida, que tive que escrever a peça.» Em vez de Skapinakis, a Pide acaba por prender Sttau Monteiro. Reza a crónica oficial, na sequência do golpe de Beja de 31 de Dezembro de 1961.

[584] - Dramatização da novela homónima de Branquinho da Fonseca.

[585] - Por causa desta peça passa seis meses em Caxias, e desta vez não houve engano da PIDE.

[586] - Crónicas publicadas no suplemento “A MOSCA” do Diário de Lisboa. Ver também participação, em 1977, no júri do concurso televisivo “ A Visita da Cornélia”, do trio Carlos Cruz-Raul Solnado-Fialho Gouveia.

[587] - No “Almanaque”, colaboram Abelaira, José Cutileiro, O’Neil, Vasco Pulido Valente, Baptista-Bastos; João Abel Manta.

[588] - André Breton.

[589] - Síntese feita por Pedro Alvim de um encontro entre Mário Cesariny e Ernesto Sampaio, datado de 19.12.1989 (DN)

[590] - São 35 poemas, homenagem a um amigo, Cristovam Pavia -, autor de um único livro publicado em vida com este título.

[591] - Originária de perto de S. Pedro do Sul, Viseu.

[592] - Activismo que «era uma coisa de geração», mas que não se expõe na sua poesia.

[593]  - «Livro que foi de jubilatória provocação, assim entendida pelos ideólogos de serviço. Tudo porque o núcleo poético então proposto fazia irromper o corpo da mulher mais o seu ciclo de sangue e fruto, seu silêncio e sonho, trazendo o cercado das palavras interditas para o agora laudatório então vigente. Luís Carlos Patraquim, Público, 16 de Fevereiro de 2002.

[594] - Livro tirado de um poema do povo kwanyama, um grupo de agricultores e pastores do Sul de Angola, dos quais a avó era originária e tem na tradição oral um reportório imenso, de canções, poemas e histórias, recolhidos por missionários. Pública, 27.06.2004.

[595] - “ O que interessa na literatura é a linguagem, e pensar. O objecto sobre o qual a linguagem e o pensamento passam é perfeitamente secundário.” Entrevista, Público, 7 de Setembro de 2002

[596] - É um breviário dos livros negros “Um Homem: Klaus Krump”, “ A Máquina de joseph Walser” e “Jerusalém”: os mesmos temas, os mesmos elementos recorrentes tais como a perseguição da loucura, os disfuncionamentos do corpo, os sismos…» Mil Folhas, Público, 8 de Julho de 2006 (Maria da Conceição Caleiro).

[597]  - “Não tenho prazer em dizer mal de alguém, de um livro. A minha ideia é fazer alguma coisa com aquilo que é bom.” (…) Sobre a escrita: O grande tempo é o de rever e cortar. A minha primeira escrita é muito instintiva. A parte que dá menos gozo é a de tornar mais enxuto.” “ O trabalho quase básico do escritor é destruir os lugares comuns. De início, os lugares-comuns eram imagens ou metáforas com muita força. A primeira vez que alguém disse um “mar de gente”…é uma ideia bonita. Mas a partir do momento em que se tornou uma associação entre palavras que toda a comunidade reconhece, perdeu energia.”

[598] - Obra proibida por acção da Liga da Acção dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923), liderada por Pedro Theotónio Pereira.

 

[599] - “O meu trabalho é engajado. Eu sou bastante lúcida diante da realidade brasileira, dos desequilíbrios sociais, da miséria, a educação. Eu não posso fazer nada. Só sei escrever esses livros que não lidos pelos analfabetos, nem pelos doentes. No entanto, eu continuo a escrever.” Público, 22 de outubro de 2005.

[600]  - “ A liberdade que MC defendeu de 1934 a 1974 foi a liberdade possível, aquela que não pusesse em causa a ordem política e social, sendo que para ele a ordem política era a estabelecida pela Constituição de 1933, oportunamente plebiscitada e a seguir legalmente revista. Entre 1968 e 1971 o objectivo era corrigir o desequilíbrio do excessivo autoritarismo de Salazar. De 1971 a 1974, corrigir o desequilíbrio criado por tendências que ele considerava anárquicas e subversivas.

[601] - ALEXANDRE VARGAS, marcado pelo universo pós-simbolista e modernista, e sobretudo pelos fantasmas de Antero, Pascoaes, Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José Gomes Ferreira, é essencialmente um poeta visionário que exprime a conflitualidade interna de uma mitologia pessoal dividida entre um passado naturalista e um futuro cibernético. [...] Poeta que traduz o visionarismo da sua epopeia lírica numa discursividade a um tempo meditativa e narrativa, tecnicamente neobarroca, sustentando a retórica da imagem e os seus efeitos oniristas em mecanismos surrealizantes, mas por vezes cedendo perante a construção alegórica, exibe nas suas criações mais recentes uma forte atracção pela temática luciferina e por um experimentalismo formal vazado em enumerações caóticas, neologismos telescópicos, sinestesias e misturas polifónicas que provocam em certos ângulos uma impressão estética muito próxima de um Ângelo de Lima na sua faceta pré-joyciana.

Palavras de Luis Adriano Carlos, o antologiador de "Poesia Digital - 7 Poetas dos Anos Oitenta":

[602] - Notcha era o seu pai, pescador. Nesta família pobre do Mindelo, além de três irmãos de sangue, João Vário teve como irmão adotivo um órfão que se veio a tornar o poeta Corsino Fortes.

[603] - Ver o inesquecível retrato de José Passos, irmão do Passos Manuel. Assim como o «brasileiro», retornado à pátria.

[604] - Entrevista ao DN, 9 nov.1992.

[605] - Prémio Pen Clube Português e Prémio Município de Lisboa.

[606] - Artigo de Clara Ferreira Alves, Expresso, 16.01.1988: um mau romance escrito sobre os acontecimentos ‘entre as onze horas do dia 8 de março de 1975 e as vinte e três horas do dia 12 do mesmo mês.’

[607] - Prémio Pen Clube Português

[608] - Obra apologética do regime. Doutrinária.

[609] - Evoca Moçambique dos anos 70, já perto das convulsões revolucionárias de 1974.

[610] - Presidente do Júri: Helena Buescu.

[611] - Aos 18 anos, publicou o seu  livro: “Escritos Temporais” de Urbano Tavares Rodrigues.

[612] - O título «Portugal não é um país pequeno» corresponde à frase cunhada no mapa que Henrique Galvão desenhou no tempo do Estado Novo sobrepondo os territórios ultramarinos ao mapa da Europa de forma a demonstrar  que o império português tinha  expressão territorial superior a 5 países europeus: a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e a Alemanha.»

[613] - Personagem preferida: O Malhadinhas, de Aquilino Ribeiro.

[614] - “Este projecto era ele próprio fruto do activismo político do seu fundador. O nome da editora traduzia a aliança gerada pela guerra e pela esperança de um novo mundo que a vitória contra o nazismo abria.» José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.

[615] - «O partido via o jornal como uma espécie de iniciativa paralela de criar um outro partido comunista ou de servir de instrumento organizado e de influência contra a direcção do PCP. Se tivermos em conta o que acontecera com O Diabo, em 1939-1940, o receio não era tão paranóico como hoje parece. Piteira sabia o que queria e o modo como orientou o “Ler”mostra uma clara intencionalidade política contra a então direcção partidária na clandestinidade.» José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.

 

[616] - Nelson Saúte , Público, 31/12/1994.

[617]  - “ A liberdade que MC defendeu de 1934 a 1974 foi a liberdade possível, aquela que não pusesse em causa a ordem política e social, sendo que para ele a ordem política era a estabelecida pela Constituição de 1933, oportunamente plebiscitada e a seguir legalmente revista. Entre 1968 e 1971 o objectivo era corrigir o desequilíbrio do excessivo autoritarismo de Salazar. De 1971 a 1974, corrigir o desequilíbrio criado por tendências que ele considerava anárquicas e subversivas.

[618] - ALEXANDRE VARGAS, marcado pelo universo pós-simbolista e modernista, e sobretudo pelos fantasmas de Antero, Pascoaes, Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José Gomes Ferreira, é essencialmente um poeta visionário que exprime a conflitualidade interna de uma mitologia pessoal dividida entre um passado naturalista e um futuro cibernético. [...] Poeta que traduz o visionarismo da sua epopeia lírica numa discursividade a um tempo meditativa e narrativa, tecnicamente neobarroca, sustentando a retórica da imagem e os seus efeitos oniristas em mecanismos surrealizantes, mas por vezes cedendo perante a construção alegórica, exibe nas suas criações mais recentes uma forte atracção pela temática luciferina e por um experimentalismo formal vazado em enumerações caóticas, neologismos telescópicos, sinestesias e misturas polifónicas que provocam em certos ângulos uma impressão estética muito próxima de um Ângelo de Lima na sua faceta pré-joyciana.

Palavras de Luis Adriano Carlos, o antologiador de "Poesia Digital - 7 Poetas dos Anos Oitenta":


[619] - Notcha era o seu pai, pescador. Nesta família pobre do Mindelo, além de três irmãos de sangue, João Vário teve como irmão adotivo um órfão que se veio a tornar o poeta Corsino Fortes.

[620] - ver o inesquecível retrato de José Passos, irmão do Passos Manuel. Assim como o «brasileiro», retornado à pátria.

[621] - ver Diário de Notícias, 22 de abril de 1993.

[622] - Obra apologética do regime. Doutrinária.

[623]  - Salvato Trigo, A Poética da Geração da Mensagem, Brasília ed.

[624] - Evoca Moçambique dos anos 70, já perto das convulsões revolucionárias de 1974.

[625] - Presidente do Júri: Helena Buescu.

[626] - Aos 18 anos, publicou o seu 1º livro: “Escritos Temporais” de Urbano Tavares Rodrigues.

[627] - O título «Portugal não é um país pequeno» corresponde à frase cunhada no mapa que Henrique Galvão desenhou no tempo do Estado Novo sobrepondo os territórios ultramarinos ao mapa da Europa de forma a demonstrar que o império português tinha expressão territorial superior a 5 países europeus: a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e a Alemanha.»

[628] - Personagem preferida: O Malhadinhas, de Aquilino Ribeiro.

[629] - Nelson Saúte , Público, 31/12/1994.

[630]  - Trata-se de um livro de memória sobre a revolta dos camponeses em Março de 1961, no Noroeste de Angola.

[631]  - Nasceu em 1937, é velho militante do MPLA; esteve preso em Peniche. Deixou bem marcada a sua presença em Cultura (II) e Mensagem (CEI). Esta obra insere-se na Oratura angolense - recolha de histórias (Malange, Zaire e Uíge, Ndala Tandu..)

[632]  - Nasceu em Lisboa e viveu apenas 8 anos em Benguela.

[633]  - Seis estudos sobre a obra de Luandino Vieira, Gerald Bessa Vítor, Mário António, Baltasar Lopes e Luís Honwana + poesia de G.B.Vítor e posfácio de Manuel Ferreira).

[634]  - Nas palavras de Roger Bastide, este romance é “antes de mais, uma pintura da colonização portuguesa”.

[635]  - Referente: Guerra colonial na Guiné-Bissau.

[636]  - Obra: João Vêncio: Os seus amores, ed. 70, 1979.

[637]  - Define-se em função de dois vectores: experimentalismo linguístico e tradição da angolanidade (Jofre Rocha, João-Maria Vilanova, Ruy Duarte de Carvalho, Monteiro dos Santos e Arlindo Barbeitos).

[638]  - Estreou-se literariamente em 1973, com Regresso Adiado. Em 1977, publicou Sim, Camarada!

[639]  - Natural de Benguela (m. em 7.2.1977), entre finais da dácada 50 e a primeira metade dos anos 60, assinou crónicas e reportagens de elevada qualidade um pouco por toda a chamada “grande imprensa”, aqui e em Portugal, e três livros de poesia - 36 poemas.

[640]  - Retoma projecto da Revista Imbondeiro, Sá da Bandeira (1960-1964)

[641]  - 40% destes ensaios foram escritos antes do 25 de Abril - ver ensaios: Bação Leal; Violência na Literatura.

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Estudiosos da lusofonia e da história africana

 Berardinelli, Cleonice – professora de literatura portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Boxer, Charles Ralp[1] (1904, Ilha de Wight, Sul de Inglaterra - 2000 ). Em 1923, entrou para o regimento de Lincolnshire. Durante 24 anos, serviu nesse regimento, primeiro na Irlanda do Norte, depois de 1930 a 1933, no Japão. A partir de 1936, fica estacionado em Hong Kong, como membro dos serviços secretos americanos. Em 1941, Boxer é feito prisioneiro de guerra pelos japoneses. Condenado a 35 anos de prisão, passa os 3 anos seguintes em regime de “solitária”, em Guangzhou (Cantão). Torturaram-lhe a mão esquerda, mas deixaram-lhe a direita para poder continuar a escrever a História. ( Monsenhor Manuel Teixeira)  De 1947 a 1967, regeu a cátedra de Camões no King’s College de Londres. Em 1969, passa a reger a cadeira de História da Expansão da Europa no Ultramar na Univ. de Yale, cargo que ocupa até 1972, altura em que deixa a actividade docente. Ver Opera Minora, compilação em três volumes de artigos dispersos. Coordenação: Diogo Ramada Curto, Fundação Oriente.

Cahen, Michael – Les Bandits – un historien au Mozambique 1994[2]; Paris, 2002.

Carvalhal, Tânia – brasileira

Cavacas, Fernanda – Mia Couto: Brincriação Vocabular

Cristóvão, Fernando – professor da Universidade de Lisboa

França, Arnaldo – cabo-verdiano

Goulart, Rosa – professora da Universidade dos Açores; tese de doutoramento, em 1989: Romance Lírico – O Percurso de Vergílio Ferreira.

Hamilton, Russe – fundamental para explicar a “história” da apropriação do português pelos escritores africanos.

Jünger, Ernst[3] -

Leite, Ana Mafalda –

Malan, Rian[4] – escritor afrikaans. Obra: My Traitor’s Heart (1991)[5];

M’Bokolo[6] – África Negra – História e Civilizações (tomo I, tradução de Alfredo Margarido), ed. Vulgata

Rebelo, Luís de Sousa – professor de português no King’s College de Londres

Secco, Carmen Lucia – estudiosa de Mia Couto[7]

Sepúlveda, Maria do Carmo; Salgado, Maria Teresa – África & Brasil: Letras em Laços[8], ed. Atlântida, S. Paulo

Silva, Alberto da Costa e[9] – Presidente da Academia Brasileira de Letras

Silva, Vítor Manuel Aguiar e

Souto, Elvira (escritora galega) – Viagens na literatura (ensaios[10])

Tali, Jean-Michel Mabeko – Dissidências e Poder de Estado : O MPLA perante si próprio (1962-1977); Ensaio de História Política (Iº vol. 1962-1974 e IIº vol. 1974-1977)[11]



[1] -  Militar, espião, “bom vivant”, coleccionador de obras raras, ele tinha, mesmo sem formação específica em Hstória, um método científico muito definido de abordagem das várias temáticas. Para Boxer, “ os documentos de arquivo são a única base sólida capaz de proporcionar a compreensão e reconstituição dos processos históricos.”

[2]  - Sobre a RENAMO – o autor acompanhou a campanha eleitoral, no terreno, durante dois meses. O 1º contacto de Michel Cahen com a RENAMO foi em Lisboa em 1988.

[3] - A visão do colonialismo português e da guerra é, em 1966, a que lhe é dada ter, a partir da plataforma de observação que o recebe: colonos de origem alemã e austríaca, ex-senhores da guerra que não encontraram ou não quiseram ter, lugar na nova Alemanha. O anfitrião é Franzi Stauffenberg, da estirpe daquele outro que em Julho de 1944, se lançou na aventura do golpe falhado contra Hitler. Público, 25 de Março 1995.

[4] - Entrevista ao Público, 15/05/1994. Um rebelde branco, da família de Daniel Malan, o homem que dirigiu a implantação do “apartheid” na África do Sul, simpatizante da causa dos negros.

[5] - Um livro sobre o “apartheid” e a sua génese. O “apartheid” surgiu porque os afrikaners tinham medo de perder a sua identidade num país dominado pelos negros, mas também por uma questão de egoísmo. Quando os afrikaners alcançaram o poder, nos últimos anos da década de 40, havia um enorme fosso entre eles e os sul-africanos de língua inglesa.

[6] - Nasceu em kinshasa, ex-Zaire e foi ainda muito jovem para França, onde estudou Letras, Filosofia e História. Hoje é professor e director de estudos na “École des Hautes Études en Sciences Sociales”, em Paris. Em entrevista ao Público ( Mil Folhas) de 5/7/2003, defende a ideia de que a «tradição é um passado construído por ignorância ou por qualquer razão, política ou outra.» Por outro lado, considera-se um historiador da segunda geração que tem uma visão distinta da da 1ª geração: « a primeira geração foi a dos fundadores das nações africanas. Para eles, a história estava directamente ligada à luta política. Era uma história com deformações e também erros talvez voluntários, mas eram erros, alguns relacionados com a ideia da resistência à invasão colonial. Nós sabemos que no tempo colonial não havia só resistência africana...» Por outro lado, considera a  Conferência de Berlim um mito: «foi só um consenso entre os poderes coloniais para dizer quais eram as regras para se ser um potência colonial»...

[7] - Mia Couto e a Incurável Doença de Sonhar. A autora aborda também a influência dos brasileiros Guimarães Rosa e Manoel de Barros em Mia Couto.

[8] - Referência bibliográfica para a Teoria das Culturas, Literaturas Comparadas, Pós-Colonialismo, Multiculturalismo.

[9] - Poemas reunidos; O vício de África e outros víciosA enxada e a lança: a África dos portugueses; O  Espelho do Príncipe (memórias);

[10]  - Sobre Agustina Bessa-Luís ( O Mosteiro); José Saramago (O Ano da Morte de Ricardo Reis). A autora, nascida em A.Corunha, em 1947,  doutorou-se, em 1989, com uma tese intitulada: O Romance Português Actual: Uma Literatura de Autognose.

[11] - “ Em véspera do 25 de Abril de 1974, o movimento de Agostinho Neto estava em estado de coma. Expulso de Leopoldville, constituiu uma base recuada em Kinshasa, de onde tinha poucos contactos com as suas bases no interior, sobretudo porque a FNLA dominava todos os acessos de entrada no país. A Frente Leste conheceu alguma actividade, que foi, mais tarde, completamente anulada com os bombardeamentos de “napalm” e com a criação da UNITA, para a qual foi prestimosa a conivência do exército colonial. Ainda durante a fase da luta outras divergências, como a Revolta do Leste, de Daniel Chipenda, e a Revolta Activa, que afastou Gentil Viana e Joaquim Pinto de Andrade, tornaram o grupo nacionalista praticamente inoperante.” António Tomás, Público, 28 de Dezembro de 2002.


Simpósios

I Simpósio Luso-afro-brasileiro de Literatura, 1984. Sem tema pré-definido

II Simpósio Luso-afro-brasileiro de Literatura (Univ. de Lisboa), 1994. Temas: nacionalismo, regionalismo, universalismo.

Missões

Chicumbi[1] ( a 10 km do Andulo, Angola, 1994) – católica: ensina a ler e a escrever em português e umbundu, língua dos povos do Centro de Angola

Chilesso( a 10 km do Andulo, Angola, 1994) – protestante: ensina a ler e a escrever em português e umbundu, língua dos povos do Centro de Angola



[1] - As instalações do Chicumbi eram imensas, coloniais, preparadas para um internato numeroso de missionários, na sua maioria portugueses, que partiram em 1976. Por troca com militares das forças governamentais. Público, 20/02/1994.

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