Abelaira, Augusto José de Freitas Abelaira (Ançã, Cantanhede, 18/3/1926- 4/7/2003). Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas com uma tese sobre Garcia da Horta. Professor de filosofia em dois liceus da capital, e jornalista (Seara Nova; Vida Mundial; Jornal de Letras; O Jornal; RTP - diretor de Programas). Pertencia a uma segunda geração do neorrealismo[1], que integrava José Cardoso Pires, José Fernandes Fafe... Obra: A Cidade das Flores[2] (1959); Os Desertores (1960); A Palavra é de Oiro (1961); O Nariz de Cleópatra (1961); As Boas Intenções (1963)[3]; A Enseada Amena (1966); Bolor (1968); Quatro Paredes Nuas (1972); O Triunfo da Morte (1981); O Bosque Harmonioso (1982); O Único Animal Que?[4](1985); Deste Modo ou Daquele (1990); Outrora Agora (1996)[5]; Outrora Agora[6] - com este romance, o autor viu ser-lhe atribuído o Grande Prémio da APE referente a 1996.
Abranches, Henrique (Lisboa, 29.09.1932 – África do Sul, 5.02.2006). Foi um elemento muito ativo do Partido Comunista Português, antes de se tornar angolano. Embarcou para Angola em 1947 (aos 15 anos). Voltou a Portugal para concluir os estudos secundários. Regressou a Angola nos anos 50, onde começou a sua atividade como etnógrafo, escritor, artista plástico e militante nacionalista no Sul de Angola. Em 1961, após o 4 de fevereiro, foi preso.[7] Expulso de Angola, foi colocado em Lisboa com residência fixa. Na cadeia de S. Paulo, escrevera três manuscritos: Diálogo, publicado em 1962 pela CEI; Manual de Etnografia, curso que lecionou em 1961 e 1962 na CEI. Outras obras: Konkhava de Feti, reescrito em 1979; Reflexões sobre Cultura Nacional (1980); O Clã de Novembrino (1989)[8]; Kissoco de Guerra (1989)[9]; Sobre os Bassolongo – Arqueologia da Tradição Oral (1991); Titânia, romance de ficção científica ambientado em Luanda (1993); Misericórdia para o Reino do Kongo! (romance, 1996); Ovo Magentino (2000). Em Lisboa, integra-se na Casa dos Estudantes do Império. Em 1962, perseguido novamente pela PIDE, passa à clandestinidade e foge para Paris, recebendo a incumbência de Agostinho Neto de partir para Argel, onde funda O Centro de Estudos Angolanos. Nesse Centro, juntamente com Pepetela, escreve a História de Angola, mais tarde adoptada no ensino secundário. Em 1973, parte para Brazzaville e integra a guerrilha do MPLA. Foi comandante das guerrilhas do MPLA e confidente de Agostinho Neto. Em 1975, ainda antes da independência, regressa a Angola com o MPLA. Em 1976, é nomeado Diretor Nacional dos Museus e dos Monumentos, cargo que acumula com o de professor de etnologia da Faculdade de Direito. Em 1979, abandona aquele cargo para fundar e dirigir o Laboratório Nacional de Antropologia, onde organiza a missão etno-histórica do Soyo e a estação arqueológica de Kitala ao Sul de Luanda. (...) a partir de 1994, lança a revista de BD Jornal de Mankiko.
Abreu, Antero Alberto Ervedosa de (Luanda,
22.2.1927-15.03.2017). Fez os seus estudos
primários e secundários em Luanda, tendo concluído o liceu nessa cidade. Partiu
em seguida para Portugal para estudar Direito, primeiro em Coimbra e
posteriormente em Lisboa, onde terminou o curso. Após a sua formação exerceu
advocacia em Luanda, tendo sido após a independência Procurador-geral da
República, cargo que exerceu durante vários anos e posteriormente Embaixador da
República de Angola em Itália. Como advogado durante o tempo colonial foi
membro activo no incremento associativo e cultural de Luanda, integrado no
Departamento cultural da Associação dos Naturais de Angola – ANANGOLA. É membro
fundador da União dos Escritores Angolanos.
Enquanto estudante foi
membro do Cineclube de Luanda, escrevendo crítica de cinema na revista Prisma. Enquanto estudante, em Lisboa,
foi dirigente da Casa dos Estudantes do
Império (CEI), sendo membro da geração da Mensagem. Colaborou no
«Meridiano» (boletim da secção de Coimbra da CEI), na «Via Latina» (jornal da
Associação Académica dos Naturais de Angola) e na «Mensagem» (órgão da
Associação dos Naturais de Angola). Obra: A
Tua Voz Angola (poemas, 1979); Poesia
Intermitente (1978); Permanência
(poemas, 1979).
Os seus primeiros
poemas foram publicados no Meridiano,
Boletim da Casa dos Estudantes do
Império, em Coimbra. Os seus poemas e contos encontram-se publicados em
diversas revistas e páginas literárias tais como: Mensagem (CEI), Via Latina,
Mensagem (ANANGOLA), Cultura (II), ABC, A Província de Angola, Itinerário,
Vértice, e outras mais. Também possui textos publicados em algumas antologias:
Antologia Poética Angolana (1950), Poetas Angolanos (1959), Antologia Poética
Angola (1963), Mákua, III (1963), No Reino de Caliban. Antologia Panorâmica da
Poesia Africana de Expressão Portuguesa. As suas obras publicadas são: A tua Voz Angola
(1978), Poesia Intermitente (1978), Permanência (1979), Textos sem Pretexto
(1992).
Adolfo, Ricardo – angolano (Luanda, 1974-) Obra: Os chouriços são
todos para assar (2003) Mizé. Antes galdéria que normal e remediada (2006)
Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas (2009) Os monstrinhos da roupa
suja (2011) Maria dos Canos Serrados (2013) Depois
de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas.
Afonso, Aniceto (Vinhais, 1942-) – Militar e historiador . Fez 2 comissões no Ultramar. Angola (1969-1971) e Moçambique (onde se encontrava à data do 25 de Abril de 1974). Foi chefe de gabinete de Vasco Lourenço, até à extinção do Conselho da Revolução, em 1982. Esteve 14 anos à frente do Arquivo Histórico Militar. Ver obra Guerra Colonial, em colaboração com Carlos Matos Gomes.
Agualusa, José Eduardo (Huambo, 1961-) Articulista. A Conjura (1988)[10]; Nicolau Água Rosada[11] e outras estórias verdadeiras e inverosímeis (1990); O Coração dos Bosques (1990, poesia); A Estação das Chuvas (1996); Nação Crioula (1998)[12]; Fronteiras Proibidas (1999); Um estranho em Goa (2000); O Ano em que Zumbi Tomou o Rio (2002); Estranhões e Bizarrocos (2002); O Vendedor de Passados (2004); As Mulheres do Meu Pai (2007)[13]; Barroco Tropical (2009)[14];
Aguiar, João (Lisboa, 1943 – 3.6.2010) Obra: A Voz dos Deuses (1984), O Homem sem Nome (1986), O Trono do Altíssimo (1988), O Canto dos Fantasmas (contos, 1ª ed. em 1990 pelas Publicações Dom Quixote; 2ª ed., 1999, pelas Edições Asa); Os Comedores de Pérolas (1992); A Hora de Sertório (1994); A Encomendação das Almas (1995); O Navegador Solitário (1996); Inês de Portugal (1997); O Dragão de Fumo (1998); A Catedral Verde (2000); Diálogo das Compensadas (2001); Uma Deusa na Bruma (2003), O Sétimo Herói (2004); O Jardim das Delícias[15] (2005); Lapedo – Uma Criança no Vale (2006).
Agustina Bessa Luís[16] (Vila Meã, Amarante, 15 de out. de
1922 -) Frequentou o Colégio das Doroteias na Póvoa do Varzim. Passava
as férias escolares em Godim (Douro). Casou em 1945 com Alberto de Oliveira
Luís, vivendo durante 3 anos
Nota: a relação entre Agustina e Manoel de Oliveira nem sempre foi feliz.[19] Realizador preferido: Peter Greenaway
Público 5 de junho de 1992
Texto de Abel Barros Baptista sobre ensaio de Silvina Rodrigues Lopes: Agustina Bessa-Luís – As hipóteses do Romance.
O programa do ensaio de Silvina: acolher e pensar as hipóteses que o romance de Agustina oferece, mostrar, sobretudo mostrar, como se trabalha com elas ainda quando são paradoxais ou contraditórias.
- Os finais inconclusivos e a
reafirmação da impossibilidade de concluir, o gosto da digressão e a prática da
interrupção, o aforismo, o repúdio da personalidade como centro da elaboração
romanesca, o mecanismo de construção de hipóteses são apresentados como traços
do romanesco de Agustina em que a tradição do contador de histórias, tal como
Walter Benjamin a encara, a trabalham a ideia de romance e reinventam
incessantemente um romance específico alheio à ideia de um romance puro,
escritural, como pura escrita ou pura construção.
(…) A tarefa de Silvina em
caracterizar um tipo de romance do que em acolher as suas propostas, para as
pensar e prolongar em conformidade com ele – em solidariedade com ele. (…) O
lugar estratégico é ocupado peça concepção do aforismo. (…) O aforismo basta-se
a si próprio e, ao mesmo tempo, integra uma série de que depende.
O ensaio de Silvina é «um ensaio
que se escreve sobre Agustina expandindo os aforismos de Agustina.»
Publica: A minha mão aberta (1968); Pão Verde (1971); Poemas
de(s) Amor (1973); Fábulas (1974); Os quinze mistérios misteriosos (1976);
Cantar o Corpo (1979); Eu fui ao Pico, Piquei-me (1980); Itinerário das
Gaivotas… poesia sebastianista (?)[20]
Quem melhor o terá conhecido, parece ter sido o poeta Vergílio Alberto Vieira (Braga)
Al Berto
Obra: À procura do vento num jardim de agosto (1975); A Secreta Vida das Imagens (1985); O Medo; A obra poética,
1998
“Encontramos também aqui, nesta
aparente falta de vigilância, uma marca do poeta para quem o poema não é um objecto autónomo e perfeito,
mas algo que decorre do próprio fluir da vida, ligado a uma temporalidade que é
a da suposta experiência vivida. Por isso é que a forma diarística surge com frequência. Não se trata de fazer do
poema (ou da prosa poética) uma anotação do quotidiano, mas de transfigurá-lo
poeticamente, elevá-lo a uma espécie de condição mítica, onde ele adquire
verdadeiramente sublimidade.”[24]
A escrita de Al Berto radica
muito fundo na perceção visual de outos corpos, do seu corpo.
As descrições ‘objetivas’
integram frequentemente a enumeração, que é o primeiro responsável pelo efeito
cinético, que pode desaguar no cinematográfico… as descrições referem, também,
um espaço mental.
Subtema: a (in)fidelidade do
olhar. O olhar adequa-se ou deforma a objetividade do objeto. No segundo caso,
o olhar surge alucinado, gerando descrições «dilaceradas».
Agressividade há por todo o lado na sua escrita – a luta.[25]
Albuquerque, Carlos – Angola – Cultura do Medo, Livros do Brasil, 2002.[26]
Albuquerque,
Orlando de (Lourenço
Marques, 1926 – Braga, 1977). Em 1958, foi trabalhar para Angola como
médico-cirurgião, onde casou com a poetisa Alda Lara (1932-1962), também
médica. Deixou Angola em 1975, fixando-se
Alegre, Costa (S.Tomé, 1864-1890). Obra: Versos.
Alegre, Manuel (Águeda, 12 de Maio de 1936 - ) Sai do PCP[28] após a invasão da Checoslováquia (20.08.1968). Sobre “olhar português” / “portugalidade” Obra: Sensações Românticas[29]; Praça da Canção (1965)[30]; O Canto e as Armas (1967)[31]; Lusiade exilé (1970); Um Barco para Ítaca (1971); Letras (1974); Coisa Amar (1976); Nova do Achamento (1979); Atlântico (1981); Babilónia (1983); Chegar Aqui (1984); Aicha Conticha (1984); Jornada de África (1989); O Homem do País Azul (1989); 30 anos de Poesia[32] (1995); Alma (1995); Contra a Corrente[33] (1997); A Terceira Rosa (1998); Senhora das Tempestades [34](1998); Rouxinol do Mundo – Dezanove Poemas Franceses e um provençal subvertidos para Português (1998); Obra Poética[35] (1999); O Livro do Português Errante (2001); Arte de Marear[36] (2002); Cão como Nós[37] (2002). Rafael[38] (2003) Aprendizagem: Manuel Alegre foi uma espécie de “filho intelectual” de Fernando Piteira Santos.[39]
Crítica sobre Manuel
Alegre:
Galhoz, Mª Aliete
- Manuel Alegre: Letras[40]
(ed. Centelha, Coimbra, 1974), p. 92-93, in Colóquio de Letras, nº 33, 1976.
Rocha, Clara - Manuel Alegre: Jornada de África[41](D.Quixote, 1989), p.187-188, in Colóquio de Let
Almeida, Fialho. Obra: A Eminente Atriz[42] (1882)
Almeida, Germano (Cabo Verde, 31.07.1945 -). Advogado, deputado, jornalista, editor. Romancista: O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo; O Meu Poeta.
Almeida, Pedro Ramos Almeida (1932.2012) Licenciado em direito, escritor e ex-dirigente do PCP. Viveu no exílio em Argel, foi um dos responsáveis pela rádio Voz da Liberdade, pertencendo à Frente Patriótica de Liberdade Nacional. Obra: Salazar, Biografia e Ditadura; O Assassínio do General Humberto Delgado. A Armadilha Política (1978); Portugal e a Escravatura em África
Alves, Dário
Castro
Diplomata brasileiro. Obra: Era Lisboa e Chovia; Era Tormes e Amanhecia – Dicionário Gastronómico Cultural de Eça de Queirós (Livros do Brasil)[43]
Alvim, Pedro – Obra: Santíssima Trindade (Vega, 1995, romance)[44]
Amaral, Ana Luísa
– Obra: A Génese do Amor[45]. O
peso da poesia de papel… (O cântico dos cânticos, Dante, Petrarca, Camões,
Pessoa…)
Amaro, Luís (Aljustrel, 5.5.1923 – Lisboa, 24.8.2018). Nomeado por Hernâni Cidade e Jacinto do Prado Coelho, foi secretário da redação da revista Colóquio / Letras (1971-1986); diretor-adjunto (1986-1989); consultor editorial (1989-96). Na Livraria Portugal, a partir de 1940, Amaro conheceu toda a gente que foi gente (Luís Pitta). Obra: Dádiva (1949 / 1975); Diário Íntimo (2006)
Andrade, Carlos Drummond (- 1987). Obra: O Amor Natural (1992)[46]; Carlos Drummond de Andrade publicou o seu primeiro livro no dia 25 de Abril de 1930. Poeta do quotidiano, com um forte senso de humor, foi jornalista profissional e chefe de gabinete de alguns Ministérios. A partir de 1962, começou a dedicar-se exclusivamente à vida literária. “Rosa do Povo”, “Lição das Coisas”, “Viola de Bolso” e a “Bolsa e a Vida” são alguns dos seus títulos mais representativos. Recebeu ex-aequo com Miguel Torga o Prémio de Poesia Morgado de Mateus.
Andrade, Eugénio[47](19.1.1923 – 13.6.2005), pseudónimo de José Fontinhas. Foi à Grécia em 1960, com Agustina Bessa-Luís, o marido, Alberto Luís. Voltou mais vezes, inclusive com Sofia Breyner Andresen. Lugar preferido: Delfos. [48] Poeta solar. Obra: Adolescente (1942); As Mãos e os Frutos (1948); Amantes sem Dinheiro (1950)[49]; As Palavras Interditas; Até Amanhã (1956); Conhecimento de Poesia (1958); Coração do Dia (1958); Os Afluentes do Silêncio (1968); Obscuro Domínio (1971); Limiar dos Pássaros (1972); Véspera da Água (1973); História da Égua Branca (1976); Memória de Outro Rio (1978); Rosto Precário (1979); Matéria Solar (1980); O Peso da Sombra (1982) Chuva sobre o rosto (1983?); Aquela Nuvem e outras (1986); Alentejo não tem Sombra (ant.); Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra)[50]; O Sal da Língua (1995); Alentejo (1998); Os Lugares do Lume (1998); Os Sulcos da sede (2001). Prémio Camões em 2001.Com o Sol em Cada Sílaba (2002); As Vertentes do olhar (As Gaivotas).[51] Antologia Pessoal de Poesia Portuguesa (1999). Poesia e Prosa, 1940-1989 (1990). Tradutor de poesia: Trocar de Rosa; Poemas e Fragmentos de Safo.
Andrade, Francisco
Fernando da Costa
(Lépi, 1936-). Obra: Acácias Rubras (poemas,
CEI, 1960); Poesia com Armas (1975); O caderno dos Heróis (1977); No Velho
ninguém Toca (poema dramático, 1978).
Costa Andrade também conhecido
por Ndunduma wé Lépi (nome de guerra adoptado nos tempos de guerrilha no leste
de Angola, durante os anos 60 e 70), é natural do Lépi , localidade situada no
Huambo, onde nasceu em 1936, há 68 anos. Fez os estudos primários e liceais no
Huambo e no Lubango.
Por razões que se prendiam com a
falta de universidades ou outras escolas superiores na Angola colonial, Costa
Andrade residiu em Portugal nas décadas de 40 e 50, com o objectivo de, em
Lisboa, realizar estudos de arquitetura.
Foi, com Carlos Ervedosa, editor
da coleção de autores ultramarinos da Casa
dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo na divulgação
das literaturas africanas de língua portuguesa, especialmente da literatura
angolana.
Teve colaboração dispersa em
várias publicações periódicas. Publicou textos sobre vários pseudónimos, sendo
o mais recente pseudónimo Wayovoka André.
Além de Portugal, viveu, na
condição de exilado em países como o Brasil, a Jugoslávia e a Itália, onde,
além de prosseguir os estudos desenvolveu uma intensa actividade de
conferencista.
Foi membro fundador da União de
Escritores Angolanos. Entre os vários pseudónimos que utilizou, destacam-se
Africano Paiva, Angolano de Andrade, Fernando Emílio, Flávio Silvestre e Nando
Angola.
A versatilidade de Costa de
Andrade, confirma-se com a sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal
prova acima de tudo uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra
em permanente busca de materiais e matérias para o trabalho criativo, avultando
na sua história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao mesmo tempo.
Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e ensaio, destacam-se entretanto, pelo seu número as obras de poesia.
v Terra de Acácias Rubras (poesia, 1961)v Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963)
v Poesia com Armas (poesia, 1975)
v O Regresso e o Canto (poesia, 1975)
v O Caderno dos Heróis (poesia, 1977)
v No Velho Ninguém Toca (texto dramático, 1979)
v Literatura Angolana (opiniões); (ensaio, 1980)
v No País de Bissalanka (poesia, 1980)
v Estórias de Contratados (conto, 1980)
v Cunene Corre para sul (poesia, 1984)
v Ontem e Depois (poesia, 1985)
v Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua de Umbundu, 1986)
v Os sentidos da Pedra (poesia, 1989)
v Falo de Amor por Amar (poesia)
v Lwini (poesia)
v Limos de Lume (poesia, 1989)
v Irritação (poesia, 1996)
v Luanda- Poema em Movimento Marítimo (poesia, 1997)
Andrade, Joaquim
Pinto de (1926-2008). Um dos fundadores do MPLA. Formado em Teologia pela
Universidade Gregoriana de Roma, no ano de 1953, participou em 1956, no I
Congresso dos Homens de Cultura Negra, realizado
Andresen, Sophia de Mello Breyner (Porto, 6 Nov.1919 – 2 Julho 2004). Casou com
Francisco de Sousa Tavares. Jorge Sena era um grande amigo da família. Obra: Poesia (1944), Dia do Mar (1947),
Coral, (1950), No Tempo Dividido, (1954), Mar Novo (1958), Livro Sexto (1962)
Geografia (1967), Dual (1972), Nome das Coisas (1977), Musa[52] (1994), etc. Obras narrativas: O Cavaleiro
da Dinamarca, Contos Exemplares, Histórias da Terra e do Mar, A Floresta, A
Menina do Mar, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana.[53]
Antunes, António Lobo[55] (Lisboa, 1.09.1942) – Os Cus de Judas
(1979) – a epopeia do vazio[56];
Memória de Elefante[57]
(1979); Conhecimento do Inferno (1980); Explicação
dos Pássaros (1981); Fado Alexandrino
(1983); Auto dos Danados (1985); As Naus[58]
(1988); A Ordem Natural das Coisas[59]
(1992); A Morte de Carlos Gardel (1994); Manual dos Inquisidores[60]
(1996); O Esplendor de Portugal[61]
(1997); Livro de Crónicas (1998); A História do Hidroavião (1988); Exortação
aos Crocodilos (1999); Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (2000); Que
Farei Quando Tudo Arde (2001) Apontar com o Dedo o Centro da terra (2002);
Segundo Livro de Crónicas (2002); Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003); Eu Hei de Amar uma Pedra (2004); Deste Viver aqui neste Papel Descripto[62]
(2005)
Araújo, Matilde Rosa (Lisboa,
20.6.1921 - 6.7.2010). Tinha origens em Monção. Teve como professores
Vitorino Nemésio e Jacinto Prado Coelho. E como colegas e amigos, Sebastião da
Gama, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Natércia Rocha. Foi
próxima de Miguel Torga e de Sophia Mello Breyner. Terminou o curso em 1943,
talvez com a 1ª tese académica que se fez em Portugal sobre o jornalismo de
reportagem. Foi ela que fez evoluir a literatura
infantil iniciada em Portugal por Ana
de Castro Osório, que teve como cultivadores do género: Virgínia de Castro
e Almeida, Maria Lamas, Aquilino Ribeiro (O Romance da Raposa). Matilde teve
como discípulas, Luísa Ducla Soares e Alberta Menéres. De certo modo, foi
“companheira de estrada” do comunismo (ver neorrealismo).
Artur, Armando.
Poeta moçambicano nascido em 1962 na Zambézia.
Obra: Espelho dos Dias (1986); O
Hábito das Manhãs (1989); Estrangeiros de Nós Próprios (1996);Os Dias em
Riste (2002) – prémio Consagração FUNDAC; A Quintessência do Ser (2004) –
Prémio José Craveirinha de Literatura; No Coração da Noite (2007);Felizes as
Águas (antologia de poemas de amor); As Falas do Poeta; A Reinvenção do Ser e a
dor da pedra (2018); Muery – Elegia em Si maior (2019); O Rosto e o Tempo
(antologia - 2021); Outras Noites, Outras Madrugadas (2021); Minhas Leituras e
Outros Olhares (2021)
Ary dos Santos, José
Carlos (Lisboa, 7-12-1937 – 18-01-1984). Nascido
na alta burguesia lisboeta, repudia a família e, aos 16 anos, sai de casa,
trabalha em várias ocupações, é paquete, vendedor de pastilhas e máquinas,
explicador, estivador, escriturário. Incentivado pelo compositor Nuno Nazareth
Fernandes passa a fazer versos para canções: Amália, Simone, Fernando Tordo,
Tonicha, Carlos do Carmo…Militante do PCP. Morreu aos 46 anos cheio de álcool,
de solidão e amargura, vítima de síncope cardíaca, após uma hepatite
prolongada. ’Eis Ary dos Santos: cabotino, espetaculoso, truculento, corajoso
como poucos, cabeça alevantada, olhar de fogo, a chispa indomável de uma
labareda interior que o consumia. E também um grande poeta, da linhagem de um
Guerra Junqueiro, de um Gomes Leal, de um Cesário Verde ou de um Linhares
Barbosa…’[63] Aos 17 anos já o seu nome
engrossava a antologia do Prémio Almeida Garrett, de 1954, seleção de um júri
onde pontificavam os nomes solenes de João Gaspar Simões, Paulo Quintela e
Vitorino Nemésio. Obra: A Liturgia de Sangue (1963); Tempo das Amendoeiras e
Deus Existe; Adereços e Endereços; Insofrimento in sofrimento; Foto-grafia;
Resumo; As portas que Abril Abriu; o Sangue das Palavras; 20 anos de Poesia.
Teria pronto um livro de memórias «Estrada da Luz – Rua da Saudade».
Babo, Alexandre Feio dos Santos (1916-2007). Advogado (defensor dos
resistentes antifascistas), dramaturgo, escritor e crítico de teatro. Ajudou a
fundar a editora Sírius, que em 1941 publicou a 1ª edição de Esteiros, de
Soeiro Pereira Gomes, com ilustrações de Cunhal. Militante do Partido comunista
desde 1943. Foi co-fundador do Teatro Experimental do Porto e da Associação
Portuguesa de Escritores. Obra: Estrela para um Epitáfio; Jardim Público; A
Nativa do Arquipélago do Vento (romance).
Baptista, António Alçada (Covilhã,
1927 – 7.12.2008) Escritor e jornalista. Identificado por muitos como “o
escritor dos afetos” e um defensor da liberdade, Alçada Baptista foi um dos
fundadores da revista “O tempo e o Modo”, que marcou gerações. Era ainda editor
da Moraes Editora. No campo literário deixa-nos, entre outras obras, as suas
duas Peregrinações Interiores, Os Nós e os Laços, O Riso de
Deus, Catarina ou o Sabor da Maça, A Cor dos Dias, Tia
Susana, Meu Amor[64] (1989).
Baptista, Abel Barros –
Importa-se de me Emprestar o Barroco?[65]
Barahona, António (Muhammed Rashid)
(1939-). António Manuel Baptista Barahona da
Fonseca, ex-marido de Eunice Muñoz. Casaram em 1966 e tiveram um filho. Poeta de tendências místicas. Obra: Amor
Único; Um livro aberto diante dum espelho;
Barbeitos, Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, Angola, Catete (Bengo) 24.12.1940 – Luanda 21.3.2021). Aos 17 anos, veio estudar para Lisboa, estando ligado à CEI, datando daí a sua adesão ao Movimento Anticolonialista (MAC). Três anos depois, fugiu para Paris, em 1961, tendo seguido para a Alemanha por ordem do movimento de libertação a que pertencia, estadia infrutífera. Em 1971, foi para o Moxico como professor e guerrilheiro. Em 1972, tuberculoso, regressa à Alemanha. Foi assistente auxiliar na Universidade Livre de Berlim, partindo, no entanto, para a Universidade de Lubango onde foi ensinar. Foi um período atribulado que terminou com a sua expulsão, em 1981. Deu aulas de História de Angola e de Antropologia Cultural. Em 1986, foi afastado do MPLA devido à cegueira do Partido. Obra: Angola, Angolê, Angolema, (1976); Nzoji (1979); Fiapos de Sonhos (1992);
Barrento, João. Ensaísta: A
Palavra Transversal (1996); Uma Seta
no Coração do Dia (1998); Umbrais
(2000); A Espiral Vertiginosa – ensaios sobre a cultura contemporânea (2001) [66]. Ver
definição de ‘modernos’: Os modernos gostam de “viver em perigo e abarcar o
incomensurável”, e nisso provavelmente se separam daqueles que são designados
como “pós-modernos”, que vivem em jogo e percorrem em todos os sentidos o
mensurável. (J. B.) (…) Não há moderno, sem um sentido dos limites a
ultrapassar, enquanto não há pós-moderno sem uma aceitação dos limites a não
ultrapassar. (E.P.C.)
Barreno, Maria Isabel.
(Lisboa, 10.07.1939 – 3.09.2016)
Licenciada em
Histórico-Filosóficas. Dedicou-se à causa do feminismo tendo feito parte do
Movimento Feminista de Portugal juntamente com as escritoras Maria Teresa Horta
e Maria Velho da Costa, as Três Marias. Estas, em 1971, publicaram As Novas
Cartas Portuguesas.
Obra: O Enviado (contos, 1991)[67]
Barreto, António Rodrigo Garcia (Amadora. Licenciado
Barroqueiro, Deana – Obra: D. Sebastião e o Vidente[68]
(2006);
Barros, José
Carlos (Boticas, 1963-)[69].
Licenciado em Arquitetura Paisagística. Vice-Presidente da Câmara Municipal de
Vila Real de Santo António (2010). Obra:
O Prazer e o Tédio (romance); Uma Abstração Inútil (1991), Todos os
Náufragos (1994), Teoria do Esquecimento (1995), As Leis do Povoamento (1996) e
Las Moradas Inútiles (2007, com edição bilingue em português e castelhano); O
dia em que o mar desapareceu (conto)
Bastos, Baptista (27.02.1934 – 9.5.2017) Nasceu em frente ao
Campo das Salésias, na Ajuda. – O Secreto Adeus (1963); A Colina de
Cristal[70]; Elegia Para Um Caixão
Vazio [71](1984); Lisboa Contada
Pelos Dedos (2001)[72]; As Bicicletas em Setembro (2007). O
Homem: O homem que sou deve tudo o que é a esses homens probos, escrupulosos,
vigilantes, que defendiam a integridade moral com uma veemência impositiva:
Aquilino, Redol, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Manuel Mendes, Bento de
Jesus Caraça, Augusto Abelaira, Manuel de Azevedo, João José Cochofel, Fernando
Lopes-Graça, Mário Dionísio. E José Gomes Ferreira. (LCPD, 2001, pág. 192).[73]
Jornalista, revolucionou a entrevista.[74]
Frequentou a escola António Arroio e o Liceu Francês. Começou a despertar para
a escrita por causa do Mosquito (revista de BD), por causa do que Rofer
(Roberto Ferreira) lá escrevia. Estreou-se, aos 14 anos, na página infantil do
José Lemos (Diário Popular). Aos 19 anos, entrou no Século. Tinha como
chefe de redação Acúrsio Pereira, o
maior do séc. XX.
Belchior, Maria Lourdes (Lisboa, 9 de Julho de 1923 – Lisboa, 4 de Junho de
1998). Visão religiosa do mundo. Obra: A Gramática do Mundo (1985)[75];
Cancioneiro para Nossa Senhora (1988).
Bella, John (pseudónimo
de Jorge Marques Bela), membro da Brigada Jovem da Literatura de Angola (BJLA)
desde 1984, e da União de Escritores Angolanos (UEA). É o autor de obras de
estilo poético como Água da Vida (1995); Panelas Cozinharam Madrugadas"
(2001) e "Cântico Romântico (à Paz)" 2003.
Belo, Rui (S. João
da Ribeira, Rio Maior, 1933 - 8.8.1978, Monte Abraão, Queluz). Estudou no Liceu de Santarém, a partir de 1943. Os
pais eram ambos professores. Era doutorado em direito canónico e licenciado em
letras. Em 1977/78, dava aulas noturnas numa escola técnica do Cacém, depois de
lhe terem negado uma equiparação a bolseiro. Casou com Maria Teresa (Belo) em
1966. Foi Leitor de Português na Universidade Complutense, em Madrid, de 1971 a 1977. Admirava
profundamente Herberto Hélder. Obra: O Problema da Habitação – Alguns
Aspectos (1962); Boca Bilingue (1966)[76]; Ácidos e
Óxidos; Vat69; Transporte no
Tempo (1973)[77]; Muriel; A sombra o sol; Aquele
Grande Rio Eufrates[78]; Despeço-me da Terra da Alegria; Homem da
Palavra (s)[79]; Transporte no Tempo[80]; Toda a Terra[81]
Bingre[82] –
nome de um poeta que viveu longos anos em Moçambique e trabalha hoje (13 de
Junho de 1995, Público).
Bento, Luís (Parede,
1951-2015). Obra: Este nosso jeito de ser
(2017); A Alquimia dos Sentidos - romance de uma geração (2018); O Prazer da
Transgressão (2019);
Botto, António (1897 - 1959).
Assumiu-se como homossexual e foi demitido da função pública, acabando por
fugir para o Brasil com a mulher que o acompanhou até ao fim. Doente, sofrendo
delírios da sífilis, morreu na miséria.[83]
Obra: Canções[84]
Botelho, Fernanda (1926 - 11.12.2007). Obra: Livro de Poesia;
Calendário Privado; [85] A
Gata e a Fábula; O Ângulo Raso; O Enigma das Sete Alíneas
(novela), publicado na revista número um do Graal (4 números); Xerazade e os
Outros; Terra sem Música; Lourenço é Nome de Jogral; Esta
noite sonhei com Brueghel
Sobre Fernanda Botelho: Na escola
primária, gostava de tudo o que era relacionado com a língua. Em casa, só tinha
para ler obras como Os Lusíadas, a Bíblia, As Palavras Cínicas, do Albino
Forjaz de Sampaio…; Leu obras como As Histórias de um Quarto de Noiva (aos 12
anos). Ia ao cinema desde sempre! (não havia classificação etária)
«Para viver não temos necessidade
de estarmos novos por dentro; temos, é tanto quanto possível, de nos
defendermos de estar velhos por fora!»
Sempre quis ser escritora… e um
dia ao vir para Lisboa «calhou entrar num grupo que também estava vocacionado
literariamente que era o grupo que depois fez A Távola Redonda – o David
Mourão-Ferreira, o António Manuel Couto Viana e o Luís Macedo. Foi ali que se
iniciou na poesia com um livro, editado pela Távola Redonda.[86]
Boxer, Charles Ralph (1904-2000)
O mais importante historiador estrangeiro da época dos descobrimentos. Obra: Relação da perda da nau ‘Madre
de Deus’ no porto de Nagasaqui em Janeiro de 1610 (1926); Jan Compagnie in Japan 1600-1817 (1936);
Fidalgos in the Far East 1550-1770 (1948);The Christian Century in Japan
(1951); Salvador de Sá and the Struggle for Brazil and Angola (1952); South
China in the XVI Century (1953); The Dutch in Brazil 1624-1654 (1957); The
Great Ship From Amacom (1959); Fort Jesus and the Portuguese in Mombasa (1960);
The Golden Age of the Brazil 1695-1750 (1962); The Domenican Mission in Japan
1620-1622 (1963; Relações Raciais no Império Colonial Português 1415-1825
(1963); The Dutch Seaborn Empire 1600-1800 (1965); Portuguese Society in the
Tropics (1966);The Portuguese Seaborn Empire 1415-1825 (1969); Mary and
Misogyny (1975); From Lisboa to Goa 1500-1750 Studies in Portuguese Maritime
Expansion (1984); Seventteenth-Century Macau (1984); Portuguese Merchants and
Missionaries in Feudal Japan 1543-1640 (1988); Dutch Merchants and Mariners in
Asia 1602-1795 (1988)…[87]
Braga, Maria Ondina (13.01.1932 – 14.03.2003). Como docente,
ensinou inglês e português em Angola – Luanda, em Goa (onde assistiu à
ocupação pelas tropas indianas) e também em Macau, entre 1959 e 1965. Em Macau
escreveu Estátua de Sal. Em Lisboa, publicou Eu Vim Ver a Terra
(1965); A China Fica ao Lado (1968). Seguiram-se Amor e Morte
(1970), Os Rosto de Jano (1973), A Revolta das Palavras (1975), A
Personagem (1978), Mulheres Escritoras e Estação Morta (1980), O
Homem da Ilha e Outros Contos (1982), Casa Suspensa (1982). Em 1982,
assumiu, a convite do Governo chinês o leitorado de Português na Universidade
de Línguas Estrangeiras de Pequim. Assim nasceram: Angústia em Pequim
(1984), Lua de Sangue (1986), Nocturno em Macau (1991). Publicou
ainda A Rosa-de-Jericó (1992), Passagem do Cabo (1994), A
Filha do Juramento (1995) e Vidas Vencidas (1998). Traduziu: Graham Greene, Bertrand Russel, John Le
Carré, Herbert Marcuse, Anaïs Nin e Tzevetan Todorov. Em vida, foi
ignorada pela crítica e pelo público.[88]
Wanda Ramos, Macau, as portas do cerco, DN 13 outubro 1991
Nocturno em Macau, Lisboa, editorial Caminho, 1991; 216 páginas
Romance sobre Ester, a professora-de-inglês, portuguesa de Portugal, às voltas com os segredos de Macau, e a China que fica ao lado, as Portas do Cerco de permeio.
(…) Que esse jeito especial de Maria Ondina Braga de cortar cerce o que vinha contando, de fazer adiar-se nos entrechos de outras lembranças e minúcias do narrar a satisfação do leitor ao julgar ter tudo percebido, é uma das marcas que confirmam o fascínio mansamente saboreado, mas algo perverso e ao mesmo tempo perplexo, que este livro provoca.
Braga, Mário Augusto de
Almeida (Coimbra, 14-07-1921 – Lisboa,
1-10-2016). Obra: Corpo ausente: Viagem incompleta (1996); As rosas e a
pedra (1995); Contos de Natal (1995); Serranos: quatro reis (1996); Histórias
de Vila (1958); Momentos doutrinais (1997); Nevoeiro: contos (1944); Antes do
dilúvio: o reino circular (1996); Os olhos e as vozes (1996); Platão e a
poética (1999).
Foi, também, editor da revista
coimbrã Vértice, de 1946 a 1965, aderindo ao grupo de escritores
neorrealistas a ela ligados. No entanto, desde 1964, ano em que publica a sua Viagem
Incompleta, mostra-se recetivo ao que fica para além do neorrealismo – o
ser humano…
Contos: O Bolo-Rei, A Prenda, A
Sopa de Pedra (a nostalgia do Natal, da infância)[89]
Braga, Teófilo. Estreou-se no jornalismo com 15 anos, na Estrela Oriental, de S. Miguel, em 1858.
Fundou o Meteoro, pouco depois. O
positivista, com Manuel Emídio da Silva, mais em evidência no nosso ensino
superior. Foi professor universitário e Presidente da República. Obra: Características dos Actos Comerciais (1868);
Visão dos Tempos; Tempestades Sonoras; A Ondina do Lago; Contos Phantasticos;
História da Poesia Popular Portuguesa; Cancioneiro Popular; Romanceiro Geral;
Poesia do Direito; História do Direito Português; História da Universidade de
Coimbra.
Braga, Vitoriano (1888-1940). Dramaturgo. Octávio - esta
comédia dramática[90],
escrita em 1913, foi levada à cena em 1916; O Salon de Madame Xavier
(1918); A Casa Encarnada (1922); Os inimigos (1925).
Bragança, Aquino ( ) - enigmático Aquino de Bragança, colaborador próximo de Samora Machel, com ele falecido em acidente (?) de aviação perto de Maputo.
Bragança, Nuno Manuel Maria Caupers de
Bragança (12.02.1929-1985). Nasceu em
Lisboa numa família da mais alta aristocracia portuguesa. Terminou a
licenciatura em Direito em 1958, apesar de inicialmente se ter inscrito
Entre as suas obras contam-se A
Noite e o Riso (1969), Directa (1977), Square Tolstoi (1981),
Estação (1984) e ainda Do Fim do Mundo (1990) e as Obras
Completas (1995/1996), obras editadas postumamente.[91]
Nota: Nuno Bragança trabalhou também com Mário Murteira, nos anos 60, na organização do Serviço Nacional de Emprego, dependente de um organismo designado por Fundo de desenvolvimento da Mão-de-Obra, embrião do Ministério do Trabalho. Substituiu Mário Murteira, como delegado português no Comité da Mão-de-Obra e Assuntos Sociais da OCDE, tendo ficado colocado na delegação permanente em Paris junto daquela organização. Desse tempo lhe veio a inspiração para escrever o Square Tolstoi. Curiosamente, Mário Murteira considera que, tal como Pepetela, ele e Nuno Bragança pertenciam à Geração da Utopia, só que na época não o sab
Brandão, Fiama Hasse Pais (1938 –
19.1.2007). Geração de 61[92]. Poeta, dramaturga, tradutora de língua
inglesa e alemã. Obra: Área Branca (1978);
F de Fiama (1986); Três Rostos (1989); Cantos do Canto (1995); Cenas
Vivas (2000); As Fábulas (2002); Obra Breve (antologia, 2006); O Testamento
(1962); A Campanha (1965); Quem Move as Árvores (1979); Põe ou Corvo (1979);
Mariana Pineda (de Garcia Lorca); Os Chapéus de Chuva (1960); Auto da Família
(SPA, 1977); Eu Vi Epidauro (CCB, 2000); Noites de Inês-Constança, (2005);
Contos da Imagem; antologia da obra dramática Teatro-Teatro (Fenda, 1990);
ficcionista: Falar sobre o Falado (1989); Movimento Perpétuo (1990); Sob o
Olhar de Medeia (1977); Contos da Imagem (2005).
Brandão, Raúl. Obra: Húmus (19
Bibliografia
Vítor Viçoso, Expresso, 11
fevereiro 1984
Brito, António (Tábua, 21.11.1949 -
) Obra: Olhos de Caçador
(2007); O Céu não pode esperar
(2009);
Cabral, Amílcar (Bafatá, Guiné-Bissau, 1924 – Conacry, 20.01.1973[93]).
Em 19 de setembro de 1956, com cinco camaradas de luta, Amílcar Cabral fundou o
PAIGC, de que foi Secretário-Geral. Cabral foi um dos maiores dirigentes das
lutas de emancipação em África, ao lado de um Frantz Fanon, de um N’Krumah e,
naturalmente, de um Mandela.» (Duarte Silva[94]).
Obra: PAIGC – Unidade e Luta; Guiné-Bissau – Nação Africana Forjada na
Luta.
Cabral, A. M. Pires (1941-) Artes
Marginais (1998, antologia poética); Desta
Água Beberei (1999); O Livro dos
Lugares e de Outros Poemas (1999); Como
se Bosch Tivesse Enlouquecido (2004); Antes
Que o Rio Seque (2006, obra completa + dispersos).
Cabral, Vasco. A Luta é minha Primavera (1982).[95]
Cabrita, Felícia – Massacres em África[96]
(2008).
Cachapa, Possidónio (1966-). Argumentista e realizador. Último
livro: O Mundo-Branco do Rapaz-Coelho.
Cadilhe, Gonçalo (Figueira da Foz,
1968 -) Jornalista independente e cronista de viagens. Obra: Planisfério
Pessoal; A Lua Pode Esperar; Tournée; No Princípio Estava o Mar (2005).
Caio, Horácio – Angola: Os
dias do desespero.[97]
Caldas, Joaquim Castro (Lisboa, 1956 – 31.08.2008).
Poeta e crítico literário. O fundador da
revista cultural Metro fixou-se no Porto onde ficou conhecido por animar,
durante sete anos, as sessões de poesia no Pinguim Café.
Capela, José
(pseudónimo de Soares Martins[98]
-1933) – investigador. Obra: O Movimento Operário
Cardoso, (Souza-Cardoso)
Amadeu Ferreira de Souza Cardoso (Manhufe, Amarante, 1887 – Espinho, 25.10.1918.)
Caricaturista. Pintor- parte para Paris em 1906, onde frequenta academias e
aperfeiçoa a aprendizagem nas telas. Torna-se amigo de Amadeo Modigliani e, em
1911, expõem juntos no seu atelier de Paris. «Foi o primeiro pintor moderno
português que não só assumiu uma decisiva ruptura com o naturalismo
oitocentistas como foi pioneiro do abstracionismo, de raiz cubista, em 1912-13,
abordando o expressionismo fauve, em 1915, antes de desempenhar, com um misto
de raiva e furor criativo, nas originais e notáveis pinturas-colagens de
1917-18.»[100] Em 1913, expõe nos Estados Unidos (com oito
quadros na Exposição Internacional de Arte Moderna), Berlim e Londres. Com o
deflagrar da guerra, regressa a Manhufe. Em 1916, agita o Porto e Lisboa com
uma exposição individual e, em 1917, colabora na revista “Portugal Futurista”,
ao lado de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá Carneiro…[101]
Cardoso, António
(Luanda, 1933-) Com António Jacinto e Luandino
Vieira, foi preso pela PIDE e condenado à pena de 14 anos de prisão no
Tarrafal. Colaborou na coletânea «Poetas Angolanos» (CEI, 1959) em vários
órgãos de imprensa. Obra: Poemas de Circunstância, (CEI,1961); Poemas de Cadeia
(1979).
Cardoso, Artur da
Fonseca
(1865-1912),
precursor da antropologia colonial portuguesa.
Cardoso,
Boaventura
(Luanda, 1944 -). Angola[102].
Obra: Dizanga Dia Muenhu (contos,
1977); O Signo do Fogo[103] (1992);
Cardoso, Dulce Maria
(Trás-os-Montes, 1962 -) Campo de Sangue (romance, 2002, Asa). Venceu o prémio da União
Europeia para a Literatura 2009, com o seu terceiro romance, O Chão dos Pardais.
Cardoso, Miguel Esteves – A
minha Andorinha (2006)
Carlos, Papiano. Nasceu
Carneiro, Mário de Sá (Lisboa, 19-05-1890-
Paris, 26-04-1916). A mãe, Águeda Maria Murinello, morre aos 23 anos,
tem ele dois anos. O pai, Carlos Augusto
Sá Carneiro, era um engenheiro militar, com meios de fortuna que lhe permitiam
viajar regularmente e levar o filho consigo. Muito cedo, o jovem Mário contacta
com os meios mais evoluídos da Europa. Fez os estudos secundários no Liceu
Camões. Colaborou, em 1914, na revista Renascença (Águia?) e fundou com
Fernando Pessoa, em
Mário Sá-Carneiro e a falta de
dinheiro em Paris, em a Correspondência a Fernando Pessoa.[104]
A vida só lhe interessava se a
vivia como uma obra de arte. Ele viveu sempre muito protegido. Teve uma ama. Teve
o pai que o compensava de ter perdido a mãe, teve avós. Não ternura a menos,
teve mimos a mais. Há nele um permanente mal de vivre. Ele está sempre de fora.[105]
Carpinteiro, Margarida (16Junho 1943-) Filologia românica. Obra:
Silêncio na Casa do Barulho; Um Navio na Gaveta;
Carreira, Iko - Henrique Alberto Teles Carreira (Luanda, 2.06.1933-2000). Filho de angolanos de
ascendência branca. O pai, Guilherme Scarlatti Quadrius Carreira, era dirigente
da Liga Nacional Africana. Em jovem, Ivo conheceu monsenhor Manuel Mendes das
Neves, cónego da Sé de Luanda que influenciou numerosos nacionalistas
angolanos… Estudou Direito em Lisboa, tendo sido aluno de Marcelo Caetano[106].
Quando frequentava o 4º ano foi incorporado na Força aérea. Fez a recruta em
Mafra, onde o instrutor era o agora general Tomé Pinto. Depois, na base aérea
de Sintra, Técnico de radar, um dos seus colegas era um cabo-verdiano de nome
Pedro Pires (PAIGC), futuro primeiro-ministro de Cabo-Verde. Esteve dois anos
na Força Aérea, após o que decidiu desertar.[107]
Factor decisivo o 4 de fevereiro de 1961,
organizado pelo cónego Neves e não pelo
MPLA. Sobre a autoria dos massacres ocorridos a 15 de março de 1961 é que não tem dúvidas – foi a UPA. Como quase
todos os quadros africanos da época, frequentou a Casa dos Estudantes do
Império, integrou o MAC – Movimento Clandestino Anticolonialista – formado em
1958. Pertenceu à mesma célula que Amílcar Cabral e Lúcio Lara. Fez a guerrilha
contra o exército português. Derrotou a FNLA e a UNITA[108].
Impediu o golpe de estado de Nito Alves. Ministro da defesa de Angola. Foi o
braço armado de Agostinho Neto. Iko defende que o PCUS não gostava do Neto,
porque este era muito nacionalista. Criou as FAPLA. Papel importante na derrota do
golpe de Nito Alves[109]
(27.05.1977). A 6.11.1987, era embaixador em Argel, desde 6.04.1987, quando
sofreu um acidente vascular-cerebral.[110]
Obra: O Pensamento Estratégico de
Agostinho Neto. Contribuição Histórica (1996).
Carvalho, Emílio (Angola, 1933 -) Bispo metodista. Obra: História da Vida do Reverendo Zacarias Mendes Café (1909-1969). Este padre nacionalista angola marcou o processo de contestação à colonização de Angola (e estará ligado a Cabinda nas sua tentativa de independência).
Quanto à vida e obra do bispo, ver: João Graça, Emílio J. M. de Carvalho - Uma biografia.
Carvalho, J.
Rentes. (1930-) Jornalista e escritor na Holanda.
Carvalho, Maria
Judite (1922 - 1998) Casou em 1949 com Urbano Tavares Rodrigues. Obra: Diários[114]
(sob o pseudónimo Emília Bravo); Paisagem, sem barcos[115]; Tanta Gente, Mariana; Palavras Poupadas; Além do Quadro
Bibliografia
João Gaspar Simões, Sobre a Arte de Contar, DN 5.04.184
Carvalho,
Mário Costa Martins de (Lisboa, 25.Set. 1944 -)[116] Licenciou-se em Direito, em 1969. O serviço
militar foi interrompido por prisão em Caxias e, posteriormente, em Peniche,
por atividade política contra a ditadura, ainda nos tempos de estudante. Mais
tarde exilou-se em França e na Suécia. Ao todo, esteve preso durante 14 meses.
Regressa após o 25 de Abril de 1974. Exerceu advocacia até 1993. Mantém uma
ligação íntima ao PCP. Dominando soberbamente a língua, o estilo de Mário de
Carvalho não se reconhece em nenhuma escola, e o seu registo é ao mesmo tempo
de uma grande modernidade. A crítica aponta-o unanimemente como um dos mestres
do romance português contemporâneo. Revela ter sido influenciado por Lawrence
Sterne. Obra: Contos da Sétima Esfera (1981); Casas do Beco das
Sardinheiras (1982); O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana[117]
(1982); A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho (1983); Fabulário
(1984); Era uma Vez um Alferes (1984); Contos Soltos (1986); E
se Tivesse a Bondade de me Dizer Porquê? (com Clara Pinto Correia, 1986); A
Paixão do Conde de Fróis (1986); Quatrocentos Mil Sestércios[118], seguido de O Conde de Jano[119]
(1991); Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde[120]
(1994) Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto (1995)[121];
Contos Vagabundos (2000); Fantasia
para Dois Coronéis e uma Piscina
(2003)[122]; A Sala Magenta[123]
(2008); A Arte de Morrer Longe[124] (2011)
Carvalho, Raul de (Alvito, 4 de setembro de 1920 — Porto, 3 de setembro de 1984). Obra: As Sombras e as Vozes (1949); Poesia 1949-1958 (1965); Tautologia (1968); Tudo É Visão (1970); Poemas Inatuais (1971); Tempo Vazio (1975); A Casa Abandonada (1977); Duplo Olhar (1978); Elsinore (1980) Mágico Novembro (1982); Um e o Mesmo Livro (1984)[125
Carvalho, Rómulo Vasco da Gama / Gedeão, António (24.11.1906
– 19.2.1997. Codirector
da Gazeta de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa, de 1946 a 1974. Casado com
Maria Natália Paiva Nunes. Em 1956, publicou o primeiro livro de poesia Movimento Perpétuo; Teatro do Mundo (1958); Declaração
de Amor (1959); Máquina de Fogo
(1961); RTX 78/24 (1963, teatro); História Breve da Lua (teatro); Poema para Galileu (1964); A Poltrona e outras novelas (1975); «Poemas Póstumos» (1984); «Novos Poemas Póstumos» (1990). A mãe (a rosa), apesar de apenas ter completado a instrução
primária, teve um papel fulcral na educação literária de Rómulo. Aos 5 anos,
Rómulo escreveu os seus primeiros poemas… Em 1932, um ano depois de se ter
licenciado em
Ciências Físico-Químicas , formou-se em ciências pedagógicas
na Faculdade de Letras do Porto. Ver álbum de José Niza “Fala do Homem
Nascido” com base em 12 poemas de Gedeão.
Carvalho, Ruy Duarte de (Santarém, 1941- Namíbia, 2010)
Infância em Moçâmedes.
Foi regente agrícola. Vive e ensina[126] –
professor de antropologia numa escola de arquitectura da Universidade de
Luanda; e também de Coimbra. Antes de ser antropólogo, trabalhou como
engenheiro técnico agrário. É cidadão angolano, embora tenha nascido em Portugal. Angola
é o seu "lugar no mundo". " Sou angolano, vivo em Angola, sem
família, sem etnia, sem enquadramento institucional que preencha todas as
necessidades políticas e de cidadania e, sobretudo, sem ambição pessoal que se
enquadre no quadro das ambições possíveis em Angola."[127] Após a
independência de Angola, viveu em Londres, fez um curso de televisão e cinema,
e realizou filmes em 16 mm
que os Cahiers de Cinema elogiaram. As rodagens levam-no à antropologia
(doutorando-se na parisiense École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Obra: Chão de Oferta (1972); A Decisão da Idade (1976); Exercícios de
Crueldade (1978); Sinais misteriosos... já se vê (1979); Ondula Savana Branca
(1982); Hábito da terra (1988); Como se o mundo não tivesse leste (1992); Ordem
de Esquecimento (1998); Aviso à Navegação; Vou lá Visitar Pastores[128] (Cotovia, 1999);
Observação Directa (2000); Actas da Maiaga (2003); As Paisagens Propícias (Cotovia, 2005)[129]; Desmedida (Cotovia, 2007)[130]
Não se admite a ausência de poetas da Casamansa porque o crioulo que se fala na província senegalesa, apesar de todo o esforço de Dakar para sufocar o que há de sobrevivência lusófona, é o mesmo da Guiné-Bissau.
Não esqueçamos, portanto, que, de mais de quatro séculos da presença do europeu naquela região da África, três séculos e meio foram de domínio português e apenas 80 anos de francês, desde 1895, quando um governo luso enfraquecido teve de aceitar que a Casamansa passasse para a órbita francófona.
Mas é sob o ideário dos valores
lusófonos que a região, há mais de 20 anos, trava uma luta de independência,
com a esperança de que, um dia, também a Casamansa, como Timor-Leste, possa
aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
É possível argumentar que a
Casamansa não é país independente, mas, até menos de um quarto de século atrás,
as demais nações contempladas também não o eram. E, no entanto, os
organizadores da antologia, ao discriminar nomes de poetas que, ao longo de muitos
anos, se perfilaram como estandartes de toda uma geração de poetas africanos,
entre os de Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Mário de Andrade, Pablo Neruda,
Nicolás Guillén, Langston Hughes e Aimé Césaire, incluem o de Leopold Senghor
(1906-2001), ex-presidente do Senegal e luso-descendente cuja região natal era
a Casamansa, um dos líderes do movimento poético Negritude de caráter
anticolonialista.
Hão de argumentar que Senghor
escreveu poesia em francês e que, como político, fundou em 1947 o Bloco
Democrático Senegalês , que se opôs ao Movimento das Forças Democráticas da
Casamansa (MFDC), que hoje luta pela independência. Mas esta é outra questão.
Em Lisboa, não seria difícil encontrar universitários da Casamansa bolsistas do
governo português capazes de oferecer poemas de seus compatriotas.
Cassamo, Suleiman. Moçambicano. Obra: O Regresso do Morto (1990);
Castilho, Guilherme (Vila Nova de Foz Côa, 1916- Cascais, 1987). Personalidade muito ligada a Matosinhos[131]. Casado com a romancista Marta de Lima. Obra: biografia de António Nobre; biografia de Raul Brandão; organizador dos acervos de cartas de Nobre e de Eça.
Castilho, Paulo (Matosinhos, 1944 -) Diplomata. Obra: O Outro Lado do Espelho (1983)[132]; Fora de Horas (1989); Sinais Exteriores (1993).
Castro, Ernesto de Melo e (Covilhã, 1932 – Brasil, São Paulo, 29-08-2020). Conhecido, sobretudo, como introdutor da poesia concreta em Portugal. Sempre teve um posicionamento ligado ao existencialismo. A poesia concreta só houve em dois momentos: um primeiro momento ligado ao grupo Noigandres de São Paulo e com Eugene Gomringer, entre 1957 e 1960; um segundo momento que vem logo a seguir, entre 1960 e 63, com grande difusão internacional. Depois acabou.[133] Obra: Tran(s)-aparências[134]
Castro, Eugénio. Obra: Oaristos (1890).
Castro, Ferreira
(- 1974)[135] Obra: Emigrantes (1928); O Escravo
Redimido; O Voo nas Trevas; Terra Fria; A Lã e a Neve
(1947); A Curva da Estrada (1950); A Selva. F. Castro, para além
do contacto directo com a realidade abordada nas suas obras, aprendeu com Émile
Zola (Germinal e Le Travail), Tolstoi, Gogol e Máximo Gorki. Os
pressupostos teóricos do neorrealismo, que em Portugal se manifestam
através de Alves Redol e de Soeiro Pereira Gomes, encontram-se nestes autores e
são precursoramente aplicados por Ferreira de Castro. «É
fundamentalmente o drama das classes trabalhadoras, em luta por uma existência
com um mínimo de dignidade, são acima de tudo os casos de fome e de servidão,
que perduram no nosso século, são essas as mais fortes e evidentes motivações
da obra de Ferreira de Castro.»[136]
César, Amândio
– Não posso dizer Adeus às Armas (1965);
Cesariny, Mário ( 9/8/1923 -
26/11/2006). Entre 1934-1936,
frequentou o Liceu Gil Vicente e a Escola António
Arroio (entre 1936 e 1943).[137]
Em 1947, participa na fundação do Grupo
Surrealista de Lisboa, do qual fazem parte Alexandre O’Neill, António Domingues,
António Pedro, Fernando de Azevedo, João Moniz Pereira, José Augusto França e
Marcelino Vespeira. Em 1948, funda Os
Surrealistas, grupo formado por António Maria Lisboa, Carlos Eurico da
Costa, Cruzeiro Seixas, Fernando Alves dos Santos, Fernando José Francisco,
Henrique Risques Pereira e Pedro Oom.
Obra: Em 1945, escreve os poemas de Nobilíssima
Visão; Corpo Visível (1950); Discurso sobre a reabilitação do Real
Quotidiano (1952); Louvor e
Simplificação de Álvaro de Campos (1953); 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres
(1971); Manual de Prestidigitação (1956)[138]; Pena Capital (1957); Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito;
Planisfério e outros Poemas (1961); A
Cidade Queimada (1965)[139];
Texto “Do Surrealismo e da Pintura”
(1967)[140]; Burlescas; Teóricas e Sentimentais (1972); Primavera Autónoma das Estradas (1980);
Titânia (1977)[141]; Virgem
Negra (1989/1996); Fernando Pessoa
explicado às criancinhas nacionais & estrangeiras por MCV. Grande Prémio EDP 2002 - Exposição no Pavilhão
Preto do Museu da Cidade, de 2 de Dez. a 13 de Fev. de 2005: mais de duas
centenas de desenhos, pinturas, colagens, objetos e assemblages.[142] O
seu espólio foi doado à Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde a
autarquia prepara a construção de um Centro
de Estudos do Surrealismo. São cerca de 1500 obras.
É um dos praticantes mais destacado de algumas técnicas surrealistas,
como a colagem ou o ‘cadavre-exquis’. E irá criar, ainda na década de 40,
outras figuras de estilo, como as “sismofiguras”, neste caso, obras que o
artista realizava em autocarros, eléctricos ou comboios
No
dia 19 de Dezembro de 1989, decorreu um debate na Assírio &Alvim entre Cesariny e Ernesto Sampaio[144].
No Portugal salazarista, Cesariny
afrontava o fascismo, mas também, no plano estético, o presencismo, o neorrealismo
e até alguns surrealistas.
Grande
Prémio EDP 2002
Exposição
no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, de 2 de Dez. a 13 de Fev. de 2005: mais
de duas centenas de desenhos, pinturas, colagens, objetos e assemblages.
A
obra exposta ajuda-nos a relacioná-la com o movimento de abstracionismo não
geométrico do pós-guerra internacional e com a ruptura estabelecida com a
ortodoxia figurativa do surrealismo.
Uma
das vozes mais significativas e polémicas do surrealismo português (obra
literária e plástica)
No
plano nacional há um cruzamento de uma vertente expressionista e lírica:
colhida nos exemplos das figuras mitificadas de Mário de Sá Carneiro e Amadeo
de sousa Cardoso, de Teixeira de Pascoaes e de Vieira da Silva...
Ver
catálogo editado por João Lima
Pinharanda e Perfecto E. Cuadrado, Assírio e Alvim e EDP, 60 €.
Citação: A realidade,
comovida, agradece, mas fica no mesmo sítio/ (…) / Ela sabe que os escritores/os
pintores/e quem morre/ não gostam da realidade/ querem-na para um bocado/ não
se lhe chegam muito, pode sufocar. (Cesariny, A Cidade Queimada)
Charrua
(Revista moçambicana) – de 1984 a 1986.
Chiziane, Paula
Moçambicana. Romance: Niketche – Uma História da Poligamia[145] (Caminho, 2003)
Cinatti, Ruy
-
Cláudio, Mário[146]
(Porto, 6.11.1941- ) Formado em Direito
(Lisboa e Coimbra). Fez o serviço militar na Guiné, tendo exercido, ao mesmo
tempo, advocacia. Tirou o curso de bibliotecário-arquivista, conseguindo uma
bolsa para Inglaterra, onde obteve o ‘master of arts’ na universidade de
Londres. Regressou de novo, foi colocado na Secretaria de Estado Da Cultura,
passando para o Museu da Literatura.[147] No DN, 10-05-1984,
João Gaspar Simões mostrou-se muito crítico para o tipo de escrita de M C. e
sobretudo para os críticos que o sobrevalorizavam (Arnaldo Saraiva, Eduardo
Lourenço, Jorge de Sena). Compara-o com Carlos Parreira(?). Obra: Um Verão Assim[148]; Amadeo[149] (1984); Guilhermina (1986); Rosa (1988)[150]; A Fuga para o Egipto[151]; A Quinta das Virtudes[152] (1990); Tocata para dois Clarins[153] (1992); Trilogia da Mão (1993); Itinerários (1993);
As Batalhas do Caia (1995);Noites de Anto (1996); A Ilha do Oriente (1996);
Henriqueta Emília da Conceição (1997); Pórtico da Glória (1997); O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998);
Peregrinação do Bernabé das Índias (1998); Ursamaior (2000); António
Nobre 1867-1900: Fotobiografia (2002); O Anel de Basalto e Outras
Narrativas (2002)[154]; Oríon[155] (2003); Meu
Porto (2001)Ver artigo de Fernando Venâncio, JL, 21.5.1997, O Render da
Guarda, sobre a geração de MC: Maria Velho da Costa (26.6.1938); Teolinda
Gersão (30.1.1940); António Lobo Antunes (1.9.1942); Lídia Jorge (18.6.1946)…
Coelho, Francisco
Adolfo
(1847-1919). Etnógrafo,
antropólogo e historiador da literatura. Organizou a primeira recolha
sistemática (de forma metodológica e ordenada) de contos populares portugueses
– Contos Populares Portugueses
(1879). Outras obras: Jogos e Rimas
infantis (1883); Materiais para o
Estudo das Festas, Crenças e Costumes Populares Portugueses[156]
(1880); Exposição Etnográfica Portuguesa
(1896); Os Ciganos de Portugal
(1892); A Caprificação (1896); A Alfaia Agrícola Portuguesa (1901); Os Elementos Tradicionais da Educação[157]
(1883); A Pedagogia do Povo Português
(1898); Cultura e Analfabetismo
(1916).
Coelho, Eduardo Prado
( 29-3-1944 -
25-8-2007). Entrou, como aluno, na
Faculdade de Letras de Lisboa, (Filologia Românica), em 1961. Obra: O Reino Flutuante (1972); A Palavra sobre a Palavra (1972); A Letra Litoral (1978); Os Universos da Crítica: Paradigmas Nos
Estudos Literários (1983); Vinte Anos
de Cinema Português (1983); A
Mecânica dos Fluidos (1984); A Noite
do Mundo (1984); Tudo o que não
escrevi. Diário I (1992); Tudo o que não escrevi. Diário II
(1994); O Cálculo das Sombras (1997);
A Escala do Olhar (2003); Crónicas no Fio do Horizonte (2004); Situações de Infinito (2004); O Fio da Modernidade (2004); A Razão do Azul
(2004); Narrativa do ser português,
Nacional e Transmissível[158]
(2006). O seu espólio foi doado pela família à Biblioteca Camilo Castelo Branco
de Famalicão (Sala E.P.C.).
Coelho, Latino (1825-1891).
Ninguém como ele dominava maior número de línguas vivas e clássicas. Militar,
atingiu o posto de general. Deputado, na Monarquia, em sucessivas legislaturas
e ministro…Quando foi titular da pasta da Marinha, em 1868-1869, retomou a
causa do iberismo. Latino Coelho
acabou por romper com a Monarquia, aderiu à República e envolveu-se na
atividade partidária. Faz parte do escol que propagou o ideário da República,
ao lado de Elias Garcia, Sousa Brandão, João Bonança, Teófilo de Braga,
Consiglieri Pedroso, Manuel de Arriaga, Magalhães Lima…Interveio nos
centenários de Camões, em 1880, e do marquês de Pombal, em 1882, que
fortaleceram a consciência republicana. Obra: biografias de Camões, Vasco da
Gama, Pombal e procurou reabilitar Fernão de Magalhães. Traduziu Oração à
Coroa, de Demóstenes…
Coelho, Tereza (Quelimane, 2 de Março
de 1959 - Lisboa, 17 de Janeiro de 2009). Jornalista, crítica literária
e de moda, e editora (D. Quixote). Obra: A Sexualidade Traída[159];
Moda em Portugal nos últimos 30 anos[160].
Coelho, Trindade[161] (Mogadouro,
1861- 1908)). Obra: Os Meus Amores (1891, 1894, 1901);; In Illo Tempore;
Autobiografia (1908); O Enjeitado (?); Correspondência
Correia, Clara Pinto – Obra: A
Primeira Luz da Madrugada (2006)[162];
Correia, Hélia. Nasceu em
1949 em Lisboa. Licenciada em Filologia Românica. Professora de Português.
Prémio Camões em 2015. Obra: O Separar
das águas (1981); O Número dos vivos
(1982)[163]; Montedemo (1983); Vila
Celeste (1985); A Pequena Morte /Esse
Eterno Canto (com Jaime Rocha, 1986); Black
Sun (1987); Soma (1987); A Fenda Erótica (1988); A Luz de Newton (1988); A Casa eterna (1991)[164]; Perdição – Exercício sobre Antígona, seguido
de Florbela (1991); Insânia (1996); Três peças de teatro – O Rancor...; um
livro de poesia, em díptico com Jaime Rocha “ A Pequena Morte/ Esse
Eterno Canto”; Lillias Fraser[165],
2001.
Correia, Natália
(Fajã de Baixo, Ponta Delgada, Ilha
de São Miguel, Açores, 13.09.1923 – Lisboa, 16.03.1993). O pai, um boémio, cedo
partiu para o Brasil, abandonando a mãe e as duas filhas por criar: Carmen, a
mais velha e Natália, muito pequena ainda. Foram educadas pela mãe, professora
e interessada pela cultura. A certa altura – Natália tinha 9 anos -, a mãe
resolve partir para Lisboa, a fim de abrir uma escola para raparigas, o que
acabou por acontecer na rua Morais Soares, onde Natália aprenderia as primeiras
letras. Aos 11 anos, começa a frequentar o Liceu Filipa de Lencastre, de onde é
expulsa por se recusar a fazer o caderno diário. Conclui os estudos num colégio
particular. Ainda se preparou, por influência de António, para cursar Direito,
mas desiste devido à vocação poética. Ainda não tem 18 anos quando entra como
cronista política para o jornal ‘O Sol’. Mais tarde, opta pelo jornalismo.
Começa a trabalhar no Rádio Clube Português e no semanário “O Sol”, dirigido
por Lelo Portela Poucos anos mais tarde, ao dar uma entrevista ao Rádio Clube
Português, na Parede, vê-se convidada para locutora, de tal maneira a sua voz
agradara a todos. Ali trabalha durante cerca de dois anos. Entretanto, aos 24
anos, vê publicado o seu primeiro livro de poesia, à sua revelia, por
iniciativa de sua mãe - Rio de Nuvens – que tudo fez para destruir.
Ainda a viver em casa da mãe, onde aparecia muita gente ligada ao meio
artístico, acaba por conhecer Alfredo Machado, aquele que viria a ser, na
realidade, o seu segundo marido. Ele é viúvo e tem mais vinte anos que ela -
«ele foi um pai que nunca tive» … Só que, já o casamento estava marcado, ela
descobre que ele mantém uma antiga relação, e vinga-se indo para os Estados
Unidos com um americano mais velho com quem casa para um pouco tarde se
divorciar… Desta passagem pela América resultou o livro “Descobri que era
europeia.” No regresso, casa com Alfredo Machado- dono do Hotel Império -
indo o casal morar para a Rua Rodrigues Sampaio, num 5º andar, de gaveto, onde
Natália acabará por morrer nos braços de Dórdio de Guimarães, com quem casou em
1990, seu terceiro marido e apaixonado de há muitos anos. Nessa casa, lugar de
encontro de múltiplas individualidades, acontecia de tudo… uma reedição do
banquete platónico.
Da criatividade. Da
insubordinação. Por exemplo, enquanto ajudava e dava guarida a Manuel Lima e a Luís
Pacheco, criou com eles algo de parecido com um heterónimo surrealista, Delfim
da Costa, que durante um tempo serviu de assinatura a panfletos
violentíssimos contra meia Lisboa literária.
Em 1972, abrira o bar-restaurante
O Botequim – um ponto de conspirata permanente, segundo Dórdio de
Guimarães.
Em 1974, será diretora da “Vida Mundial.
Rejeitou ser diretora do Jornal Novo. Mais tarde na RTP fará o programa Mátria.[166] Em
1945, publica As Grandes Aventuras de um Pequeno Meio Literário. Em
1946, publica o romance, Anoiteceu no Bairro. Em 1947, Rio de Nuvens
(poemas escritos aos 17 anos). A partir de 1950, começa a conviver com António
Sérgio, Cesariny, Eugénio, Mourão-Ferreira, Ferreira de Castro e Urbano Tavares
Rodrigues. A sua casa torna-se um espaço de convívio cultural e de revolta
contra o regime de Salazar.
A sua obra começou com um romance
infantil «As Grandes Aventuras de um Pequeno Herói”, publicado em 1945. Na
ficção, assinou «Anoiteceu no Bairro», «A Madona», «A Ilha de Circe», «Onde
está o Menino de Jesus». Na poesia estreou-se com «Rio de Nuvens», em 1946…
Publicou ainda o «Cântico do País Emerso»[167], «Mátria»,
«Armistício», «Passaporte», «Poesia de Arte e Realismo Poético», «Poemas a
Rebater», «Epístola aos Iamitas», «A Pécora». Em 1957, escreve Dimensão Encontrada
(surrealista). Em 1966, seleciona e prefacia a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e
Satírica”. No
teatro, publicou Erros meus, Má Fortuna, Amor Ardente; Encoberto…
Em 1971, Natália entra para a Estúdios
Cor. Edita as Novas Cartas Portuguesas das três Marias: Velho da
Costa, Teresa Horta e Isabel Barreno. Retirado do mercado pela Pide. Em 1973,
Spínola confia-lhe o original de Portugal e o Futuro, que sairá na
Arcádia. Ainda, em 1973, publica, na Europa-América, O Surrealismo na Poesia
Portuguesa. Chega ao Parlamento em 1979, com a AD. Adere, posteriormente,
ao PRD de Ramalho Eanes, e acaba como independente. Em 1991, publica os Sonetos
Românticos, obra maior.[168]
Correia, Romeu
(Almada, 1917 – 1996) Praticante
de boxe e de atletismo nos anos 30 e 40. Empregado bancário. Escritor,
dramaturgo. “Comecei tarde a interessar-me pela literatura.”[169] Estreou-se
na carreira literária em 1947, com Sábado Sem Sol. A temática preferida
é a alma popular.
Obra: Os Gregos; Casaco de Fogo; O
Vagabundo das Mãos de Oiro; Jangada; Bocage; Laurinda; Céu da minha rua; O
Cravo Espanhol; Roberta; Grito no Outono; As Quatro estações; Tempos Difíceis;
O Andarilho das Sete Partidas; Trapo Azul; Calamento; Gandaia / Os Tanoeiros;
Desporto-rei; Bonecos de Luz; O Tritão e Cais de Ginjal; Passos em
Frente; Francisco Stromp; José Bento Pessoa; Jorge Vieira; Futebol do seu Tempo;
A Comédia dos Maus Costumes; A Palmatória (sobre o poeta Nicolau Tolentino de Almeida);
Cortesão, Jaime
(Ança,
29.04.1884 – Lisboa, 14.8.1960) Em 1909 forma-se em medicina e em 1912 é
nomeado professor de Literatura num liceu do Porto, onde se mantém até à sua
eleição para deputado em 1915. Juntamente com Teixeira de Pascoaes, participa,
a partir de 1910, no movimento saído da revista «Águia”, ampliado depois pelo
movimento da “Renascença Portuguesa”. Na I Guerra Mundial faz a campanha da
Flandres como voluntário e é condecorado com a Cruz de Guerra. Em 1919 é
nomeado Diretor da Biblioteca Nacional, cargo que mantém até 1927. É um dos
fundadores da revista “Seara Nova”. Obrigado a exílio[170],
vive em Espanha, França, Bélgica e Inglaterra.[171] Em
1940 fixa-se no Brasil. Regressa a Portugal em 1957, sendo preso em 1958, ano
em que foi eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
Cortez, Alfredo
(1880-1946). Dramaturgo. Zilda (1921); Gladiadores (1934); Tá-Mar
(1935).
Cortez, Sá – Poeta angolano. Colaboração no livro de poemas “Poesia
de Combate”.
Corvo, João Andrade (Torres Novas, 30-1-1824 – 1890). De família
miguelista, liberal convicto. Seguiu a carreira das armas, atingindo o posto de
coronel de Engenharia, cursou Matemática, Ciências Naturais, Agronomia e
Medicina. Foi professor substituto da cadeira de Botânica na Escola Politécnica
em 1844. Iniciou a atividade política em 1865 como deputado por Idanha-a-Nova,
sendo ministro das Obras Públicas (1866 a 1868) par do Reino e Ministro dos
Negócios Estrangeiros em 1871, ministro da Marinha e do Ultramar (1875-1877).
Com a subida do Partido do Progresso ao Poder em 1879 abandonou a carreira
política e dedicou-se aos trabalhos científicos e literários.
Obra literária: romance em 4
volumes «Um ano na Corte», as novelas «Sentimentalismo» e «Contos em Viagem»,
os dramas «O Astrólogo», «O Aliciador», e «Dona Maria Teles». Ver ainda: «Estudo
sobre as Províncias Ultramarinas» em 4 volumes.
Costa, Maria Velho da
(pseudónimo de Maria de Fátima Bívar. Nasceu em Lisboa a 26 de Junho de 1938.
Licenciada
Costa, Orlando (Lourenço Marques, 1929 - 2006). Viveu a
infância e a adolescência em Goa. Radicou-se em Lisboa em 1947. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas. Obra :
A Estrada e a Voz (1951); O Signo da Ira (1961), Podem Chamar-me Eurídice (1964) ou Os Filhos de Norton (1994)[177]; O Último Olhar de Manú Miranda (2000); Sem flores nem Coroas (2003).
Couto, Fernando (Rio
Tinto, Gondomar, 1924 – Maputo, 2013). Jornalista, escritor e editor moçambicano. Foi
responsável pela editora moçambicana Ndjira. Pai do escritor moçambicano Mia
Couto. Obra: Poema Junto à Fronteira (1959); Jangada do Inconformismo
(1962); Amor Diurno (1962); Feições para um Retrato (1971); Monódia
(1996); Olhos Deslumbrados (2001); Rumor de Água (antologia.,
2007)
Couto, Mia[178]
António Couto (Moçambique, Beira, 1955- ) Biólogo, ex-jornalista, escritor. Aprendeu aos 5/6 anos a falar chissena (e ndau). Teve no pai um mestre das “errâncias” – o poeta Fernando Couto (profissão: despachante dos caminhos de ferro na Beira. Define-se como um ser da fronteira (Europa / África; Oriente / Ocidente; Oralidade / Escrita. Em 1974, já sabia que não ia ser médico (psiquiatra). Estudava e fazia jornalismo no jornal A Tribuna, de que era diretor o Rui Knopfli e onde tinham colaborado pessoas como o José Craveirinha e o Luís Bernardo Honwana. Um jornal com tradições de esquerda (anticolonialismo). Em Moçambique, Mia é um mulungo (palavra changane e que significa branco, com hábitos de branco),[179] consciente de que a cultura dos macuas é muito diferente da dos changanes e da dos macondes. Mia Couto deve ser colocado na esteira de Luandino Vieira, do brasileiro Guimarães Rosa (O Grande Sertão-Veredas) ao aplicar a ideia de que o escritor deve construir o seu próprio instrumento linguístico que a realidade esteja a exigir. Obra: Raiz de Orvalho (1983); Vozes Anoitecidas (1986); Cada Homem é Uma Raça (1990); Cronicando (1991); Terra Sonâmbula[180] (1992); Estórias Abensonhadas (1994); A Varanda de Frangipani (1996)[181]; Raiz de Orvalho e Outros Contos (1999); Na Berma de Nenhuma Estrada e Outros Contos (2001); Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002); O Outro Pé da Sereia[182] (2006
CRUZ, Bento da (Montalegre, 22-2-1925 – Porto[185], 25-8-2015).
Médico estomatologista, autor de livros
de ficção e ensaio etnográfico. Como médico, percorreu toda a região do
Barroso. Obra: Hemoptise; Prolegómenos. Bento da Cruz – Wikipédia, a
enciclopédia livre (wikipedia.org) Histórias da Vermelhinha; O Lobo Guerrilheiro[186]
1.
Os livros levantam embaraços lexicais - “o que me embaraça é os assuntos
preferidos do autor - sexuais e fisiológicos - serem tratados com vocabulário
impróprio dos olhos seletos dos leitores do DN, e além disso eu também não
tenho descaramento bastante para o usar.”
2.
“Os bombos da festa nos dois livros, são os padres, os galegos, as senhorinhas
ou matronas de costumes demasiado livres.”
3.
Neste último romance, “o pano de fundo situa-se nos anos 30, durante e após a
Guerra Civil de Espanha. Depois do termo oficial da guerra, em
O romance é rústico e duro,
fragmentado por histórias subsidiárias, daí que a sua unidade assente mais no
espaço geográfico social e político do que num enredo. Pouco ou nada tem a ver
com a ficção contemporânea. Herdeiro do Gil Vicente das farsas, do Bocage das
anedotas ou de Camilo Castelo Branco.
Cruz, Gastão
(Faro, 20.07.1941 – Lisboa, 20-03-2022)[187]. Entre 1960 e 1990[188], foi professor de Inglês e de Português do ensino
secundário[189], com um intervalo de 6 anos em Londres, como leitor
do King’s College (1980-1986). Traduziu poesia e teatro (Strindberg, Shakespeare,
Cocteau), esteve ligado ao Teatro da Graça e, dirigiu regularmente recitais de
poesia. Foi crítico de poesia no “Diário de Lisboa”, em revistas, e fez parte
da equipa que coordenou a revista de poesia Relâmpago.
Reuniu os seus textos críticos e ensaísticos em A Poesia Portuguesa Hoje (Relógio
de Água, 1999). Obra[190]: Outro Nome
(1965); Escassez (1967); As Aves (1969) A morte percutiva (vol. Colectivo Poesia 61); A
Campânula[191]; O Pianista
(1984); As Leis do Caos[192] (1990); Crateras;
As Pedras Negras; Rua
de Portugal (2003) Repercussão
(2004); A Moeda do Tempo (2006).
Crítico·. Até 1999, data em que saiu a coletânea Poemas Reunidos, lançou 14 volumes. Duas das suas maiores referências:
Carlos de Oliveira e Ruy Belo (ver Ácidos
e Óxidos).
De acordo com Gastão Cruz, nos
anos 80, surgiram os poetas Luís Miguel Nava, Paulo Teixeira, Luís Filipe
Castro Mendes… Nos anos 90, surgiram Fernando Pinto do Amaral e Luís Quintais.
G.C. discorda de Joaquim Manuel de Magalhães, quanto aos poetas mais
representativos, condenando a poesia em que há palavras a mais, um discurso
frouxo que se aproxima da banalidade, do lugar-comum[193]…
Cruz, Mafalda Ivo
Romancista: OZ[194]
(2006)
Cruz, Tomás
Tomás Vieira da (Portugal,
Constância, 1900- Lisboa, 1960) Obra: Quissange – Saudade Negra (1932);
Tatuagem (1941); Cazumbi (1950). Foi pioneiro do uso do quimbundo, recorrendo a
termos desta língua angolana. Por exemplo: «Buzi,
ó flor do Songo, / para males da muxima / quimbanda não tem milongo!» -
para males do coração o curandeiro não tem remédios.
Cruz, Viriato da – (Porto Amboim,
1928 – China, 1973)
Dacosta, Fernando
(Caxito, Angola, 1940- ) Obra: Sequestraram o Senhor Presidente[195]; Um Jeep em segunda mão; Máscaras de Salazar ( /2006)
Dáskalos, Alexandre
(Huambo,
1924 - Caramulo, 1961). Colaborou na coleção «Poetas Angolanos (CEI,
1959). Obra: Poesia, 1975.
Daskalos, Sócrates
Foi um dos fundadores da FUA –
Frente de Unidade Angolana. Sócrates Daskalos é autor de um livro de memórias “Um testemunho para a história de Angola. Do
Huambo ao Huambo”, Lisboa, Veaa. “Na cidade litorânea de Benguela, onde
Sócrates Dáskalos era professor do ensino médio e vice-reitor no liceu local,
durante o mês de Janeiro de 1961 os elementos ligados ao movimento de 1940,
outros que tinham pertencido a pequenas facções interioranas e a embriões de
organizações desmanteladas em 1959, bem como alguns portugueses, comunistas,
socialistas ou da oposição democrática, em que havia mesmo indivíduos que a
PIDE deportara de Portugal para as colónias, congregaram esforços resolvendo-se
a concretizar sua unidade na luta comum. Para isso, constituíram a Frente para
a Unidade dos Angolanos, dando-lhe o criptónimo FUA que só mais tarde
conquistou... "foro de cidade" vindo a público em parte inteira, mas
por breve espaço de tempo, como veremos.”
David, Raul – (1918-2005). Angola. Nascido
na província de Benguela, deixou duas obras inacabadas: "Benguela no
espaço e o tempo" e ” Baronesa entre rios". Raul David deixou um
vasto número de obras designadamente "Colonizado e Colonizadores"
;"Narrativas ao acaso", "Cantares do nosso Povo”; “Contos
tradicionais da nossa terra".
Deus, João de (S. Bartolomeu de
Messines, 8.3.1830-1896). Seminário. Curso de Direito em Coimbra, onde tangia
viola e fazia versos. Aqui se enamorou de Raquel Nazaré que morreu jovem.
Escreveu no “Bejense” …Casou tarde com Guilhermina Battaglia, de origem
italiana, vinte anos mais nova – 4 filhos. Desprezava o dinheiro. Obra: Flores
do Campo, coletânea de poemas editada em 1869, graças aos amigos; A Cartilha
Maternal[196] foi publicada em 1876
por solicitação de um livreiro. A Cartilha Maternal foi declarada Método
Nacional pelas Cortes de 1888. Em 1893, Teófilo de Braga editou-lhe a obra O
Campo de Flores.
Dias, António Jorge (1907-1973). Primeiro etnólogo português e
fundador do Centro de Estudos de Antropologia Cultural, cujas pegadas no norte
de Moçambique, Harry West decalcou.
Dias, Gastão Sousa – O
destino da Grei[197]
(Crónicas Angolanas), edições Cosmos, Lisboa, 1940.Outras obras: No Planalto da
Huíla, ed. da Renascença Portuguesa; África Portentosa (Primeiro Prémio de
Literatura Colonial, 1926), ed. Seara Nova; Cartas de Angola, ed. Seara Nova,
1928; A Defesa de Angola – separata da Revista Militar, 1932; Relações de
Angola, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1934; L’Esprit de la colonisation
portugaise – extrait de l’Outre-Mer, revue générale de colonisation – Alger,
1934; D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho – Caderno Colonial n.º 27, da
editorial Cosmos – Lisboa, 1936; Pioneiros de Angola, n.º 42 da colecção Pelo
Império, da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938; Silva Porto e a
Travessia do continente africano, Agência Geral das Colónias, 1938; Restauração
de Angola – Salvador Correia de Sá – Comunicação feita ao I Congresso da
História da Expansão Portuguesa no Mundo – Lisboa, 1938; Povoamento de Angola –
Caderno Colonial nº 41, Ed. Cosmos, Lisboa, 1938; Artur de Paiva, Agência Geral
das Colónias, 1938; A Baía dos Tigres – Caderno colonial n.º 53, Ed. Cosmos,
1939.
Dias, João
Moçambique. Obra: Godido e outros
contos (1952)
Dinis, Júlio – Joaquim
Guilherme Gomes Coelho (Porto, 1839-1871).
Escritor – médico. O pai era natural de Ovar, onde Júlio Dinis esteve, por
causa da hemoptise, em 1864-1867, vivendo em casa de uma tia. Em 1868, vivia no
Porto em frente ao Palácio de Cristal. Devido à doença esteve por três vezes na
Madeira (de 1868 a 1871). Obra: As Pupilas do Senhor Reitor (1866 / 1867); A
Morgadinha dos Canaviais (1868); Uma Família Inglesa (1858/1868); Os Fidalgos
da Casa Mourisca (1871, póstumo); Serões na Província…
Com educação inglesa e familiares
da mesma origem, as suas leituras centraram-se em Dickens, Richardson, Jane
Austem, mas também em Pascal, Balzac e Rousseau… Egas Moniz terá salvo uma
parte do espólio de Joaquim Coelho / Júlio Dinis.
Dionísio, Eduarda (1946). Professora nas escolas Maria Amália Vaz de
Carvalho, Camões, Cidade Universitária, Gil
Vicente. Escritora. Obra: Comente o seguinte texto (1972); Retrato do Amigo Enquanto Falo (1979); Histórias, Memórias, Imagens e Mitos de Uma
Geração Curiosa (1981); Pouco Tempo
Depois (1984); Alguns Lugares Muito Comuns (1987);
Títulos, Acções e Obrigações (1993); As
Histórias Não Têm Fim (1997); T.M. - PROVAS
DE CONTACTO (2001);
Antes que a Noite Venha
(2006).
Editora com Jorge Silva Melo do
jornal Crítica (1971-2) colaborou, entre outras, nas seguintes publicações:
A Capital, Seara Nova, Diário de - onde fez crítica
literária -, Lisboa, Gazeta do mês, Combate.
Cofundadora do grupo de teatro Contra-Regra
- onde trabalhou entre 1983 e 1987-, participou, desde 1969, em diversos espetáculos
(Grupo de Teatro da Faculdade de Letras, Teatro da Cornucópia, O Bando),
nalguns dos quais como atriz (Anfitrião, 1969; Três Entremeses de Cervantes,
1970; Montedemo). Para o teatro, traduziu (entre outros e normalmente em
colaboração) textos de Shakespeare, Schnitzler, Brecht, Heiner Müller, Jon
Fosse ou Jacques Prévert.
A única atividade que a cansava
era o ensino, devido ao retrocesso pedagógico e ao conformismo da juventude.[198]
Dionísio, Mário
(Lisboa[199],
16 de Julho de 1916 – 17 de Nov. de 1993). Escritor, pintor e pedagogo.[200] Via
Luminosa (1935); Poemas (1941); O Dia Cinzento (1944); Van
Gogh (ensaio, 1947); O Riso Dissonante (poesia, 1950); Encontros
em Paris (1951); A Paleta e o Mundo (1962); Não há morte nem
princípio (romance, 1969); Terceira Idade (poesia, 1982); Monólogo
a duas Vozes (1986), Autobiografia (1987); A Morte é para os
Outros (1988)...
Dirceu, Carlos Urgel
– Miguel Várzea, Alferes e Paisano;
Direitinho, José
Riço
(Lisboa, 1965 -) Obra: Breviário
das más inclinações (1994); A Casa do Fim (1992); O relógio do cárcere (1997);
Histórias com cidades (2001); O sorriso inesperado (2005); O Escuro que te
ilumina (2018).
Duarte, Afonso (Ereira, 1-1-1884
– Coimbra, 5-3-1958).
1896- Faz exame de instrução
primária na escola de Alfarelos.
1898 - Entra para o Colégio
Mondego, de Coimbra, onde permanece como aluno interno durante 3 anos.
1902- Assenta praça em Lanceiros
de EI-Rei e matricula-se no Liceu de José Falcão.
1904 - Sabe-se que tinha já
concluído nesta altura o seu primeiro livro de versos, Composições verdes,
que não chegou a ser publicado.
1908 - Matricula-se na
Universidade de Coimbra.
1909- Desiste da carreira das
armas, passando a frequentar o curso de Ciências Físico-Naturais da Faculdade
de Filosofia, hoje extinta.
1912 -Publica o Cancioneiro
das Pedras na Livraria Ferreira, de Lisboa, livro que reúne as poesias
escritas de 1906 a 1910. Funda, com Nuno Simões, a revista Rajada.
1913- Bacharela-se em Ciências
Físico- Naturais.
1914 - Publica a Tragédia do
Sol-posto, Franca Amado, editor, Coimbra. É colocado como professor
provisório no Liceu de Vila Real de Trás-os-Montes.
1915- Abandona Vila Real para
frequentar a Escola Normal Superior de Lisboa.
1916 - Publica a Rapsódia do
Sol-nado seguida do Ritual do Amor, Renascença Portuguesa, Porto.
1917 - É nomeado professor do
Liceu de Gil Vicente, de Lisboa. Mobilizado pouco depois, dá entrada na Escola
de Oficiais Milicianos de Artilharia de Costa.
1918- É licenciado a seguir ao Armistício,
sobrevindo-lhe então a grave doença que esteve quase a inutilizá-lo
(paraplegia) e de que nunca mais se curou completamente.
1919 - Volta a exercer funções
públicas como chefe de secretaria do Liceu Infanta D. Maria e professor da
Escola Normal Primária de Coimbra.
1924 - Lança com João Gaspar
Simões e Branquinho da Fonseca a revista Triptico.
1925 -Abandona o cargo de chefe
de secretaria do Liceu de José Falcão, para onde transitara do Liceu Infanta D.
Maria, entregando-se a partir de então, na Escola Normal, a uma experiência
pedagógica absorvente, que alcançou verdadeira repercussão europeia. Publica Barros
de Coimbra, edições Lumen, Coimbra.
1929 - Dá a lume Os sete
poemas líricos, edições Presença, Coimbra, compilação da sua obra poética,
inédita e publicada.
1932 - É colocado na situação de
adido fora do serviço e compelido à aposentação.
1933 - Publica Desenhos
animistas de uma criança de 7 anos, Imprensa da Universidade, Coimbra.
1936 - Publica o ciclo do
Natal na literatura oral portuguesa, Biblioteca Etnográfica e Histórica
Portuguesa, Barcelos.
1947 - Publica Ossadas,
edição da Seara Nova, Lisboa. Poesias escritas, provavelmente, entre 1922 e
1946.
1948 - Publica Um esquema do
cancioneiro popular português, também edição da Seara Nova.
1949 - Publica o Post-scriptum
de um combatente, Coleção Galo, Coimbra. Escrito em Janeiro e Fevereiro de
1948, exceto as poesias «Post-scriptum de um combatente» (1917), «Coimbra»
(1918), «4 de Junho de 1944», «Terra Natal (1947), «Eugénio de Castro» (1947) e
a «Saudação a Pascoaes» (1949).
1950-Publica Sibila, edição do
autor, Coimbra. Tanto as «trinta e cinco redondilhas fingidas» como o «Soneto
verdadeiro» datam de Abril de 1950.
1952 - Publica Canto de
Babilónia e Canto de morte e amor ambos edições do autor, o primeiro
escrito em 1951, o segundo de Janeiro a Março de 1952.
1956 - Sai a 1.a edição da sua
Obra Poética, Iniciativas Editoriais, Lisboa. É uma recolha de todos os livros
de poesia já publicados e inclui o livro inédito 0 Anjo da Morte e outros
poemas, coligido e completado de 1952 a 1956, embora no plano geral da obra
o autor o insira antes do tríptico de redondilhas formado por Sibila, Canto de Babilónia
e Canto de Morte e Amor. Acompanha a Obra Poética um apêndice biobibliográfico
organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.
1956 - A 24 de Junho é-lhe
prestada pública homenagem na Ereira, sua terra natal, e descerrada no Castelo
de Montemor-o-Velho uma lápide com estes versos seus: Onde nasceu o Fernão
Mendes Pinto? Jorge de Montemor onde nasceu? A mesma terra, o mesmo céu que eu
pinto, Castelo velho, o que foi deles é meu.
1957 - 2.a edição da Obra
Poética, Guimarães Editores, Lisboa, aumentada de novas poesias.
1958 - Morre em Coimbra, a 5 de
Março. É sepultado no cemitério da Ereira.
1960 - Sai o volume póstumo
Lápides e outros poemas (Iniciativas Editoriais, Lisboa), organizado por Carlos
de Oliveira e João José Cochofel.
1974 - Publica-se esta 3.a
edição, definitiva, da Obra Poética. A inclusão (não cronológica) de Lápides e
outros poemas entre os livros o anjo da morte e Sibila faz-se por determinação
de Afonso Duarte, que insistentemente indicou os cicios das redondilhas como
fecho de toda a sua obra.
Duarte, Fátima Rolo –
Obra: Onde Estás[201];
Duarte, Rita Taborda (Lisboa, 1973). Integrou o DN Jovem. Filha de
Mário de Carvalho. Obra: Publicou poesia – Poética Breve (1998), Na Estranha Casa de Um Outro (2006), Experiências Descritivas
(2007, com André Barata) – e literatura infantil: A Verdadeira História de Alice (2004,
Prémio Branquinho da Fonseca), A Família dos Macacos (2006), Os Piolhos do Miúdo e Os Miúdos do Piolho
(2007), e os muito recentes Sabes, Maria, o Pai Natal não Existe
(2008) e O Tempo Canário e o Mário ao
Contrário (2008), todos eles ilustrados por Luís Henriques.
Duarte, Vera (Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina, Cabo
Verde, Mindelo). Obra: Amanhã Amadrugada (1993); O Arquipélago da Paixão
(2001); A Candidata (2003); Preces e Súplicas ou Os Cânticos da Desesperança
(2005)
Duro, José António (Portalegre, 22-10-1875 – Lisboa, 18-01-1899). Vítima da tísica. Poeta decadentista esquecido. Obra: Flores
(1886); Fel (1899) A prostituição, a morte, a
tuberculose e o desespero são os temas mais recorrentes da sua poesia, por
muitos considerada a concretização mais negativista das correntes estéticas
decadentistas em Portugal.
Echevarría, Fernando (26-2-1929
– 4-10-2021) Obra: Entre Dois Anjos (1956) ; Tréguas
para o Amor (1958) ; Outros Poemas (1963) ; Sobre as Horas (1963) ; Ritmo Real
(1971) ; A Base e o Timbre (1974) ; Media Vita (1979) ; Livro (1980) ;
Introdução à Filosofia (1981) ; Fenomenologia (1984) ; Figuras (1987) ; Sobre
os Mortos[202] (1991)
; Uso de Penumbra (1995) ; Geórgicas (1998) ; Introdução à Poesia (2001) ;
Corpo Intenso (2003) ; Epifanias (2006) …
Editores
Lyon de Castro (1915 – 2004)
Em 1939, aquando da celebração do Pacto germano-soviético (Agosto de 1939), rompeu
com o PCP, passando a ser persona non grata para o Partido. Em 1945, lançou a
editora Publicações Europa-América.[203] Lyon de
Castro convida Piteira Santos para dirigir a editora, agravando as tensões com
o PCP. Apesar disso, edita, entre outros, Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol...
Por outro lado, ao criar a revista mensal “Ler” – um
jornal literário e de ideias – que subvencionou entre Abril de 1952 e Outubro
de 1953, provocou enorme celeuma com o PCP.[204]
A Volta de Oiro do Dia; Limiar
– coleções líricas portuenses: ver aliança entre núcleo de poetas e um outro de
artistas plásticos. Ver: Eugénio de Andrade, Vasco Graça Moura; Mário Botas,
José Rodrigues, Armando Alves…
Elias, Vítor Obra: A
Segunda Oportunidade (2002)[205]
Ervedosa, Carlos
(Luanda, 1932 – Sabrosa, 1992) Tendo
sido presidente da Direção e da Assembleia Geral da Casa dos Estudantes do
Império, foi também responsável pela sua secção cultural e editorial. O sonho
de uma sociedade multirracional em Angola terminou para Carlos Ervedosa em
1976.São seus os seguintes títulos publicados: Saudades de Luanda, em edição de autor; Poetas Angolanos, 1959, edição Casa dos Estudantes do Império; Contistas Angolanos, 1960; Literatura Angolana (resenha histórica), 1962; Itinerário da Literatura Angolana, 1972, edição Culturang (Luanda); Roteiro da Literatura Angolana,
1979, União dos Escritores Angolanos; Saudades de Luanda, 1986; Era no Tempo das Acácias Floridas,[206]
1989; Carta Arqueológica do Concelho
de Vila Real, 1991.
Espanca, Florbela d’Alma de Conceição (Vila
Viçosa, 08-12-1894-08-12-1930). Registada como filha natural de
Antónia da Conceição Lobo e de pai incógnito.·.
Obra: Livro de Mágoas (1919); Sóror Saudade (1923); A Charneca ao
Entardecer (poesia, 1931); As Máscaras do Destino (1932, contos); Sonetos
(edição integral, 1986);
Faria, Almeida[207] (1943-). Frequentou o Liceu Camões, onde
Vergílio Ferreira foi seu professor. Tentou o curso de Direito, onde se
incompatibilizou com Marcelo Caetano, e licenciou-se em Filosofia, tendo
lecionado estética na Universidade Nova de Lisboa.
Obra: Rumor Branco[208] (1962);
A Paixão (1965); Tetralogia Lusitana (Cortes[209],
1978; Lusitânia[210],
1980; Cavaleiro Andante, [211]
1983); O Conquistador (1990)[212]; Vozes
da Paixão (teatro, 1998); A Reviravolta (teatro, 1999); Vanitas
(conto, 2007). A 25 de Agosto de 2009, iniciou a entrega do seu espólio à
Biblioteca Nacional.
Faria, Daniel[213] (Alto Trigais, Baltar, 1971 – 1999). Influência
primeira: Sophia de Mello Breyner. A grande paixão dela era Herberto Helder.
Oriundo do mundo rural. Tinha uma verdadeira paixão pelas pedras. Frequenta
durante 3 anos o Seminário do Bom Pastor, à entrada de Ermesinde. Influência do
Padre Manuel Mendes. Frequenta também o Seminário do Vilar, no Porto, onde, até
ao 12º ano frequentará o Liceu Rodrigues de Freitas. Frequenta o Seminário da
Sé (1989-1994). Em 1994, decide sair do Seminário, um ano antes de se tornar
sacerdote. Em Outubro de 1997, entrou no Mosteiro de Singeverga, a
Feijóo K., J. A.
S. Lopito
João André da Silva Feijó (Lombe,
Malanje, 29.9.1963). Poeta, ensaísta e crítico literário. Obra: Entre o Écran e
o Esperma (1985); Me Ditando (1987); Doutrina (1987); Rosa Cor de Rosa (1987);
Corpo a Corpo (1987); Cartas de Amor (1990); Meditando. Textos de Reflexão
Geral sobre Literatura (1994); O brilho do bronze: haikais (2005); Marcas de guerra,
perceção íntima e outros fonemas doutrinários (2011); Lex e cal doutrina
(2011); Desejos de Aminata,[214]
(2014); Coração telúrico (2015)
Ferraz, Carlos Vale
(pseudónimo de um oficial superior do Exército) – Nó Cego;
Ferreira, Arménio dos Santos (Luanda,
15-6-1920 – Lisboa, 17-10-2002) - Filho de Cipriano Ferreira, antigo
presidente da Liga Nacional Africana. Foi um dos Membros da Casa dos Estudantes
do Império – CEI.
Santos Ferreira frequentou o
primeiro liceu existente
Como Membro da Casa dos
Estudantes do Império, local por onde passaram grandes dirigentes Políticos e
Intelectuais das Ex-colónias Portuguesas, Arménio dos Santos exerceu a sua
profissão gratuitamente, dando consultas aos Estudantes e a quem necessitava.
Arménio dos Santos fez um
trabalho excelente na CEI, assim como em prol do povo Angolano, pois lutou
pelos direitos deste povo. Foi militante activo do «Movimento Popular da
Libertação de Angola» (MPLA). Foi Embaixador em Angola, e foi um dos arquitetos
da Independência de Angola em 4 de Fevereiro. Como Activista que era Arménio
dos Santos, conheceu figuras importantes que também passaram pela Casa dos
Estudantes do Império como: Agostinho Neto que se tornou o seu grande amigo e
foi o 1ª Presidente de Angola, Amílcar Cabral e outras figuras importantes. Por
ter contributo muito para a libertação do povo Angolano Arménio dos Santos foi
Condecorado pela Assembleia do povo de Angola.
Arménio Ferreira dirigiu o Comité
4 de Fevereiro em Portugal e o Órgão Coordenador do MPLA para a Europa, pouco
antes da independência de Angola.
O Dr. Arménio dos Santos Ferreira
publicou vários trabalhos ligados à medicina desportiva, no Sporting Clube de
Portugal, e participou em diversas reuniões internacionais de caráter
científico e técnico, nomeadamente, no Brasil e em França, a convite da Organização
das Nações Unidas para a Ciência e Cultura (UNESCO).
Como ativista político, Arménio
Ferreira esteve ligado às primeiras atividades dos nacionalistas africanos na
Casa dos Estudantes do Império, onde trabalhou com Agostinho Neto, Amílcar
Cabral, Lúcio Lara, Pedro Pires, Marcelino dos Santos, Paulo Jorge, e outras
destacadas figuras do meio político e literário da época. A sua inquietação
maior era para com os humildes e os mais desfavorecidos. Daí a sua ligação ao
Partido Comunista Português. Mais tarde, na qualidade de angolano, tornou-se,
desde a primeira hora, militante activo do Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA), o que o levou a ser perseguido pela então polícia política do
regime fascista-colonial e preso por atividades políticas que desenvolvia de
apoio aos nacionalistas das então ex-colónias portuguesas, que lutavam pela
independência dos seus países.
Pouco antes da Independência de
Angola, em Portugal, dirigiu o Comité 4 de Fevereiro e o Órgão Coordenador do
MPLA para a Europa, mas a sua formação e o seu elevado espírito humanista
levaram-se a não só a acompanhar a acção política, mas também a ajudar os
feridos de guerra que vinham a Portugal em tratamento, na sequência das acções
armadas travadas por altura da Independência. Mas não só estes.
Era um aliado natural dos membros
do Clube Marítimo Africano, a quem recebia no seu consultório particular, na
Rua Braamcamp, que estava sempre de portas abertas para qualquer consulta
gratuita aos angolanos. Mas a expressão mais marcante da coragem política e da
militância do Dr. Arménio dos Santos Ferreira está incontestavelmente ligada ao
ato histórico que foi a sua cumplicidade na preparação e concretização da
célebre fuga de Lisboa para o exílio do seu colega de profissão, amigo e
companheiro de sempre, o Dr. António Agostinho Neto, e de sua família. Este ato
veio a possibilitar que o Dr. Agostinho Neto se pudesse juntar às forças
nacionalistas que, como único recurso, se haviam levantado em armas.
Depois da Independência de
Angola, Arménio dos Santos Ferreira, na qualidade representante do MPLA em
Portugal, criou as condições para a abertura da primeira Embaixada de Angola em
Lisboa, tendo efetuado diversas missões ao estrangeiro, nomeadamente aos
Estados Unidos da América, por incumbência do Presidente Agostinho Neto. Em
reconhecimento da sua contribuição desapaixonada e sempre desinteressada em
prol da edificação do Estado Angolano, Arménio Ferreira foi condecorado pela
Assembleia do Povo de Angola. Por tudo isto, e por muito mais coisas que aqui
não foram ditas, é que o Governo da República de Angola rende a sua maior
homenagem ao militante, ao patriota, ao nacionalista e ao humanista ARMÉNIO DOS
SANTOS FERREIRA, a quem o país muito deve e de quem o país ainda muito
precisava, especialmente neste momento em que novos rumos são trilhados no
sentido de uma paz definitiva e duradoura que o nosso povo já bem o merecia, e
que os conhecimentos e a experiência dele iriam agora ser tão necessários. No fundo,
esta paz não deixa de ser também um legado seu. Nesta hora de dor, em nome do
Governo da República de Angola, apresento as minhas mais sinceras e profundas
condolências à família, à Ana Maria, Tó e aos netos.
Este registo integra excertos do
elogio fúnebre feito pelo Embaixador de Angola em Portugal, Oswaldo de Jesus
Serra Van-Dúnem – 18 de Outubro de 2002)
Ferreira, David
de Jesus Mourão
(1927 -
16.06.1996) – Estudou no Colégio Moderno, tornando-se grande amigo de João
Belchior Viegas.[215] Na
Faculdade de Letras de Lisboa, estuda Filologia Românica, seguindo o conselho
de Agostinho da Silva (?). Lá conhece a mulher com quem casou… É filho de
republicano convicto, defensor de um ideário de esquerda, mas não adere ao neorrealismo.
O seu guia é José Régio, que nunca aceitou o primado da política sobre a
estética. Tinha também uma grande paixão pelas obras de Almeida Garrett e de
Paul Valéry. No entanto, em 1945, publicou alguns poemas na revista Seara Nova.
Com Natália Correia, traduziu A Arte de Amar, de Ovídio. Em 1950, integrou o
grupo da «Távola Redonda». Ver Colóquio Letras – Vozes da Poesia Europeia I,
II, III (traduções). Obra: Peças: Isolda (1948);
Contrabando (1950); O Irmão (1960). Poesia: Secreta Viagem
(1950); Tempestade de Verão (1954); Os Quatro Cantos do Tempo (1958); In
Memoriam Memoriae (1962); Infinito Pessoal ou A Arte de Amar (1962); Do Tempo
ao Coração (1966); A Arte de Amar (1967); Lira de Bolso (1969); Cancioneiro de
Natal (1971); Matura Idade (1973); Sonetos do Cativo (1974); As Lições do Fogo
(1976); Obra Poética (1980); Os Ramos e os Remos (1985); Música de Cama (1994).
Ensaísta: Vinte Poetas Contemporâneos (1960); Motim Literário (1962); Hospital
das Letras (1966); Discurso Directo (1969); Tópicos de Crítica e de História
Literária (1969); Sobre Viventes (1976); Presença da «Presença» (1977);
Lâmpadas no Escuro (1979); O Esssencial sobre Vitorino Nemésio (1987); Nos
Passos de Pessoa (1988); Marguerite Yourcenar: Retrato de uma voz (1988); Sob o
mesmo tecto: estudos sobre autores de língua portuguesa (1989); Tópicos
Recuperados (1992); Jogo de Espelhos (1993); Magia, Palavra, Corpo: Perspectiva
da cultura de Língua portuguesa (1987). Colaborou ainda nas revistas Graal
(1956-1957) e Vértice. A vida só fazia sentido como professor e como amante.
Era hipocondríaco, revelando grande medo da morte…
Ferreira, José da Silva Maia
(1827-1881)
Obra: Espontaneidades da Minha Alma (Luanda, 1849). Obra passível de ser
a primeira a figurar na História das Literaturas Africanas.
Ferreira, José Gomes
(9.6.1900-1985)
– ver[216]. Licenciado em direito.
Cônsul na Escandinávia. Álvaro Gomes (pseudónimo) traduzia as legendas dos
filmes; secretário do cinema Tivoli. Foi Presidente da Associação Portuguesa de
Escritores – era-o em 1974. O texto do filme “Aldeia da Roupa Branca” é da sua
autoria, tal como muitas letras de muitas canções musicadas por Lopes Graça.
Homem lido em Vitor Hugo, em marxismo, só compreendeu o maio de 68 com a
revolução de 74. Tem o seu pai, homem republicano, como referência ideológica,
cultural… E também o Bento Jesus Caraça e o Manuel Mendes… Obra[217]: Longe; Viver Sempre Também Cansa; O Poeta
Militante; As Aventuras de João Sem Medo;
Ferreira, Manuel
(Portugal - ). Estreitamente
ligado à realidade Cabo-verdiana. Obra: Grei (1944); Morna (1948); A Casa dos
Motas (1956); Morabeza (1958); Hora di Bai (1962); Voz de Prisão (1971); Terra
Trazida (1972); A Nostalgia do Senhor Lima (1972); A Aventura Crioula (ensaio,
1967). Director da revista África. [218]
Ferreira,[219]
Sérgio Matos – Descansar da Pele;
Ferreira,[220]
Vergílio
(Melo, 28.01.1916
– 1.03.1996[221]) –
A sua carreira começou, com um artigo na revista Biblos, de Coimbra “Teria Camões lido Platão?”. Obra: O
Caminho Longe (1943) Alegria Breve (1943); Vagão J; Mudança[222]; Manhã
Submersa; Cântico Final (1956)[223]; Carta
ao Futuro (1958); Aparição[224](1959);
Invocação ao meu Corpo (1969) Signo Sinal; Estrela Polar; Até
ao Fim[225]; Na tua face[226]; Para Sempre[227]
(1983); Nome da Terra; Espaço do Invisível; Conta-Corrente[228]. Prémios:
Camilo Castelo Branco (1960); Femina (1990); Grande Prémio do Romance e Novela
(1988; 1994); Prémio Ficção Pen Clube (1991) Europália (1991) 4ª edição do
Prémio Camões (1992). Professor[229] em
Faro (1942); em Évora, de
Eduardo Lourenço vê em Vergílio Ferreira «com a essência do
famigerado mundo do Deus morto» o
autor que melhor tratou o «fenómeno da identificação
que aos poucos converteu a sua obra num ícone literário e cultural suscitador
de tanta glosa, tanta homenagem e, no sentido próprio, com-sagração, verdadeiramente excecionais.»[230]
Dele e da literatura, Francisco
Bérard escreveu: «A literatura pode ser uma casa contra o mundo, a arte pode
ser um exercício à beira do abismo. Vergílio Ferreira foi um dos que melhor
quiseram e puderam comunicar com as correntes do pensamento contemporâneo sem
nunca se deixar acorrentar por elas.»[231]
Ferro,
António – O Mar Alto (peça)[232]
Ferro, Rita – Obra: Por Tudo e por Nada
(Contexto, 1995);
Fonseca,
António José Branquinho da (4.5.1905-1974).
Pseudónimo: António Madeira. Obra: O
Barão (1942);
Fonseca,
Manuel Lopes - (Santiago do Cacém, 15 de outubro
de 1911 — 11 de Março de 1993). Foi um escritor (poeta, contista,
romancista e cronista) português nascido no Alentejo. Fez a instrução primária
em Santiago do Cacém, no meio de uma família oriunda de Castro Verde e do
Cercal do Alentejo. Em Lisboa, frequentou o Colégio Vasco da Gama, o Liceu Camões, a Escola Lusitânia e,
ainda, a Escola de Belas-Artes. Nas férias, regressava a Santiago (Cerromaior,
nas suas obras - Cerromaior é o nome do primeiro romance de Manuel da Fonseca,
publicado em 1943. Cerromaior é o nome da (pequena) cidade onde decorre a acção
do romance. Se bem que sendo uma cidade imaginária são notórias as semelhanças
com a terra natal de Manuel da Fonseca, Santiago do Cacém. Luís de Sttau
Monteiro – testemunho do amigo (DN, 1.4.1993) – ver referência aos estúdios
Zeigler (Wolfgang Zeiler deu emprego ao L. S. Monteiro, José Carlos Ary dos
Santos, Urbano Tavares Rodrigues, Manuel da Fonseca…) - destaca as qualidades humanas do Manuel da
Fonseca, exemplificadas na história dos
burros que foi dando a todos os que encontrava pelo caminho, sobrecarregados…
até que teve de fugir dos ciganos… Patrícia Cabral – artigo “Manuel
da Fonseca, A obra resiste ao Tempo” (DN, 18.3.1993) Obra: Poemas Completos
(1983?)
Fonseca, Rubem
(1925 - ). Brasileiro. Obra: Agosto; A Grande Arte; Secreções,
Excreções e Desatinos.
Fraga, Isabel ( ) – Face (
poesia, 1984); Pátio Interior (poesia, 2002);
França,
José-Augusto (Tomar, 16.11.1992 - 30.09.2018)
Franco, António Cândido – Obra: Estâncias
Reunidas (1977-2002, Campo das Letras);
Freitas, José de
(Andulo, Bié, 1956-) Obra: Silêncio em Chamas (romance, 1979)
Freitas, Manuel
(1972 -) Todos contentes e eu também[233]; A noite dos espelhos
(ensaio sobre Al Berto, 1999)
Freitas, Ruy Correia de (Angola,
Moçamedes /Namibe, 1922 – Portugal, Mem Martins2009). “Um grande do
jornalismo colonial”.[234] Foi
director do jornal Província de Angola,
nome que mudou para Jornal de Angola
antes de ser obrigado a pedir asilo político à África do Sul. Chegou à direcção
do jornal nos anos 50, depois de ter frequentado uma escola de jornalismo
Gaio, Silva
(Séc. XIX) – Autor da novela de guerra, Mário;
Galvão, Duarte – Poeta moçambicano. Obra: Poetas de
Moçambique, CEI, 1960 –colab.
Galvão, Henrique (1895- S. Paulo, 1970) – alto funcionário
colonial ligado, sempre de muito perto, à ascensão e queda do Estado Novo
português.[235] Em 1961, apossou-se do
paquete Santa Maria. Da Vida e da Morte dos Bichos; A Caça no Império
Português; O Kurika (1944);
Impala; Outras Terras Outras Gentes; O Velo d’ Oiro; Em
Terra de Pretos.
Gama, Arnaldo (Séc. XIX) - Autor da novela de guerra,
O Sargento-Mor de Vilar;[236]
Gama, Curado – Moçambique
de Outros Tempos (2006);
Ganhão, Fernando. Poeta moçambicano. Obra: Poetas de
Moçambique, CEI, 1960 –colab.
Garcia, José
Martins[237]
(Ilha do Pico, 17.2.1941 – Ponta Delgada, 3.11.2002) – Lugar de Massacre
(uma anti-heroica crónica do ambiente de guerra na Guiné-Bissau), 1975; Vitorino
Nemésio: A Obra e o Homem (Arcádia, 1978)[238]; Temas Nemesianos;
Dominiciano, 1987; Para uma Literatura Açoriana, 1987; Katafara
um Ressurrecto (1992); Exercício da Crítica, 1995; No Crescer dos
Dias, 1996; Contrabando Original[239] (1988); Memória da Terra[240](1990).
Obra: Contrabando
Original (Veja, 1988)[241]
«Penso no dilema do escritor
açoriano. Vivendo na sua terra, em Lisboa ou na já tradicional América das
últimas gerações, impõe-se-lhe sempre, e à priori, um desafio: disputar aos
livros dos outros escritores portugueses um habitat estranho – aquele que molda,
apaixona e superiormente dirige os destinos da literatura portuguesa. Além
disso, esse tão estreito espaço de manobra lida de perto com um preconceito
lisboeta: o de olhar de alto, e por cima do ombro, à ficção desses inúteis
lugarzinhos, dispersos por um país que se concentra nas cidades e no litoral e
que desdenha das periferias. O país periférico limita-se a viver na difícil
graça de deus.
(…) Estamos afinal em presença de
um romance ideológico e de um romance de ideias. Importa destacar o benefício
da dúvida que é dado ao autodidacta Miguel. Ele colhe na sabedoria dos livros
um conhecimento avulso e curioso, para compensar a frustração dos estudos
liceais que não frequentou e a quase desejada disciplina do seminário. É um
livro onde o rural se urbaniza, percorrendo mais o foro dos vícios do que a
escola das virtudes.
Fica dito que este novo romance
de José Martins Garcia mantém as principais aquisições do seu estilo, a mesma
qualidade literária e a provada sabedoria do romancista que eu muito admirei em
Lugar de Massacre e Imitação da Morte. Escrita enérgica,
dúctil, servida por um léxico e por uma disciplina literária que não estão ao
alcance de muitos escritores portugueses. Mas estou em crer que há aqui uma
grande ausência de paixão. Para mim, será o livro da amargura, do celticismo,
de algum riso discreto, e o infernal livro dos outros. Pode ser que seja também
o linóleo ou o baixo-relevo de um país diferente daquele que eu estimo e no
qual me esforço por estar bem vivo. Mas se nada disto for objetivamente certo,
então queira o autor desculpar-me. (João de Melo)
Gersão, Teolinda (Coimbra, 1940 -) – Obra: Histórias de
Ver e Andar[242];
Gil, Fernando ( - 2006) Obra: Acentos
(2005);
Godinho, Vitorino
Magalhães (1918-2011). Obra: Os Descobrimentos
e a Economia Mundial;
Gomes, Carlos de Matos; Farinha, Fernando – Guerra
Colonial, um repórter em Angola[243]
Gomes, Luísa Costa – O Defunto Elegante[244] (1996)
Gomes, Manuel
Teixeira
(Vila
Nova de Portimão, 27 de maio de 1860- Bougie, 18 de Outubro de 1941)
Filho de Maria da Glória Teixeira e de José Libânio Gomes, um riquíssimo
comerciante de frutos secos. Aos 10 anos, foi estudar para o seminário de
Coimbra, experiência que o converteu em ateu militante. Enquanto estudante
universitário passou o tempo em tertúlias literárias, com Fialho de Almeida,
António Nobre, Sampaio Bruno, Basílio Teles, Soares dos Reis. Viajou longamente
pela Europa e pelo Norte de África e não concluiu os estudos. Por volta dos 25
anos, começou a trabalhar com o pai e passou a viver com Belmira das Neves, uma
adolescente de origem modesta, com quem teve duas filhas. «Fiz-me negociante, ganhei bastante dinheiro e durante quase vinte anos
viajei, passando em Portugal poucos meses.»[245]
Republicano convicto e de excelentes relações com o poder, tendo sido, durante
sete anos, ministro de Portugal em Londres[246], a
convite de Teófilo de Braga. Em agosto de 1923,
foi eleito Presidente da República, por sugestão de Afonso Costa.
Termina o mandato em dezembro de 1925, resignando. A partir de 1931, passa a
viver em Bougie (actual Bejaia) na Argélia, quarto nº 13 do Hotel l’Étoile. A
vida e a obra deixam supor que nele habitavam pulsões homossexuais e pedófilas,
apesar de descrever abundantemente o corpo feminino. Homem «refinado, mundano,
literato e cosmopolita.» Para a edição de 1941 das Canções de António Botto,
escreveu um curto ensaio. Este livro de Botto fora publicado, em 1922, pela
editora Olisipo, de Fernando Pessoa, entretanto, mandado apreender pelo Governo
Civil de Lisboa, em 1923. Obra: Inventário
de Junho (1899); Cartas Sem Moral
Nenhuma (1903); Agosto Azul
(1904); Gente Singular (1909); Cartas a Columbano (1932); Novelas Eróticas (1935); Regressos (1935); Miscelânea (1937); Maria
Adelaide (1938); Carnaval Literário
(1938), Ver O Exilado de Bougie[247]
(1942).
Gonçalves, Aurélio Nasceu em S. Vicente , Cabo Verde.
Colaborador da Revista Claridade.
Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Atribuído desde 1982, foi concedido sucessivamente a José Cardoso Pires (Balada da Praia dos Cães); Agustina Bessa-Luís (Os Meninos de Ouro); Mário Cláudio (Amadeo); António Lobo Antunes (O Auto dos Danados); David Mourão-Ferreira (Um Amor Feliz); Vergílio Ferreira (Até ao Fim); João de Melo (Gente Feliz com Lágrimas); Paulo Castilho (Fora de Horas); Maria Gabriela Llansol (Um Beijo Dado Mais Tarde); José Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo); Helena Marques (O Último Cais); Vergílio Ferreira (Na Tua Face); Mário de Carvalho (Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde); Teolinda Gersão (A Casa da Cabeça de Cavalo); Augusto Abelaira (Outrora Agora)
Guerra Colonial (sobre)[248]:
Cristóvão de Aguiar, Braço Tatuado.
Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969 na Terra dos Soncó
Blogue Luís Graça e Camaradas da
Guiné
António Vieira, Fim de Império[249]
António Brito, Olhos de Caçador.
12 romances que importa ler
sobre a guerra colonial:
Memória, de Álvaro Guerra, 1971
Modesto Navarro, História do
soldado que não foi condecorado, 1972
Lugar de Massacre, de José
Martins Garcia, 1975
Cortes, de Almeida Faria, 1978
Os cus de Judas, de António Lobo
Antunes, 1979
E a raiva passa por cima, fica a
engrossar um silêncio, de Ascênsio Freitas, 1979
Percursos: do Luachimo ao Luena,
de Wanda Ramos, 1981
Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz,
1982
Autópsia de um Mar em Ruinas,
João de Melo, 1984
Até Hoje (Memórias de Cão), de
Álamo de Oliveira, 1986
A Costa dos Murmúrios, de Lídia
Jorge, 1988
Os Navios Negreiros não sobem o
Cuando, 1993
Quanto à poesia, ler:
Rui Knopfli, Manuel Alegre,
Fernando Assis Pacheco
Gonçalves, Egito
(Matosinhos, 1922-) Promotor de revistas literárias: Serpente; Árvore;
Limiar. Organizador de antologias: Poesia
70; Poesia 71. Editor responsável
da Limiar; Obra: Poema para os
Companheiros da Ilha (1950); Um Homem
na Neblina (1950); A Evasão Possível
(1952); A Viagem com o Teu Rosto
(1958); O Amor Desagua em Delta (1971); E, no entanto, Move-se (1995)[250];
Gonçalves, Zetho Cunha (Angola,
Huambo, 7.1.1960 - ). Poeta, ensaísta, tradutor e autor de literatura infantil. Obra: Exercício de escrita (1979); Coração
limite e Sobre a sombra do corpo (1981); A construção do prazer
e Reportagem do silêncio (1981); O incêndio do fogo (1983… Vive
em Lisboa.
Granja, Ângelo (1941-12.04.2008). Antigo
jornalista e autor de teatro. Com Francisco Nicholson, foi co-autor da
telenovela "Cinzas", exibida na RTP nos anos 1990, e com Edgar Preto
escreveu o argumento da série televisiva "Canto Alegre", de finais
dos anos 1980.
Guedes, Maria Estela Pinto
de Almeida. Nasceu em Britiande (Lamego), a 21 de Maio de 1947.É uma
dramaturga, poeta e ensaísta portuguesa. Licenciada em Literatura pela
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1978.
Escritora. Membro da delegação
portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários (AICL), da
Associação Portuguesa de Escritores (APE), da Sociedade Portuguesa de Autores
(SPA) e do Instituto S. Tomás de Aquino (ISTA) e do Centro Interdisciplinar de
Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL).
Guerra, Álvaro Manuel Soares (Vila Franca de Xira
11.10.1936 – 18.04.2002). Escritor-embaixador. Fez a guerra colonial na Guiné, onde foi ferido;
emigrante em Paris; jornalista do República; diretor de informação da RTP (após
o 25 de Abril); Co-fundador da Luta; apoiante da candidatura de Ramalho Eanes
(1976); embaixador na Índia, no Zaire, na Jugoslávia, em Estrasburgo, na
Suécia. Obra: Os Mastins (1967, prefácio de Alves Redol); O Disfarce
(1969); A Lebre (1970); O Capitão Nemo e eu (1973); Do General
ao Cabo Mais Ocidental (1976); Reflexões sobre a China (1977); Café
República (1982); Café Central (1984); Café 25 de Abril
(1987); Crimes Imperfeitos (1990); Razões do Coração (1991)[251]; A Guerra Civil[252] (1993); Esboços para
uma Tauromaquia (1994); Crónicas Jugoslavas (1996); Eurotauromaquias
(2001); No Jardim das Paixões Extintas[253] (póstumo, 2002)[254]
Entrevista ao DN, 13 de
Outubro de 1991, a propósito de Razões
de Coração, Dom Quixote. As paixões amorosas e o clima da luta contra o
invasor durante as invasões francesas em Portugal estão bem patentes neste
romance. Ponto de partida: José Medeiros mostrou a Álvaro de Guerra um
calendário litúrgico de 1808 – diário de Frei Pedro Taveira, um monge que
deixara o convento de Mafra perante a aproximação dos franceses, optando por se
instalar na aldeia de Ribamar. Mafra é o cenário privilegiado deste romance. No
dia 1 de dezembro chegam a Mafra as primeiras notícias da entrada de Junot em
Lisboa. Entrou pela estrada de Arroios, montado num cavalo branco. Junot fora
embaixador em Lisboa. Tabelião Gouveia enamorado do coração solitário de
Mariana Maldonado. Perto dos muros da Tapada / Abrantes (Hospital da
Misericórdia) / Mação – Junot / Philippe Villepin. 30 de novembro de 1807, o dia
de santo André.
D. António (?) e D. Beatriz (?) Mariana
Maldonado havia prometido leitura de um acto de Maria Parda. Ela lê, às escondidas, a constituição do Père-Gérard, deputado bretão, símbolo do
saber popular…, Brissot[255],
Voltaire, Bocage e as poesias do Abade Jazente[256].
Guerra, Henrique
(Luanda, 1938-). Obra: Poetas de Angola, CEI, 1959 –colab.; Quando me
acontece Poesia (1976); Alguns Poemas; O Círculo de Giz de Bombo (teatro,
1979).
Guerra, Mário (Benúdia) (Luanda,1939-) Obra: Nossa Vida
Nossas Lutas.
Guerreiro,
António. Crítico literário durante vários anos no Expresso. Autor: O acento
Agudo do Presente[257]
(livros cotovia);
Guimarães, Ana Paula Obra: Olhos,
Coração e Mãos no Cancioneiro Popular Português (1992); Abecedoria do Coração – Arte de Bem Viver no Cancioneiro Popular
Português (1994); Nós de
Vozes: Acerca da Tradição Popular Portuguesa (2001)[258]
Guimarães,
Luís de Oliveira
(Espinhal,
Penela, 19 de Abril de 1900 – 199...)[259] Dramaturgo,
cronista, jurista, conferencista, jornalista. Amigo de Guerra Junqueiro, de
Cerejeira, de Pascoaes, de Pessoa[260], de
Dantas, de Almada, de Salazar, de Aquilino Ribeiro... João Ameal, António
Ferro, Ramada Curto, António Botto, Ferreira de Castro, Beatriz Costa, Trigo de
Negreiros, Eurico Braga, Raul Brandão[261]... Fez
centenas de entrevistas e dezenas de peças.[262] Foi
condiscípulo da Florbela Espanca
Gusmão, Ana Nobre
(1953-) Obra: Delito sem corpo (1996);
Halpern,[263] Armando Júdice
(Lisboa, 1961 - ) Conto: Rainha da
Noite; romance: O Segredo do Cavaleiro (2006)
Higino, Nuno (1960 -) Padre de Marco de Canavezes
até 2001. Em 2004, decidiu abandonar o sacerdócio. Obra: A Fada Gigante
História
Por decreto de 1947, Salazar ordenava a demissão de 21 prestigiados professores
universitários + 10 oficiais do exército. No
entanto, quem escolheu as vítimas foram as universidades. Muitos dirigentes
universitários eram contra a investigação científica. (Nota oficiosa de 15
de junho de 1947). Antecedente deste decreto, um outro de 1935 (Aurélio
Quintanilha e Abel Salazar foram demitidos; Bento de Jesus Caraça foi alvo de
um processo em 1942, sendo demitido em outubro de 1946 juntamente com Azevedo
Gomes e Pulido Valente)
Figuras:
- Andrée Crabbé
Rocha (nunca soube porquê, demitida da Faculdade de Letras; Salazar quis
atingir o marido, Miguel Torga).
- Pinto Peixoto
(termodinâmica)
- Aurélio Marques
da Silva (Faculdade de Ciências de Lisboa, engenharia civil)
- Mário Silva
(acabou funcionário comissionista da Philips).
- Manuel Valadares
- Albert Gibert
- Marques da Silva
- Ferreira Pinto
Resende (botânico)
- Torre de
Assunção (geólogo)
- Arnaldo Peres de
Carvalho
- Ferreira de
Macedo
Só em 1970, os sobreviventes foram reintegrados, por decisão de Marcelo Caetano.
Homem, Maria Aurora Carvalho (S. Pedro do Sul,
13.11.1938-11.6.2010). Jornalista, autora de histórias infantis e de poesia.
Professora de Português no Liceu Jaime Moniz, na Madeira, a partir de 1974.
Honwana, Luís Bernardo
(Maputo, 1942 -) – amante da escultura maconde. Obra: Nós Matámos o Cão Tinhoso
(conto, 1964)
Inácio, Ana Paula (1966 -) – As Vinhas de meu Pai (2000);
Por razões políticas esteve preso entre 1960 e 1972. Militante do MPLA, foi co-fundador da União de Escritores Angolanos, membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola e participou ativamente na vida política e cultural angolana. Foi empregado de escritório e técnico de contabilidade, Ministro da Educação de Angola e Secretário de Estado da Cultura.
Colaborou com produções suas em diversas publicações nomeadamente Jornal de Angola, Notícias do Bloqueio, Itinerário, Império e Brado Africano e foi membro da revista Mensagem.
Publicou em 1961 uma recolha de poemas, em edição da Casa de Estudantes do Império, estando alguns dos seus trabalhos incluídos na antologia Poesia Angolana de Revolta, publicada em Lisboa, em 1975. Em Janeiro de 1985, obteve o Prémio Nacional de Literatura de Angola, com o livro Sobreviver em Tarrafal de Santiago.
Monangamba
Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações:
naquela roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado
vai ficar negro, da cor do contratado.
Negro da cor do contratado.
Perguntem às aves que cantam
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipoia ou o cacho de desdém’
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre
panos ruins, cinquenta angolares
“porrada se refilares”?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
E cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar
ter barriga grande – ter dinheiro?
- Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
Responderão:
- “Monangambééé…”
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído as minhas bebedeiras
- “Monangambééé…”
Jamba, Sousa(Angola, Missão Dondi, 1971 –)[268] Em 23.7.1994 escrevia Público /The Guardian sobre os ruandeses (conflito entre os hutu e os tutsis. Deveria ser-lhes dada a possibilidade de emigrarem para outras regiões do continente africano (argumento: altíssima densidade demográfica)[269]. Dando-lhes a possibilidade de se dedicarem à agricultura. Obra: Patriots (Os Patriotas, 1991); A Lonely Devil (Londres, 1993). Defende um estado federal para Angola.
Jorge, Lídia (Boliqueime, 1947 -) Licenciada em Filologia românica; professora[270] – Obra: O Dia dos Prodígios; Costa dos Murmúrios; O Vento Assobiando nas Gruas (2002), D. Quixote[271]; Combateremos a Sombra (2007)[272]; A Noite das Mulheres Cantoras, (20
Jorge, Luísa Neto (1939-1989)[273] Poetisa, Tradutora, Argumentista (cinema): Brandos Costumes (1975); Nem Pássaro Nem Peixe (1978); A Ilha dos Amores (1982) ; Relação Fiel e Verdadeira (1989); Nuvem (1991) . Obra: Terra Imóvel; Os Sítios Sitiados; Ver Revista Relâmpago nº 18 sobre esta autora.
Jorge, Tomás (Luanda, 1929 -) Obra: Areal
Júdice,
Nuno nasceu em 1949, em Mexilhoeira Grande (Algarve). Formou-se em
Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa. É Professor Associado da
Universidade Nova de Lisboa na área de Literaturas Românicas Comparadas. Poeta
e ficcionista, a sua estreia literária ocorreu com A Noção de Poema, em 1972.
Recebeu os mais importantes prémios de poesia portugueses: Pen Clube, em 1985,
D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em 1990, e da Associação Portuguesa de
Escritores, em 1994, este último com o livro "Meditação sobre
ruínas", que foi publicado em França
Obra: O Tesouro da Rainha do Sabá (1984, Rolim); Por
Todos os Séculos (1999, Quetzal); A Ideia de Amor e Outros Contos
(2003, D. Quixote).
Júlio (José Júlio Reis Pereira)
– pseudónimo Saul Dias (1902-1983) [274].
Nascido em Vila do Conde. Pintor e poeta. Irmão de José Régio.
Junqueiro, Guerra[275] (Freixo de
Espada-à Cinta, 15/09/1850 - Lisboa, 1923). Formou-se em Direito aos 23 anos, em Coimbra, em
1873. Duas Páginas dos catorze anos (1864); Mysticae Nuptiae; Vozes
sem Eco; Baptismo de Amor – antes de perfazer 18 anos; Vitória da
França; À Espanha Livre; A Morte de D. João[276] (1874); A Musa em
Férias (1879); A Velhice do Padre Eterno (1885)[277]; Finis Patriae
(1891)[278]; Os Simples
(1892); Pátria (1896); Oração ao Pão (1902); Oração à Luz
(1904);
Kakueji, José
Samuila, nasceu a 15 de Agosto de 1943, em Cainda, Município do Alto Zambeze,
província do Moxico, onde fez os estudos primários.
Autor de Viximo, contos de Oratura e Luvale,
foi deputado à Assembleia do Povo de 1987 a 1992 e Director do Gabinete de
Imprensa do Governo Provincial do Moxico de 1992 a 1994.
Actualmente exerce o cargo de Inspector do
Ministerio da Educação e Cultura, no Moxico.
Sobre a inserção do estilo e identidade de J.S:
C, no programa da ficção angolana, Inocência Mata diz: “ sobre as narrativas de
tradição oral, ou de “expressão oral”, como prefere Lourenço do Rosário, se
constrói um outro subsistema literário angolano – não para recolher esse
manancial como Raul David ou José Samuila Cacueji que têm vindo,
privilegiadamente, a levar a efeito esse trabalho, às vezes na trilha do
senegalês Birago Diop. Com efeito, a construção desta feição estética reside no
resgate da riqueza do património etnográfico e dos valores tradicionais do
respeito oral para os ficcionalizar, levando – os à categoria da fábula, no
sentido aristotélico do conceito, num programa de consolidação dos alicerces da
literatura africana em universo (espaço – tempo – mundividência)africano. Neste
contexto citaríamos A Morte do Velho
Kipacaça, de Boaventura Cardoso, A
Konkhava de Feti ou Três Histórias
Populares, de Henrique Abranches, a níveis diferentes de ficcionalidade.
Estes textos são, parece – nos, exemplos de reinvenção e recodificação de
símbolos tradicionais e sua integração noutra realidade ficcional e ideológico
– política (leia-se Lenha Seca, de
Costa Andrade, por exemplo, e a ideologização histórica das estórias,
primitivamente missosso (na classificação de Héli Chatelain).”
Kalungano – Pseudónimo literário de Marcelino dos Santos
(Moçambique, 1929-). Colaboração na colectânea Poesia de Moçambique (CEI)
Kandijiumbo, Luís. Angola, Benguela, 1960. Poeta, ensaísta e
crítico literário. Obra: Apuros de Vigília (1988); Apologia de Kalitangi
(1997); Estrada da Secura (poesia).
Khosa, Ungulani B
Obra: Ualalapi(1990); Orgia dos Loucos (1990);
Knopfli, Rui[279
(Moçambique, Inhambane 1932-1997) Filho de colonos brancos, sai de Moçambique em 1975, pouco tempo antes da independência, pela qual lutara. Foi adido de imprensa da embaixada portuguesa, em Londres, graças ao amigo Almeida Santos. Obra: O País dos Outros (1959); Máquina de Areia (1964); Mangas Verdes com Sal (1972); A Ilha de Próspero (1972); O Escriba Acocorado (1978); O Corpo de Atena (1984)[280]; O Monhé das Cobras (1997)
Lacerda, Carlos Alberto Portugal Correia de (Ilha de Moçambique, 20.9 1928 - Londres, 26.8.2007). Veio para Lisboa em 1946. Fundou, com
David Mourão Ferreira, António Manuel Couto Viana, Ruy Cinatti, Luiz de Macedo,
Raul de Carvalho, Luís Amaro e António Ramos Rosa, as folhas de poesia
Távola Redonda. Em 1951, fixou-se em Londres trabalhando inicialmente como locutor. 77 Poemas (1955); Palácio (1961); Exílio
(1963); Selected Poems (1969);
Tauromaquia (1981); Oferenda I (1984); Elogio de Londres (1987); Meio-dia (1988) Prémio Pen Club); Sonetos
(1991); Oferendas II (1994).
Divulgador da Poesia Portuguesa em Inglaterra, Brasil e Estados Unidos da
América. Foi também professor.
Llansol, Maria Gabriela L
Nunes da Cunha Rodrigues Joaquim (Lisboa, 24 de Novembro de 1931 -
Sintra, 3 de Março de 2008). De ascendência espanhola,
licenciou-se em
Direito e em Ciências Pedagógicas, tendo trabalhado em áreas relacionadas com
problemas educacionais. Em 1965, abandonou Portugal para se fixar na Bélgica.
Regressou há alguns anos a Portugal.
Considerada uma autora cuja escrita é hermética e de difícil inteligibilidade
para o leitor comum, é, no entanto, apontada por muitos como um dos nomes mais
inovadores e importantes da ficção portuguesa contemporânea. – Obra: Diário II, Finita (1987)[290]; Um Beijo Dado Mais Tarde (romance,)[291]Onde Vais,
Drama-Poesia? Parasceve[292] (2001); O Livro das
Comunidades; O Senhor de Herbais (2003); O Começo de Um Livro É Preciso” (2003); Finita (2005); Amigo e Amiga.
Curso de Silêncio de 2004 (2006)[293]
Estela Guedes revela uma visão crítica da obra desta autora.[294]
Lapa, Manuel Rodrigues (Anadia, 1898-1989). Casapiano a partir dos 9 anos. Filólogo. Professora de Literatura portuguesa, sobretudo medieval. Colaborador da Seara Nova, de Câmara Reis. Afastado da Universidade por Salazar. Sofreu os interrogatórios degradantes da PIDE e passou pelo Aljube. Foi obrigado a exilar-se no Brasil. Em1963, exilado no Brasil, voltar a Portugal para continuar os seus trabalhos de investigação, mas acabou por ser novamente incomodado pela PIDE. Combateu a «pedagogia heróica» que se caracterizava por «rufos de tambor, marchas pelas ruas da cidade braços ao alto e a algazarra das canções agressivas.» Obra: Publica (1929) uma minuciosa crítica filológica sobre a edição de J.J. Nunes das Cantigas d’Amigo. Estilística da Língua Portuguesa (1945); Lições de Literatura Portuguesa.[295] Em 1966, edita Cantigas d’Escarnho e Mal Dizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses. Deve-se-lhe também a preparação do Livro de Falcoaria de Pêro Menino, 1931. Bibliografia: João Palma-Ferreira, DN, 2-4-1989
Lara, Alda (Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque). Nasceu em Benguela, Angola, a 9 de Junho de 1930 e faleceu em Cambambe, Angola, a 30 de Janeiro de 1962. Foi casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova veio para Lisboa onde concluiu o 7º ano dos liceus. Frequentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última.
Leal, Raul. Sodoma Divinizada.[297]
Leão, Ponce de ( ). Aluno do Liceu Camões. Em colaboração com Mário de Sá Carneiro escreveu a peça “Alma”.
Leiria, Mário-Henrique (2/1/1922-1/9/1980).
Em 1942, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes. Chegou tarde ao Surrealismo. 1947 – Em Lisboa, António Domingues, Alexandre O’Neill, João Moniz
Pereira e Mário Cesariny aderem ao Surrealismo. COMPREM PÊLOS NAS PERNAS;
ROMANCE EMPOLGANTE DE ALVES REDOL. Interessam-se pelo movimento José Cardoso
Pires, Jorge de Sena, Adolfo Casais Monteiro. E de forma apaixonada: Cândido
Costa Pinto, Vespeira, Fernando de Azevedo, António Pedro, José-Augusto França;
Pedro Oom, António Maria Lisboa, Henrique Risques Pereira. Os 3 últimos
formarão até 1949, um grupo à parte. Também Cruzeiro Seixas, António Areal,
Mário-Henrique Leiria, Carlos Calvet, Jorge Oliveira, Jorge Vieira, Carlos
Eurico da Costa, João Artur Silva. A partir de 1952, viajou pela Europa
Ocidental e de Leste(?), pelo Norte de África e pelo Médio Oriente. Entre 1959
e 1961, esteve casado com uma Alemã. Em 1961, foi viver para a América Latina.
Em 1970, regressou a Portugal, vivendo
Lello, Júlia (..). Licenciada em Filologia Românica pela
Universidade de Lisboa e Mestre em Literatura e Cultura Portuguesas, pela
Universidade Nova de Lisboa. Curso Superior de Teatro da Escola Superior de
Teatro e Cinema. Professora Adjunta da Escola Superior de Educação de Lisboa
(ESELx), Coordenadora da Área de Expressão Dramática. Tem desenvolvido
actividade teatral no seio de grupos como o Teatro Emarginato, a Oficina do
Grotesco, a Barraca, etc., assim como participou em espectáculos no Acarte, Cinearte,
Teatro Aberto e TNT. Colaborou em inúmeros eventos performativos e recitais de
poesia, em bibliotecas, livrarias, bares, sociedades culturais e escolas.
Obra:
Alguns Textos de Amor (1991); Amores de Príncipe (1990); Textos de Privação (poesia, 1984); Textos Pretextuais[299]
(Europress, 58 págs.)
Letria, José Jorge Alves
nasceu a 8 de Julho de 1951[300].
Estudou Direito e
História e é pós-graduado em Jornalismo Internacional. Deu os primeiros passos
no jornalismo no Diário de Lisboa, colaborando no suplemento «A Mosca» e
trabalhando depois em outros jornais. Foi, também, professor de jornalismo,
experiência da qual resultou a publicação de três livros sobre a matéria.
Letria, Joaquim –
jornalista[301]. Fez reportagem,
nomeadamente, na guerra colonial de Angola.
Liceu Vieira Dias – pai da música popular angolana. Esteve no
Tarrafal com Luandino Vieira…
Lima, Manuel dos Santos
(Angola, Vila Teixeira de Sousa /Bial, 1935-). Chegou a Lisboa, para estudar,
aos 12 anos (1947); frequentou o Liceu Camões; frequentou Direito. Foi
um dos responsáveis da Casa dos Estudantes do Império[302].
Em 1956, foi a Paris, em representação de Angola, ao I Congresso
Internacional de Escritores e Artistas Negros, realizado na Sorbonne[303]. Alistado, incorporou as fileiras dos comandos
Lisboa, António Maria. Nome grande do surrealismo. Texto “Erro Próprio”.
Lisboa, Eugénio. (Lourenço Marques, 1930 - Lisboa, 2024).Dedicou-se ao estudo da literatura portuguesa, particularmente do Neorrealismo, tendo lançado a primeira obra em 1957, "José Régio. Antologia, Nota Bibliográfica e Estudo", autor a quem dedicou muito do seu trabalho, seguindo-se, entre outros, "O Segundo Modernismo em Portugal" (1977) e "Poesia Portuguesa: do "Orpheu" ao Neorrealismo" (1980). Obra: Matéria Intensa;[3
Lisboa, Irene (Arruda dos Vinhos, 25-12-1892) – Lisboa, 25-11-1985)
José Rodrigues Miguéis
Loanda, Fernando Ferreira
(Angola ? - enterrado no dia 19/06/2002 no Rio de Janeiro). Obra: Signo da
Serpente, Lisboa, ed. Veja (2000). Notícia de Carlos Pacheco[308] que
não compreende por que motivo o poeta é apreciado em países como a Argentina, o
México e mesmo a Espanha e, por outro lado, é esquecido no espaço da lusofonia.
Considera-o um divulgador, além-fronteiras, da poesia brasileira. Fernando
Ferreira Loanda é um dos principais expoentes da geração de 45 brasileira (líder
dos Orfeus!). O poeta esperava pelo fim da guerra em Angola, porque Luanda era
o seu «lar primordial».
Lourenço, Frederico. Romance: Pode Um Desejo Imenso (2002)[309]; O Curso das Estrelas (Cotovia,
2003);
Lobo, António
Augusto da Fonseca (Murça, 1919 – Almada,
1.10.2009 ) Realizou os estudos liceais em Trás-os-Montes, licenciou-se
Lopes, Adília[312] Obra:
Mariposa Azul;
Lopes, Baltazar
Pseudónimo - Oswaldo Alcântara – (Cabo Verde, S. Nicolau, 23.04.1907- Lisboa, 28.05.1989) Foi um dos fundadores da revista «Claridade»[313].Obra: Chiquinho (1947); Cabo Verde visto por Gilberto Freyre (1956); O Dialecto Crioulo de Cabo Verde (1957); Antologia da Ficção Cabo-verdiana contemporânea (1961); Cântico da Manhã Futura (1986, Osvaldo Alcântara); Os trabalhos e os dias (1987, contos).[314]
Lopes, Carlos
Sociólogo guineense. Ver artigo: Democratizar
África ou africanizar a democracia?[315]
Lopes, Felisberto Vieira (pseudónimo literário – Kaoberdiano
Dambará -) (Cabo Verde, S. Tiago, 1937-) Obra: Noti (edição do PAIGC)
Lopes, Manuel (1907-2005)
Escritor cabo-verdiano. Obra[316]:
romance Chuva Braba (1958); O Galo que Cantou na Baía… (1959)
Lopes,
Nuno Garcia (Linhaceira, Tomar, 27.11.1965-). Um
dos pioneiros do suplemento DN Jovem. Lançou, em Tomar, O Contador de Histórias. Escreve poesia e contos para crianças.
Lopes, Óscar Luso de Freitas (Leça
da Palmeira, 2 out. 1917 – 23-03-2013). Irmão de Mécia, mulher de Jorge
de Sena. Professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Linguista,
Historiador de Literatura. Membro do Comité Central do Partido Comunista
Português, a que aderiu em 1945. Esteve ligado a todos os movimentos de
resistência ilegal ou semilegal desde 1942. Foi companheiro de prisão de
Agostinho Neto (A). Na Faculdade, teve colegas como Baltasar Lopes (CV). Entre
1951 e 1957, fez crítica literária n’O Comércio do Porto. A partir de 1953 deixou de ser professor de Literatura
por imposição do Estado Novo. Em 1958 e 1959, não pôde usar o seu nome, por
ordem da Censura. Passou a assinar «Luso de Freitas».
Licenciado em Filologia clássica
e em Ciências Histórico-Filosóficas, só depois do 25 de Abril de 1974, lhe
abriram as portas da universidade. Entre 1974 e 1976, foi diretor da Faculdade
de Letras do Porto, chegou mesmo a reitor, em regime de interinato, por
ausência do reitor, prof. Ruy Luís Gomes.
Foi promovido a professor de
catedrático, apesar de não ter um doutoramento formal, mediante o parecer de
Vitorino Nemésio e de Jacinto Prado Coelho.
Elogia Eça, Pessoa, Agustina
(apesar de reacionária), José Cardoso Pires. O poder político também o impediu
de ensinar no ensino secundário entre 1955 e 1957. Por isso também recorre aos
pseudónimos: Luso do Carmo ou Irene Gaspar. Membro do PCP, desde 1944.
Obra: Gramática Simbólica; História da Literatura Portuguesa ( coautor da 1ª
edição, 1955.[317]
Acredita que a língua portuguesa
pode ter um grande futuro na África Austral.
Na Guiné, o futuro será do crioulo. Em Cabo Verde, o português é a
língua tradicional de cultura, é a língua literária.
Lopes, Teresa Rita (Faro, 12 set.
1937-). Obra: Os Dedos os Dias as
Palavras (poesia, 1987)[318]Por assim dizer (1994); Cicatriz (1996); A nova descoberta de Timor (2002); A Fímbria da Fala (2002)
Lourenço, Eduardo de Faria Lourenço (S.
Pedro de Rio Seco, Almeida, Guarda, 23.5.1923 ). Porto – S. Pedro de Rio
Seco (infância) – Colégio Militar, Lisboa (adolescência) – Coimbra[319]
(1940), onde se licenciou. Ensaísta. 1944
– Licenciatura
A considerar: Retrato
(póstumo I e II) do nosso colonialismo inocente (ensaio escrito entre 1961 e
1963)[327] Temas interessantes:
colonização=civilização; a pequena Nação; o milagrismo – a hipertrofia da nossa
autoconsciência; reconquista; conquista; Os Lusíadas; fixação cultural no séc.
XVI (nefasta – a Nação Colonizadora; o Eterno Presente da alma portuguesa); a
exemplaridade da nossa Colonização[328]; províncias
/ colónias; uma colonização – outra (mito); mitologia colonial portuguesa
(falta de originalidade dos seus profetas); eurocentrismo; o
português-emigrante; a burguesia-intermediária e não criadora de riqueza; o
silêncio, esse é verdadeiramente original…
Sobre o ensaísmo: Há um ensaísmo de 3º grau. O primeiro era
constituído pelos ensaístas da geração de António Sérgio[329]. O
segundo é formado pelas pessoas da minha própria geração. Neste momento (JL, 27.03.1996), podemos falar
de uma intensa atividade ensaística em Portugal. O ensaio foi sempre o parente
pobre dos géneros literários, mas hoje essa tendência altera-se.
Lourenço, Frederico (1963 -) Obra: Pode um Desejo Imenso[330]
(2002); Amar não Acaba (2004); A Formosa Pintura do Mundo 2005); A Máquina do
Arcanjo[331] (2006). Tradutor de
Odisseia e da Ilíada.
Lourenço, Inês. Obra: Cicatriz
100% (1980); Um Quarto com Cidades ao
Fundo; A Enganosa Respiração da Manhã
(2003);
Loures, Carlos (Lisboa,
1937 -) Entre 1958 e 1960, foi coordenador da revista Pirâmide (3 números), em que colaboraram escritores surrealistas[332].
Obra: Arcano Solar (poesia, 1962); Talvez
um Grito (1985);[333]O Cárcere e o Prado Luminoso (1990); A Mão Incendiada (1995); A Sinfonia da Morte (2008)
Luandino Vieira (1935 -) O seu nome verdadeiro é José Vieira
Mateus da Graça. Nasceu na Lagoa do Furadouro, freguesia de Ourém, em
Portugal, a 4 de Maio de 1935.[334] Com
três anos de idade, embarcou com a família para Angola. Passou vários anos da
sua vida em contacto com os musseques (bairros periféricos de Luanda), de onde
retira o conhecimento e a experiência necessários para a elaboração dos seus
textos. Concluiu o liceu em Luanda. Trabalhou em diversas atividades,
nomeadamente na firma Robert Hudson.
Foi preso antes da guerra
colonial, em 1959. Acusado de ligações politicas com o Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), é preso em Luanda, em 1961. Com dois camaradas
poetas, António Jacinto e António Cardoso, andou de cadeia
Libertado, parte para Lisboa,
onde reside até 1975, regressando depois a Luanda para exercer tarefas de
direcção na Televisão, no Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA, no
Instituto Angolano de Cinema e na União dos Escritores Angolanos.
Tornou-se figura pública através
da revista “Cultura”, em 1957 e participou, ao longo dos anos, com a sua
literatura na luta pela independência de Angola. Desde 1993, vive no cimo do
monte sobre Vila Nova de Cerveira, nas terras do antigo Convento de Sampaio, do
seu amigo escultor José Rodrigues. Na última visita a Angola (2006),
reencontrou o amigo Uanhenga Xitu, com quem partilhou anos de campo de
concentração. Considera que Ruy Duarte de Carvalho é que merecia o
Prémio Camões: «Escreve num português fantástico, uma coisa bela, mesmo. E
é um intelectual polifacetado, cinema, artes plásticas, a sua formação de
antropólogo, aquele apego à terra, tudo isso faz dele um escritor extremamente
original ao ponto de baralhar os géneros.»
O seu nome literário, José
“Luandino” Vieira, é uma homenagem a Luanda (Luandino = Luanda), capital da
terra que ele escolheria como sua e que retrataria de maneira tocante na sua
obra.
As suas obras são especialmente
contos cujo espaço literário está centrado nos musseques, bairros pobres e,
portanto, vítimas da discriminação e opressão económica.
As suas obras contribuem para a
integração cultural e linguística de Angola. Os seus contos têm por função
ajudar a reconstruir a cultura de
um povo que, por muito tempo foi desenraizado e fragmentado.
As principais obras deste autor
são: A Cidade e a Infância (1960); Duas histórias de pequenos
burgueses (1961); Luuanda[336]
(1964)[337]; Velhas Histórias (1974); No
antigamente, na vida[338]
(1974) Vidas Novas (1975); Nós, os do Makulusu[339] (1975); Macandumba (1978); João
Vêncio: os seus amores (1979); Lourentinho,
Dona Antónia de Sousa Neto & eu (1981); De Rios Velhos e
Guerrilheiros – O Livro dos Rios[340]
(2006)
Prémio Camões 2006.
Lúcio, João –
Poeta Algarvio «O meu Algarve, preguiçoso e mole», o maior no dizer de Ramos
Rosa.
Mabunda, Gonçalo, , (Ang.) artista plástico. Il a récupéré les vieilles
armes de la guerre d’Angola pour fabriquer des fauteuils majestueux ou une
ironique tour Eiffel (Exp. Centre Pompidou,
2005)
Macedo, Hélder (30.11.1935- ) – Professor de Literatura Portuguesa no King’s
College de Londres. Obra: Vesperal (poesia, 1957); Nós: Uma Leitura de Cesário Verde; Do Significado Oculto da ‘Menina e Moça’;
Camões e a Viagem Iniciática; Partes
de África[341] (1991); Viagem de Inverno (Presença,
1995, poesia); Pedro e Paula (1998?)[342];
Macedo, Jorge
(Angola, Malange, 1941 - 2009) Obra: Itetembu
(poemas, 1965/66); Pai Ramos (1971);
As Mulheres (1970); Irmã Humanidade
(1973); Gente do meu Bairro (contos, 1977); Clima
do Povo (1977); Gente do meu Bairro; Voz
de Tambarino(1978); Geografia da Coragem; A Dimensão Africana da cultura
angolana (ensaio); Obreiros do Nacionalismo Angolano: O Ngola Ritmos (1986).
Ensaios: Página do Prado (1989);
Literatura Angolana e Texto Literário (1989); Poéticas da Literatura Angolana
(1989). O Livro das Batalhas (1993)[343]; O menino de olhos bimba (1999); Poesia Angolana
(2003).
Machado, Álvaro Manuel (Porto, 4.5.1940). Poeta,
ensaísta, professor. Obra: As Vozes e os Muros (poesia, 1960); Vento;
Exílio[344]; A geração de 70 e a
novelística portuguesa contemporânea; Poesia romântica Portuguesa (antologia,
1982)
Machado, Dinis Ramos (Lisboa,
21.3.1930- 3.10.2008). Viveu no Bairro Alto, na Rua do Norte, até aos 34
anos. Passou parte da vida no cinema Loreto, a ver filmes. Foi jornalista
desportivo. Foi chefe de redação da revista Tintim. Organizou os primeiros
festivais de cinema da Casa da Imprensa. Escreveu policiais, sob vários
pseudónimos, como, por exemplo, Dennis
McShade. Obra: A Mão Direita do Diabo
(1967); Requiem para D. Quixote
(1967); Mulher e Arma com Guitarra
Espanhola (1968);[345]O que Diz Molero (1977); Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel Garcia
Marquez (1984); Reduto Quase Final
(1989); Gráfico de Vendas com Orquídea (1999).
Machado, Hugo
Milhanas (Lisboa, 12.12.1984 -). http://hmmachado.blogspot.pt/
Machel, Samora (Moçambique,
1933-1986) Obra: Estabelecer o Poder Popular para Servir as Massas;
Produzir é Aprender. Aprender para Produzir e Lutar Melhor; A
Libertação da Mulher é uma Necessidade da Revolução, Garantia da Sua
Continuidade, Condição do Seu Triunfo. Período áureo de Samora: de 1978 a
1986[346],
ano em que morreu num desastre de aviação, depois de uma cimeira da Linha da
Frente.
Magalhães, Luís de
(1859-1935). Filho de José Estêvão, o grande tribuno e herói do liberalismo,
grande amigo de Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Antero de Quental. No
Porto, nos anos 80, foi um dos grandes entusiastas da VIDA NOVA. Esteve ao lado
de João Franco, na última tentativa de salvar a governação. Mais tarde
conspirou para a restauração da Monarquia, sendo encarcerado na Cadeia da
Relação do Porto, até ser libertado na sequência de defesa inflamada de Guerra
Junqueiro.
A residência de Luís de Magalhães
na Quinta do Mosteiro, em Moreira da Maia, eternizada na Correspondência de
Fradique Mendes como Refaldes, acolheu as maiores glórias do último quartel do
século XIX. Antero era visita habitual, assim como Oliveira Martins e Eça de
Queiroz.
Maia, Maria Helena (…) É licenciada em Filologia Germânica pela
Faculdade de Letras de Coimbra. Fez o mestrado em Línguas e Literaturas
Germânicas em Oxford, onde também cursou História de Arte. Foi colaboradora no New York Times e tem três títulos
publicados no domínio da ficção, dois romances e um conto incluído no livro Sete Mulheres, Sete Histórias, publicado pela Presença na coleção “Grandes Narrativas”.
Maimona, João
(Angola,
Quibocolo, Maquela do Zombo, Uíge, 1955 - ). Viveu no Zaire desde 1961
até 1976. Obra: Trajectória Obliterada (1985); Les Roses Perdues du Cunene
(1985); Traço de União (1987); As Abelhas do Dia (1989); Quando se ouvir o sino
das sementes (1993); Idade das Palavras (1997); Festa da Monarquia (2001);
Lugar e origem da beleza (2003).
Malangatana Valente Gwenha
: o guru da pintura moçambicana
Mangas, Francisco Duarte (
poeta e romancista)[347] –
Obra: Pequeno Livro da Terra
(1996); Diário de Link (1997); Geografia do Medo (1997)[348]; A
Fenda no Cavalo; O Coração Transido dos Mouros ( 2003); Transumância
(2003);
Manuel Tiago (Álvaro Cunhal, 1913-
13.6. 2005). Obra: Até amanhã,
Camaradas;
Mar, José Alberto. Obra: O Triângulo de
Ouro (1990)[349]
Mariano, Gabriel[350] (Cabo Verde, S. Nicolau, 1928 - 2002). Poeta, contista, ensaísta.
Margarido, Alfredo Augusto (1928-
2010). Natural da região de Vinhais. Frequentou a Escola de Belas-Artes
do Porto, chegando a fazer exposições de cerâmica e de pintura. Foi funcionário
público em África. Regressou a Portugal e seguiu depois para Paris, onde
estudou e veio a ser professor universitário. Foi um dos introdutores do nouveau
roman em Portugal. Estudioso de Fernando Pessoa e de literatura africana de
expressão portuguesa. Poeta e tradutor.
Escreveu obras de poesia, como Poemas com Rosas (1953), Poema Para Uma Bailarina Negra (1958); de ensaio — Teixeira de Pascoaes — A Obra e o Homem (1961), Marânus: Uma Linguagem Poética Quase Niilista (1976), O Novo Romance (1962, em colaboração com Portela Filho) e Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa (1980); e de ficção narrativa, como No Fundo Deste Canal (1960), A Centopeia (1961) e As Portas Ausentes (1963)
Marmelo e Silva,
José (Paúl, Covilhã, 1913
– Espinho, 11.10.1991). Licenciado em
Filologia clássica. Professor em Espinho. Colaborou nas revistas Presença, o
Diabo, a Seara Nova, no suplemento literário do Jornal de Notícias. Obra[351]: O Homem que Abjurou a Sociedade (1932, livro
que renegou); Sedução[352] (1937); Depoimento (1939); O Sonho e a Aventura ((1944); Adolescente
(1948); Adolescente Agrilhoado[353] (1958); O Ser e o Ter (1968); Anquilose
(1968); Desnudez Uivante (1983). Demarcou-se do neorrealismo[354], em 1967, no prefácio da 3ª edição de Adolescente
Agrilhoado.
Marmelo, Manuel
Jorge (1971-) – Obra: As Mulheres Deviam Vir Com Livro de Instruções; O Amor
é para os Parvos; Oito Cidades e uma Carta de Amor (2003); Aonde o Vento Me Levar (2006)
Marques, José Ferreira - Bichos do Mato (2003) [355]
Marques, Helena (1935, 16.6)
Obra: O Último Cais[356]Um
livro muito sofrido, escrito e reescrito… O original foi lido em primeiro lugar
por Maria Lúcia Lepecki que aconselhou a autora a reescrevê-lo a partir da
página 100.
Uma história romântica: Marcos e
Raquel formam o par amoroso ideal no séc. XIX até ao dobrar do (nosso) século…
a partir de um diário de bordo de um bisavô que foi médico de bordo…
«A madeira é a grande personagem
do meu livro (…) de finais do século XIX, princípios do séc. XX. Uma Madeira
que nessa época teve uma grande qualidade de vida.» Tento explicar o que é
viver numa ilha – a claustrofobia… A ilha e a mulher por vezes confundem-se
«Os escritores madeirenses não se
têm ocupado muito da Madeira. Ocupam-se de outras coisas – o Cabral Nascimento,
o Edmundo Bettencourt, o Herberto Hélder… No entanto, a ficção madeirense
dicou-se por Saias de Balão, de Ricardo Jardim… e que data de há mais de
cinquenta anos…
«Sou uma católica convicta, que,
se tem tido épocas de afastamento e dúvidas, elas relacionam-se sempre com a
hierarquia da igreja e nunca com a sua essência.»
Foi a primeira mulher jornalista
na Madeira. 1957. Tinha 21 anos.
«Eu sou daquela geração em que
ser jornalista exigia uma escrita despida de adjetivação, rigorosa, contida.
Todas as notícias tinham de ser confirmadas em duas fontes para nós nos
atrevermos a publicá-las.»
«Acho que os
jornalistas-escritores – O Fernando Dacosta, o João Aguiar, o Guilherme de
Melo, a Alice Vieira, trouxeram uma dimensão nova à escrita de ficção. Não só
devido à sua própria personalidade, mas também à experiência profissional. O
jornalismo é uma grande escola de vida e de escrita, dá-nos um contacto muito
imediato e próximo com a realidade. E isso não tem preço.»
Deixou a Madeira em 1971, com 35
anos… (agora tem uma casa no Vale de Santarém)
Martins, Albano Dias (1930-2018). Foi um dos fundadores da revista Árvore,
e colaborador das revistas Colóquio Letras e Nova Renascença.
Obra:
1950 - Secura Verde; 1967 - Coração de Bússola; 1974 - Em Tempo e Memória; 1979
- Paralelo ao Vento; 1980 - Inconcretos Domínios; 1982 - A Margem do Azul; 1983
- Os Remos Escaldantes; 1987 - Poemas do Retorno; 1987 - A Voz do Chorinho ou
os Apelos da Memória; 1988 - Vertical o Desejo; 1989 - Rodomel Rododendro; 1990
- Vocação do Silêncio, Poesia 1950-1981; 1990 - Os Patamares da Memória; 1992 -
Entre a Cicuta e o Mosto; 1993 - Uma Colina para os Lábios; 1995 - Com as
Flores do Salgueiro; 1996 - O Mesmo Nome; 1998 - O Espaço Partilhado; 1998 - A
Voz do Olhar; 1999 - Escrito a Vermelho; 2000 - Agenda Poética 2000 Albano
Martins; 2000 - Antologia Poética; 2000 - Assim São as Algas. Poesia 1950-2000;
2001 - Castália e Outros Poemas; 2004 - Três Poemas de Amor Seguidos de Livro
Quarto; 2004 - Frágeis São as Palavras; 2005 - Agenda Poética 2005; 2006 -
Palinódias, Palimpsestos.
Martins, Fernando Cabral (Mangualde,
1950 -). Obra: Substâncias (1985); Ao Cair da Noite; Cesário
Verde ou a Transformação do Mundo (1988); Antologia Comparativa da
Poesia de Álvaro de Campos e Antologia Simbolista Portuguesa (1990); A Cidade
vermelha. (1991)[357]
Martins, Filipa
(1982 -) Obra: Elogio do Passeio Público[358];
Quanta Terra.
Martins, Ovídio (Cabo Verde, S. Tiago, 1928) Obra:
Caminhada
Mata, Inocência –
Obra: Literatura Angolana – Silêncios e Falas de Uma Voz Inquieta[359];
Mattoso, José (Leiria, 22.01.1933
-2023)
A sua experiência mística iniciou-a aos 12 anos. Levou-o
ao encontro dos franciscanos e ao contacto com a vida conventual. Mas
perdera-se a prática do que pregava o Povorello… (…) O desgosto leva-o a bater
à porta do mosteiro de Singeverga, tinha 17 anos, donde sairá em 1968, formado
em Ciências Históricas pela Universidade de Lovaina – e impedido da prática de
monaquismo simples a que aspirava. Ainda procura no Mosteiro de Montserrat, em
Espanha, mas mesmo então, o que pensa e o que encontra não se coadunam.
[a parábola do homem, dos tigres e da amora][360]
Fragmentos de Uma Composição Medieval (1987)
Porque é impossível «reduzir o real a formas
discursivas», porque «as palavras nunca serão coisas», «a colagem da realidade
aos modelos é necessariamente deturpante: torna a história uma mecânica, tenta
transformar a abstracção em realidade.»
«Os documentos medievais (…) são a voz de indivíduos
concretos, ainda que anónimos, integrados em grupos sociais igualmente
concretos, e muitas vezes antagónicos. Daí a importância da atribuição dos
discursos, preocupação a que se deve boa parte da clareza e da fecundidade dos
estud31os reunidos neste livro.»
O papel das ordens religiosas na fundação de Portugal,
após AFONSO VI DE CASTELATER CONFIADO A um único conde os condados de Coimbra e
de Portugal (Portugal, a norte do Douro até ao Minho)…ordem de Clunny e ordem
dos Templários
Medina, Miguel (Lisboa 1951 - Lisboa 2006). Era filho do médico psiquiatra Fernando
Medina e da poetisa Maria Eugénia Cunhal.
Obra: Além do Maar[361]
Publicado em 1990 pelo Círculo de
Leitores, tendo recebido o respetivo prémio…
Construído sobre textos que
relatam a ida dos Gamas e das suas equipagens à Índia…, numa categoria cada vez
mais na moda o «romance histórico». Ver A Quinta das Virtudes, de Mário
Cláudio, A História do Cerco de Lisboa, de Saramago, Évora e os Dias
da Guerra, de Mário Ventura, e Razões do Coração, de Álvaro Guerra.
S. Bruno aproxima este romance do
de Álvaro Guerra que estaria sob a influência de Camilo Castelo Branco, Arnaldo
Gama, Alexandre Herculano e Carlos Malheiro Dias no modo de tratar as Invasões
Francesas… Medina não busca essa reconstituição história de modo tão cerrado,
talvez devido à distância cronológica. Como criar um estilo de escrita a imitar
as ‘práticas daquela época’?
«Os segmentos narrativos,
apresentando diversos momentos da viagem de Vasco da Gama, parecem querer
registar quadros variados de vários diálogos estabelecidos entre os portugueses
e os povos que foram visitando…»
O romance "Cavalos
brancos com espuma", "Tempo parado" (contos), "Três
histórias à lareira" (contos musicados) ou "Esboços",
uma obra documental que reúne em dois volumes depoimentos de presos políticos
do regime de Salazar e Marcelo Caetano, são outras das obras de Miguel Medina
publicadas.
Melo, Filipa Obra: Este
É o Meu Corpo (2001);
Melo, José Dias de (Calheta
de Nesquim, Lajes, Ilha do Pico, 8 de abril de 1925 - São José, Ponta Delgada,
24 de setembro de 2008
Obra:
Toadas do Mar e da Terra, poesia
(1954)
Mar Rubro, crónicas romanceadas
(1998)
Antologia poética (1962)
Pedras Negras, narrativa (1964)
Cidade Cinzenta, contos e
crónicas (1971)
Tentativas de Teatro na Escola,
dissertação didático-pedagógica (1973)
Na Noite Silenciosa, poesia
(1973)
Mar pela Proa, romance (1976)
Vinde e Vede, contos e crónicas
(1983)
Vida Vivida em Terras de
Baleeiros, crónica (1985)
Na Memória das Gentes, Livro I,
etnografia (1985)
Uma Estrela nas Mãos do Homem,
conto (1986)
Lira Nossa Senhora Calhetense,
monografia (1988)
Das Velas de Lona às Asas de
Alumínio, crónicas de viagem (1990) [362]
Na Memória das Gentes, Livro II,
etnografia (1991)
Na Memória das Gentes, Livro III,
etnografia (contos populares) (1991)
Nem Todos Têm Natal, novela
(1991)
O Menino Deixou de Ser Menino, novela
(1992)
Tempos Últimos, romance (1992)
Aquém e Além-Canal, crónicas
(1992)
A Viagem do Medo Maior, novela
(1993)
Pena Dela Saudades de Mim, contos
(1994)
Crónicas do Alto da Rocha do
Canto da Baía, crónicas (1995)
Inverno sem Primavera, estórias
(1996)
O Autógrafo, romance (1999)
Reviver: Na Festa da Vida a Festa
da Morte, narrativa (2000)
À Boquinha da Noite, crónicas
(2001)
Milhas Contadas, romance (2002)
Poeira do Caminho, crónicas
(2004)
Melo, João[363]
João de (Achadinha, S. Miguel, Açores - 4 de Fev. de 1949). Em 1960, veio
estudar para o Continente, fixando-se em Lisboa em 1967. Participou na guerra
colonial durante 27 meses. Desde Fevereiro de 2002, exerce funções de
conselheiro cultural na embaixada de Portugal
Melo, João
Aníbal João da Silva Melo (Angola,
Luanda, 5.9.1955 -) Obra: Definição, 1985; Fabulema, 1986; Poemas Angolanos
(1989); Tanto Amor (1989); Canção Nosso Tempo (1989); O Caçador de Nuvens (1993); O
Homem que não tira o palito da boca (2009). É atualmente (4.9.2018)
ministro da comunicação social de Angola.
Melo, José Dias de (Calheta de Nesquim, 8 de Abril de 1925 – Ponta
Delgada, 24 de Setembro de 2008). Obra[370]: Toadas do Mar e da Terra (1954); Mar Rubro (1958); Pedras Negras (1964)[371]; Mar Pela Proa; Das Velas de Lona às Asas de Alumínio (1990)[372]; Na Memória das Gentes (1985-1991); O Autógrafo (1999); Milhas Contadas (2002); Poeira
do Caminho (2004);
Mello, Pedro Homem de (6/9/1904 –
5/3/1984). Influenciado por António Botto e Frederico Garcia Lorca.
Colaborador da revista Presença.
Melo, Jorge Silva. Foi aluno de João Bénard da Costa[373] no
Liceu Camões, em 1963/64.
Mendes, Abílio Teixeira –
Henda Xala;
Mendes, Augusto Oliveira (Tramagal,
1959-2000)[374] Poeta e tradutor do
castelhano. Fundador da revista ibérica “Canal” (nº1, Março, 1988) Obra:
A Noite Embriagada; Emily e os Blues; Poemas dos Aranhiços nos Olivais do Sul (livro póstumo, 2001, Black
Sun)
Mendes de Carvalho, (1927-
fev.1988). Obra: Camaleões Altifalantes[375]; a
10ª Turista (peça de teatro); Aventuras de Animais & Outros Como Tais[376];
Mendes, Manuel[377]
(1906-1969). Roteiro Sentimental, Douro[378];
Mendes, Pedro Rosa. Obra: Baía
dos Tigres[379]; Ilhas de Fogo[380] (2002);
Atlântico (romance a sair); Lenin
Oil (2006)
Mendonça, José Tolentino de (Machico,
1962 - ) Obra: Longe Não Sabia (poesia, 1997); Tobias e o Anjo[381];
Mestre, David (pseud. de Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga)
faleceu em Almada, no Hospital
Garcia da Orta, onde estava internado desde quarta-feira, em consequência de
um acidente vascular cerebral. Tinha 49 anos. No caso dele foi uma vida
longa. David Mestre, como passou a ser conhecido após a publicação do seu segundo
livro, "Crónicas do Gheto", em 1972, chamava-se na realidade Luís
Filipe Guimarães da Mota Veiga, e era natural da Loures, Portugal. Foi para
Angola com apenas oito meses e pouco depois viu o pai assassinar a mãe. A
tragédia, o azar, a desgraça (o que lhe quisermos chamar) nunca mais lhe
largou as canelas. Mas ele sempre a tratou (à desgraça) com surpreendente
insolência e bom-humor. Preso por se recusar a cumprir o serviço militar no
exército colonial, fugiu 14 vezes, sendo finalmente libertado com o 25 de
Abril. Ao contrário da maioria dos presos políticos angolanos não gostava de
se vangloriar do tempo que passou na cadeia. Durante o regime de partido
único, numa visita ao Brasil, enquadrado numa delegação de escritores,
recusou mesmo o rótulo de preso político: "Se me chamassem agora para ir
para a tropa eu voltava a recusar. Eu não gosto é dos tropas."
Jornalista e crítico do regime Após a independência de Angola, publicou mais
três livros de poesia, "Do Canto à Idade" (1977), "Nas Barbas
do Bando" (1985) e "Subscrito a Giz" (1996), criando uma obra
singularmente perturbadora, e afirmando-se, ao lado de Ruy Duarte de
Carvalho, como uma das vozes mais importantes da moderna poesia angolana.
Simultaneamente David Mestre distinguiu-se como crítico literário. "Nem
Tudo é Poesia" (1987), e, mais recentemente "Lusografias
Crioulas" (1997), recolhem textos e ensaios dispersos ao longo de muitos
anos por jornais e revistas de todo o espaço lusófono. Actualmente trabalhava
num segundo volume de "Lusografias Crioulas", procurando demonstrar
a proximidade e a comum natureza mestiça das literaturas de língua
portuguesa. Entre 1991 e 1992, David Mestre foi director do Jornal de Angola,
cargo que viria a abandonar por dificuldade em lidar com o poder político.
"Iluminou-se-lhe agora com cérebro com um relâmpago de sangue e assim
vai ele", disse muito emocionado o poeta moçambicano Luís Carlos
Patraquim, ao ser informado ontem de manhã, pela RDP-África, do súbito
falecimento de David Mestre. Em Luanda, a morte de David Mestre, foi recebida
com relativa frieza. Após deixar Angola, refugiando-se em Portugal com uma
bolsa de criação literária que lhe foi atribuída pela Cooperação Portuguesa
(presentemente trabalhava como revisor no jornal "24 Horas"), David
Mestre denunciou em público o autoritarismo e a incompetência do regime
angolano, o que enfureceu os dirigentes do MPLA e os intelectuais próximos
daquele partido. Assim, a escritora Gabriela Antunes, entrevistada ontem pela
rádio Luanda Antena Comercial, LAC, tentou diminuir o prestígio e a
importância do escritor: "Essa notícia não me surpreende devido ao
estilo de vida dele". |
Jornal O Público, 13Jun98
Mestre, Joaquim. Obra: A Cega da Casa do Boiro (2001)[382];
Mexia, Pedro – Um autor em
que o olhar precede o discurso. Duplo Império (1999); Em Memória
(2000)[383];
Miguéis, José Rodrigues (Lisboa, Rua
da Saudade, nº 12, 3º, 1901- Nova Iorque, 27.10.1980). Estudou no Colégio Francês, nos liceus Camões
e Gil Vicente e na Faculdade de Direito de Lisboa. Em 1921, integra o grupo da Seara Nova[384]. Em
1922, colabora na Alma Nova.
Colabora no Guia de Portugal, de Raul Proença (1924). Requer a nomeação para
professor do liceu Gil Vicente; é advogado e episodicamente ajudante de notário
e subdelegado (do Ministério Público em Setúbal (1926). Em 1928, conhece Camila
Campanella, residente nos Estados Unidos desde os 10 anos. Em 1929, vai para a
Bélgica, especializar-se em pedagogia (licencia-se em 1933 pela Universidade
Livre de Bruxelas. Em 1930, polémica com Castelo Branco Chaves e António Sérgio
na Seara Nova. Em 1931, de regresso a Lisboa, assume uma posição de simpatia
para com a revolução soviética (carta a Sarmento Pimentel). Em 1932, casa com
Peccia Cogan Portnoi, que conhecera em Bruxelas. Em Junho de 1935, parte para os E.U.A. Traduz A Abadessa de Castro,
de Stendhal. A sua novela “A Mancha não se Apaga” é incluída numa antologia
(?). Em 1936, retoma o contacto com O
Diabo, sob a direcção de Rodrigues Lapa. Defende a causa republicana na
guerra civil de Espanha. 1938, reaparece temporariamente nas colunas da Seara Nova. Em 1940, consuma-se o seu
divórcio e casa, a 6 de Junho, com Camila Campanella. Publica Léa, na Revista Portugal, dirigida por Vitorino
Nemésio. A 16 de Novembro de 1942
adquire a nacionalidade norte americana e inicia a sua colaboração nas
Selecções Reader’Digest. Colabora na Time e na Life. Em 1944, o casal adopta
Patrícia, com 4 anos de idade. Em 1945, Miguéis adoece gravemente, experiência
que contará numa narrativa autobiográfica Um
Homem Sorri à Morte Com Meia Cara. Vem a Portugal, em 1946. Em 1947,
regressa aos EUA (Nova Iorque) e ao Reader’s Digest como colaborador
independente. Em 1949, parte com a família para o Rio de Janeiro, onde continua
a colaborar com a Reader’s Digest. Em 1950, regressa a Nova Iorque. Em 1952,
faz uma breve visita a Portugal. Colabora na edição em português da revista
técnica agrária
Influências: Camilo
Castelo-Branco, Eça de Queirós, Raul Brandão, Dostoievski, Raul Proença,
Cesário Verde. Obra: Páscoa Feliz[385]
(1932); O ensino de crianças anormais,
retardadas ou insuficientes, na Bélgica (1933); Folhetim Uma Aventura Inquietante[386]
(N’O Diabo, 1934-1936); Conto O Acidente
(in O Diabo, 1935); A Mensagem da
Juventude (Gládio, dirigido por
Mário Dionísio, 1935); Conto “Beleza
Orgulhosa” (Rio de Janeiro e Lisboa, 1942); Arroz do Céu (1947, 1ª versão);
Lisboa, Cidade Triste e Alegre[387];; Onde a Noite se Acaba (Brasil, 1946); Saudades para Dona Genciana (1956); O Natal Clandestino (1957); Leah e Outras Histórias (1958)[388]; Uma Aventura Inquietante (1958); Um Homem Sorri à Morte – Com meia Cara[389]
(1959); O Passageiro do Expresso (teatro, 1960); A Escola do Paraíso[390]
(1960); Conto O Crime Perfeito
(1961); Tradução alemã de O Acidente
(1962); Gente da Terceira Classe
(1962); Tradução para italiano do conto
Saudades para Dona Genciana (1963); É
Proibido Apontar – Reflexões de um Burguês I [391](1964);
Nikalai! Nikalai (1971); A Múmia [392](1971);
O Espelho Poliédrico (1973); Comércio com o Inimigo (1973); Conto O Interruptor (1974); As
Harmonias do “Canelão”: Reflexões de um Burguês II (1974); Milagre Segundo Salomé (1975)[393]; Poema Os
Mortos (1980); Idealista no Mundo
Real[394] (1986); O Pão não Cai do Céu
(1981)[395]; Os Pass(ç)os Confusos (1982);
Uma Flor na Campa de Raul Proença (1985); Aforismos & Desaforismos de Aparício (1996);
Mira, Joseia Matos (pseudónimo
literário de Maria José Matos Mira, Baleizão, 1945-) Filologia românica.
Professora no Canadá, após 1974 e na Faculdade de Letras de Lisboa… Obra: O
Cavaleiro e a Serpente; Exílios (contos); A Senhora das Sete Luas; Lugar
Solitário (poesia); Le Voyage (contos); Vida e Morte do Fidalgo de Baleizão
(conto); Trans-lúcido (poesia); Medos (contos); Os Dias Invisíveis (2006).
Monteiro, Ofélia Paiva (Porto, 1935-2018). Foi assistente do
professor Costa Pimpão.
Morais, Manuel Fragata de (Angola, Uíge, 16.11,1941 -) Obra: “Como Iam as Velhas Saber” (Instituto Nacional do
Livro e do Disco – INALD); “A Seiva” (INALD); “Inkuna Minha Terra” (União dos
Escritores Angolanos – Menção Honrosa Prémio Sonangol de Literatura);
“Jindunguices” (INALD – Prémio Literário Sagrada Esperança); “Momento de
Ilusão” (Campo das Letras); “Amor de Perdição” (Chá de Caxinde); “Antologia
Panorâmica de Textos Dramáticos” (INALD); “A Sonhar Se Fez Verdade” (INALD); A
Prece dos Mal Amados ( Campo das Letras, Porto, 2005)
Moura, Vasco Graça (Foz do Douro, 1942 -) – Modo Mudando (
poesia satírica, 1963)[396]; Semana
Inglesa (1966); O Mês de Dezembro
(1977) Sonetos de Shakespeare
(trad.1977); A Variação dos Semestres
deste Ano (1981); Nó Cego (1982); A
Morte de Ninguém; 50 Poemas de
Gottfried Benn[397]
(1982) Os Rostos Comunicantes (1984); Quatro Últimas Canções
(1987); A Furiosa Paixão pelo Tangível
(poesia)[398]; Naufrágio de Sepúlveda (1988); Partida
de Sofonisba às Seis e Doze da Manhã (1993); Sonetos Familiares
(1994) Nó Cego, o Regresso (1982 /2000[399]); Meu
Amor, Era de Noite (2001); Enigma de Zulmira (2002); [400]Lacoonte, Rimas Vária, Andamentos Graves
(2005); Poesia 2001/2005 (2006)
Msaho
Folha de poesia. 1952,
Moçambique. Vergílio de Lemos define ‘uma corrente distinta e diferenciada com
raízes moçambicanas’ como ‘uma força resultante do contacto com elementos
nativos’ – o conceito de moçambicanidade. Já antes, no jornal Itinerário (de 1941 a 1955) outras
individualidades tinham defendido o mesmo princípio. Em 1918, os irmãos
Albasini tinham fundado ‘O Brado
Africano’. Os mentores deste grupo são ainda Estácio Dias, Karel Pott e
José Neto, todos ligados ao Grémio Africano. ‘O Brado Africano’ é um jornal bilingue- português e ronga,
conduzido por indivíduos ditos assimilados, da pequena burguesia urbana.
Mutimati Barnabé João
(pseudónimo de António Quadros).
Namora, Fernando Gonçalves (Condeixa-a-Nova,
15.04.1919-31.01.1989). Médico, escritor, cronista... Obra: As Sete Partidas do Mundo (1938); Fogo
da Noite Escura; Casa da Malta
(1945); Minas de S. Francisco (1946);
Retalhos da Vida de um Médico; A Nave de Pedra. Terá, como presidente do
Instituto de Cultura Portuguesa, criado a Biblioteca Breve (orientada
por Álvaro Salema).
Namorado, Joaquim Vitorino (Alter do
Chão, 30.06.1914-30.12.1986). Licenciado em Ciências Matemáticas pela
Universidade de Coimbra. Foi o companheiro de todas as aventuras culturais,
desencadeadas em Coimbra, desde o final dos anos 30 até 1986[401].
Militante comunista, orador arrebatado. Foi, também, ele com Carlos de
Oliveira, um dos combatentes antifascistas que, quando a Península esteve
ameaçada de invasão pelas tropas nazis, organizou uma rede de resistência
armada, tendo, estabelecido relações com outro resistente famoso: Roger
Vailland. Colaborador de Sol Nascente, Vértice, de que foi redator e principal
responsável durante décadas, até 1981), Seara Nova; Gazeta Musical & de
Todas as Artes, Diário de Lisboa, Diário… Com Carlos de Oliveira, criou a
coleção «Galo», na qual saiu Poesia I, de José Gomes Ferreira. Também publicou
a «Praça da Canção», de Manuel Alegre; e XVI Desenhos de Júlio Pomar, em 1948,
com texto de Mário Dionísio. E ainda “Cuidar dos Vivos”, de Fernando Assis
Pacheco. Em 1941, publicou no Novo
Cancioneiro, “Aviso à Navegação”, porventura a sua mais significativa obra.
Publicou ainda “A Poesia Necessária” (1966), “Incomodidade” (1945), “Vida e
Obra de Frederico Garcia Lorca”. Joaquim Namorado terá sido o polarizador das
energias do grupo neo-realista.[402]
Proibido de leccionar no ensino oficial e particular pelo Estado Novo viveu
como explicador de Matemática de sucessivas gerações… Só depois do 25 de Abril
pode leccionar na Faculdade de Ciências de Coimbra, apesar de alguma oposição
de um governo socialista. Joaquim Namorado fazia tertúlia n’A Brasileira da Rua
Ferreira Borges.[403]
Nassar, Raduan ( Brasil, 27-11-1935). Obra: Menina a Caminho
(conto, 1961); Lavoura Arcaica (1975); Um Copo de Cólera (1978). De ascendência
libanesa, amigo de Hamilton Trevisan, terá acabado por trocar a literatura pela
criação de galinhas(?)
Nava, Luís Miguel. Obra: Poemas[404] O
principal traço da sua poesia é a expressão da violência, tendo como contraface
a presença de formas da harmonia.[405]
Navarro, António Modesto –
Ir à Guerra;
Ncomo, Barnabé Lucas. (MOC.) Obra: Uria Simango – Um homem, uma causa,[406]
Edições Novafrica, 2004
Negreiros, Almada (7 de Abril de
1893, Roça da Saudade / São Tomé -
Lisboa, 15 de Junho de 1970). Natural da, onde nasceu a 7 de Abril de
1893. Veio para Portugal em 1900 para ser internado num colégio de Jesuítas.
Estudou pintura em Paris e tornou-se colaborador das revistas que marcaram a
agenda do seu tempo: O Orpheu a Contemporânea e o Portugal Futurista. A Cena
do Ódia (1915); em 1917, publicou duas obras: o panfleto “K4 O Quadrado Azul” e a novela “A
Engomadeira”. Nome de Guerra
(1925 / 1938). Entre 1927 e 1932, viveu
Nemésio, Vitorino (Açores, Praia da
Vitória, 19.12.1901- 20.2.1978). Jornalista (A-Pátria).[407]
Fundou, em Coimbra, com Afonso Duarte “O Tríptico”. Fundou a “Revista de
Portugal” (1937-1940).[408]Foi
leitor em Montpellier (1935-1939) e em Bruxelas, a partir de 1939. Foi
professor na Universidade da Bahia. Obra: Canto Matinal (1916); Poesia I. II,
III; Contos “Paço do Milhafre” (1924) e “O Mistério do Paço do Milhafre
(1949)”; Varanda de Pilatos (romance, 1927); “
Neorrealismo[410].
Figuras: Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Fernando Namora, João José
Cochofel, Mário Dionísio, Faure da Rosa, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca,
Júlio Graça, Júlio
Pomar, Lima de Freitas, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Manuel Ribeiro de
Pavia, Nikias Skapinakis (artes plásticas), Fernando Lopes e Manuel
Guimarães (cinema) Fernando Lopes Graça[411]
(música), Joaquim Namorado. Pode situar-se entre finais de 1930 e princípios da
década de 70. Movimento antifascista de oposição ao regime salazarista.
Precursores: Assis Esperança, Ferreira de Castro e Aquilino Ribeiro. Inventário
temático[412]: a) denúncia das
condições infra-humanas de existência do campesinato e de uma parte do
lumpen-proletariado lisboeta (Manuel da Fonseca no primeiro caso, Aleixo
Ribeiro e Leão Penedo no segundo); com uma passagem pela investigação das
condições em que os camponeses se transformam em operários industriais (Engrenagem de Soeiro Pereira Gomes,
seguido mais tarde por Buza de Júlio
Graça); inventário das misérias morais, assim como das dificuldades perante a
modernização do aparelho de produção da pequena e média burguesias (por
exemplo, em Carlos de Oliveira); inventário da má consciência da burguesia (Uma Abelha na Chuva, de Carlos de
Oliveira; O Delfim, de José Cardoso
Pires; mas, sobretudo, Angústia para o
Jantar, de Luís Sttau Monteiro); enfim, descrição das condições de
existência das regiões periféricas do industrialismo, sobretudo no caso de
Romeu Correia ou até de Manuel Ferreira. (…) Com o neorrealismo, o Centro e o
Sul do país irrompem de maneira definitiva no campo da ficção portuguesa. O
Alentejo surge em Manuel da Fonseca, Garibaldino de Andrade, Antunes da Silva,
Fernando Namora e Urbano Tavares Rodrigues (Moura). Ver também desenhador neorrealista
– Manuel Ribeiro de Pavia. Pequito Rebelo criara o mito de que o Alentejo era o
«celeiro de Portugal» e os neorrealistas subscreveram-no. Ver trabalho teórico
de Álvaro Cunhal nos anos
Neto,
António Agostinho (17.09.1922 – 10.09.1979)[413] –
ver traços do “manifesto da negritude”[414].
Obra: Poemas (CEI, 1961); “Sagrada Esperança” (1974). Ver papel de
Arménio Ferreira na fuga de Agostinho Neto em 1962, da doca de Pedrouços. Antes
estivera preso no Aljube. Nito Alves, o líder da “Revolta Activa”, morto no
golpe de 27 de Maio de 1977, foi apoiado pelo PCP (Costa Martins e outros).
Agostinho Neto. Morreu pobre.
Neto, Eugénia (Trás-os-Montes, 1934 -). Por volta de 1948,
num círculo de intelectuais africanos, conheceu Agostinho Neto, com quem casou.[415]
Obra: Poemas (CEI, 1961); Sagrada Esperança (1974); O Soar dos Quissanges
(50 poemas inéditos + Este é o Canto /1998), Lisboa, Vela Branca... Em 2007,
promove a criação, em Luanda, da Fundação Agostinho Neto a 14/9/2007.
Neto, Irene Alexandra
(Angola). Obra: Angola, à flor da pele (1998)
Neves, Joaquim Pacheco (Vila de
Conde, 1910-1998). Obra[416]:
História do Desencanto (Influência de Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho);
Contos Sombrios (1943); Sinfonia Burlesca (1956); História do Desespero (1972).
Sofreu também influência do sobrenatural burlesco
Neves, Manuel (cónego)Manuel Joaquim Mendes das Neves[417]. (Angola, Golungo Alto, 25.1.1896 – Soutelo, Noviciado
dos Padres Jesuítas, 11.12.1966). Da UPA? Os seus restos mortais
regressaram a Angola (5.7.1994). Interlocutor privilegiado do cónego: o padre
Pinto de Andrade (1961). Defendia o levantamento da colónia contra a metrópole
e entendia que bastava «ter armas brancas e jornalistas estrangeiros
contactados, isto na sequência do assalto ao navio Santa Maria, protagonizado
por Henrique Galvão… Luanda enchera-se de jornalistas estrangeiros. Entretanto,
encontrara-se com Adlai Stevenson, representante do presidente Eisenhower à
Conferência de Bandung. Depois do levantamento e início da guerra no Norte de
Angola, em 15 de março de 1961, a PIDE não hesitou: Manuel das Neves foi detido
a 23 de março, deportado para a cadeia do Aljube, em Lisboa, no mês seguinte.[418] O
seu trajeto religioso confundia-se com a vontade de intervenção política:
representou as populações indígenas no Conselho do Governo e no Conselho
Legislativo de Angola, entre 1954 e 1958, considerando que devia usar esse meio
para defesa dos «condenados da terra», e presidiu à Liga Nacional Africana, uma
associação que congregava os independentistas angolanos, onde também defendeu a
extensão do ensino a toda a população.
Neves, Orlando (1935-2005).
Jornalista, diretor de editoras, tradutor, encenador. Autor de poesia,
narrativa, teatro… Obra: Morte em Vila
Viçosa[419]
Ngungunhana Ascende ao poder em 1884, o último
imperador do Estado de Gaza, fundado pelo seu avô, Sochangana (ou Manicusse),
em 1821. O Estado de Gaza foi extinto em 1895. Portugal debatia-se com o
infausto Ultimatum de 1890 e a rainha Victoria, através da British South
African Company, de Cecil Rhodes, apoiava Ngungunhana e a sua tribo: os vátuas.
Em 1896, como corolário das chamadas «campanhas de pacificação», Mouzinho de
Albuquerque, 45 anos, captura Ngungunhana.[420]
Ningi, Frederico
(Angola,
Benguela 17.02.1959 - ) Poeta, fotógrafo, artista plástico, jornalista.
Obra: Os Címbalos dos Mudos (1994); Infindos nas Ondas (1998)
Noronha, Carmo de
Goa. Obra: Contracorrente.
É um inconformista e um contestatário de cepa lusa. É um crítico social, cheio
de erudição linguística.[421]
Noronha, Rui
(Moçambique, 1909). Obra: Sonetos.
Norton, Cristina
(1949 - ). Obra: O Segredo da Bastarda (2002); A Casa do Sal (2006)[422].
Nunes, Rui[423](Nov.1947-) Viveu na Áustria. Cursou Filosofia.
Considerações do autor: «Nos meus livros, só consigo falar do que vivi, porque
o meu conhecimento das coisas é um conhecimento pela emoção.» DN, 17 abril 1988
«A escrita possibilita um ajuste de contas com
o mundo.» DN, 17 abril 1988
«Uma vez publicado, o livro
diz-me muito pouco, é um objecto com o qual não tenho nenhuma relação
privilegiada.» DN, 17 abril 1988
Leu “Guerra e Paz”[424] de
Tolstoi, entre os onze e os doze anos. Continua a lê-la ao longo dos anos.[425] Publica
desde 1968. Obra: As Margens (1963); Sauromaquia[426] (1976);
Boca na (1976); Os Deuses da Antevéspera; O
Mensageiro Diferido; Quem da Pátria sai a si mesmo escapa? O Canto do
Ocaso; Osculatriz (1992); Grito
(1997); Rostos (2001); Cinza[427]
(2003); Ouve-se Sempre a Distância numa
Voz (2006)[428];
Oliveira, Carlos
(Brasil, Belém,
1921- Lisboa, 1 de julho de 1981)[429]
Veio para Portugal, Cantanhede, aos 2 anos. Em 1933, foi para Coimbra concluir
os estudos (liceais e universitários). Obra: Turismo (poesia, 1942); Casa na
Duna[430]
(1943/1977); Alcateia (1944); Uma Abelha na Chuva (1953); Sobre o Lado Esquerdo (poesia, 1968); Micropaisagem (poesia, 1968); Entre
Duas Memórias (poesia, 1971); Finisterra (1978)[431]; Micropaisagem;
O’Neill, Alexandre
Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de
Bulhões nasceu em Lisboa (19.12.1924-21.08.1986).
Filho de um bancário e de uma dona de casa. Em 1944, termina o 1º ano da Escola
Náutica de Lisboa, mas, por causa da miopia, é lhe recusada a célula marítima
para exercer pilotagem. Deixa os estudos. Em 1946, em consequência de um
conflito familiar, O’Neill abandona a casa dos pais e passa a viver na casa de
um tio materno. Na casa de Amarante, conheceu nas férias Alexandre Pinheiro
Torres. Ambos lá privaram também com Teixeira de Pascoaes. Passou a maior parte
da vida no Príncipe Real. Em 1948, é um dos fundadores do Movimento Surrealista
de Lisboa; colabora na Miraculosa, livro de colagens surrealistas. Em
1949, em Lisboa, apaixona-se pela surrealista (búlgara-francesa) Nora Mitrani.
Em 1950: grande polémica e O’Neil rompe com o Movimento Surrealista. Em 1951,
publica coletânea Tempo de Fantasmas -obra de rutura. A incompatibilidade com a vidinha e com a lírica
lágrima-tinta neorrealista é hoje tão visível neste livro - Rua André Breton.[432] Em
1951-52, frequentava a pastelaria Alsaciana, onde conheceu o realizador José
Fonseca e Costa. Também lá se encontravam com João Pulido Valente e Arnaldo
Aboim. Foi preso em 1953 por ter ido esperar Maria Lamas ao aeroporto.[433]Esteve preso durante 40 dias. Era vigiado
pela PIDE. Noémia Delgado[434] foi a primeira mulher de O’Neill (casamento
em 1957 – um filho, Alexandre Delgado O’Neill. Viveu com a inglesa Pamela
Einichen Pinheiro; casou em 1971 com Teresa Patrício Gouveia (1 filho, Afonso;
e Laurinda Bom… Obra: “A Ampola Miraculosa”, poema gráfico publicado nos
Cadernos Surrealistas, em 1948; No Reino da Dinamarca (1958); Abandono
Vigiado (1960); Poemas com Endereço[435] (1962); Feira Cabisbaixa (1965); Ombro
na Ombreira (1969); Entre a Cortina e a Vidraça (1972); (Um Adeus
Português; Uma Coisa em Forma de Assim (crónica) A Saca de
Orelhas (1979)[436]; As Horas Já de Números Vestidas
(1981); Dezanove Poemas (1983); O Princípio da Utopia, O Princípio da
Realidade (1986). Poesias
Completas (de 1951 a 1981),
Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Slogans publicitários que duraram até hoje:
“Bosh é bom”, “Há mar e mar, há ir e voltar”, “Vá de metro, Satanás” que não
chegou a ser usado. Para Rui Ramos, O’Neill coloca-se na tradição dos poetas
que são amadores da má vida, excêntricos e críticos, guardiães de uma certa
identidade nacional.” Para Pulido Valente, “ele é um dos poucos escritores que
mudou a língua. O português que se falava antes dele era um português pomposo e
rural; fez a transposição de uma linguagem coloquial para uma linguagem
poética.”[437]
Em entrevista a Clara Ferreira Alves,
O’Neill declara que as suas influências estão em Cesário Verde e nos
brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira… Há, no entanto,
razões para lhe associar Nicolau Tolentino, Paulino António Cabral, abade de
Jazente, Junqueiro ou Bocage[438]
Em 24-10-1979, em entrevista a António
Carvalho, A Capital, Alexandre O’Neill refere «a minha poesia tende para o epigrama.»
– breve composição em verso sobre qualquer assunto; pequena poesia satírica que
termina por um pensamento conceituoso ou dito agudo. «Na minha poesia
desarticulo, desmonto a conversa comum e depois remonto-a de outra forma, o que
a torna grotesca, satírica.»
Fernando Assis Pacheco, Alexandre
O’Neill: ‘Sempre ‘sofri’ Portugal” (1981?)
Naquela data, vivia com Laurinda Bom na Rua
da Escola Politécnica, a curta distância do Jardim do Príncipe Real. A família
censurava-lhe a atividade poética: «A minha mãe, quando apanhava um poema meu,
rasgava-o logo. Provavelmente com a intenção caritativa de fazer de mim o
oitavo advogado da família…»
Em 1945, conhece Mário Cesariny. Começa
então a contestação do Neorrealismo.
Grupo
surrealista (15.5.1948:
Mário Cesariny; José Augusto França; Vespeira; António Pedro; Alexandre
O’Neill; João Moniz Pereira[439]
Osório, António Gabriel (Setúbal, 1.8.1933 - 18.11.2021) Advogado. Escritor. Fundou com Pedro Támen
a revista ANTEU (1954).[440]
Obra: A Raiz Afetuosa (1972); Ignorância
da Morte [441](1978); O Lugar do Amor (1981); Décima
Aurora (1982); Adão, Eva e o Mais; Ofício dos Touros (1991); Crónica da Fortuna (1997); Casa das Sementes (antologia
2006).
António Osório é um poeta
de 70 na medida em que construiu uma obra alheada da pirotecnia verbal da Poesia
61, tanto quanto do refrão neorrealista dos poetas do Novo Cancioneiro.[442]
Osório, Osvaldo
Pseudónimo
literário de Osvaldo Alcântara Medina Custódio – Cabo Verde, Mindelo, 25.11.1937- Obra: Caboverdeamadamente Construção Meu
Amor (1975); Cântico do habitante. Precedido de duas Gestas (1977); Gervásio
(peça,1977); Clar(a) idade Assombrada[443] (1987); Desde as Portas de Roterdão
(?). Colaborou em Seló, Alerta, Vértice, Notícias de Cabo Verde e Raízes.
Pacheco, Luiz José Machado
Gomes Guerreiro (1925 - 5.1.2008). Em
1936, entrou no Liceu Camões, tendo, entre outros, como colegas José Cardoso
Pires e Jaime Salazar Sampaio. Obra: O
Teodolito; Comunidade; O libertino passeia por Braga; Uma
Admirável Droga (2001); As Cartas de
Pacheco versus Cesariny.
Paixão, Pedro
Obra: A Noiva Judia (1992); Boa
Noite (1993); PortoKioto (2001); Rosa Vermelha
Panguila, António Francisco
(1963-2018) Era licenciado em
Ciências de Educação, na especialidade de História, pela Universidade Agostinho
Neto, tendo apresentado a tese intitulada "Impacto Histórico-Literário do
Ohandanji, 1984/1994".
Foi vencedor, em 1996, da
primeira edição do Prémio Literário de Poesia Cidade de Luanda, por ocasião das
comemorações do 420.º aniversário da capital de Angola.
Pascoaes,
Teixeira de
Joaquim Pereira Teixeira de
Vasconcelos (Amarante, 2 novembro 1877- 14
dezembro de 1952). Advogado muito respeitado. «Somos originariamente uma
criação da nossa fantasia, como os demónios e os deuses; e depois começamos a
ser um produto do meio, isto é, dos outros (…) Eu que fui um anjo sem o saber
sou agora um demónio que se conhece.»[445]
Guerra Junqueiro aconselhou a que TP deixasse de fazer versos (obra: Embryões,
entretanto rejeitada e queimada). Frequentou Direito em Coimbra, de 1896 a 1901,
estabelecendo residência na Rua da Esperança, nº 23. Obra: Embryões (1895); Bello
(1896 e 97); Sempre (1898); À Minha Alma (1898)[446]; Terra Proibida (1899); Profecia sobre a guerra dos boers, em
colaboração com Afonso Lopes Vieira; Marânus;
À Ventura (poemeto, 1901); Jesus e Pan (1903); Para a Luz[447]
(1904); Elegias[448]
(1912); O Doido e a morte (1913); Livro de Memórias (1927); São
Paulo; Os Poetas Lusíadas; Os Últimos Versos (1953) Epistelário
Ibérico; artigos “O espírito lusitano ou o Saudosismo”
Em 1904, Pascoaes foi a
Salamanca, onde Eugénio de Castro lhe apresentou D. Miguel de Unamuno, dando
origem a uma forte e recíproca amizade.
Amigos: António Patrício; Philéas
Lesbegue; Amadeo Souza-Cardoso;
Carta de Fernando Pessoa a
Teixeira de Pascoaes, datada de 5 de janeiro de 1914
Patraquim, Luís
Obra: Monção
(1980); A Inadiável Viagem (1985); Vinte e Tal Novas Formulações e uma Elegia
Carnívora (1991)
Patrício, António (-1930).
Impressão de Paris, datada de 19 de Julho de 1927, do Hotel Monsigny (près de
L’Opéra), e onde o escritor, o homem da carrière, com os seus ditos, o esteta e
o dandy emergem de uma impalpável névoa de desencanto: «Todas as relações (…)
me receberam com imensa simpatia…
António Patrício, que havia de
morrer em 1930, manifesta nas Cartas Inéditas, em tom de desdém, ou mesmo de
desprezo, a sua repulsa pelo ascenso da direita, não chegou a ver completamente
a face hiante do regime fascista, que só, de todo, assentou arraiais em
Portugal com a Constituição de 1932…
Obra: Pedro, o Cru. Texto
dramático elogiado por João Gaspar Simões (1982)
Pedro, António
(Pedro) da Costa (Cabo
Verde, Praia 9.12.1909- Moledo do Minho, 17.08.1966)[449].
Adopta, por vezes, o pseudónimo de Cristóvão (crítica de arte). Em 1945,
incêndio no seu atelier[450],
com perda de grande número dos seus quadros. Em Outubro de 1947, participa na fundação do Grupo Surrealista (com F. Azevedo, Vespeira, A. O’Neill, A.
Domingues, J.A. França e depois Mário Cesariny e Moniz Pereira). Artista
plástico; poeta, dramaturgo, encenador
e agente cultural. O alinhamento do poeta com o regime salazarista talvez o
tenha prejudicado na memória dos surrealistas, embora também aponte para uma
dimensão nova e original.[451]
Entre 1960 e 1963, tem um programa quinzenal na televisão: «António Pedro
conversa sobre Teatro». Obra: Apenas uma
Narrativa (1946)[452];
Teatro-Comédia em Um Acto (1947); Protopoema da Serra d’Arga (1949); Antígona[453]
(1954, texto, cenário e encenação no T.E.P.); Pequeno Tratado de Encenação
(1962); Teatro Completo (1981).
Pedro, Carlos
Carlos Pedro
natural da província de Luanda, licenciado em Línguas e Literaturas Africanas
pela faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, é
funcionário da sede Nacional do MPLA na área juvenil e exerce o cargo de
instrutor do Departamento de Informação e Propaganda do Secretariado Nacional
da JMPLA. Obra: Pegadas do
Passado (2009).
Peixoto, José Luís
(1974 -). Nascido nas Galveias (Ponte de Sôr).
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (UNL). Escritor e dramaturgo.
Obra: Morreste-me[454];
Nenhum Olhar[455]; A
Criança em Ruínas (poesia);
Uma Casa na Escuridão; A Casa, a Escuridão; Antídoto; Cemitério de Pianos.[456] Em
2008, venceu o Prémio Daniel Faria, herdeiros e Câmara Municipal de Penafiel.
Pepetela
Artur Carlos Maurício Pestana dos
Santos (Benguela, 29 de outubro de 1941
-) mais conhecido por Pepetela
("pestana" em umbundo), pseudónimo com que assina os livros. É
angolano de seis gerações e à sua designou-a "da utopia". Pelo lado
do pai, virá da Beira Alta ou da Beira Baixa. Do Brasil (pernambucano), pelo
lado da mãe. Esta emigração dos pentavós maternos deve ter sido consequência da
independência do Brasil. Em 1843, estes fundavam a cidade de Moçâmedes.
"Eram
portugueses (ou brasileiros, já?) mas "com mistura" (de ciganos, de
indianos, de qualquer coisa assim), o que explica aquele tom de pele do
escritor que, à primeira vista, nem branco nem preto me pareceu, mas mestiço,
assim o "queria" eu para justificar no corpo o imaginário que ele
transportava para os seus livros. Livros que tanto devem à mitologia africana
quanto subsidiários são da cultura europeia."[457]
Nascido
em Benguela, o escritor afirma-se "furiosamente benguelense", assim
acentuando "um certo bairrismo" anti-Luanda, que remonta ao séc. XVII
quando aquilo que hoje designamos por Angola estava dividido entre a colónia
desse nome e o reino de Benguela. Este separatismo foi protagonizado por Manuel
Cerveira Pereira.
Benguela
caracterizar-se-ia pela "frequente mestiçagem de muitas famílias"
dedicadas ao comércio, como a sua, pelo tradicional liberalismo da cidade
("foi a única, em todo o Império, onde Delgado ganhou oficialmente as
eleições em 1958."
Em
1958, Pepetela frequentava o 7º ano,
alínea F, do Liceu Diogo Cão no Lubango. Tinha então como colega Jonas Savimbi.
Como anteriormente tivera como colegas, no Colégio Nuno Álvares, em Benguela,
Daniel Chipenda e Jorge Valentim. Não guarda qualquer recordação destes
colegas, exceto do padre Noronha, um luso-indiano de Goa, que, em 1958, o terá
introduzido na candidatura de Humberto Delgado.
Veio
para Portugal, em 1958, com o objectivo de estudar engenharia, mas acaba por
trocar o Instituto Superior Técnico pelo Curso de História da Faculdade de
Letras de Lisboa, apesar de preferir sociologia que não existia.
Em
Lisboa, frequenta, sobretudo, A Casa dos
Estudantes do Império, cujo ambiente descreve na 1ª parte de "A
Geração da Utopia", onde rememora a greve académica de 1962 (Eurico de
Figueiredo, Jorge Sampaio) e a sua fuga ao serviço militar, depois de comprar a
licença militar a um sargento por 5 contos. Um conto da sua autoria, “Revelação”,
enviado ao concurso literário da CEI com o nome de Artur Pestana dos Santos,
mereceu de Urbano Tavares Rodrigues a classificação de “pequena obra prima”.
Colabora em MENSAGEM, boletim da C.A.E
Foi
para Paris, em 1962 - viveu 6 meses
em Belleville, e ganhava uns francos na Imprimerie Desfossés, varrendo o chão
-, onde se enquadrou com a "malta" do MPLA, apesar de só se ter
filiado
Em
Argel, licenciou-se em sociologia, em 5 anos. Trabalhou na elaboração de uma
"História de Angola" e dum "Manual de alfabetização". Aqui,
foi um dos efémeros fundadores do efémero Centro de Estudos Africanos.
Seis
anos depois de ter chegado a Argel regressa a Cabinda como
"guerrilheiro" e escritor[458]. A
Literatura foi um dos motivos que o levou à guerrilha[459].
Durante
os cinco anos que participou na luta armada, começou por escrever o seu
primeiro romance, As Aventuras de N’Gunga,
uma obra sem valor literário, destinada à doutrinação política das crianças
angolanas. Depois, escreveu, de noite, MAYOMBE, e dedicou-se ao trabalho de
educação e organização das populações, transformando-se num quadro
político-militar. Primeiro em Cabinda, e desde 1972, na Frente Leste (comandava
um grupo de combate de sete homens).
Em
1974, após a revolução de abril, integrou a primeira delegação oficial do MPLA
a desembarcar em Luanda, e logo a seguir em Benguela. Em novembro de 1974,
temo-lo em Luanda a instalar a primeira delegação do MPLA na capital de Angola.
À beira da independência, ele era o responsável pela Educação e pela Orientação
política do MPLA.
Com
a independência de Angola, a 11 de novembro
de 1975, Pepetela foi nomeado vice-ministro da educação, cargo que exerceu
até 1980, o mesmo ano em que publicou MAYOMBE. Este romance só foi publicado
porque Agostinho Neto, antes de falecer, defendeu publicamente um romance que
ousava denunciar as divisões étnicas e raciais no seio do MPLA.
" Quando o exército
sul-africano desfez o exército angolano e conquistou Benguela, apanhei duas
doenças providenciais: uma hepatite deixou-me fora de combate, ao mesmo tempo
que casava (com Filomena, em 1975). Se não fosse isso, agora estaria morto."
[460]
"Até 1980, havia escolas nos sítios mais recuados do país, onde nem havia
militares, polícia ou administrador local. Os livros escolares eram
distribuídos gratuitamente. Um milhão de adultos estava alfabetizado."[461]
Prémio Camões 1997. Júri: Óscar Lopes, António Alçada Baptista,
Fernando. J. B. Martinho, Nélida Piňon, Eduardo Portela, Carlos Nejar.
Publicou Predadores em 2005. Este livro quer romper com os dois policiais
anteriores. O autor considera que há uma «ligação» entre Predadores, A Geração da
Utopia (1992)[462] e Mayombe. Em Predadores, «o meu objectivo era descrever o grupo social que dá o título
ao texto.»[463] À pergunta «O que é a
cultura angolana?» Pepetela responde: «É uma multiplicidade de culturas, quase
que padronizadas por uma matriz ocidental, poderia dizer isto assim, que é a
cultura oficial, que acaba por ser a cultura dominante. Mas com base em culturas
localizadas até no espaço e múltiplas. Forçosamente tem de haver diferenças e
tensões.»
Princípios a reter: «Procuro que a minha literatura reflicta o
que as pessoas sentem em Angola no momento em que escrevo (…) Hoje a palavra
corrupção já nem tem grande significado em Angola. No fundo toda a gente o é,
de uma forma ou de outra. Digamos que se perdeu a noção de trabalho para o bem
comum, da preocupação com o que é de todos. (…) A Angola precisa de um mito criador que faça as pessoas
pensarem ma nação. Mas primeiro têm de resolver o problema da barriga.» (Expresso, 12.07.1997)
(…) «Qualquer mestiçagem é uma riqueza.» DN,
7.10.1990
Entrevistas: a Maria Teresa Horta[464]
Obra: Muana Puo[465] (1969);
As Aventuras de N’Gunga (); Mayombe (1980); O Cão e os Caluandas
(1985); Yaka (1985); Lueji, o nascimento de um império (1990)[466]; A
Geração da Utopia (1992); O Desejo de
Kianda (1995); Parábola do Cágado
Velho (1997); Predadores (2005); O Quase Fim do Mundo (2008); A Planície e a Estepe (2009);
Pereira, Ana Teresa. Obra: Até
que a morte nos separe;
Pereira, Aristides – Uma
luta, um partido, dois países, ed. Notícias, 2002.
Pessanha, Camilo
( - Macau, 9 /3/1926). Em 1894,
Pessanha partiu para Macau, para ser professor no liceu local. – Um exemplo de
integração numa cultura estrangeira[467] – a
chinesa -, que, enquanto poeta, viveu e morreu português. Obra: Clepsidra
(1920). A maioria dos poemas que constituem esta obra foi escrita em Portugal
ou nos períodos que cá passou. A poesia de Camilo Pessanha, independentemente
do ascendente musicalista de Verlaine, repete a lição do nosso pastoralismo
medieval (serranilhas e pastoreias).[468]
Pessoa, Joaquim Maria (22-02-1948 -
17-4-2023) Poeta. Obra: O Pássaro
no espelho (1975); Poemas de Perfil;
Amor Combate[469]
(1977); Canções de Ex-Cravo e Malviver
(1978); Português Suave (1979); Os Olhos de Isa (1980); Os Dias de Serpente (1981); O Livro da Noite (1982); Antologia (1982). A obra publicada
permite acompanhar de perto o pulsar de Abril…
Piedade, Ana Nascimento
(1954 -)[470]. Ironia
e Socratismo
Pimenta, Alberto (Porto,
26-12-1937 - )
– Discurso sobre o
filho-da-puta (1977) / Discurso sobre o filho-de-deus· (2000). Uma parte da sua obra integra-se no
movimento da poesia experimental (Ernesto de Melo e Castro; Ana
Haterly); O Silêncio dos Poetas (ensaio, 1978). O lema do filho-da-puta
é amar a humanidade em geral e odiar toda a gente
Pina, António Manuel (Sabugal, 18-11-1943 – Porto, 10-10-2012) [472] Jornalista.
Obra: O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973); Os Gigões e Amantes (1974); Ainda
não é o princípio do mundo, Calma, É Apenas Um Pouco Tarde (1974); Um Sítio Onde Pousar a Cabeça (1991); O
Anacronista (1994); Poesia Reunida[473]; Porto
Modo de Dizer (2002); Os Papéis de K[474]
(novela, 2003); Por outras palavras & mais crónicas de Jornal;
Pinto, António
Costa
Obra: Os Camisas Azuis – Ideologia, Elites e
Movimentos Fascistas em Portugal: 1914, 1945[475].
Temas: Rolão Preto (1893-1977) –
conspira contra a república; exílio; contacta com “moderado” Maurras e com o
pró-fascista Valois; leu Sorel com o consequente elogio da violência – Os
camisas azuis, entre 1932 e 35, detiveram algum poder, só que Salazar
recusava-se a partilhar o poder[476]Rolão
Preto sentia-se pronto para responder ao apelo do Conde de Monsaraz e do futuro
surrealista António Pedro. A Hora![477]
“Quando sobreveio a Guerra Civil de Espanha, Rolão Preto pediu silêncio às suas
debilitadas tropas, em nome da união sagrada contra o comunismo. Entretanto,
Rolão Preto participou nas campanhas eleitorais para a Presidência da República,
ao lado de Norton de Matos (1949), de Quintão Meireles (1951)e Humberto Delgado
(1958). Colaborou com o Partido Popular Monárquico depois do 25 de Abril.[478] Temas:
O Integralismo Lusitano teve sinal
na revista “A Alma Portuguesa[479]” em
Louvain, em 1913. Ergueu-se contra a República.
Pinto, Fernão
Mendes. Terá nascido por volta de 1510 em Montemor-o-Velho. Partiu para a Índia
em 1537. Regressa em 1568. Faleceu na quinta do Pragal, em 1583.Obra:
Peregrinação (1614). A versão castelhana, da autoria de Herrera Maldonado, foi
a que correu mundo… O estilo de FM Pinto seria mais oral do que escrito![480]
Pires, Jacinto Lucas ( ) revelação literária em 1996. Obra:
Universos e Frigoríficos (1997)[481];
Pires, José Cardoso (2.10.1925 –
26.10.1998). José Cardoso Pires nasceu
Pitta, Eduardo (Lourenço
Marques - ) Obra: Persona[490](2000).
Pomar, Júlio. Pintor e poeta. Não gosta da palavra
oral, «porque, se há alguma coisa que me caracterize, é o voltar atrás, é o
repensar.» Cresceu num universo feminino, sem pai. Vive 1º nas Janelas Verdes;
mais tarde, nas Avenidas Novas. Aos 8 anos, começou a frequentar as aulas de
desenho livre na Escola António Arroio. Aluno
do Liceu Camões. Desiste de Belas-Artes. Na sua 1ª exposição, Almada
Negreiros compra-lhe um quadro[491].
Muda-se para o Porto. Convive com o Vespeira, o Fernando Azevedo. Conhece
também Dórdio Gomes[492].
Envolve-se no MUD[493]
juvenil, o que lhe vale um processo. Por outro lado, a sua ligação ao neorrealismo
é assumida – ver quadro O Almoço do Trolha. Tem 20 anos, casa-se. Do
período passado no Forte de Caxias datam os seus primeiros desenhos de retrato.
Foi demitido do lugar de professor de desenho no Ensino Técnico, porque um
retrato que fizera de Norton de Matos (campanha para a PR) lhe trouxe grande
popularidade. Em 1963, mercê de uma 3ª ligação afectiva parte para Paris. Em
1969, inicia a série de retratos. Com o 25 de Abril, participa numa pintura
colectiva com a qual 18 artistas celebram a queda do regime. Obra: Alguns
Eventos; Da cegueira aos pintores. Numa entrevista à Pública ( 22 de Setembro de 2002)
J. P. disse: «O retrato é sempre um resultado de uma relação, diria, não
de dois mas de três: eu como observador, o modelo e o quadro.» Pintores
preferidos: Cézanne; Velásquez; Goya.
Proença, Raul
(1884 - ) Um dos fundadores da Seara Nova. Alma
Nacional;
Quadros, António
Gabriel de Quadros Ferro
(Lisboa,
1923 - 21.03.1993) – Filho de dois escritores, António Ferro e Fernanda
de Castro. Licenciado em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de
Lisboa, em 1948. Professor, pensador[494],
ensaísta, romancista. Tradutor de L’Étranger, de Camus. Organizou com
Branquinho da Fonseca e Domingos Monteiro o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian (1958-1981), tendo
sido um dos fundadores da Sociedade
Portuguesa de Escritores[495]
(1957). Foi um dos fundadores do IADE, instituto de que foi diretor. Dirigiu a
Biblioteca Breve do ICALP. Fez parte de um grupo de portugueses que se exprimiu
no Jornal 57, de que foi diretor.[496] Foi
um dos fundadores e diretores das revistas Acto,
57, Espiral.
Obra: Além da Noite
(poesia, 1949), Imitação do Homem (poesia, 1966), Anjo Branco, Anjo
Negro (ficção, 1960), Histórias do Tempo de Deus (conto, 1965)[497],
Uma Frescura de Asas[498]
(romance 1991); Pedro e o Mágico (literatura infantil); A Angústia do
Nosso Tempo e a Crise da Universidade (ensaio, 1956) Modernos de Ontem e de Hoje; A
Existência Literária (1969), Crítica e Verdade (1964), Ficção e Espírito (1971); O Espírito da Cultura Portuguesa (1967);O Movimento do Homem (ideias,
1963); Introdução à Filosofia da História (1982) Portugal entre Ontem e Amanhã (1976); A Arte de
Continuar Português (1978); Poesia e
Filosofia do Mito Sebastianista
(1982-83, 2 vol.); A Filosofia
Portuguesa de Bruno à Geração de 57; O
Primeiro Modernismo[499] Português - Vanguarda e tradição; Fernando
Pessoa, Vida, Personalidade e Génio
(1981)[500]; A Ideia de Portugal na Literatura Portuguesa
dos Últimos 100 anos.; Estruturas
Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa (1993)[501]; Portugal,
Razão e Mistério; Memória das Origens, Saudades do Futuro. Teses:
a) Mensagem não é um poema
nacionalista só entendido por portugueses – transmite, sim, arquétipos
universais. b) Fernando Pessoa veio dar expressão literária e poética a uma das
conquistas da modernidade: o inconsciente, a procura do si, o facto de revelar
que em cada ser humano existem muitas outras vozes, que não só a máscara
social. Ora isso revela-se através da heteronímia.
Sobre o pai, António Ferro: «não
me é fácil falar de uma pessoa que foi meu pai. Penso que meu pai veio
republicanismo na sua juventude, desiludiu-se da República e entusiasmou-se com
a figura de Sidónio Pais. Quando aparece a figura do Salazar e ele lhe faz as
famosas entrevistas embala-se com a sua imagem. Muita gente pensa que a acção
de António Ferro se subordinava aos interesses do regime. Não concordo.
Aproveitou a oportunidade para lançar uma obra cultural, misto de
cosmopolitismo e portuguesismo, vanguardismo e tradicionalismo.» [502]
António Nobre pertence à geração daqueles que, depois do Ultimatum
(1890), procuraram contribuir para uma regeneração do Ser Português. Não é um
activista como Guerra Junqueiro ou Sampaio Bruno. Através da saudade
procura contribuir para uma consciência dos valores pátrios. Antero foi mais interventor e
activista, enquanto António Nobre evocou nostalgicamente a regeneração de
Portugal.
Quadros[503],
António Augusto Lucena
(Viseu, 1933 –
Viseu, 1994) – Pintor e Poeta.[504]
Diplomado em pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde foi
docente. Em 1958-59, seguiu os cursos de gravura e pintura a fresco na Escola
de Belas-Artes de Paris. Obra: 40 sonetos de Amor e Circunstância e uma
Canção Desesperada· (1968); O
Morto (1971); A Arca, (1971); Laurentinas, (1971); Quybyricas·, (1972);
Eu, o povo (1974?)[505]; Facto-Fado
(1986); O Povo em nós[506]
(1991); Pintor, está representado no Museu da Gulbenkian e
Ramos, Wanda (Dundo, Angola, 1948 - Lisboa, 1998). Formação
em Germânicas – tradutora, professora do ensino secundário, poetisa e
romancista. Obra: Litoral[508] (1992)
Redol, Alves
(1911,
29/12-1969, 29/11) Nasceu a 29 de Dez. de 1911 em Vila Franca de Xira,
numa família modesta. Trabalhou sucessivamente como marçano, empregado de
escritório, vendedor de pneumáticos, encarregado de publicidade e gerente de
tipografia. Com 16 anos (1927), foi para Luanda em busca de trabalho, aí
sobrevivendo como professor de taquigrafia, explicador, empregado dos Serviços
da Fazenda e, de novo, empregado de escritório. Regressa à terra natal três
anos mais tarde. Foi membro activo do MUD (Movimento de Unidade Democrática). O
início do neorrealismo é
habitualmente datado pela publicação do romance “Gaibéus” em 1939. No entanto,
nessa época os “neo-realistas” eram influenciados pelo realismo lírico de
Jorge Amado que descrevia as vicissitudes e aspirações dos pobres e os
abusos e a cupidez dos ricos. Obra: Gaibéus
(1939); Avieiros (1943) Fanga; Uma Fenda na Muralha, Ciclo “Port-Wine” (1949-53); Olhos de Água; Barca dos Sete Lemes (1958) Barranco
de Cegos.
Na sua obra, a reportagem
faz sobressair o retrato decalcado na realidade.
Régio, José
(1901-1969)[509]Obra:
Poemas de Deus e do Diabo (1925); Biografia (1929); Jogo da Cabra Cega (1934);
Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941);O Príncipe com Orelhas de Burro
(1942); As Encruzilhadas de Deus (1936); Fado (1941); Mas Deus é Grande (1945);
Histórias de Mulheres (1946); A Chaga do Lado (1954); A Velha Casa ( de
Resende,
Sebastião Soares de
(Milheirós de Poiares, 1906-1967) Bispo que
abalou o colonialismo. O primeiro bispo da Beira (Moçambique). Chegou a
Moçambique a 30 de Novembro de 1943. Obra: Profeta
em Moçambique (pastorais dirigidas à diocese). Ver: Carta Hora Decisiva para Moçambique (1953) [512];
Carta Moçambique na Encruzilhada
(Dezembro de 1958 – ano das eleições a que Humberto
Delgado concorrera.)[513].
Consegue a implantação do ensino secundário na cidade e reclama liberdade de
acção para a Igreja Católica e para o jornal que ele próprio criara, o Diário
de Moçambique. Para além de censurado, o jornal chega a ser suspenso. Manuel Vieira Pinto suceder-lhe-á, em
1967, como bispo de Nampula. Este tinha sido formado por D. António Ferreira Gomes (1906-), no seminário do Vilar (Porto).
REVISTAS
- A Sementeira: (artigo
de João Freire, Análise Social)
Revista anarquista do arsenalista
Hilário Marques (proprietário e diretor). A revista de propaganda e doutrina
anarquista mais duradoura do primeiro quartel do século XX” a obra-prima de
Hilário Marques”.
Revista mensal que ocupa lugar
importante na imprensa libertária (de set. 1908 a agosto 1919; suspensa entre
março 1913 e dez 1915)
Nesta revista:
·
A ideologia prima sobre a política
·
O doutrinário sobre o analítico
·
A formação sobre a informação
·
O texto sobre a imagem
Colaboradores
José Luís
Ismael Pimentel
Neno Vasco (Dr. Nazianzeno de
Vasconcelos)
Emílio Costa
César Porto
Bento Faria
Avelino de Sousa
João Branco
Adolfo Lima
- Valha-me a consolação de que os
nomes estão trocados. Há ladrões que são honrados, mas o «honrado» é ladrão.
- Almanaque.
Diretor, José Cardoso Pires; editor e financiador, Figueiredo de
Magalhães; redatores, Augusto Abelaira, Sttau Monteiro, José Cutileiro,
Vasco Pulido Valente, Alexandre O’Neill e Baptista Bastos. 1960.
- A
Arte.
- A
Geração Nova.
- Boémia
Nova (Coimbra, 1889). Simbolismo. Colaboradores: António Nobre
- Intermezzo.
- Nova Renascença. XII volume – O
comunismo em questão e a cultura em causa. Um dos documentos é de José Régio, Cartas Intemporais do
Nosso Tempo (dirigidas a Álvaro de Cunhal, publicadas na Seara Nova em 1939,
entre as cinzas da Guerra Civil Espanhola e as labaredas da Segunda Guerra
Mundial.[514]Para Cunhal, «a poesia de Régio exalta
uma posição (e até uma atitude) condenável, fracassada e decadente. Por
isso deve ser combatida.» Para Régio, havia homens e não partidos. Outro
documento é de Eduardo Lourenço,
Do Comunismo (Português) como Cultura – a especificidade do nosso
comunismo foi a do seu ‘nacionalismo’.
- Os
Insubmissos (Coimbra, 1889). Simbolismo.
- Os
Novos.
- Revista
Ilustrada[515]
- Távola Redonda – revista literária
(1950): veículo de uma alternativa à literatura empenhada, de realismo
social, defendendo uma arte autónoma. Dela fizeram parte: David
Mourão-Ferreira; Luís de Macedo; António Manuel Couto Viana; Alberto
Lacerda; Ruy Cinatti.
Ribas, Óscar Bento (Luanda,
17.08.1909 – Lisboa, 19.06.2004)[516] Filho
de Arnaldo Gonçalves Ribas, português, e de Maria da Conceição Bento Faria,
angolana, natural de Luanda. Fez os estudos primários e secundários no
Seminário da capital, que também ministrava ensino liceal em regime de
externato, onde em apenas dois anos de escolaridade concluiu o 5º ano. Em
Portugal, por curto período, estuda aritmética comercial e depois regressa a
Luanda para se empregar na Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.
Residiu por curtos períodos nas cidades de Novo Redondo (atual Sumbe),
Benguela, Ndalatando e Bié. Aos 22 anos de idade, em Benguela, nele se
manifestaram os primeiros sinais da doença que década e meia mais tarde o
levaria à cegueira definitiva, aos 36 anos de idade, o que não o impediu de
construir uma obra pioneira de grande rigor literário e etnográfico, premiada
internacionalmente, que só a morte travou. Iniciou a sua atividade literária
nos tempos de estudante do Liceu, começando por publicar as novelas Nuvens
que Passam (1927) e Resgate de Uma Falta (1929). A seguir traz a
público “Flores e Espinhos”, “Uanga” e “Ecos da Minha Terra”, dados à estampa
entre 1948 e 1952. Seguiram-se depois as obras que exploravam a matriz
filosófica, literária e religiosa da cultura kimbundu: “Ilundo – Espíritos e
Ritos Angolanos” e “Misoso”, (1961, 1962, 1964), esta última em três volumes.
“Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba - Associativismo e Recreio”
(1969), “Sunguilando - Contos Tradicionais Angolanos” (1967 e 1989),
“Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973), “Tudo Isto Aconteceu – Romance
Autobiográfico” (1975), “Culturando as Musas” (1992, poesia) e “Dicionário de
Regionalismos Angolanos”, estes dois livros já publicados em Portugal,
completam a sua obra escrita.
Óscar Ribas foi homenageado com diversas condecorações e títulos honoríficos em
vários países do Mundo, tendo sido distinguido em Angola com o Prémio Nacional
de Cultura e Artes, na categoria de Literatura e Investigação
A
JS
Ribeiro, Aquilino
(Carregal de
Tabosa, 13.09.1885 – Lisboa, 7.05.1963). Vive em Lisboa a partir de
1906, envolvendo-se na agitação contra a monarquia. Em 1907, é preso, mas
evade-se. Entre 1908 e 1914, vive entre Paris e Berlim (?). Com a eclosão da 1ª
guerra mundial, volta a Lisboa. Obra:
Ribeiro, João Ubaldo (Brasil)
Ribeiro, António Pinto. Programador cultural. Obra: Ser Feliz é
Imoral? (ensaio, ed.cotovia). Estudou Filosofia ( o corpo, a dança, a
Culturgest)
Roberto, Holden (1924- 2 de Agosto de
2007). Dirigente nacionalista angolano desde 1954, com a fundação da
União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), uma organização de matriz baconga,
que mais tarde foi designada de UPA. A sua grande acção teve início no dia 15 de
Março de 1961, no Norte de Angola, com o assalto às fazendas do café e a morte
indiscriminada de colonos brancos e trabalhadores negros bailundos. Em 1962,
criou a Frente Nacional de Libertação de Angola, da qual se tornou presidente. Esta organização constituiu o Governo
Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surge como
ministro dos Negócios Estrangeiros.
Rodrigues,
Armindo (1904-1993). Médico e poeta ligado à corrente neorrealista desde o
seu primeiro livro (Voz Arremessada ao Caminho, 1943). Ergueu ao longo
de cinquenta anos de poesia uma Obra Poética que, no conjunto dos
dezoito volumes, se impõe na fulgurância da sua expressividade e merece ser
lida e relida sob outros olhares, não só na perspectiva do próprio alinhamento
ideológico, que desde longe se revelou coerente e firme pelas linhas cruzadas
de atitudes e posições bem próximas do neorrealismo poético dos anos 40 e 50,
mas sobretudo pela importância literária de que toda ela se reveste ou, como
afirmara Óscar Lopes, ser o Poeta de Quadrante
Solar, "adentro do
neo-realismo, um atualizador de velhas tradições, sobretudo
lírico-epigramáticas e sentenciárias". Ou no sentido dialético de
sempre inquirir a realidade social e humana que o rodeava, sabermos ainda que
na vida e na poesia sempre Armindo Rodrigues ergueu a sua voz, falou alto
e com justiça, participou corajosamente no acto de emendar o rumo da História
que, como poucos de nós, viveu por dentro nas linhas cruzadas da própria vida e
do tempo que lhe coube viver:
Toda a justiça é
injusta, porque julga,
toda a ordem desordem, porque
impõe,
toda a verdade errada,
porque muda.
Rodrigues, Urbano Tavares[517]
(Lisboa, 6.12.1923 –
9.08.2013 ) Licenciado
Em 1963, U.T.R. foi proibido de lecionar
(Colégio Moderno). Foi chefe de redação do semanário “Artes e Letras”.
Doutorou-se em 1984 com uma tese sobre Manuel Teixeira Gomes. Em 2003, U.T.R.
foi homenageado na cooperativa Árvore, no Porto[528] - tema: «O intelectual empenhado no limiar
do século XXI» No encerramento, participaram Miguel Veiga, José Barata Moura e
Mário Soares.
Romano, Luís
Madeira de Melo[529]
– (Cabo
Verde, Santo Antão, 10.06.1922 – Brasil, 22.01.2010). Viveu grande parte da vida em Rio Grande do
Norte (Brasil). Obra: Os Famintos
(romance); “Negrume Lzimparin” (poemas); Ilhéu (1991). O espólio literário foi
doado à Universidade Potiguar (UNP), na cidade de Natal (nordeste do
Brasil).
Rosa, António Vítor Ramos[530]
(Faro, 17.10.1924
– Lisboa, 23.9.2013). Fez estudos liceais no Algarve (Faro, até ao 6º
ano do Liceu) e trabalhou como empregado de escritório, atividade que
abandonou, sendo explicador e tradutor (durante mais de 20 anos), crítico. Foi corresponsável
pela edição das revistas: Árvore; Cadernos do Meio-Dia. Foi um elemento activo
do MUD Juvenil, tendo sido presidente da Comissão Distrital de Faro. Esteve 3
meses preso no Aljube por ter subscrito um manifesto por ocasião da comemoração
do 5 de Outubro de 1947. Considera-se um antifascista genuíno, simpatizando com
a democracia directa. Entende a poesia
como forma de conhecimento, como arte do impossível, um acto fundador, para dissipar o que está escrito[531]. Em 1971, Ramos Rosa rejeita o Prémio Nacional
de Poesia, concedido ao livro “Nos Seus
Olhos de Silêncio”, porque se aceitasse entraria no jogo de compromisso com
o fascismo.[532] Quanto às influências de
João Cabral de Melo Neto, considera-as muito pequenas[533]. É de 1958, o seu poema «O funcionário cansado”: /
Sou um funcionário apagado / um
funcionário triste / Obra: Grito Claro (1958); Viagem através
duma Nebulosa (1960); Poesia,
Liberdade Livre (ensaio, 1962); Ocupação
do Espaço (1963); Construção do Corpo
(1969); Nos seus olhos de silêncio
(1970); Não Posso adiar o Coração
(1975); As Marcas no Deserto;[534] Gravitações
(1983); Incisões Oblíquas
(ensaio, 1988); Acordes[535] (1989)[536]; Pátria
Soberana (2001); Os Volúveis Diademas (2002), ed. Ausência;
Em 1988, recebeu o Prémio Pessoa pelo conjunto da sua obra. Pensamento A. Ramos
Rosa: «a prática poética ou artística é sempre um fenómeno social que só se
justifica e identifica pela sua inerente capacidade subversiva.»[537]
Em entrevista a Antónia Sousa[538] dá
conta da sua arte poética: Sou mais um
poeta da imanência do que da transcendência. (…) Não tenho nenhuma perspectiva
religiosa na minha poesia. Escrevo diariamente… como um trabalho, como um
exercício… Eu penso que há uma tendência regressiva no homem, para voltar ao
estádio de perfeita integração na matéria inorgânica;
Outras palavras-chave: o verde
é uma indicação, uma forma, pujança, o que há de germinal na natureza, no
mundo. O branco, talvez por eu ser algarvio; é a plenitude do vazio; ausência e
presença – duas outras palavras-chave. A poesia não tem a possibilidade de ser
reduzida por uma linguagem analítica ou conceptual. Acabei por me
desenvencilhar do surrealismo e do neorrealismo iniciais…
Rosa, Luís. Obra: O
Claustro[539] do Silêncio[540],
(2002) ed. Presença;
Rovisco, Miguel (Lisboa, 9.12.1959 – Lisboa, 3.10. 1987 - suicídio).
Católico devoto. Pensou entrar para o seminário em 1986 (?). Estudou no Liceu
Pedro Nunes. Escondia-se na leitura: Eurípedes, Gil Vicente (utilizará mais
tarde o pseudónimo Vicente Gil…) Lope de Vega e Racine. Apreciava Herculano e
venerava Garrett. Anónimo funcionário da
edilidade lisboeta. Prémio Secretaria de Estado da Cultura 1986 com Trilogia
Lusitana. Escreveu mais de vinte peças. Obra: O Bicho (1984); Cobardias
(série RTP – escreveu argumentos e diálogos); Um Homem para Qualquer Pátria,
incluído na Trilogia dos Heróis; Quatro Entremezes e Dois Dramas
Breves; A Infância de Leonor Távora (1985); A Lua Desconhecida
(adaptação de A Queda de Um Anjo); O Tempo Feminino (1985); A
História de Tobias; Uma Família Portuguesa (1985); O Arco de
Santana (1986); O Homem da Pluma Azul; Uma Comédia de Quinhentos
(adaptação de Vilhalpandos, de Sá de Miranda); O Homem dentro do Armário;
Esta Coisa da Vida (destruiu-a); Mulheres Infelizes e Velhos e
Mefistófeles (destruídas); O ano de 1641 (1987); A Felicidade do
Jovem Luciano; Os Patriotas (o seu testamento como teórico do
teatro…); Casamento e Morte (que termina com um suicídio)
Como dramaturgo, o seu objectivo
era: um uso correcto da memória.
Ruben A. -
Alfredo Andresen Leitão
(Lisboa, 26/5/1910 – Londres,
26/9/1975) Cresceu no Porto, em casa da avó materna, onde brincava com a sua
prima direita, Sophia de Mello Breyner Andresen. Obra: Caranguejo[541] (romance, 1954); Sargaço e Páginas III (1956); Contos e Páginas IV (1960); Um Adeus aos Deuses – Grécia (1963); O Mundo à minha Procura: Autobiografia
(1964); A Torre da Barbela (1964); O Outro que era eu (novela, 1966); O Mundo à Minha Procura II (1966); Inventário dos Chafarizes Portugueses
(1967); O Mundo à Minha Procura III
(1968); Silêncio para 4 (romance,
1973); Kaos (romance escrito em 1974
e apenas publicado em 1981).
Rui, Manuel
(Angola, 1941- ) Jurista de formação. Ativista
político do MPLA. Obra: Quem Me Dera Ser
Onda (1982); Crónica de um Mujimbo
(1989); 1 Vivo & os Mortos (1993)
Saa, Mário Paes da Cunha (18.6.1893(?) – 1971). Publicou textos nas
revistas Athena e Contemporânea (de Fernando Pessoa) e na revista Presença. No
DN de 8 de setembro, João Gaspar Simões arruma a poesia de Saa ao lado da de
Almada Negreiros e da de António Ferro, exemplos de cultores da poesia
sensacionista. Temática: a doença. Textos conhecidos: Poemas da Razão
Matemática (1924) e Versos Frios, ambos publicados na revista Athena. [542]
Sakala, Alcides - Memórias de um Guerrilheiro[543]
Salema, Álvaro (Viana do Castelo, 1914 –
1991). Crítico literário,
tradutor e divulgador[544]. Na Faculdade de Letras de Lisboa, dirigiu a
revista Momento. A sua atividade literária teve início em 1933, ao
tornar-se crítico e ensaísta na revista Seara Nova. Redator-principal do Jornal
do Comércio, passou depois para o Diário de Lisboa onde foi, durante 10 anos,
responsável pelo suplemento literário. Em 1968, abandonou este jornal para refundar
a Capital, onde foi responsável pelo suplemento literário. Obra: Variações sobre
Dom Quixote e o Ideal Quixotesco (1965); Trinta Anos da Novelística
Portuguesa (1974); Antologia da Ficção Portuguesa Contemporânea
(1979).
Salvador, Paulo – Era uma
vez… Angola; Recordar Angola (I); Recordar Angola (II).
Salústio, Dina –
Sampaio, Ernesto
(1935-2001) escritor e tradutor. Surrealista.
Obra: Cadáver Esquisito
(1956); Luz Central (1958); A Antologia do Humor Português
(1969); Para uma Cultura Fascinante (1959); A Procura do Silêncio
(1986); O Sal Vertido (1988); Feriados Nacionais e Ideias Lebres (1999);
Fernanda (2000)[545];
Sampaio, Jaime Salazar (Lisboa, 5.5.1925-2010)
Teatro Completo 1997: Aproximação (1945[546]); O
Pescador à Linha (1961)[547]; Os
Visigodos (1968); Junto ao Poço (1971); A inauguração da estátua (1974);
Conceição ou O crime Perfeito (1979)[548]; Desconcerto (1980); Fernando (Talvez) Pessoa
(1982); Magdalena Lê Uma Carta (1984); Olá, Fernando (1988). 5 livros de
poesia: Em Rodagem, 1949; Poemas Propostos (1954); Palavras para um Livro de
Versos; O Silêncio de um Homem; O Viajante Imóvel[549]
(1979); O Poço;
Sanches, Vicente (Alcains, 7.06.1936 -). Professor de Filosofia
e dramaturgo. Obra: Teatro (edição de autor)[550], de
que se destaca a peça O Passado e o Presente, aproveitada como texto de
uma montagem cinematográfica de Manuel de Oliveira. A Birra do Morto
(1973) será provavelmente a obra que teve mais sucesso. Um comediógrafo da
escola de Pirandello, Ionesco, Adamov
Santo, Alda do Espírito (São Tomé, 1926 – Lisboa, 2010) Colaborou na coletânea «Poetas de S. Tomé e Príncipe» (CEI, 1963). Obra: É nosso o solo da Terra (1978).
Alda Espírito Santo nasceu na cidade de
São Tomé no dia 30 de Abril de 1926 e na juventude esteve ligada aos movimentos
nacionalistas africanos. Exerceu, já depois da independência, cargos nacionais,
tendo sido ministra da Educação, da Informação e da Cultura. Actualmente, é
presidente da União dos Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe.
A poetisa de S. Tomé e Príncipe, Alda
Espírito Santo publicou, pela editora Acácia Rubra, do Centro Cultural
Português, um novo livro - "Mataram o Rio da Minha Cidade".
O tótulo faz alusão à morte do rio que
atravessa a cidade de São Tomé e que, no passado, como refere o jornal Téla
Nôm, "foi cenário para histórias de muitas vidas, com mulheres que, de
manhã e de tarde, lavavam a roupa da família, e crianças que viram a luz do dia
enquanto as mães, já no final da gravidez, se esforçavam na lavagem de
roupa".
Ainda de acordo com o Téla Nôm, numa
peça assinada por Abel Veiga, "até os cânticos que animavam o rio
desapareceram, dando lugar ao silêncio assombroso de muros de betão".
A obra de Alda Espírito Santo simboliza
a realidade são-tomense, lembrando o rio Água Grande, agora poluído, e que deu
nome ao distrito mais populoso do país, incluindo outros contos que reflectem o
quotidiano de São Tomé e Príncipe, nomeadamente nas roças.
Santos, Aires de Almeida – (Cuíto,
1921- 1992) Colaborou na coletânea «Poetas Angolanos» (CEI, 1959) e em
várias revistas, jornais e antologias.
Santos, Arnaldo – (Luanda, 1936-). Obra: Fuga, 1960; Quinaxixe,
1965; Tempo de Munhungo, 1968; Poemas no Tempo, 1976; Prosas, 1979
Santos, Fernando Fonseca. Escritor português (membro da União de
Escritores Angolanos). Obra: A Lenda dos Homens do Vento (…); A Morte e a Sorte[551]
(2003)
Santos, José Rodrigues (Moçambique,
1964). Jornalista e escritor. Obra: A
Ilha das Trevas (2002); A Filha do Capitão[552](2004);
O Codex 632 (2005); A Fórmula de Deus (2006); O Sétimo Gelo (2007); A Vida Num Sopro (2008); A Fúria Divina (2009); O Anjo Branco (2010)[553];
Santos, Marcelino dos - Kalungano ou Lilinho Micaia - pseudónimos literários. (Moçambique, 20.5.1929- 11.2.2020). Colaboração na colectânea Poesia de Moçambique (CEI)
Santos, [554]Mário
Beja – S.P.M. 3778 (aerogramas enviados da Guiné para Portugal);
Saraiva, António José (Leiria, 31.12.1917 – Lisboa, 17.03.1993). [555] Doutorado em Filologia Românica (1943), após ter exercido funções de assistente na Faculdade de Letras[556]. Ensaísta[557]. Por razões políticas, foi remetido para funções de professor dos liceus entre 1944 e 1949. Esteve exilado voluntariamente em França, a partir de 1961, por rejeitar obedecer ao salazarismo. Foi professor catedrático na Universidade de Amesterdão entre 1970 e 1975. Depois do 25 de Abril, foi nomeado professor catedrático da Universidade Nova e, mais tarde da Faculdade de Letras. É coautor, juntamente com Óscar Lopes, da obra fundamental “História da Cultura em Portugal”, em 3 volumes. Obra: A Tertúlia Ocidental (Estudos sobre Antero, Oliveira Martins, Eça de Queirós e outros) 1990.[558]
Saramago, José (1922-2010)[559]
Obra: História do Cerco de Lisboa; A Jangada de Pedra[560]; Memorial do Convento; O Evangelho Segundo Jesus Cristo[561]; Levantado do Chão; No Ano da Morte de Ricardo Reis; Ensaio sobre a Cegueira [562](1995);
Todos os Nomes (1997); O Homem Duplicado[563]
(2002); As Intermitências da Morte[564]
(2005)[565]; As Pequenas Memórias (2006)[566]; A Viagem do Elefante (2008);
Saúte,
Nelson
(Maputo,
26.02.1967-) Ver artigos: A colonização, a descolonização e as
independências (Público, 15/5/1994)[567] Obra: A Ponte do Afeto (1990);
Seabra, Jorge – Obra: Anos de Eclipse; O Tempo só Falta
no Fim (2003)[568];
Seixas, Noémia – Isabel,
Isabel, Isabel;
Selvagem, Carlos
Pseudónimo de Carlos Tavares de
Andrade Afonso dos Santos (Lisboa, 1890-1973). Jornalista, ficcionista,
ensaísta e dramaturgo. Obra: Ninho de Águias (1920); Entre
Giestas (1922); Ave do Paraíso
(…); O Herdeiro (1923); Cavalgada Das Nuvens (1922); Bonecos Falantes (1925);
Tropa d’África: jornal de campanha dum voluntário do Niassa (1931); Telmo, o
Aventureiro (1937); Papagaio Real, contos para crianças (1937); Dulcineia ou
a Última Aventura de D. Quixote (1944); O Problema das Elites no Mundo Moderno (1944); O Ribatejo no
Mapa da Nação (1945); Os Távoras (1961); A Batalha de
Sena, Jorge (22.11.1919 – 4.6.1978).
Poeta-tradutor-ensaísta.
Obra: Líricas Portuguesas antologia, 3 séries); Poesia de Vinte
e Seis Séculos (antologia); Poesia do Século XX (antologia, 1978, reeditada em
1994);
De
acordo com Francisco Sousa Tavares, após o 25 de Abril, Jorge de Sena pensava
ficar em Portugal, mas nada lhe ofereceram que fosse digno da altura a que no
exílio se guindara. Nem o convidaram para professor de Letras nem souberam ver
nele um administrador prestigiante da Fundação Gulbenkian.»[569]
Engenheiro de formação, é como poeta, dramaturgo,
ficcionista, tradutor, historiador da cultura, ensaísta (…), que o recordamos.
No entanto, este homem, que enquanto
estudava no Lyceu Camões dizia
“andava já escrevendo versos”, quem é? Cremos que deve ser Jorge de Sena, e a
sua obra, quem melhor dirá de si próprio.
Assim, tomem-se, por exemplo, os seguintes
versos: A minha terra não é inefável/A vida na minha terra é que é inefável”. O
primeiro verso remete-nos, directamente, para o que nos traz hoje aqui – a
homenagem sincera e reconhecida a este grande vulto das letras portuguesas. Na
verdade, “A minha terra” – Portugal – disse-se Jorge de Sena, durante a segunda
metade do século XX e “não é inefável” na nossa contemporaneidade, onde o
fascínio do legado do poeta continua, entre tantos outros géneros que tão bem
cultivou.
A sua personalidade literária e crítica
testemunharam o tempo do silêncio, que a censura impôs, quando afirmou” A vida
na minha terra é que é inefável”. De facto,” a vida”, na sua época, foi tema
fértil de denúncia e crítica mordazes, no sentido de a transformar, intervindo
socialmente através da palavra, objecto estético. Como reiterou, em fina ironia
no alongamento do poema “na minha terra (…) há (…) prédios altos/Com renda
muito alta” e “não há pardieiros, / que são todos na Pérsia ou na China”.
É, também, comum verificar na obra de Jorge
de Sena, que este superou os antagonismos próprios das diferentes escolas
literárias da sua época, quer o realismo social, o surrealismo ou o
experimentalismo, tendo, finalmente, a sua superação recebida raízes
filosóficas da dialéctica hegeliana e do marxismo. Por conseguinte, soube aliar
os recursos da tradição medieval e renascentista, tornando a sua obra clássica
e revolucionária (dado que se encontram, frequentes vezes, técnicas
surrealistas). Neste domínio, por que não deixar falar o ficcionista daquele “
“físico”(ou médico ou mágico, no sentido medieval e ainda ulterior do termo)
que eu criei como símbolo de liberdade e de amor, quando escrevi dele em 1964,
em Araraquara, no Brasil”. Trata-se, como logo identificamos, de O Físico Prodigioso que Jorge de Sena
classificou de novela, publicada no seu exílio no Brasil, e que nos permite
conhecer, para além do esteta, o homem:” eu já uma vez disse que pouco do que
eu alguma vez escrevi é tão autobiográfico como esta mais fantástica das minhas
criações imaginadas”. E, noutro passo, “aceitei gratamente, menos por mim que
por amor desse “físico”, meu muito bem-amado filho entre outros, e que sempre
tive por como que um “alter-ego””.
Com estas palavras, esperamos ter-lhes
aguçado a curiosidade para a leitura destes dois grandes géneros, a poesia e a
ficção.
Agora, é fundamental enaltecer Jorge de
Sena como ensaísta, onde são fulcrais os seus estudos sobre a vida e obra de
Luís de Camões e de Fernando Pessoa. E, não é por acaso que, mesmo antes de ter
defendido como tese de doutoramento “Os Sonetos de Camões e o Soneto
Quinhentista Peninsular”,1964, já tinha realizado uma conferência sobre o tema
“A poesia de Camões, Ensaio de Revelação da Dialéctica Camoniana”,1948, e no IV
Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, na Universidade da Baía,
foi o conferencista com o estudo “O Poeta é um Fingidor”,1959. Mais tarde,1970,
publicou “A estrutura de Os Lusíadas
e outros estudos camonianos e da poesia peninsular do século XVI”. Finalmente,
1972, efetuou várias viagens pela Europa, América e África, no âmbito das
Comemorações do IV Centenário da publicação de Os Lusíadas.
De salientar, que Jorge de Sena passou a
maior parte da sua vida no estrangeiro, primeiro no Brasil, onde se exilou, de
1959 a 1965, ano em que se estabeleceu nos Estados Unidos da América, na
Universidade de Wisconsin e de 1970 a 1978 na Universidade da Califórnia. Em
ambos os países, desenvolveu uma atividade académica intensa em prol da língua
e literatura portuguesas, sendo disso prova a inauguração, em 1980, do “Jorge
de Sena Center for Portuguese Studies”, na Universidade de Santa Bárbara, E.U.
América.
Mas não ficamos por aqui. Além de escritor
e professor, Jorge de Sena empenhou-se na divulgação de autores e correntes
literárias estrangeiras, através de conferências (1941-Rimbaud – “O dogma da
Trindade Poética”), estudos críticos (1942 – sobre o cabo-verdiano Jorge
Barbosa, e em 1942, o texto de apresentação do surrealismo ‘’Poesia
Sobrerrealista”), traduções (André Breton, Paul Éluard, Benjamin Péret, Georges
Huguet, entre outros), e ainda ajudou a divulgar autores como Bertolt Brecht,
T.S.Elliot, Hemingway ou W. Faukner.
Para despertar-lhes o desejo de apreciar,
ainda mais, a sua obra, aqui lhes deixamos as suas (quase) derradeiras palavras:”
sabe perfeitamente viver ou morrer (para mais viver) inteiramente por si mesmo,
sustentado pela força do amor que tudo manda e pelo ímpeto da liberdade que
tudo arrasa”, que são denunciadoras da perpetuidade do seu talento, da sua
escrita prodigiosa, sempre renovada pelo chamamento da nossa memória, que
ultrapassa os nossos dias. Mas, se, porventura, ainda não se sentem rendidos a
temas tão arrebatadores e intemporais como são o amor e a liberdade, saibam que
recebeu, em 1977 o Prémio Internacional de Poesia Etno-Taormino, pelo conjunto
da sua obra e foi condecorado, no mesmo ano, com a Ordem do Infante D.
Henrique, pelos serviços prestados à comunidade portuguesa. Postumamente,
foi-lhe concedida a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada.
Pelo inefável e por aquilo que não foi
inefável, obrigada e até sempre, Jorge de Sena.
Sepúlveda, Torcato (1951-2008). Jornalista e crítico literário.
Sérgio, António (3.9.1883-24.1.1969)[570].
Historiador e pedagogo. Lança a revista Pela Grei (1918-19, sidonismo) Integra
a Seara Nova nos anos 20 (com Raul Proença e Jaime Cortesão). É ministro da Educação
no governo de Álvaro de Castro (1923). Com o fim da 1ª República, parte para o
exílio em 1926, tendo vivido em Paris, até 1933. De regresso a Portugal,
tornou-se num dos principais nomes do movimento cooperativista e do socialismo
democrático Obra: Ensaios.
Silva Carvalho (Vila do Conde, 1948 – )
Silva, José Mário (1973 -). Crítico literário. Autor de
micronarrativas. Obra: Efeito Borboleta e Outras Histórias.
Silveira, Onésimo. (Mindelo,
Simbolismo. António Nobre;
Eugénio de Castro, Oaristos (1890); Camilo Pessanha; Ângelo de Lima; Guerra
Junqueiro; António Patrício; António Carneiro, quadro É a Vida: Esperança,
Amor Saudade; Carlos Mesquita (Jerónimo Freire); Raul Brandão; Manuel
Teixeira-Gomes;
Simões, João
Gaspar (Figueira da Foz, 25.02. fev.1903 - Lisboa, 6.1.1987)[571]. Começou
a escrever, sob o pseudónimo João d’Altamira, num jornal da terra natal. Em 1921
matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra, em 1924, fundou a revista Tríptico, com
Branquinho da Fonseca. Em 1927, lança a revista PRESENÇA, com José Régio, Adolfo Casais
Monteiro e Branquinho da Fonseca. Presidiu à Associação Académica em 1931-32,
tendo falado em nome da Academia no centenário de João de Deus. Iniciou, como
crítico literário,[572] no dia
11 de julho de 1936, uma página semanal de crítica literária no Diário de
Lisboa. Em 1924, casara com Mécia Vasconcelos Gonçalves[573].
Terminou o Curso de Direito em 1932 (fuga à carreira comercial, desejo do
filho). Em 1929, JGS, na
PRESENÇA, escreve um texto intitulado “Fernando Pessoa”, quando Pessoa não passava
de um simples empregado de escritório. Em 1931, na companhia de José Régio,
encontra-se no café Montanha com o criador dos heterónimos. Em 1935, JGS
fixa-se em Lisboa. Revisor de provas na
Biblioteca Nacional, torna-se seu bibliotecário, em 1940, reformando-se desse
cargo em 1954. Funda e dirige, na 1ª fase, a Portugália, e prepara com Luís
Montalvor a edição das obras completas de Fernando Pessoa. Em 1955, foi
convidado por Natércia Freire para crítico semanal do DN (Artes e Letras).
Obra: Temas (1929)[574]; O
Mistério da Poesia (1931); Tendências do Romance Contemporâneo
(1934); Novos Temas (1938); António Nobre, precursor da Poesia
Moderna (1942); Caderno de um Romancista (1944); Ensaio sobre a
Criação do Romance (1947); Liberdade do Espírito (1949); Natureza
e função da Literatura (1950); Vida e Obra de Fernando Pessoa (dois
volumes, 1953, 59); Balzac e a Arte do romance (1959); História da
Poesia Portuguesa (1958); Elói
ou o Romance numa Cabeça (1932); Carta aos Novos Romancistas
Portugueses (1938); Crítica I (1941); Biografia “Eça de Queirós, o homem
e o artista” (1945); Biografia “Fernando Pessoa” (1950); romance Pântano[575]; História
do Movimento da Presença (1958); Literatura, Literatura, Literatura
(1964); Cartas de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões (1958); Retratos
dos Poetas que Conheci (1977); Amigos Sinceros; Uma História de
Província; Internato; A Unha Quebrada; O Marido Fiel.
Soromenho, Castro (Zambézia, 1900 -
)
Obra: Nhári (contos, 1938); Noite
de Angústia (1939); Homens sem Caminho (1941); Terra Morta (1949); Viragem
(1957); A Chaga (1972)
Sousa[576],
Américo Guerreiro de (Matosinhos 1942-) Obra:
Exercícios no Futuro; Os Cornos de Cronos; Onde Cai a Sombra;
O Rei dos Lumes;
Sousa, João Rui
de Matos (Lisboa, 1928 -17-06-2022) o
último sobrevivente de uma das grandes gerações de
poetas que marcaram o século XX, entre os quais António Ramos Rosa,
Herberto Helder, Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, morreu ontem, dia 17,
em Lisboa, aos 94 anos. O poeta e ensaísta nasceu na mesma cidade, em
1928, e, depois de frequentar a Escola Prática de Agricultura D. Dinis (Paiã,
Odivelas), onde concluiu o respetivo curso, licenciou-se em C. Históricas e
Filosóficas, pela Faculdade de Letras de Lisboa. Fez parte da direcção da
revista Cassiopeia (1955), onde, com dois poemas e um ensaio, fez a sua estreia
literária. Enquanto crítico literária e poeta colaborou ainda em inúmeras
publicações, entre as quais Colóquio/Letras, JL, O Tempo e o Modo, Seara
Nova, Crítica, Folhas de Poesia, Bandarra, Cronos, Nova Renascença, entre
outras. [577]Morreu
o poeta João Rui de Sousa aos 94 anos (sapo.pt)
Poesia: A Hipérbole na Cidade; Circulação
(1960); Os Percursos, as Estações (2000). Obra Poética 1960-2000;
Percurso: Foi codirector da revista literária “Cassiopeia”, em 1955.[578]
Sousa,
Noémia Carolina Noémia Abranches de Sousa (Lourenço
Marques, 20.09.1926 – Cascais, 4.12.2002)[579] Só
escreveu de modo regular entre os 22 e os 25 anos (1948-1951).[580] O
seu único livro – Sangue Negro – foi
publicado em 2001, aos 75 anos de idade.[581] No
entanto, teve grande influência nas gerações intelectuais africanas. Durante
esses 3 anos forjou o conceito de identidade nacional anticolonialista com uma
obra curta mas intensa. Os seus poemas surgiram em várias revistas: Mensagem; O Brado Africano e “Présence
Africaine”. Em 1951, fugindo da polícia política portuguesa, passou a
residir em Lisboa, trabalhando como tradutora numa agência de notícias. Em 1964
viveu algum tempo em Paris, sendo funcionária do consulado de Marrocos. Voltou
a Portugal, sendo repórter das agências noticiosas ANI, ANOP e LUSA.
Souto, António (Angeja, 4 setembro 1961-) Obra: Arcanas Carícias (poesia, 1993); La Navra do Dizer; Caprichos
(poesia, 2001); Crónicas de Tempos
Vagos (2011); Palavras Inadiáveis
(poesia, 2018); Retrato Sumido (poesia, 2024)
Spínola, Danny. Daniel Euricles Rodrigues Spínola -
Pseudónimo literário nasceu em Ribeira da Barca, concelho e
freguesia de Santa Catarina da ilha de Santiago de Cabo verde. Cursou Língua e
Literatura Portuguesa no Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário
da cidade da Praia, Cabo Verde, e licenciou-se em Língua e Cultura Portuguesa
pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi professor de língua e
literatura portuguesa nos liceus da Praia, da Achada de Santo António, da
Várzea e de Santa Catarina, tendo ainda lecionado na Faculdade de Línguas
Estrangeiras da Universidade de Havana e na Guiné-Bissau aos voluntários do
Corpo da Paz. Tendo feito alguns estágios e algumas formações na área da língua
portuguesa e da pedagogia no ICALP, e no domínio do jornalismo para o desenvolvimento
rural com técnicos da FAO no Instituto Nacional de Investigação Agrária e com
técnicos portugueses e cubanos no Curso de Superação para Jornalistas no
Instituto Amílcar Cabral, enveredou-se pelo mundo da investigação e divulgação
cultural, realizando, dirigindo e apresentando vários programas radiofónicos e
televisivos, nomeadamente: - CONTACTO E ACTION, programas radiofónicos para
jovens. 1982/89; GENTES, IDEIAS E CULTURA, programa radiofónico artístico-cultural.
1986; ALÔ CABO VERDE, programa radiofónico e televisivo para emigrantes.
1991/92; ARTES & LETRAS 1992; CULTURA VERSUS CULTURA 1994/95;
CLARI(E)VIDÊNCIAS 1997/99; NOS IDENTIDADI 1997/99; FINASON DI KONBERSU. 2006,
programas televisivos de investigação, informação e divulgação cultural e
artística, para além do programa televisivo sócio-cultural intitulado
TESTEMUNHOS DO TEMPO. Foi distinguido pelo Governo de Cabo Verde, em 2005, com
o 1º grau da Medalha de Mérito, em reconhecimento pelo seu especial mérito
demonstrado no domínio da cultura; e em 2007 foi distinguido pela Câmara
Municipal da Praia com uma medalha de mérito enquanto escritor. Está ligado aos
Poetas Del Mundo, (Cônsul - Cidade da Praia - Ilha de Santiago)
Sttau Monteiro,
Luís (3/4/1926 - 27/7/1993). Licenciado em Direito. Advogado ;
jornalista; publicitário; dramaturgo. Um “bom vivant”. Filho do jurista e
diplomata Armindo Monteiro (embaixador em Londres), viveu durante alguns anos
na Inglaterra. Regressa a Portugal em 1943. Expulso do colégio de Jesuítas de
Santo Tirso, vai estudar para o Pedro Nunes, onde conhecerá dois dos seus
grandes amigos: João Pulido Valente (1926-2003)[582] e Abel Manta. Antifascista. Chegou a ser preso pela PIDE. A
literatura surge por causa dos amigos, à cabeça dos quais se encontra José
Cardoso Pires. Obra: Um Homem não Chora (1960); Angústia para
o Jantar (1961)[583]; Felizmente Há Luar (1961); Todos os anos pela Primavera (1963); O Barão[584] (1964); O Auto do Motor Fora de Borda
(1966); Duas Peças em Um
Acto (1967); A Estátua (1967); A Guerra Santa
(1967)[585]; As Mãos de Abraão Zacut (1968); Sua
Excelência (1971); Se for Rapariga Chama-se Custódia (1978);
Guidinha[586]. Dedicou-se também à crítica gastronómica, sob o
pseudónimo Manuel Pedrosa., nomeadamente no “Almanaque”[587], ao lado de José Cardoso Pires, Carlos Henrique da
Costa e Baptista Bastos. Escreveu ainda a telenovela “Chuva na Areia”, a
partir da história “ Guida, Agarra o Verão, Guida”.
Surrealismo, único
movimento intelectual organizado que conseguiu cobrir a distância que separa as
duas guerras. Começou em 1919 pela publicação na revista Littérature dos primeiros capítulos dos Campos Magnéticos, trabalho escrito,
em colaboração, por Philippe Soupaut e por mim[588], e no qual o automatismo como método
confessado surge pela primeira vez livremente, para se concluir vinte anos
depois, no plano literário com a aparição do Château d’Argol, de Julien
Gracq…
O Surrealismo tem como fim exprimir o pensamento puro, liberto de
todas as limitações ou censuras e de todos os preconceitos morais e sociais.
Menospreza o discurso lógico (o logos greco-latino que dominava a Civilização
Ocidental) e encontrar outros caminhos que evidenciassem coisas ainda não
vistas. Personalidades envolvidas: Breton, Éluard, Rimbaud… optou-se por 4
caminhos: o automatismo, a atividade lúdica, o acaso objectivo e a psiquiatria.
O que se impunha era equacionar o mundo como um “cadáver esquisito”, pois só assim haveria «um comunismo de génio»
Uma das primeiras coisas que se impunha transformar era a linguagem de que nos
servimos, recorrendo quer ao automatismo quer ao adicionar de frases de pessoas
diferentes (cada uma com a sua subjetividade), a fim de se poder elaborar
poemas (ou textos em prosa, ou cores, ou desenhos) que outras coisas
significassem e para sempre nos definissem com outros seres. Cesariny, Pedro
Oom, Risques Pereira, Maria Lisboa, Ernesto Sampaio encontravam-se no Café Gelo,
no Rossio… O Surrealismo acabou substituído pelo Dadaísmo. [589]
Tamen, Pedro – Analogia e Dedos (2006)[590];
Tavares, Ana Paula (Huíla, 1952 -). Cedo, foi entregue a uma
“madrinha”[591], em Sá da Bandeira
(Lubango), onde teve acesso aos livros, ao cinema...Nas férias, regressava ao
campo (oratura vs literatura; línguas locais vs Português). Professora:
História; alfabetização; formação cultural.[592]
Conclui uma tese de doutoramento sobre os povos lunda e tchokwe do Leste de
Angola, profundamente influenciada por Henrique de
Carvalho, um viajante português que andou por Angola no século XIX.
Obra: Ritos de Passagem[593] (Angola, 1985); O Sangue das Buganvílias (Cabo Verde, 1998); O Lago da Lua (Caminho, 1999) Dizes-me
coisas amargas como as frutas[594]
(Caminho, 2001); Ex-Votos (Caminho,
2003).
Tavares, Gonçalo M. (1970
-) Professor de Epistemologia na Faculdade de Motricidade Humana[595]. O
Livro da Dança (2001); O Senhor Valéry (2002); O Homem ou é Tonto
ou é Mulher (2002); Investigações. Novalis (2002); Um Homem: Klaus Klump (2003); A Máquina de Joseph Walser (2004); Biblioteca (Campo das Letras, 2004); Água, Cão, Cavalo, Cabeça (2006)[596]; “Uma Viagem à India” (2010); Uma Menina Está Perdida no Seu Século; À Procura do Pai; Os Velhos Também Querem Viver.
Ver: Entrevista[597] ao
Mil Folhas, 8 de Janeiro de 2005. Prémios José Saramago 2005 e Portugal Telecom
2007.
Tavares, José Luís – poeta cabo-verdiano. Prémio para a poesia da
Fundação C. Gulbenkian (2004), ex-aequo com Ana Paula Tavares
Teixeira, Judith (- 1959). Morreu na miséria. Obra: Decadência.[598]
Teixeira, Paulo. Poeta. Obra: Conhecimento
do Apocalipse; A Região Brilhante
(1988);
Telles, Lígia Fagundes[599]
(Brasil, S. Paulo, 1923 -) Obra: Porão e Sobrado (1938); Ciranda de Pedra
(1954); Verão no Aquário (1963); Antes do Baile Verde; As Meninas (1973);
Seminário dos Ratos; A Disciplina do Amor; Mistérios; As Horas Nuas (1989); A
estrutura da Bolha de Sabão; A Noite mais Escura e Eu; Invenção e Memória;
Durante Aquele Estranho Chá… Prémio Camões 2005.
Tojal, Altino (26.7.1939-15.7.2018)
Tomás, António – antropólogo. Sobre a literatura angolana: «os escritores angolanos são contadores de
histórias, como Pepetela, com pouca
intervenção social ou se têm intervenção social, falam pelo poder ou fazem
parte das estruturas partidárias, como Costa
Andrade, Arnaldo Santos e João Melo.
Em relação a isso Agualusa é
diferente…; Manuel Rui é um exemplo
de crítica ao poder em mais de 30 anos de escrita; Luandino Vieira desistiu de criticar.»
Torrão, Cristina. Nasceu a 16 de julho de 1965, em Castelo de Paiva.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, exerceu funções administrativas na Delegação do Norte da
Radiodifusão Portuguesa, ao mesmo tempo que dava aulas de Inglês e Alemão. Em
1992 radicou-se na Alemanha, onde durante vários anos lecionou português.
Actualmente, põe em prática duas paixões antigas: a pesquisa histórica,
nomeadamente sobre a Idade Média, e a escrita.
Valente, Vasco Pulido. Obra: Marcelo
Caetano, As Desventuras da Razão [600](2003);
Valter Hugo Mãe nasceu em
Angola, em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira e vive em Vila do Conde
desde 1981. Licenciado em Direito, tem uma pós-graduação em Literatura
Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Para além do Prémio José
Saramago, viu em 2004 o seu livro “O Nosso Reino” ser considerado pelo Diário
de Notícias como o melhor romance português editado nesse ano.
Van Dúnem, Aristides Pereira (Luanda, 17.9.19 - 17.11.2007 ). Tendo iniciado a atividade política em 1953 quando estudante da Escola Industrial de Luanda. Foi preso em 1956 pela divulgação das resoluções da Conferência Afro-Asiática de Bandung.
Novamente preso em 1961, e, igualmente, no ano de 1964, e só é libertado em 1969, tendo ficado com residência fixa, em Luanda, situação a que o 25 de Abril de 1974 poria fim.
A sua actividade
literária inicia-se em 1955 no Jornal do bairro indígena «O Movimento». Colabora ainda no Jornal «Trabalho e Estudo» e
posteriormente, em 1959, no Jornal da Associação dos Naturais de Angola.
Participa, a partir de
1961, em concursos literários promovidos pela Associação dos Antigos Estudantes
de Coimbra, em Luanda, e no prémio mota Veiga dirigido pela «Revista Prisma».
Assina a 11 de Novembro
a Proclamação da União dos Escritores Angolanos de que é membro. Já desempenhou
o cargo de Director Nacional dos Petróleos.
Van-Dunem, Domingos (Mbumba, Caxito,
iss 1925 - Paris, 2003) – Escritor e diplomata angolano. Na década de 50
conviveu com Agostinho Neto, primeiro presidente angolano. Publicou o seu
primeiro conto “A Praga” no “Diário
de Luanda”, em 1947. Obra: Uma História
Singular (1975), Panfleto (1988).
Vargas, Alexandre (filho de José Gomes Ferreira).É poeta e tradutor. De poesia publicou «Morta a sua Fala»,«Cyborg», «Vento de Pedra», «Lua Cisterna», «Organum» além de ter participado em antologias, cadernos, etc. Traduziu os músicos-poetas Peter Hammil e Patti Smith. Sintra ocupa um lugar especial no seu imaginário.[601]
Vário, João Manuel
Varela (Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo
Verde, 1937-2007). Também conhecido por Djom (família) ou Varela
(comunidade científica). Pseudónimos: Timóteo Tio Tiofe, G.T. Didial.
Neurologista. Referências literárias: Bíblia, Saint-John Perse, Eliot, Aimé
Césaire. Obra: Exemplo Geral; Exemplo Relativo; Exemplo Dúbio; Exemplo
Próprio… tudo reunido no volume Exemplos
1-9; Os Cadernos de Notcha.[602]
Vasconcelos, António Augusto Teixeira (Porto,
1.11.1816 – Paris, 29.6.1878). Miguelista, em 1844, funda o jornal A Oposição Nacional para incomodar o Costa Cabral e
os seus amigos governantes, e demarcar-se dos seus antigos correligionários. Em
Abril /Maio de 1846, os povos revoltam-se na província do Minho. Obra: O Prato de Arroz-Doce[603] dá
conta de tudo o que se refere à revolta
da Patuleia.
Vasconcelos, José Mauro (Rio de
Janeiro, 26.02.1920 – 24.06.1984). Devido à pobreza dos pais, foi viver
com os tios no Rio Grande do Norte, Natal. Homem de múltiplos ofícios. Obra:
Banana Brava (1942); Longe da Terra (1949); Vazante (1951); Arara Vermelha
(1953); Rosinha, minha Canoa (1962); Meu Pé de Laranja Lima (1968); Rua
Descalça (1969); Vamos Aquecer o Sol; O Doidão; Confissões do Frei Abóbora;
Kuryala: Capitão e Carajá (1979).
Ventura, Mário (…)
Henriques.[604](Lisboa, 1936-16.06.2006). Escritor, jornalista (Diário Popular,
Diário Notícias, Seara Nova, Extra, Câmbio16), fundador (1985) do Festival
internacional de Cinema de Troia – Festroia. Obra: A Noite da Vergonha (1963); À Sombra
das Árvores Mortas (1966); O Despojo
dos Insensatos (1968); Alentejo
Desencantado (1969); Morrer em
Portugal (1976); Outro Tempo Outra
Cidade (1979); Vida e Morte dos
Santiagos[605] (1985); Conversas
(1986); Março Desavindo (1987)[606]; Évora
e os Dias da Guerra[607] (1992); A
Revolta dos Herdeiros (1997); O
Segredo de Miguel Zuzarte (1999); Quarto
Crescente (memórias, 2001); Portugal
– Geografia do Fatalismo (antologia, 2001); Atravessando o Deserto (2002); O
Reino Encantado (2005).
Ventura, Reis – Sangue
no Capim (1963)[608];
Viana, António Manuel Couto (Viana do Castelo, 24.1.1923 -8.6.2010) O poeta da Távola Redonda. O Teatro Sá de
Miranda era propriedade de sua família e lá começou a dar os primeiros passos
na arte de representar e estreou a sua primeira peça de teatro infantil,
"A Rosa Verde". Em 1946, foi viver com a família para Lisboa onde
conheceu Sebastião da Gama, David-Mourão Ferreira e Vasco Lima Couto.
David-Mourão Ferreira, conhecedor da sua paixão pelo teatro, levou-o para o
Teatro Estúdio do Salitre, onde se estreou como actor, figurinista e encenador.
Em 1948, estreou-se na poesia com o livro "O Avestruz Lírico" e desde
então publicou dezenas de obras. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David-Mourão
Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia "Távola Redonda". Mais tarde
dirigiu a revista cultural "Graal" e fez parte do conselho de redação
da revista "Tempo Presente" (1959-1961). O culto do passado está
presente em toda a sua obra poética, em oposição ao neorrealismo que era na
época a corrente literária dominante. Couto Viana fez parte da direcção do
Teatro de Ensaio (Teatro Monumental), Companhia Nacional de Teatro e foi
empresário e diretor do Teatro do Gerifalto, onde apresentou dezenas de peças
para crianças. Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera, Companhia
Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), foi mestre de arte de cena do Teatro
Nacional de S. Carlos e orientador artístico da Oficina de Teatro da
Universidade de Coimbra. A sua obra foi distinguida com vários prémios e foi
condecorado pelo Governo Português e pelo Governo Espanhol.
Viana, Gentil Ferreira ( - 2008). Lutou pela independência de Angola e integrou o grupo nacionalista que deu origem à Revolta Activa (ver: Manifesto dos 19).
Victor, Geraldo Bessa. (Luanda, 1917 - Lisboa, 1985). Sofre a
influência do americano Langston Hughes... aderindo posteriormente ao
luso-tropicalismo “freyriano. Obra: -
Ao som das marimbas, Lx, 1943.
Destaque: o poema “ O Menino negro não entrou na roda”. Segundo Venâncio, Bessa
Victor denuncia o racismo subjacente ao sistema colonial. -
Debaixo do Céu, LX, 1949 Venâncio
rejeita a tese de Salvato Trigo,
segundo a qual Bessa Victor terá influenciado VirViegas,
Francisco José. Obra: Crime
Vieira,
Alice. Nasceu em Lisboa, em 1943. É formada em Filologia Germânica, pela Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, coordenou o suplemento juvenil do Diário
de Lisboa e foi jornalista profissional do Diário de Notícias. Colaborou em
programas de televisão, escreveu recensões críticas e obteve o seu primeiro
sucesso em literatura infantojuvenil em 1979, recebendo o «Prémio do Ano
Internacional da Criança». A partir de 1969 dedica-se profissionalmente ao
jornalismo e em 1989 à escrita. Em 1994, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian,
pelo conjunto da sua obra. A sua escrita centra-se em temas relacionados com a
pré-adolescência e a adolescência.
Actualmente, Alice Vieira é um nome que se destaca no panorama da
literatura infantojuvenil portuguesa. A sua obra tem sido traduzida em várias
línguas. Algumas das suas principais obras são: «Rosa, Minha Irmã Rosa» (1979), «A Espada do Rei Afonso» (1981), «Livro
com Cheiro a Chocolate» (2005) e «Meia Hora Para Mudar a Minha Vida» (2010).
Vieira, Arménio (Cabo Verde, 2.01.1941 -). Prémio Camões 2009[610].
Vilanova, João Maria (Luanda,) Obra: Vinte Canções para Ximinha;
Carta de um Guerrilheiro (1978)
Vital, Joaquim (Lisboa, 1948 -
Lisboa, 8.5.2010). O jovem Joaquim Vital abandonara Portugal depois de ter
passado pelas cadeias da PIDE, em 1965, quando era estudante e militante do
Partido Comunista. Editor[611] e escritor. Na Bélgica, em Bruxelas, fundou a
editora “La Taupe”. Principal divulgador da literatura portuguesa em França,
desde que criou as Éditions de La Différence, em 1976. Obra: Vingt Ans, Bilan sans Perspective (1996,
antologia); Un qui Aboie (2000, poesia); Adieu à Quelques Personnages (2004,
retratos); La Vie et le Reste (2008, conto).
Wenceslau de Morais (1854-1929)
Dai Nippon foi escrito em
Macau, na segunda metade de 1895, após a guerra sino-japonesa. O autor
sintetiza nesta obra as impressões de quatro viagens (1889, 1893, 1894, 1895),
de um a dois meses cada, que o levaram de Macau, onde residia, ao Japão. (…) O
Dai Nippon que assim nasce é «um cantinho de paraíso terrestre legado
miraculosamente aos filhos de Eva.»
Ver relação de Dai Nippon
com um conto, escrito por Venceslau aos 21 anos, em Portuga, Os Mistérios de
um Telhado.
(Fonte: Helmut Feldmann)
VV.AA, Manuela Ribeiro Sanches (org.) Portugal não é um País Pequeno[612] – Contar o Império na Pós-colonialidade,
Cotovia, 2006
White, Eduardo –
Zambujal, Mário (1936-) Jornalista e escritor.[613]
Obra: Crónica dos Bons Malandros; Uma Noite Não São Dias (2009); Dama de Espadas” – Crónica dos Loucos
Amantes (2011?)
Editores
Lyon de Castro (1915 – 2004)
Em 1939, aquando da celebração do Pacto germano-soviético (Agosto de 1939), rompeu
com o PCP, passando a ser persona non grata para o Partido. Em 1945, lançou a
editora Publicações Europa-América.[614] Lyon de
Castro convida Piteira Santos para dirigir a editora, agravando as tensões com
o PCP. Apesar disso, edita, entre outros, Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol...
Por outro lado, ao criar a revista mensal “Ler” – um
jornal literário e de ideias – que subvencionou entre Abril de 1952 e Outubro
de 1953, provocou enorme celeuma com o PCP.[615]
A Volta de Oiro do Dia; Limiar
– coleções líricas portuenses: ver aliança entre núcleo de poetas e um outro de
artistas plásticos. Ver: Eugénio de Andrade, Vasco Graça Moura; Mário Botas,
José Rodrigues, Armando Alves…
Antologias
Antologias de Poesia da
Casa dos Estudantes do Império – publicadas entre 1951 e 1963.
A ideia mestra parece ser a de liberdade,
fundamental para o futuro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S.
Tomé e Príncipe.
Esta produção poética, narrativa
e ensaísta promoveu literaturas que tentavam um percurso num espaço geográfico
no qual o colonialismo português proibia a existência de culturas e de
identidades próprias.
De acordo com Alfredo Margarido,
«não havia ainda nesse momento literaturas especificamente nacionais,
verificando-se também uma confusão evidente entre “escrita colonial” e “escrita
africana”.»[616]
Em 1951, Vitor Evaristo e Orlando
Albuquerque, oriundos de Moçambique, editaram como separata da revista
Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império, a colectânea “ Poesia Portuguesa”,
inaugurando um espaço inexistente.
Desde os santomenses Costa Alegre
ou Francisco José Tenreiro aos moçambicanos Noémia de Sousa ou Rui Nogar,
passando pelos angolanos Viriato da Cruz ou António Jacinto... todos oferecem
páginas de indignação contra a situação que foi a colonial.
O papel das antologias: «estes
poemas convocam uma certa memória que é preciso escutar e interrogar.»
Reedição – Antologias de
Poesia da Casa dos Estudantes do Império 1951-1963, Angola e S. Tomé e
Príncipe, I Volume, ed. ACEI, 1994
POESIA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA (antologia), de Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria
Alexandre Dáskalos, com introdução de Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro,
Lacerda Editores e Academia Brasileira de Letras, 304 págs., 2003
Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra) – selecção
de Eugénio de Andrade, Campo das Letras, 1998(?)
Acontecimentos
Por decreto de 1947, Salazar ordenava a demissão de 21 prestigiados professores
universitários + 10 oficiais do exército. No
entanto, quem escolheu as vítimas foram as universidades. Muitos dirigentes
universitários eram contra a investigação científica. ( Nota oficiosa de 15
de Junho de 1947). Antecedente deste decreto, um outro de 1935 (Aurélio
Quintanilha e Abel Salazar foram demitidos; Bento de Jesus Caraça foi alvo de
um processo em 1942, sendo demitido em Outubro de 1946 juntamente com Azevedo
Gomes e Pulido Valente)
Figuras:
- Andrée Crabbé
Rocha (nunca soube porquê, demitida da Faculdade de Letras; Salazar quis
atingir o marido, Miguel Torga).
- Pinto Peixoto
(termodinâmica)
- Aurélio Marques
da Silva (Faculdade de Ciências de Lisboa, engenharia civil)
- Mário Silva
(acabou funcionário comissionista da Philips).
- Manuel Valadares
- Albert Gibert
- Marques da Silva
- Ferreira Pinto
Resende (botânico)
- Torre de
Assunção (geólogo)
- Arnaldo Peres de
Carvalho
- Ferreira de Macedo
Só
em 1970, os sobreviventes foram reintegrados, por decisão de Marcelo Caetano.
Luanda, 14/02 -
Exposição Looking Both Ways – Das esquinas do Olhar arte da
Diáspora Africana Contemporânea (27/2/2005, F.C. Gulbenkian). Ideias
interessantes de N’Dilo Mutima (
Angola, 1978-): a televisão como máscara pwo; Fernando Alvim (Angola, 1963-);
kendell Geers (Africa do Sul): A feira da ladra e o colonialismo (instalação
feita de peças sobre / de África, recuperadas na feira da ladra de Bruxelas(?).
Léxico: hotentote – termo ofensivo: “hot” e “tot” – sons e
estalidos – língua dos khoisan.
Léxico
A escola de Lycophron, gramático e poeta da Alexandria, precursor
dos mestres herméticos da poesia dos nossos dias, os quais regem em larga
escala, a grande orquestra da mais moderna lírica portuguesa (J.G.S., 1983)
Fotobiografia de Óscar Ribas em livro
de Baguet Júnior
JOÃO SERRA | Lisboa
“Óscar Ribas – A Memória com a Escrita”, um livro de fôlego com textos e fotos
sobre o escritor, poeta e etnógrafo angolano, da autoria do jornalista também
angolano Gabriel Baguet Júnior, será lançado dentro de dias em Portugal em
edição de autor. Trata-se de uma edição cuidada que reproduz um extenso
manancial de informação sobre o intelectual classificado como “pai” da genuína
ficção literária em Angola.
A obra ilustra o percurso de vida e obra do autor de “Uanga”, “Misoso”,
“Dicionário de Regionalismos Angolanos” e “Ilundo – Espíritos e Ritos
Angolanos”, entre outros títulos que ilustram uma carreira literária e
etnográfica iniciada em 1927 com a publicação da novela “Nuvens que Passam” e
só terminou com a sua morte em 19 de Junho de 2004, em Portugal, aos 95 anos de
idade.
A obra traz prefácio de José Carlos Venâncio, professor catedrático da
Universidade da Beira Interior (Portugal) e Pró-Reitor para os Estados Membros
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, para além de vasta
documentação fotográfica antiga sobre Óscar Ribas fornecida por familiares,
juntamente com fotos mais recentes, textos e escritos em bruto e considerações
de intelectuais angolanos, portugueses e brasileiros sobre essa figura de
intelectual e estudioso angolano que representa um marco inegável da criação
literária de Angola sem matriz colonial, a que acresce todo o seu valioso
trabalho de pesquisa da cultura tradicional angolana, nas áreas da literatura
oral, hábitos e costumes, religiões e filosofia dos povos de língua kimbundo, a
que não escapou a culinária tradicional e sua justificação.
“Óscar Ribas foi um dos poucos escritores angolanos a ver a sua obra
reconhecida pelas instâncias coloniais, sem que da mesma se possa inferir,
directa ou indirectamente, qualquer compromisso político do seu autor”, escreve
o catedrático José Carlos Venâncio no prefácio à obra, comparando-o, em termos
estéticos, a autores angolanos do século XIX como José Maia Ferreira, Cordeiro
da Mata e Assis Júnior, prolongando-se em contemporâneos como Agostinho Neto,
Uanhenga Xitu, Manuel Rui Monteiro, Boaventura Cardoso ou Pepetela.
Óscar Ribas, que cegou pouco depois de atingir os 20 anos de idade, guardava de
Luanda, onde nasceu em 17 de Agosto de
“Entre letras, múltiplos papéis, documentos diversos, livros variados de Angola
e do Mundo, memórias e tradições, Óscar Ribas pintou a Literatura Angolana
inserido no seu tempo e para além do próprio tempo”, refere Gabriel Baguet
Júnior na abordagem que faz da figura e obra de Óscar Ribas, acrescentando que
ele “fez da escrita e da investigação o ponto de partida para descomplexar
universos humanos e sociais à época e durante a sua existência”.
Gabriel Baguet Júnior, jornalista, escritor e autor de “Óscar Ribas – A Memória
com a Escrita”, de 44 anos, é natural de Luanda, onde fez estudos primários e
secundários no Liceu Salvador Correia, fixando-se depois em Portugal para
frequentar o curso de Sociologia na Universidade do Porto e Ciência Política em
Lisboa. Iniciou-se no jornalismo em 1980 no jornal “Primeiro de Janeiro”, tendo
depois disso passado por uma carreira profissional em outros órgãos de imprensa
e canais televisivos portugueses, estando hoje ao serviço da RDP-África.
Merecia esta homenagem
Qual o percurso para este livro?
Vai ser lançado proximamente em Lisboa e eu gostaria de poder apresentá-lo em
Angola em Março próximo, mas a data terá que ser combinada com o Ministério da
Cultura. É minha intenção levá-lo também ao Brasil, nomeadamente à Baía, Rio de
Janeiro, Pernambuco e Brasília devido à presença e ligações de Óscar Ribas
nestes destinos.
A sua figura e obra são reconhecidas no Brasil, daí essa ideia?
Óscar Ribas é estudado em algumas universidades brasileiras e ele próprio era
um apaixonado pelo Brasil, tendo até abordado a influência do kimbundo no falar
e nos hábitos brasileiros, para além de que este livro tem também contributos
de dois escritores e jornalistas brasileiros, nomeadamente Luís Gonzaga do
Amaral, seu amigo de longa data, e Cyl Gallindo, membro da Academia de Letras
do Brasil.
Trata-se de um trabalho de fôlego. Como decorreu a sua elaboração?
Foi um trabalho de oito anos. Eu gostaria que o livro tivesse saído com Óscar
Ribas ainda vivo, mas não foi possível. Por casualidade sai agora no ano em que
se cumprem os 100 anos do seu nascimento e o bicentenário de Louis Braille, o
que me deixa particularmente feliz.
Já está a trabalhar noutra obra relativa à sua figura?
Tenho outro projecto já em preparação que se chamará “Óscar Ribas, o Pensamento
e as Palavras”, um ensaio que também incluirá ilustrações relativas à sua
pessoa e obra. Terá participação de algumas pessoas que vou convidar e que
queiram contribuir para a estrutura do livro. Visará dar a conhecer a
importância que Óscar Ribas conferia à cultura angolana nos seus mais variados
aspectos, designadamente nas áreas da ficção literária, ensaio, poesia,
etnologia, música e artes-plásticas.
Óscar Ribas foi muito homenageado a nível internacional.
Ele merecia mais esta homenagem devido à sua vida, importância da obra e sua
projecção e eu acho que a cultura angolana, nos seus mais variados aspectos,
deve ser cada vez mais internacionalizada. JS
Perfil biográfico do escritor
Óscar Bento Ribas nasceu em Luanda a 17 de Agosto de 1909, filho de Arnaldo
Gonçalves Ribas, português, e de Maria da Conceição Bento Faria, angolana
natural de Luanda. Fez os estudos primários e secundários no Seminário da
capital, que também ministrava ensino liceal em regime de externato, onde em
apenas dois anos de escolaridade concluiu o 5º ano. Em Portugal, por curto
período, estuda aritmética comercial e depois regressa a Luanda para se
empregar na Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.
Residiu por curtos períodos nas cidades de Novo Redondo (actual Sumbe),
Benguela, Ndalatando e Bié. Aos 22 anos de idade, em Benguela, nele se
manifestaram os primeiros sinais da doença que década e meia mais tarde o
levaria à cegueira definitiva, aos 36 anos de idade, o que não o impediu de
construir uma obra pioneira de grande rigor literário e etnográfico, premiada
internacionalmente, que só a morte travou.
Iniciou a sua atividade literária nos tempos de estudante do Liceu, começando
por publicar as novelas “Nuvens que Passam” (1927) e “Resgate de Uma Falta”
(1929). A seguir traz a público “Flores e Espinhos”, “Uanga” e “Ecos da Minha
Terra”, dados à estampa entre 1948 e 1952. Seguiram-se depois as obras que
exploravam a matriz filosófica, literária e religiosa da cultura kimbundu:
“Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos” e “Misoso”, (1961, 1962, 1964), esta
última em três volumes.
“Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba - Associativismo e Recreio”
(1969), “Sunguilando - Contos Tradicionais Angolanos” (1967 e 1989),
“Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973), “Tudo Isto Aconteceu – Romance
Autobiográfico” (1975), “Culturando as Musas” (1992, poesia) e “Dicionário de Regionalismos
Angolanos”, estes dois livros já publicados em Portugal, completam a sua obra
escrita.
Óscar Ribas foi homenageado com diversas condecorações e títulos honoríficos em
vários países do Mundo, tendo sido distinguido em Angola com o Prémio Nacional
de Cultura e Artes, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências
Humanas.
As suas cinzas repousam em Luanda no Cemitério do Alto das Cruzes.
JS
Van-Dunem, Domingos (Mbumba, Caxito, iss 1925 - Paris, 2003) –
Escritor e diplomata angolano. Na década de 50 conviveu com Agostinho Neto,
primeiro presidente angolano. Publicou o seu primeiro conto “A Praga” no “Diário de Luanda”, em 1947.
Obra: Uma História Singular (1975), Panfleto (1988).
Valente, Vasco Pulido. Obra: Marcelo
Caetano, As Desventuras da Razão [617](2003);
Vargas
Alexandre Vargas (31.12.1952-15.11.2018, filho de José Gomes Ferreira),
poeta e tradutor. De poesia publicou «Morta a sua Fala»,«Cyborg»,
«Vento de Pedra», «Lua Cisterna», «Organum» além de ter
participado em antologias, cadernos, etc. Traduziu os músicos-poetas Peter
Hammil e Patti Smith. Sintra ocupa um lugar especial no seu
imaginário.[618]
Vário, João Manuel
Varela (Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo
Verde, 1937-2007). Também conhecido por Djom (família) ou Varela
(comunidade científica). Pseudónimos: Timóteo Tio Tiofe, G.T. Didial.
Neurologista. Referências literárias: Bíblia, Saint-John Perse, Eliot, Aimé
Césaire. Obra: Exemplo Geral; Exemplo Relativo; Exemplo Dúbio; Exemplo
Próprio… tudo reunido no volume Exemplos
1-9; Os Cadernos de Notcha.[619]
Vasconcelos, António Augusto Teixeira (Porto,
1.11.1816 – Paris, 29.6.1878). Miguelista, em 1844, funda o jornal A Oposição Nacional para incomodar o Costa Cabral e
os seus amigos governantes, e demarcar-se dos seus antigos correligionários. Em
Abril /Maio de 1846, os povos revoltam-se na província do Minho. Obra: O Prato de Arroz-Doce[620] dá
conta de tudo o que se refere à revolta
da Patuleia.
Vasconcelos, António Teixeira de
(Irmão de Teixeira de Pascoaes, suicidou-se em
1903, depois de ter agredido o professor Guilherme Moreira que o reprovara num
dos exames…). Fundou o jornal de Amarante e foi redator do jornal A Justiça –
semanário republicano…
Vasconcelos, José Mauro
(Rio de Janeiro,
26.02.1920 – 24.06.1984). Devido à pobreza dos pais, foi viver com os
tios no Rio Grande do Norte, Natal. Homem de múltiplos ofícios. Obra: Banana
Brava (1942); Longe da Terra (1949); Vazante (1951); Arara Vermelha (1953);
Rosinha, minha Canoa (1962); Meu Pé de Laranja Lima (1968); Rua Descalça
(1969); Vamos Aquecer o Sol; O Doidão; Confissões do Frei Abóbora; Kuryala:
Capitão e Carajá (1979).
Vasconcelos, João Teixeira de
(Irmão de Teixeira de Pascoaes).
Obra: África Vivida – Memórias de um
Caçador de Elefantes (com prefácio de Raul Brandão).
Vasconcelos, Maria José Teixeira de
Sobrinha de Teixeira de Pascoaes (Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos,
Amarante, 2 novembro de 1877). Sua secretária desde a adolescência, fez o texto
introdutório de «Na sombra de Pascoaes», uma fotobiografia. Pascoaes viveu na
“Casa Pascoaes, em São João de Gatão – “Uma Casa para a Poesia”, chamou-lhe
Eugénio de Andrade.[621]
Atenção à Fonte do Silêncio com o nome dos amigos mais notáveis inscrito em
placas de bronze… e à sala dos pretos, onde tocava uma orquestra de negros,
durante as refeições… as crianças da casa iam às aulas ao Colégio do Padre
Sertório, no Campo da Feira em Amarante. Era uma caminhada penosa, nas frias
manhãs de inverno. E era também a perda da liberdade que tanto apreciavam…
Pascoaes era mau estudante, mas ficou distinto no exame da quarta classe. O avô
deu-lhe de presente um relógio e uma corrente, o que muito alegrou o futuro
poeta.
Venda, António Manuel
(Monchique, 1968- ). Obra: Quando o Presidente da República visitou
Monchique por mera curiosidade (1996/2013)
Ventura, Reis – Sangue
no Capim (1963)[622];
Viana,
António Manuel Couto (Viana do Castelo, 24.1.1923 -8.6.2010) O poeta da Távola Redonda. O
Teatro Sá de Miranda era propriedade de sua família e lá começou a dar os
primeiros passos na arte de representar e estreou a sua primeira peça de teatro
infantil, "A Rosa Verde". Em 1946, veio viver com a família para
Lisboa onde conheceu Sebastião da Gama, David-Mourão Ferreira e Vasco Lima
Couto. David-Mourão Ferreira, conhecedor da sua paixão pelo teatro, levou-o
para o Teatro Estúdio do Salitre, onde se estreou como actor, figurinista e
encenador. Em 1948, estreou-se na poesia com o livro "O Avestruz Lírico" e desde então publicou dezenas de obras.
Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David-Mourão Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto
de Lacerda, os cadernos de poesia "Távola
Redonda". Mais tarde dirigiu a revista cultural "Graal" e
fez parte do conselho de redação da revista "Tempo Presente"
(1959-1961). O culto do passado está presente em toda a sua obra poética, em
oposição ao neorrealismo que era na época a corrente literária dominante. Couto
Viana fez parte da direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental), Companhia
Nacional de Teatro e foi empresário e diretor do Teatro do Gerifalto, onde
apresentou dezenas de peças para crianças. Encenou óperas para o Círculo
Portuense de Ópera, Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), foi
mestre de arte de cena do Teatro Nacional de S. Carlos e orientador artístico
da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra. A sua obra foi distinguida com
vários prémios e foi condecorado pelo Governo português e pelo Governo espanhol.
Viana, Gentil Ferreira (23.2.1935 – 23.2.2008).
Lutou pela independência de Angola e integrou o grupo nacionalista que deu
origem à Revolta Activa (ver: Manifesto dos 19).
Victor, Geraldo Bessa (20.1.917-22.4.1985) Sofre a influência do
americano Langston Hughes... aderindo posteriormente ao
luso-tropicalismo “freyriano”.
Obra: Ao som das marimbas, Lx, 1943. Destaque: o poema “O Menino negro
não entrou na roda”. Segundo Venâncio, Bessa Victor denuncia o racismo
subjacente ao sistema colonial; Debaixo
do Céu, Lx, 1949.
Venâncio rejeita a tese de
Salvato Trigo[623], segundo a qual Bessa
Victor terá influenciado Viriato da Cruz.
Viegas,
Francisco José. Obra: Crime em Ponta Delgada
(1989); Lourenço Marques[624]
(2003, Asa)
Vieira,
Alice. Nasceu em Lisboa, em 1943. É formada em Filologia Germânica, pela
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, coordenou o suplemento juvenil
do Diário de Lisboa e foi jornalista profissional do Diário de Notícias.
Colaborou em programas de televisão, escreveu recensões críticas e obteve o seu
primeiro sucesso em literatura infantojuvenil em 1979, recebendo o «Prémio do
Ano Internacional da Criança». A partir de 1969 dedica-se profissionalmente ao
jornalismo e em 1989 à escrita. Em 1994, recebeu o Grande Prémio Gulbenkian,
pelo conjunto da sua obra. A sua escrita centra-se em temas relacionados com a
pré-adolescência e a adolescência.
Actualmente, Alice Vieira é um nome que se destaca no panorama da
literatura infanto-juvenil portuguesa. A sua obra tem sido traduzida em várias
línguas. Algumas das suas principais obras são: «Rosa, Minha Irmã Rosa» (1979), «A Espada do Rei Afonso» (1981), «Livro
com Cheiro a Chocolate» (2005) e «Meia Hora Para Mudar a Minha Vida» (2010)
Vieira, Arménio (Cabo Verde, 2.01.1941 -). Prémio Camões 2009[625].
Vilanova, João Maria (Luanda,) Obra: Vinte Canções para Ximinha;
Carta de um Guerrilheiro (1978)
Vital, Joaquim (Lisboa, 1948 - Lisboa, 8.5.2010). O jovem
Joaquim Vital abandonara Portugal depois de ter passado pelas cadeias da PIDE,
em 1965, quando era estudante e militante do Partido Comunista. Editor[626] e escritor. Na Bélgica, em Bruxelas, fundou a
editora “La Taupe”. Principal divulgador da literatura portuguesa em França,
desde que criou as Éditions de La Différence, em 1976. Obra : Vingt Ans, Bilan sans Perspective (1996,
antologia); Un qui Aboie (2000, poesia); Adieu à Quelques Personnages (2004,
retratos); La Vie et le Reste (2008, conto).
VV.AA.
Manuela Ribeiro Sanches (org.) Portugal não é um País Pequeno[627] – Contar o Império na Pós-colonialidade,
Cotovia, 2006
White, Eduardo
Obra: Amar sobre o Índico (1984); O
País de Mim (1990); Poemas da Ciência
de Voar e da Engenharia de ser Ave (1992)
Xitu, Uanhenga
(pedacinho de carne) Pseudónimo
do escritor angolanoMendes de Carvalho.
Zambujal, Mário
(1936-) Jornalista e escritor.[628]
Obra: Crónica dos Bons Malandros; Uma Noite Não São Dias (2009); Dama de Espadas” – Crónica dos Loucos
Amantes (2011?)
APÊNDICE
Antologias
Antologias de Poesia da
Casa dos Estudantes do Império – publicadas entre 1951 e 1963.
A ideia mestra parece ser a de liberdade,
fundamental para o futuro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S.
Tomé e Príncipe.
Esta produção poética, narrativa
e ensaísta promoveu literaturas que tentavam um percurso num espaço geográfico
no qual o colonialismo português proibia a existência de culturas e de
identidades próprias.
De acordo com Alfredo Margarido,
«não havia ainda nesse momento literaturas especificamente nacionais,
verificando-se também uma confusão evidente entre “escrita colonial” e “escrita
africana”.»[629]
Em 1951, Vítor Evaristo e Orlando
Albuquerque, oriundos de Moçambique, editaram como separata da revista
Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império, a coletânea “ Poesia Portuguesa”,
inaugurando um espaço inexistente.
Desde os santomenses Costa Alegre
ou Francisco José Tenreiro aos moçambicanos Noémia de Sousa ou Rui Nogar,
passando pelos angolanos Viriato da Cruz ou António Jacinto... todos oferecem
páginas de indignação contra a situação que foi a colonial.
O papel das antologias: «estes
poemas convocam uma certa memória que é preciso escutar e interrogar.»
Reedição – Antologias de
Poesia da Casa dos Estudantes do Império 1951-1963, Angola e S. Tomé e
Príncipe, I Volume, ed. ACEI, 1994
POESIA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA (antologia), de Lívia Apa,
Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos, com introdução de Alberto da
Costa e Silva. Rio de Janeiro, Lacerda Editores e Academia Brasileira de
Letras, 304 págs., 2003
Memórias de Alegria (Antologia de verso e prosa sobre Coimbra) –
selecção de Eugénio de Andrade, Campo das Letras, 1998(?)
Publicações
Tríptico - Em 1924, João Gaspar Simões fundou esta revista com Branquinho da Fonseca.
Presença (1927 a 1940). Fundadores: José Régio; João Gaspar Simões; Branquinho da Fonseca. Adolfo Rocha; Albano Nogueira[1] (1930); Edmundo Bettencourt. Adolfo Casais Monteiro (1931). Fernando Lopes Graça. A pastelaria Central, na Rua Ferreira Borges (Coimbra) era então o local da tertúlia quer dos presencistas, quer de outras figuras que residiam na cidade: Afonso Duarte ( colaborador da Renascença Portuguesa), Vitorino Nemésio, António de Sousa, Paulo Quintela, Martins de Carvalho, Carlos de Oliveira, Arquimedes Silva Santos...
Seara Nova – colaboração de Albano Nogueira desde 1933.
O Diabo – “Semanário de
crítica literária e artística”, aparecido em 1934. Director: Artur Inez.
Opunha-se à ditadura salazarista e ao fascismo ascendente na Europa. Ver também
colaboração Albano Nogueira, de
Rodrigues Lapa...
Manifesto – dirigida por Miguel Torga e Albano Nogueira. Surge em 1936, ano da deflagração da Guerra Civil Espanhola. Valoriza o “social”, descurado pela Presença. Saíram 5 números. O último foi em 1938. Colaboradores: Bento Jesus Caraça e Eduardo Scarlatti. Não tinham consideração por alguns neo-realistas, pois faziam simples panfletos ( Alves Redol nos primeiros romances). Consideravam: Soeiro Pereira Gomes – fazia verdadeira literatura. Criticaram (A.N.) o José Rodrigues Miguéis. Mais tarde, A.N. vê Miguéis como um homem vencido.
Revista de Portugal - Desde 1937, dirigida por Vitorino Nemésio. Colaboração de Albano Nogueira.
Novo Cancioneiro ( neo-realismo)
Cassiopeia ( 1955) – ver nota de rodapé.
Tempo e o Modo
Foi fundada por Helena Vaz da
Silva (3/07/1939-13/08/02)[2],
Alçada Baptista, Bénard da Costa, Nuno Bragança, Pedro Tamen, Alberto Vaz da
Silva. Este grupo católico e progressista reunia-se na Livraria / editora
Moraes de Alçada Baptista – anos 60. Esta revista combatia o neo-realismo da
esquerda da época.
[1] - Em 1940, Albano
Nogueira ( 1911- ) publica um livro de ensaios – Imagens em espelho
côncavo. Obra elogiada por Eugénio Lisboa. Em 1967, A.N publica o romance Uma
Agulha no Céu.
[2] - Lema de vida: agir.
Inicialmente trabalhou na agência de publicidade “Hora”, onde trabalhara
Fernando Pessoa. Em 1968 (Maio), encontrava-se em Paris, onde estudava
jornalismo. Regressou a Portugal em 1973, trabalhando sucessivamente no
Expresso ( coordenadora da revista); na RTP, na ANOP... Em 1978, fundou a
revista “Raiz e Utopia”, dirigiu (dinamizou) o Centro Nacional de Cultura...
Bibliografia
António, Mário: Artur
Queiroz: Mukandano[630]
(ed. Ulmeiro, 1980), p. 83-84, in Colóquio Letras, nº59, 1981.
Carneiro, João - Henrique Guerra (ANDIKI)[631]:
Três histórias populares, (col. aut. angolanos, ed.70, 1980), p.98-99, in
Colóquio Letras nº 62, 1981.
Chalendar, Pierrette e Gérard - Uanhenga Xitu: Os sobreviventes da
máquina colonial depõem... (ed.70, 1980), in Colóquio Letras, nº 61, 1981.
Chalendar, P. e G. - Manuel Pedro Pacavira:1974; Gentes do
mato + Mingota (ed.70, 1981), p.100-102, in Colóquio Letras, nº 73,1983.
Cortez, Mª de Lourdes - Os três espaços
de “Karingana ua Karingana” de José
Craveirinha, p.74-77, in Colóquio de Letras, nº 25, 1975.
Cruz, Liberto da - Lígia Guterres[632]: Kalunga
(Parceria A.M.Pereira, 1972) in Colóquio Letras, nº 13, 1973.
Cruz, Liberto - Agostinho Neto: Sagrada Esperança (ed. italiana em 1963; Sá
da Costa, 1974) p.80-81, in Colóquio Letras, nº 32, 1976.
Cruz, Liberto: MANTENHAS PARA QUEM
LUTA! (antologia da nova poesia da Guiné-Bissau, 1977), p.101-102, in Colóquio
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Dias,
Eduardo Mayone - Donald Burness:
Fire[633] (Three continents press, Wash., D.c./1977), p.
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90-91, in Colóquio de Letras, nº 35, 1977.
Ferreira, Manuel - Mário de Andrade: 1967, Antologia temática de poesia africana (I -
Na noite grávida de Punhais, Sá da Costa, 1975), p. 88-90, in Colóquio de
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Ferreira, Manuel - Mia Couto: Vozes Anoitecidas (ed.Caminho,1986), p. 132-133, in
Colóquio Letras, nº101, 1988.
Ferreira, Manuel - Baltazar Lopes: Cântico da manhã futura (Banco de Cabo Verde, 1986)
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França, José-Augusto - “Terra Morta”[634](
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Iannone, Carlos Alberto - Manuel Ferreira no Reino de Caliban
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Prisão / libertação de Manuel Ferreira (1971),p. 29-34, in Colóquio de
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portuguesa, (ed. Nauk, Moscovo, 1980), p.81, in Colóquio de Letras, nº59,
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McNab, Gregory -
Para um estudo da narrativa extensa de Cabo Verde: os casos de Vida Crioula(Teobaldo
Virgínio, 1967) e Famintos (Luís Romano, 1962), p. 29-35, in Colóquio
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Mestre, David - Manuel Rui[638]:
Memória de Mar ( UEA/ed.70, 1980), p.98, in Colóquio de Letras, nº 62, 1981.
Mestre, David - Ernesto Lara Filho[639]: da
poesia ( Picada de Marimbondo - 1961; O Canto de Martrindinde
-1963; Seripipi na Gaiola -1970) e do
seu autor, p. 58-62, in Colóquio de Letras, nº 72, 1983.
Mestre, David - Arnaldo Santos: Nova Memória da Terra e dos Homens (UEA, 1987),
p.130-131, in Colóquio Letras, nº 101, 1988.
Moser, Gerald - Cadernos Capricórnio[640]
(nº1 a 16/ nov. 72 a Março de 1974 - direcção de Orlando Albuquerque, Lobito,
Angola), p.94-95, in Colóquio de Letras, nº 22, Nov. 1974.
Moser, Gerald - Boaventura Cardoso: Dizanga dia Muenhu (ed.70, 1977), p. 101, in
Colóquio Letras, nº 46, 1978.
Moser, Gerald - Moçambique: outra
república de poetas? p.60-62, in Colóquio Letras, nº 51, 1979.
Moser, Gerald - Os Jovens Poetas de Bissau,
p. 68-70, Colóquio Letras nº 52, 1979.
Nunes, Natália - Luandino Vieira: Vidas Novas (1962; ed. Afrontamento, 1975), p.
83-84, in Colóquio Letras, nº 32, 1976
Rebelo, Luís de Sousa - Urbano Tavares Rodrigues: ensaios de
pós-Abril[641] (Moraes edit. 1977), p.
90-91, in Colóquio Letras, nº 44, 1978.
Rebelo, Luís de Sousa - As Quibíricas
de Grabato Dias ou o discurso da
ruptura - Moçambique, 1092 -, p. 21- 28,
in Colóquio Letras nº 99, 1987.
Rebelo, Luís
Francisco - Costa Andrade: No velho
ninguém toca (Teatro; Sá da Costa, 1979), p.84-85, Colóquio de Letras, nº 59,
1981.
Relvas, Clementina - Uanhenga Xitu: Maka na Sanzala (Mafuta)
- ed.70, 1979, p. 83, Colóquio Letras, nº 59, 1981.
Santilli, Mª Aparecida - Orlanda Amarílis: A Casa dos Mastros
(Linda-a-Velha, ALAC,1989), p.199-200, in Colóquio de Letras, nº 115-116, 1990.
Trigo, Salvato - Mário de Andrade: O canto armado (antologia temática da poesia
africana, Sá da Costa, 1979), p. 94-95, in Colóquio de Letras, nº 51, 1979.
[1] - «Já nos primeiros livros
de Abelaira, Lourenço e Silvestre veem uma ruptura com a “ruralidade da matriz
cultural neorrealista”, que, nesse sentido, abrirá caminhos a obras como “Rumor
Branco” (1961), de Almeida Faria, ou “Os Passos em Volta” (1963), de Herberto
Hélder.» Público, 6/7/2003.
[2] - Um romance que marcou toda uma geração que
aí aprendeu a namorar. Romance concluído em 1957, mas só publicado em 1959.
[3] - Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências.
[4] - «A revisitação da nossa
literatura das Descobertas, o mais desbragado fantástico, a celebração irónica
da irrisão do humano, tudo isso se concretiza numa trilogia que é talvez a sua
obra maior.» Público, 6/7/2003.
[5] - De
acordo com Vítor Viçoso, a estrofe
de Fernando Pessoa que serve de epígrafe ao romance “Outrora Agora” é a seguinte: “Com
que ânsia tão raiva/Quero aquele outrora/ E eu era feliz? Não sei:/Fui-o
outrora agora.”. A verificar: «Como noutras personagens dos romances do
autor, em Jerónimo há uma consciência obsessiva do fracasso (…) sem que esse
estatuto atinja uma verdadeira dimensão trágica, porque permanentemente se
desconstrói sob a leveza da autoironia.»
Com Outrora Agora, 40 anos depois de ter escrito o 1º livro, foi
distinguido com o Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de
Escritores (16.05.1997). Prémio no valor de 2000 contos. Neste ano, O Manual
dos Inquisidores, de António Lobo Antunes foi preterido.
JL,
21.05.1997: Em Outrora Agora, a
literatura é aí uma espécie de matriz condutora da vida (…) A citação direta ou
alusiva, o cliché, o pastiche, podem constituir técnicas discursivas que
permitem ao narrador evitar o deslize («o pudor das palavras») para aquilo a
que chama o lirismo fácil. Há por outro lado, diríamos, uma vertigem
hermenêutica que conduz o narrador para uma descodificação obsessiva das
palavras dos outros ou das suas próprias palavras. Uma metalinguagem que
desenvolve frequentemente uma atitude irónica em torno do próprio material da
literatura, as palavras e as frases. Também os modalizadores e as frequentes
disjunções são outros modos de instalar a incerteza no que diz respeito aos
outros e a si próprio.
[6] - «Deste modo, esta fusão do outrora/agora apenas nos
pode conduzir a um jogo com as palavras ou ao romance do romance…» JL,
21.5.1997.
[7] - Um irmão mais novo, advogado, monárquico e católico,
em 1963, foi mobilizado para Angola. «Não resistindo ao confronto entre os seus
ideais e a realidade – suicidou-se.» Público Magazine 8 de janeiro de 1995.
[8] - Uma
estranhíssima e inesgotável utopia: Numa ilha, ensaiam a construção de um país,
com a sua particular organização política e social…
[9] - Foi a sua primeira tentativa de reformular a
intolerável visão de um país à deriva.
[10] - Sobre o nacionalismo da sociedade angolense (de raiz
urbana) desde 1880 até ao início do século XX. Inspirado na leitura de “A Voz
de Angola Clamando no Deserto”. Consequência da independência do Brasil e mais
tarde da Conferência de Berlim? Ver entrevista de 29.03.1990, DL
[11] - D. Nicolau existiu de
facto. É uma figura rural do Norte de Angola, educado em Portugal, acabando por
ser vítima da estratégia política inglesa. Ele terá traído a sua origem
camponesa.
[12] - Torcato Sepúlveda, Público, 26-04-1997. Um Fradique
Mendes angolano. Uma espécie de heterónimo colectivo da geração de 70 regressou
no romance «Nação Crioula» pela mão de José Eduardo Agualusa. Um livro composto
por cartas imaginárias, em que Fradique peregrina pelo Brasil e por Angola,
apaixona-se por uma negra e volta anti-esclavagista e anti-racista. Um Fradique
do século XX.
JEA – Eça carrega todos os preconceitos da época. O final do séc. XIX é
um tempo de passagem, de dúvidas, e de ideologia colonial . A personagem
Fradique é mais aberta que o criador. É uma personagem muita aberta, muito
receptiva à cultura dos outros.
(Referência ao europeu Alfredo Trony que se integra na cidade de Luanda,
de tal modo que hoje é considerado um escritor angolano – ver romance Nga
Mutury. Terá ido para angola, ou como emigrante ou como degredado.)
Angola e Brasil estão ligados, pelo menos, desde que Luanda foi ocupada
pelos holandeses. Luanda foi libertada por uma armada brasileira. E mais tarde,
os portugueses que viviam no Brasil e não aceitaram a independência da colónia,
foram viver para Angola e foram eles que fundaram, por exemplo, a cidade de
Moçâmedes.
JEA – Uma das coisas que eu tento provar neste livro é que a luta contra
a escravatura foi levada a cabo também por africanos, negros e mestiços, tanto
em Angola como no Brasil.
JEA – O livro leva como subtítulo “A Correspondência Secreta de Fradique
Mendes” (…) Uma relação entre o cosmopolita Fradique e uma negra seria, na
época, relativamente estranha. (…) Quem tiver lido Eça poderá divertir-se mais,
embora o romance possa ser lido por qualquer pessoa.
Outras obras: Estação das Chuvas; A Conjura; D. Nicolau Águarosada…
[14] - A acção decorre, em Luanda, em 2020. O livro é um
superlativo da realidade (Alexandra Lucas Coelho, Ípsilon, 5/6/2009).
[15] - «O que Bosch nos
mostra com o Jardim das Delícias é um falso paraíso, cuja beleza é passageira e
conduz os homens à ruína e à condenação...», Walter Bosing
O mesmo se poderá dizer de "O Jardim das Delícias"
(ASA, 2005) de João Aguiar. Trata-se de um romance sobre a União Europeia
transformada em "Federação Europeia" no séc. XXI.
O federalismo vai destruindo todos os símbolos identitários em
nome de uma volúpia económica, conduzida pelos «conglomerados
político-financeiros» que de fusão em fusão condicionam consumidores e
governos tornando-se indissociáveis do poder político e da própria criação
cultural (pág.130).
Perante a destruição das identidades nacionais e regionais surge
a reação do integrismo - no caso português (ou do que
resta...) - a reação da Sagrada Milícia - a ala combatente do
Movimento Integrista Português.
E
no meio destes dois poderes, o protagonista - o Jornalista João Carlos -
procura opor-se à cegueira de uma Europa minada por um duplo cancro... num
espaço e num tempo em que a lucidez dificilmente sobrevive à arrebanhadura....
Um romance que obriga a pensar o presente, à luz da história recente...
raramente problematizada. Não chega a ser um romance profético, a não ser,
talvez, nesta sub-região da Ibéria... posted by CARUMA
[16] - Sobre si própria: “eu escrevo torrencialmente; se eu
considerasse o lado académico, que eu poderia construir, acho que a
espontaneidade se perdia. Os defeitos são importantes nos livros.» Semanário,
23 de maio de 1998. Para Agustina a obra feminina mais conseguida é «O Monte
dos Vendavais», de Emile Bronté. Também considera Teresa de Ávila, que escolheu
o claustro, uma grande escritora – ver a importância da solidão para a escrita.
Vê em Torga, o modelo de escritor. Na pintura é o BACON que me impressiona
mais, no aspecto do dinamismo tenebroso que ele tem.
[17] - É
uma narrativa romanceada, baseada num diário de um avô – a história dos
Lourenços de uma família… Entrevista,
Público, 24.02.1996.
[18] - Ver Carlos Câmara Leme,
Mil Folhas, Público, 26 de julho de 2003: Por detrás de Camila está Agustina.
[19] -
Ver filme “O Convento”. A verdade é que houve uma espécie de desencontro,
provavelmente voluntário, porque a certa altura Manoel de Oliveira entendeu que
devia eliminar totalmente o meu livro da obra dele, foi estreitando o meu
terreno cada vez mais e resumiu a minha intervenção a duas conversas que
tivemos, uma delas pelo telefone. Eu
preferia fazer um guião a fazer um livro do qual ele tira o guião. Público,
24.02.1996.
[20] - Artigo de Vamberto A. Freitas: A literatura de
guerra e Álamo de Oliveira, DN, 24 de junho de 1990
A
experiência militar africana nas páginas de José Martins Garcia, João de Melo
(romancistas) e agora Álamo de Oliveira com o seu romance Até hoje (Memórias de
Cão)
Mobilizado
para a Guiné-Bissau em 1967 só agora dá à estampa «o nojo» daquela experiência.
Sobre
a guerra de África: «a pergunta seria: Quem manipulou quem? Como se conseguiu
transformar o simplesmente hediondo em imagem puramente romântica?» (…)
Portugal, em relação a África, procurou fundamentar a sua razão no peso
histórico de 400 anos, ignorando as razões do tempo enquanto elemento
evolucionável. Foi um direito acumulado.
(…)
Haverá remorsos pelo e pelo não feito, no mal e no bem, respetivamente. E, em
todos, com certeza, a raiva de um logro que só a ingenuidade pôde aceitar. Nada
é mais fácil que manipular a ingenuidade.
(…)
As cicatrizes psíquicas. Uma cicatriz será curável? Ou a cicatriz é a marca
indelével da ferida que sarou?
(…)
Na guerra, pior do que a morte, é a solidão. Por isso, a procura de companhia –
como geradora de amor e de carinho – era luta fundamental. (…) Nada pior do que
ter um coração do tamanho do mundo e ter que frequentar a catequese do ódio.
(…)
Na guerra é difícil conhecer-se a fronteira que separa o normal do anormal. E
isso sem que caíssem dogmas ou as figueiras secassem.
Subtemas:
a droga e a homossexualidade.
[21] - Sebastião Alba era
o pseudónimo de Dinis Albano Carneiro
Gonçalves. Viveu a maior parte da sua vida
[22] - José Manuel Mendes:
professor, escritor e presidente da Associação portuguesa de Escritores. Era
amigo de Sebastião Alba. Outro amigo, o poeta Virgílio Alberto Vieira.
[23] - Virgílio Alberto Vieira
e Herberto Hélder conseguem publicar-lhe esta antologia na Assírio & Alvim.
[24] - António Guerreiro, Expresso, 7.02.98
[25] - Maria Lúcia Lepecki,
DN.29 maio 1988
[26] - Inventaria grande parte
dos acontecimentos políticos e militares que tiveram lugar em Angola de
[27] - Prémio António Patrício.
[28] - Rompi com o PC numa
carta assinada em conjunto com a Adalcina e o Germano Ferreira da Costa.
[29] -
Tinha 16 ou 17 anos. O livro foi prefaciado por Cruz Malpique, seu professor no
Liceu Alexandre Herculano.
[30] -
Manuel Alegre: “Ainda não tinha lido o Ezra Pound, nem as suas teorias sobre os
cancioneiros e os trovadores. Quando os escrevi foi um impulso, por instinto,
por razões não explicáveis.» JL 6-19 julho 205. Nesta entrevista, destaca o
papel da aprendizagem de cor de muitos poemas (António Nobre, Garrett, Guerra
Junqueiro, António Sardinha (Maria do Carmo Sampaio, tia-avó, monárquica,
integralista) …Foi muito influenciado pelo professor António Cobeira (ver conto
de O Homem do País Azul), que fora amigo de Pessoa e de Mário
Sá-Carneiro… Em Coimbra, começou a ler Rilke e Hoderlin por influência do Paulo
Quintela. E aí o contacto mais importante foi com o Lousã Henriques, com o
Herberto Hélder e com o Fernando Assis Pacheco… A Trova do Vento que Passa é de
1964, quando estava em Coimbra com residência fixa, depois de ter sido preso em
Angola (Mesmo na noite mais triste/em
tempo de servidão/ há sempre alguém que resiste, / há sempre alguém que diz
não.) Parte para o exílio no dia 12 de maio de 1964. Na fuga, tem apoio do
pai, de Ivo Cortesão, do Zé Lopes Monteiro, do João José Cochofel, do Rui Feijó
[31] -
Reclama-se fora do neorrealismo: «não escrevo poesia por ato voluntarista. (…)
A minha poesia tem a ver com a estrutura rítmica, a cadência, a toada, os
cancioneiros. A grande toada lírica da poesia portuguesa. A toada camoniana.
(…). Desde os 17 ou 18 anos que se sente marcado pelos Sonetos de Antero de
Quental. Admira sobretudo Camões, Nobre, Camilo Pessanha e Mário Sá-Carneiro…
[32] - Prefácio de Eduardo
Lourenço.
[33] - Coletânea de textos políticos.
[34] -«É
uma liturgia, uma celebração, um exorcismo. Um poema que tem a ver com a morte
e com a experiência muito concreta da morte. »
[35] - Reúne toda a sua poesia,
incluindo os livros Pico, Alentejo e Ninguém e Che
e outros inéditos.
[36] - Inclui alguns textos de
natureza biográfica esclarecedores: Entrevista a Giovanni Ricardi; Fausto
Sampaio: um olhar português...Ver ainda sobre Pepetela: Muana Puó ou
talvez o nosso rosto. A explorar ligações geracionais: Nuno Bragança: “ Directa”
/ “Square Tolstoi”; Fernando Assis Pacheco; João de Melo: O
Meu mundo não é deste Reino; Gente Feliz com Lágrimas; Dicionário
de Paixões;
[37] - “ Um grande poeta teve a
coragem de escrever um livro simples sobre a banal relação de afecto que une
pessoas e animais.” Adelino Gomes, Público, 12 de Outubro de 02.
[38] - Um livro sobre o
exílio.
[39] - «Quando eu cheguei a
Argel, criei logo uma relação especial com o Piteira. Era uma pessoa muito
inteligente, com quem eu aprendi muito, foi o meu professor, levou-me a ler
muitos livros, a ter uma outra visão da política, da esquerda portuguesa, do marxismo.
(...) quem me fez ler os “Manuscritos de
[40] - “Letras
está dentro da literatura em si e a sua escrita é toda ela um exercício
literário específico.”
[41] - “Sendo o herói épico habitualmente um herói
colectivo, o herói desta anti-epopeia é, em rigor, uma geração.”
[42] - A curta novela de Fialho surge no contexto
decadentista finissecular em que se verifica um descrédito de todos os sectores
do espaço público. (Eunice Cabral, Público, 14.03.1998) Para Fialho, Balzac era
o escritor modelar. Ver influência da obra de Balzac, Illusions Perdues, 1843. Ver também a necessidade do escritor se
submeter às regras dos jornais (folhetim)… O tempo de Fialho é já o de «um
jornalismo que transforma os textos literários em literatura industrial.»
[43] - ver entrevista ao JL, 10 nov. 1992.
[44] - ver
[45] - ver artigo de Paula
Morão, JL de 19 de julho de 2005.
[46] - ver filme Metal en Melancholie, 1993, Tot Ziens,
1995, de Heddy Honigmann.
[47] - Nasce na Póvoa de Atalaia
(Fundão) a 19 de Janeiro de 1923. Aos sete anos partiu com a sua mãe para
Castelo Branco. Em 1931-1932 (?), muda-se para Lisboa. Estuda no Liceu Passos
Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro.
Chega a frequentar Engenharia. Em 1936, escreve os primeiros poemas. Em
1943, instala-se em Coimbra. Em 1947, entrou nos quadros dos Serviços
Médico-Sociais do Ministério da Saúde, como inspetor administrativo. Convive
com Torga, Carlos de Oliveira e Eduardo Lourenço. (Parece que foi Francisco
Sousa Tavares que lhe arranjou o emprego.) Por causa do trabalho, em 1950,
muda-se para o Porto, onde vive o resto da sua vida. A mãe falece a 14 de Março
de 1956. Em 1959, Óscar Lopes organiza, no Porto, um colóquio dedicado à sua
poesia. Em 1969, traduz as “Cartas Portuguesas” atribuídas a Mariana
Alcoforado.
[48] - Para lá ir, entre
outros livros, vendeu uma 1ª edição de MENSAGEM, por 10 contos.
[49] - João Gaspar
Simões escreve pela primeira vez sobre Eugénio de Andrade. Ver Crítica II, 2º
volume.
[50] - Textos de Torga, António Nobre, Eduardo Lourenço,
Carlos de Oliveira, Vergílio Ferreira, Eça, Pascoaes, Fernando Assis Pacheco,
Antero de Quental (?), Ruben A. , Tomás de Figueiredo, João
[51] - Crítica literária, Maria Lúcia Lepecki, 11.09.1988:
«Amor da realidade, do dia e da hora, amor do pequeno quotidiano recuperado
para formas superiores da criação estética: eis aí o primeiro ponto onde se
podem encontrar Eugénio e Visconti.» Sobre Visconti alguém terá afirmado:
Trabalha para não morrer… horas e horas para escolher o tom de um cortinado (…)
com esse amor à realidade que só conhece quem a sabe tão fugidia.
[52] - ver artigo de Fernando Pinto do Amaral, Público,
24-12-1994.
[53] Sophia
6 novembro 1919, Porto / - 2004
Tem o núcleo familiar em Lisboa. Ver Rua de São João
dos Bem-Casados (atualmente, Rua Silva Carvalho)
Do lado materno, Thomaz de Mello Breyner, 4º conde de
Mafra, médico da família real e professor da Faculdade de Medicina com vasta
cultura humanista de tradição liberal.
Do lado paterno, os
Andresens, família com ascendência dinamarquesa e alemã ligados a negócios de
transporte de vinhos, seguros e navegação, uma das maiores fortunas do Porto.
Rua António Cardoso, nº 170 – percurso familiar,
entre este número e o 1191 da Rua do Campo Alegre (casas e natureza, ligados
entre si).
No Porto, a partir dos 7 anos, frequente o colégio católico “Sagrado
Coração de Jesus”.
Convive com o primo direito, Ruben Andresen Leitão, o escritor Ruben A.
(1920-1975) Descreveu-o minuciosamente na autobiografia “O Mundo à Minha
Procura”.
Outro dos sítios fundamentais é a Granja, estância balnear entre o Porto
e Espinho, onde a família passava o verão.
O papel da Nau Catrineta no imaginário (a criada Laura…)
O avô Thomaz, grande amigo de Almada Negreiros, foi importante na educação
poética de Sofia, pois lhe ensinava os poemas, mesmo antes de saber ler... e
que lhe fez descobrir Camões e Antero de Quental.
Começou a escrever versos aos 14 anos… numa noite de primavera...
Em 1937, veio frequentar o Curso de Filologia Clássica.
O primeiro livro foi publicado em 1944 (Poesia), poemas escritos entre
os 14 e os 23 anos.
Casou com Francisco Sousa Tavares a 27 de novembro de 1946. Vivem na
Graça…
Será Sophia a cunhar a revolução da Poesia: o “dia inicial e limpo” do
25 de Abril, “a poesia está na rua” inspirado pelo 1º de maio pós-ditadura (de
que Vieira da Silva pintará o famoso cartaz).
[54] Os dois homens que melhor e
mais profundamente refletiram sobre Angola, Mário António de Oliveira e Mário
Pinto de Andrade, nunca tiveram direito a um passaporte angolano. Morreram
estrangeiros. Ver: José Eduardo Agualusa, Público, 18 de junho de 2000.
[55] - Oficial médico em Angola.
[56] - Nesta obra, L.A. cai no erro de confundir África com
os arrabaldes da Pátria que tanto o inspiram: «A ideia de uma África
portuguesa, de que os livros de História do liceu, as arengas dos políticos e o
capelão de Mafra me falavam em imagens majestosas, não passava afinal de uma
espécie de cenário de província a apodrecer na desmedida vastidão do espaço,
projectos de Olivais Sul…» Ver Fátima Maldonado.
[57] - Em Memória de
Elefante, A.L.A., entre muitas outras notas de cariz autobiográfico,
refere-se ao seu exame de admissão no Liceu Camões, observada da janela pela
mãe que, cética, tinha pouca esperança no futuro dele: «vira todos os miúdos
inclinados para o ponto, compenetrados e atentos, à excepção do psiquiatra, que
queixo no ar, inteiramente alheio, estudava distraído a lâmpada do teto.» pág.
[58] - São os heróis dos Descobrimentos. E é a Lisboa do
tempo das Navegações, amalgamada com outra Lisboa, a do período da
descolonização. Maria Lúcia Lepecki, DN 31.07.1988.
[59] - «É o meu melhor livro, mas não sei se é aquele de
que gosto mais. Quando não sou capaz de escrever começo a deprimir-me e a
sentir-me culpado (…) como se eu tivesse um dom e estivesse a desperdiçá-lo.
(…) não ter o direito de ser preguiçoso». Sobre as personagens: À casca
são pessoas que eu conheço, como as casas, como as ruas, preciso de um cenário
sólido que eu sinta como muito real. Depois eu visto-as por dentro e por fora
como me apetece. Público magazine, 18.10.1992
[60] - O Manual dos
Inquisidores parece a sua obra mais falhada, um museu de figuras de cera
onde cada personagem é mais inverosímil que a anterior. Dum lado os vilões,
ministros de Salazar, saídos das profundas do Inferno, comandados por Belzebu,
Salazar em pessoa, do outro os pobres (…) A meio não há nada, só preto e
branco. Ver Fátima Maldonado, Expresso 12/12/1997
[61] - Ver texto de Fátima Maldonado, Expresso 12/12/1997.
“Há, em L.A., uma incontinência que se detém nos pormenores mais sórdidos,
penduricalhos de pechisbeque cobrem de opróbrio as orelhas, peitos das
mulheres, urina que inunda tudo de uma luz febril, gente, paisagem, tudo acaba
por parecer-se. L.A. é dotado de um sentido de irrisão tão forte que submerge
toda a capacidade crítica, o que de certa forma debilita a sua visão pessimista
mas quão realista de Portugal. Ele acerta ao apontar-nos as chagas, leprosos
que somos, mendigos de favores, de cunhas, de prebendas, está certo quando
arrasa o país tão desgraçado, bebendo
por uma palhinha o capilé da sua mediocridade. Mas não sabe fazê-lo com
grandeza, não consegue a distância que permite visão larga, estreita talvez sem
querer o horizonte, é incapaz de não se misturar na intriga, acabando por ser
sempre mais uma das personagens e quase nunca o diagnosticador que pretende.
Por qualquer síndroma de que só ele saberá a razão, raramente consegue
manter-se fora da cega-rega que tanto caricatura.
[62] - Reúne as transcrições integrais dos mais de 300
aerogramas que Lobo Antunes mandou de Angola à primeira mulher, Maria José
Xavier da Fonseca e Costa, entre 7 de janeiro de 1971 e 30 de Janeiro de 1973.
Durante esse tempo, Lobo Antunes nunca deixou que ninguém lesse uma linha do
que escrevia.
[63] - Baptista Bastos.
[64] - A Tia Susana é uma pessoa que não tinha nada a ver
com aquilo que a rodeava, nomeadamente com o marido. Isto não era um caso
isolado, era a própria estrutura social. in Artigo de Leonor Xavier, DN.19-03-1989.
[65] - Escrito em colaboração com Gustavo Rubim.
O trabalho inicial data de 1984, mas a revisão e publicação de 2003.
[66] - João Barrento procura definir, sob a forma de
verbete enciclopédico, os conceitos de ‘moderno’, ‘cultura’, ‘contracultura’,
‘anticultura’.
[67] - Ver Regresso a casa, crítica literária de Maria
Estela Guedes, DN. 3nov1991. De acordo com a crítica: «é um livro de visão
realista, mas de estrutura imaginária. Tudo se passa como se como se fosse pura
fantasia ou incursão nos domínios do fantástico. O livro é divertido, com passagens
inesquecíveis…»
[68] - A propósito desta e de outras publicações, coloca-se
a questão do interesse do público pelo romance histórico, em que a realidade na
maioria dos casos é confundida com a ficção.
[69] - Pai da Inês Barros
(aluna de Literatura Portuguesa, em 2008/2009). Pertence ao grupo do DNJOVEM.
[70] - “Analisado na perspectiva
dos sujeitos da fala, A Colina de Cristal é uma espécie de coro. (...) Cinco
vozes fundamentais seguram, alicerçam as informações do romance. São as vozes
do Centauro, do Narrador, do Leitor textualmente representado, do Escritor e
dos discursos políticos – a voz do Poder fascista – citados.” Maria
Lúcia Lepecky, DN, 19 de Junho de 1988.
[71] - A desilusão perante o
fracasso do socialismo no pós-25 de Abril.
[72] - Crónicas. Na pág. 39, faz
referência ao sinaleiro “ O Bailarino “, no cruzamento do Matadouro com o
Liceu Camões. No entanto, foi aluno da turma 13 da Escola de Artes
Decorativas António Arroio. (pág. 167). Colegas: Vicente Van Gogh, Costa
Pinheiro, Luís Vaz de Souzel, Francisco Botelho, Daniel Vidas. Será que ainda
existe sinal do protesto inconformado numa das paredes da Escola? Textos
seleccionáveis: “Advérbio como protesto” (pág. 83); “ Os Anjos
Mudos” (pág. 87). Poetas preferidos: José Gomes Ferreira, Torga, Sophia,
Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Cesariny, Herberto Helder, Armindo
Rodrigues, Alexandre O’Neill. Temas: a nostalgia; o tempo na cidade; as ruas de
Lisboa; Pronunciamento: Além da limpeza da escrita, tive a obsessão de
outras limpezas; sobretudo a da limpeza do Mundo. Não tolero muitas coisas:
sobretudo, não tolero a biface, o ambíguo, sem que isso queira dizer que tenha
uma perseverante tendência para a desconfiança.” (pág. 60)BB
caracteriza José Gomes Ferreira do seguinte modo: “ E ele sempre fora
um poeta das ruas, um caminhante dos dias claros e um perguntador das noites.
Cercado de livros, de quadros, de memórias, de afectos – e de quimeras.”
Pág. 191
[73] - No dia 11.03.2003,
proferiu uma interessante palestra na Biblioteca da E. S. de Camões: considera
que o português sempre se preocupou em valorizar o OUTRO. Exemplificou com a
“fala” e sobretudo com o género “reportagem” – ver Pêro Vaz de Caminha: Carta
do Achamento do Brasil. Ver Fernando Cristóvão, Cruzeiro do Sul.
Valorizou também o contista Mário Dionísio. Na educação, considera fundamentais
três componentes: conhecimento, vontade, paixão.
[75] - Há dois onde fundamentais na poesia de Lourdes
Belchior: o cá e o lá. O primeiro, em princípio, é o profano e o histórico; o
outro é o sagrado, eternidade e modelo. Maria Lúcia Lepecki, DN 8-11-1987.
[76] - Domina a ideia de que a vida do homem se confina à
sua dimensão terrena. Interrogação acerca do sentido da existência.
[77] - Sobre a responsabilidade da poesia e do poeta: «Ao escrever, e independentemente do valor
do que escrevo, tenho às vezes a vaga consciência d que contribuo, embora
modestamente, para o aperfeiçoamento desta terra onde um dia nasci para nela
morrer um dia para sempre (…) Mas, ao escrever, dou à terra, que para mim é
tudo, um pouco do que é da terra. (…) Ao escrever, mato-me e mato. A poesia é
um acto de insubordinação a todos os níveis, desde o nível da linguagem como
instrumento de comunicação, até ao nível do conformismo, da conivência com a
ordem, qualquer ordem estabelecida.» Nota crítica de António Guerreiro,
Expresso, 12 Dez.1997. Dá destaque ao tempo trágico do indivíduo, mais do que
da História. O tempo trágico é aquele que preside à passagem do nada ao nada. E
ainda à passagem e à travessia.
[78] Nos 2 primeiros livros, não há um afastamento das
categorias do cristianismo e da tradição mística da «noite da fé», apesar do
questionamento da doutrina e das práticas da Igreja.
[79] - não há resposta para o «insolúvel da morte» …
[80] - são múltiplas as marcas de descrença.
[81] - aborda-se o problema da «condição definitiva», tendo
o ceticismo dado lugar a posições ambíguas.
[82] - José Craveirinha dedicou-lhe o poema “25
de Abril”: Naquele ontem / que delirantes apoteoses / nos crédulos
corações do povo. // Neste hoje / dúvidas interrogam presságios / mãos
persignando-se ao realismo / dos soluços no imo do Chiado // É nos amanhãs do
tempo? / Às avessas das líricas espingardas / talvez reste uma sardónica
lembrança / dos poetas cobaias dos cravos. / /Ponto. / Parágrafo. / Viras a
página Desde o Tejo ao Zambeze / um parêntesis de quimera / é o nexo do
paradoxo. // Posfácio:/ Um tal menino do Rossio / e tal menino da Matalala /
rótulas alcatifando o chão / em pleno 25 de Abril de noventa e quatro / sapatos
engraxam-lhes a vida.
[83] - António Botto tentou, por todos os meios, voltar a
Lisboa, ao ponto de escrever ao cardeal Gonçalves Cerejeira, dedicando-lhe o
poema Fátima e oferecendo a letra do hino do 13 de Maio, o Ave, Fátima.
[84] - Obra proibida por acção da Liga da Acção dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923),
liderada por Pedro Theotónio Pereira.
[85] - Maria Lúcia Lepecki, Era uma vez em Lisboa, DN,
22-11-1987. Encontro de Mulheres, DN, 29 novembro 1987; o Bem e o Mal, DN, 6 -12-1987
[86] - Antónia de Sousa, Não tenho opiniões radicais a
respeito de coisa nenhuma, DN, 26-06-1988.
[87] - Charles Boxer teve como assistentes no King’s
College, 3º titular da cátedra Camões, 1947 a 1967, primeiro Ruben Andresen
Leitão e, depois, Luís Rebelo. A Fundação Oriente tem editado a obra completa
de Boxer.
[88] - Hélia Correia parece
conhecê-la um pouco melhor.
[89] - João Gaspar Simões,
Sobre a Arte de Contar, DN 5.04.1984.
[90] - Apreciada por Fernando
Pessoa.
[91] -
Maria Alzira Seixo (JL, 21.5.1997): Nuno Bragança pratica uma espécie de fusão
de perspectiva e de estilos que implicam uma assunção do património literário
e, sobretudo, uma intensa prática de leitura, e canaliza-o para um hibridismo
textual que promove a rejeição de
qualquer perspetiva unilateralmente assumida, e, ao mesmo tempo, desenvolve a
paródia como homenagem, o realismo como crítica e o surrealismo como amarga
dissenção em relação a um quotidiano instável, insatisfatório e sem sentido.
[92] - F.H.P.B foi revelada na Poesia 61 (juntamente com
Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta). Fiama
foi aluna do Colégio Inglês de Carcavelos, o St. Julian’s School, e
frequentou o curso de Filologia
Germânica na Universidade de Lisboa. Exerceu crítica de teatro, acompanhou o
trabalho do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras, estagiando em 1964 no
Teatro Experimental do Porto. Foi, em 1974, um dos fundadores do Grupo Teatro
Hoje, sendo a sua primeira encenadora com Maria Pineda, de Lorca.
[93] - «Quando manobra para arrumar o carro no telheiro que
lhe serve de garagem, Amílcar e Ana (Maria de Sá Cabral) são encadeados por
dois potentes faróis. É um jipe do Partido, de onde saltam vários militantes
armados. Um deles é Inocêncio Kani, um veterano ex-comandante da Marinha.
Depois de uma ríspida troca de palavras, Kani dá instruções para amarrarem o
secretário-geral. «Podem-me matar, mas
não consinto que me atem.», terá dito Amílcar, segundo o único testemunho
presencial viva, Ana Maria, a viúva. nervoso, impaciente, surpreendido com a
resistência de Cabral, Kani dispara a pistola à queima-roupa. Atingido no
fígado, cai. Apelando a uma qualquer força interior, consegue sentar-se; chama
por Ana Maria e desafia os adversários para um diálogo. A resposta é uma curta
rajada de metralhadora AK: atingido na cabeça, Amílcar Cabral morre. (23 horas,
20 janeiro de 1973, Conacry – José Pedro Castanheira /Expresso, 16 de janeiro
de 1993) Os cabecilhas seriam Mamadou Touré (Momo) e Aristides Barbosa. Segundo
Senghor, «a morte de Cabral foi instigada por Sékou Touré».
[94] - Autor de estudo inédito “A Independência da Guiné e
a Descolonização Portuguesa”.
[95] - Esta obra foi reeditada pela União Latina, em 1999
(edição trilingue: port.; fra. romeno). Estes poemas foram escritos, entre 1951
e 1974.
[96] - Recolhe artigos seus publicados na imprensa. Ver
também: José Pedro Castanheira; Gerhard Seibert.
[97] - Um relatório sobre a
revolta de 1961, com fotografias de fazendas destruídas e cadáveres
terrivelmente mutilados.
[98] - Foi durante 18 anos adido
cultural em Maputo.
[99] - Explica o que foi a
exportação sistemática de escravos em Moçambique de 1733 até ao
início do séc. XX.
[100] - Eurico Gonçalves, Olhos de ver, DN, 22-03-1992.
[101] Considerar 11 cartas inéditas de Amadeu que
integram um livro de Fernando Pamplona. Cartas escritas ao seu tio paterno,
Francisco Cardoso, da Casa Ribeiro, em Manhufe, seu confidente e conselheiro…
[102] - Ministro da Cultura em 2005 : "La littérature orale angolaise est
presque millénaire et omniprésente une fois que notre peuple, hier et
aujourd'hui, se régit par une culture en majorité agraphe (non écrite), au
moment où plus de la moitié de notre population ne sait ni lire, ni
écrire", a indiqué le ministre.
[103] - «O fundamental do meu livro é a luta de libertação
nacional. O problema que enfrentavam na altura os grupos de ação do MPLA.»
Entrevista a Maria Teresa Horta, DN 20.09.1992
[104] - António Guerreiro, Expresso, 19-05-1990.
[105] -
Teresa Rita Lopes e Paulo Cardoso, Máxima…
[106] - Marcelo Caetano só gostava de alunos que tivessem 18
no exame. Era um grande elitista.
[107] - Acabou preso em Espanha, mas foi libertado por
pressão do Presidente Kennedy. Já em Paris, aderiu ao MPLA. Depois foi para Ara
(Gana) e a seguir para Rabat onde foi um dos principais organizadores da
Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP). Só
em Rabat é que conheceu pessoalmente Agostinho Neto. Em Marrocos contactou com
Ayala Monteiro; na Argélia, com Piteira Santos e Manuel Alegre… Agostinho Neto
(e família) fugiu de Portugal para Rabat graças ao apoio da rede clandestina do
PCP. Em dezembro de 1962, Neto patrocinou a eleição de Iko para o Comité Diretor
do movimento, encarregado do Departamento de Segurança. Encontrou Che Guevara
em Brazzaville em 1964, que lhe enviou 3 militares cubanos (ao Domingos da
Silva). Iko só conheceu Fidel de Castro em 1976, a 1 de janeiro, em Havana,
apesar de Cuba ser um dos principais suportes do MPLA.
[108] A UNITA foi fundada em março de 1966. Tony da Costa
Fernandes foi cofundador coim Jonas Savimbi. Miguel N’Zau Puna foi
secretário-geral durante 20 anos. Este entrou na organização em 1967, vindo das
alfândegas portuguesas.
[109] - Nito Alves seria apoiado pelo Partido Comunista
Português, querendo ocupar o lugar de Agostinho Neto que nele delegava muitas
das suas funções, designadamente de o representar no Congresso do PCUS. Ver 13
teses em minha defesa de Nito Alves, cunhadas pelos irmãos Vale. Era muito
seguido pelos jovens na contestação do governo de Neto. Nito e Zé Vandunem
foram expulsos do Comité Central do MPLA, ficando com residência fixa em
Luanda.
[110] -
Todo o tratamento foi pago pelo Governo angolano. O nitismo baseava-se num
conflito geracional, na contestação da liderança de Neto… e no racismo – ódio
aos brancos e aos mestiços. No caso, os alvos mais sonantes eram os mestiços
Iko Carreira e Lúcio Lara. O golpe de estado de 27 de maio foi liderado por
Nito Alves, Zé Vandunem e Sita Vales, com o apoio do PCP e da URSS.
[111] - Escrito conjuntamente com Maria Velho da Costa.
[112] - Reúne quarenta anos de trabalho poético, desde “Lírica Consumível” (1965) a “Sol a Sol” (2005). Pouco estudado. Excetua-se
José Manuel de Vasconcelos.
[113] - ver Linda Santos Costa, Retrato Satírico de
Portugal, Público, 11-06-1994.
[114] - São crónicas escritas
entre 1971 e 1974 para o suplemento Mulher do “Diário de Lisboa”.
[115] - Reúne 5 narrativas dificilmente classificáveis.
[116] - As suas
origens familiares estão em Alvalade do Sado e Figueira de Cavaleiros. Frequentou
o Liceu Camões entre 1959 e 1961, tendo como colegas: Eduardo Prado Coelho,
Basílio Horta, João Aguiar...
[117] - Prémio Cidade de Lisboa.
[118] . Constituído por 2 novelas, ele divide-se entre a
tragédia e a crítica acerada, de sorriso exposto. Numa entrevista a Maria
Teresa Horta (15/12/1991), Mário de Carvalho sobre o recurso à ironia, diz o
seguinte: «Porque quanto mais solenes são as instituições mais apelam ao riso.
Por isso dá-me sempre imensa vontade de brincar com o cardeal-patriarca, porque
é a pessoa mais solene que há
[119] - Nas palavras do autor, um conto dramático, sombrio,
de amores impossíveis. Um livro de destinos.
[120] - Grande Prémio APE de Romance.
[121] - Entre outros aspectos
referentes ao antes e pós 25 de Abril, alude ao «controleiro» - Vitorino Nunes
(PCP). Ver impacto do 25 de Abril no cónego (bispo de Grudemil). Ver também o texto crítico de Linda
Santos Costa “Arquitetura, a
Violência”, Público de 11 de Novembro de 1995: «O título, longo e rebarbativo,
resume o espírito do romance, sendo mais do que o “bordão do discurso”, que o
narrador se presta a dilucidar. Vera Quitério (a única representante da pureza
da militância comunista), a funcionária do PCP que usa a frase que dá o título
ao livro, tem três comportamentos idiossincráticos: tirar notas
compulsivamente, usar o tal “bordão do discurso”, fazer festinhas nas caras das
pessoas. (...) O autor não deixa de lado os filhos de Abril e deles dá um
retrato em que a caricatura ignora as “festinhas nas faces” e a ironia dá lugar
à sátira virulenta. O filho de Joel está preso em Pinheiro da Cruz por tráfico
de droga e a filha de Jorge é missionária
[122] - “O livro do país patusco”. Ver entrevista de Teresa
Coelho, Público, 5.12.2003. «O grande tema deste livro é a situação em que nos
encontramos. Lançar um riso amargurado, talvez mesmo um pouco azedo. (…) Num
país com nove séculos de história, é um exagero dizer que nunca esteve tão mal.
Mas posso dizer que, em minha vida, nunca senti isto tão apodrecido. E magoa-me
profundamente. (…) Dá impressão que há qualquer coisa de reles, de baixo, de
avacalhante, ajavardante que vai impregnando camada social após camada social.
(…) O ensino é o lugar da crítica, o jornalismo é o lugar da crítica. As
elites, se assim quiser, são o lugar da crítica. Não são o lugar daquilo que se
opõe à crítica: o obscurantismo, a astrologia, a tolice… (…) o lugar da literatura é de resistência.
È uma afirmação de humanidade. É também uma forma de organizar um mundo
apavorante. No momento em que se exerce o pensamento, o gozo de ler, em que
praticamos esta ludicidade, estamos a ser outra coisa que a javardice
dominante. É uma resistência civilizacional, porque é a civilização que está em
jogo.» Expresso, 22 Nov. 2003.
[123] - Breve retrato de um vencido da vida. Entrevista na
Notícias Sábado, 23/2/2008.
[124] - Cronovelema (conjuga crónica, novela e cinema) no dizer do autor.
Trata-se de uma narrativa de costumes, uns bons e outros maus, que Mário de
Carvalho resolve dissecar e mostrar aos seus leitores. Retrata as franjas de
uma Lisboa globalizada. Citação: «Quando não tenho vocabulário não tenho
conceitos e faz-se uma aproximação muito difícil à realidade.» Citação: «Tenho a experiência prática de ver, nos
últimos 20/trinta anos, que o primado das televisões tem levado ao afunilamento
do vocabulário e do pensamento e enclausurado as pessoas dentro de espaços
muito limitados. Esta pobreza do vocabulário televisivo é, por vezes, um
disfarce pois não existe capacidade para ir mais além.» Entrevista
conduzida por João Céu e Silva.
[125] OS
MEUS POEMAS: São simplesmente coisas /igualmente
dispersas, /que em vez duma só /são muitas conversas.
[126] - Aos 59 anos de idade.
[127] Opções /
definições: Sobre o
início da guerra, há 40 anos: "tinha 19 anos. Foi talvez o dia em que
estive mais perto da morte. Estava no Quitexe e tinha começado a trabalhar como
regente agrícola numa grande fazenda. Não morri porque cheguei três minutos
tarde de mais ao posto administrativo onde fora buscar o correio. Foi uma
situação tão extrema, que os horrores que se lhe seguiram não me deixaram
dúvidas sobre o lado em que passaria a colocar-me daí para a frente. Por isso é
que digo ser angolano por condição e não opção. (...) Estava do lado da razão
de Angola." Sobre a literatura: "Em relação à produção
literária, o que me interessa na escrita são os seus elementos detonativos. E a
poesia militante é, quase sempre, conotativa e, muitas vezes (o que sempre a
diminui!), demonstrativa. Mas pode de facto acontecer que através dela se
produza, por diversas razões, conjunturais e não só, um tal grau de exaltação
no leitor que lhe assegure o efeito de "revelação" sobre a
"causa" que o poeta, independentemente da qualidade do poema, quis
cantar e apoiar. Foi o que aconteceu comigo. Sobre o comprometimento da
literatura: Sobre se a Angola independente e soberana nunca lhe causou
"arrepios" que o levassem a pegar na pena, denotativa ou
demonstrativamente, Ruy Duarte de
Carvalho responde: Antes do "Vou lá Visitar Pastores",
cujo terreno seria "a priori" o da escrita demonstrativa, mas onde,
por um artifício literário, introduzi elementos de escrita criativa, eu já
tinha escrito o " Aviso à navegação", dirigido a interventores, a
políticos, a ONG, etc. ... Foi a minha resposta cívica, se quiser, feita em
termos demonstrativos, sobre os mesmos kuvale (ou mucubais, como toda a gente
lhes chama) e sobre as sociedades angolanas de economia doméstica em geral,
para que técnicos e executores políticos pudessem servir-se do livro como
instrumento de consulta. Está implícita em todo o livro a crítica ao poder, às
práticas mais reprováveis dos poderes. Sobre o boi kuvale: " A raça
dos bois kuvale corresponde a uma matriz dos bovinos de toda a África. São os
sanga, descendentes em linha directa dos "Bos primogenitus", que dá o
"Bos taurus" (bois sem bossa) e o "Bos indicus" (com
bossa).
[128] - Sobre Angola (1999): "Estou a chamar a atenção
para uma Angola que as pessoas não sabem que existe porque a actualidade de
Angola é de tal forma confrangedora que as pessoas só se detêm nos aspectos
catastróficos. A Angola de hoje é uma coisa geograficamente de tal forma
insularizada e de difícil circulação que as pessoas acabam por se ocupar só de
Luanda. Esquecem-se que Angola é vasta e tem Angolanos... lá no fim...! que por
razões culturais, como é o caso dos Kuvale, ou por razões de actualidade político-militar,
vivem em situações de grande isolamento, que reabilitaram sistemas de produção,
de circulação económica que até implicam dispositivos de troca... (...) São
estes processos que me interessam. À medida que o mundo cumpre a globalização,
de que vocês tanto falam, há processos de insularização em curso, que desligam
as pessoas mas ao mesmo tempo lhes garantem a sobrevivência. E são tão
angolanos como os outros! E raramente são tidos em conta: quer pelos poderes
nacionais quer pela chamada assistência humanitária, que normalmente não atende
à especificidade das populações e, a coberto de uma acção que pressupõe um
resultado positivo, introduz formas que se revelam negativas para as
populações. Tudo isto acontece, tudo isto é referido aqui. Sobre o
"mundo Kuvale": Toda a gente come, a redistribuição é um facto,
há gente mais rica e gente mais pobre, mas do comportamento dos ricos consta a
componente intrínseca de distribuir a sua riqueza. Entre estes pastores, há
famílias que detêm milhares de cabeças de gado; há outras que detêm dezenas ou
unidades. Mas, de uma maneira geral, todos acabam por comer da mesma
maneira.Por todo o mundo os ricos ostentam a sua riqueza, não há acumulação que
não vise exibir-se... No caso destas populações, a exibição da riqueza passa
pela redistribuição, um homem é mais prestigiado quando alimenta mais gente,
quando da riqueza pode extrair vantagem e destaque social através da sua
capacidade de dar, não de acumular.Todos os anos os homens ricos matam pelo
menos dois, três bois, que partilham com toda a vizinhança. Essa é a diferença
fundamental! Enquanto os homens ricos de Luanda acumulam automóveis nos
quintais, os homens ricos pastores que eu trato acumulam bois de que depois
fazem beneficiar as pessoas que estão à volta.
Eu
posso ter que sair de Angola, no dia em que sair fechei o escritório, não
falarei mais de Angola. Angola não é uma coisa que a História destinou à
extinção e de que nós sabemos tudo porque extraímos uma leitura. Não! Angola
vive, pulsa, é maior do que as situações que lhe assistem. Era maior do que a
condição colonial que lhe estava imposta, hoje é maior do que a situação de
catástrofe que vive.
Dados
biográficos: Conheço esta sociedade
desde criança. O meu pai era português, de perto de Lisboa, foi para Angola com
30 anos. Eu ia com ele para o mato, caçar, foi aí que eu apanhei o vício do
mato. Ainda ando a dormir nas pedras.
Este é o livro que escrevi para me explicar a mim mesmo. Tinha 19 anos
quando rebentou a revolta contra o poder colonial, vi de tudo, fui
bombardeado, lutei pela independência e pela autonomia. Desde então que sei
perfeitamente de que lado estou – do lado de Angola como país que ainda não
desistiu.
Sobre
a adopção de um estilo literário no discurso antropológico:"É verdade que a adopção de um estilo literário,
ficcional, no discurso antropológico não é novidade. Já não o era quando Geertz
e seus seguidores mais radicais,
Testemunhos
/ Leituras: Nas palavras de José Eduardo
Agualusa:"Vou lá Visitar Pastores" está organizado como se fosse
uma conversa entre o narrador, Ruy Duarte, e um jornalista angolano do qual não
se refere o nome (é Filipe Correia de Sá, ele próprio escritor, há anos a
trabalhar nos serviços portugueses da BBC, em Londres), que combinou
encontrar-se com o amigo para visitar o deserto. Filipe Correia de Sá não
comparece ao encontro e Ruy Duarte deixa-lhe uma série de cassetes... – curioso
artifício literário / de um discurso antropológico... " Vou Lá Visitar
Pastores" – exploração epistolar de um percurso angolano
[129] - Em entrevista, a propósito de Paisagens Propícias, Ruy Duarte de Carvalho defende uma tese que
sempre me foi cara: »Poucos retêm que o
último embate da guerra fria ( a batalha do Cuíto Canavale) foi em Angola, e
que esta tem sido campo de batalha de muitas guerras que não têm a ver
connosco: Afeganistão, independência da Namíbia, reflexo da luta armada no fim
do apartheid na África do Sul…»
[130] - O livro narra uma viagem física e literária pelo rio
S. Francisco ( ver referências brasileiras: Guimarães Rosa e Euclides da
Cunha). Resulta de uma estadia de alguns meses no Brasil com intervalo para o
autor regressar a Angola e voltar a cruzar o Atlântico.
[131] - Luís Miguel Queirós, Público, 24-9-1994: Matosinhos
homenageia Guilherme de Castilho.
[132] - João Gaspar Simões, DN5-07-1984. O crítico excede-se
no elogio, sobretudo da construção da personagem Joana. O romance psicológico
ultrapassa as 50.000 palavras. Este primeiro romance quando Paulo Castilho fez
40 anos.
[133] - Não sinto comprado. Entrevista conduzida por
Maria Teresa Horta, DN 28-4-1991.
[134] - Reúne poemas inéditos e publicados entre 1950 e
1990. Foi lhe atribuído o Grande Prémio Inasset/Inapa por um júri constituído
por Alçada Batista, Pedro Tamen e José Saramago.
[135] - Em 1 de
Setembro de 1966, Armand Guibert, nas Nouvelles Littéraires, definia Emigrantes
como «romance sociológico», equiparando-o a A Estrada do Tabaco, de
Erskine Caldwell, e a Pão e Vinho, de Ignazio Silone.
[136] - Urbano Tavares Rodrigues,
in Jl, 29 de Março de 1995.
[137] - Encontro com colegas no Café Herminius (Cruzeiro
Seixas, Júlio Pomar, Pedro Oom, Marcelino Vespeira,…)
[138] - Despe-te de
verdades/ das grandes primeiro que das pequenas/ das tuas antes que de
quaisquer outras /abre uma cova e enterra-as / a teu lado (…) discurso ao
príncipe de Epaminondas
[139] - Nesta obra, verifica-se a indissociabilidade da obra
plástica com a obra literária. Escreve o poeta: “Ela sabe que os pintores / os escritores / e quem morre / não gosta da
realidade / querem-na para um bocado / não se lhe chegam muito pode sufocar./
Praticadas dentro dos princípios surrealistas, poesia e pintura são colocadas
pelo artista, pelo escritor num mesmo plano – uma das suas primeiras exposições
individuais reuniu mesmo, em 1956, numa livraria, a António Maria Pereira, em
Lisboa, “capas-poemas-objectos”.
[140] - Diz o
Cesariny: “Perante dádá, como perante qualquer outro movimento de finalidade
puramente estética, o aparecimento de Breton ergue um ternário de que a
literatura e a arte são apenas um dos lados, talvez o mais acessório; o outro,
a vida humana, terceiro, o mundo dado. O amor, a poesia, a imaginação.”
[141] - JL, Francisco do Vale, de 3 a 16 de Agosto de 1982.
[142] - A obra exposta ajuda-nos a relacioná-la com o
movimento de abstraccionismo não geométrico do pós-guerra internacional e com a
ruptura estabelecida com a ortodoxia figurativa do surrealismo. Uma das vozes
mais significativas e polémicas do surrealismo português (obra literária e
plástica).
No
plano nacional há um cruzamento de uma vertente expressionista e lírica:
colhida nos exemplos das figuras mitificadas de Mário de Sá Carneiro e Amadeo
de sousa Cardoso, de teixeira de Pascoaes e de Vieira da Silva...
(Ver
catálogo editado por João Lima
Pinharanda e Perfecto E. Cuadrado, Assírio e Alvim e EDP, 60 €.)
[143] - Óscar Faria, Público, 9 de Agosto de 2003.
[144] - E. Sampaio apresentou a reedição do Cadáver Esquisito, 1ª ed. da Guimarães
edit. De 1956.
[145][145] - Rami ( a heroína) procura
regressar à essência da poligamia como é praticada nas sociedades
tradicionais, em que as mulheres novas e velhas partilham a mesma casa, dividem
as mesmas tarefas, criam os mesmos filhos que são de todos. Ver António Tomás, Público de 20 de Março de
2003.
[146] - “ Eu quando quero dormir,
durmo, quando quero escrever, escrevo e quando quero chorar, o que acontece de
longe a longe, carrego num ou dois botões que tenho cá dentro e choro.”
Público, 23/7/1993.
[147] - Clara Ferreira Alves, Expresso, 6-02-1988, Eu, Mário
Cláudio.
[148] - Ver uma visita guiada ao museu imaginário, de Maria
Lúcia Lepecki , DN, 27/11/1988.«É da prisão que Mário Cláudio parece tratar,
afinal, em Um Verão Assim.»
[149] - Amadeo de Souza-Cardozo,
Guilhermina Suggia, Rosa Ramalho. Um romance de costumes, no dizer do autor, e
não uma ‘saga familiar’.
[150] - A 20-12-
[151] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 22-05-1988: O plano do
Altíssimo em «A Fuga para o Egipto» (MNAA, Lisboa). Livro inspirado no quadro
de Tieppolo.
[152] - Maria Teresa Horta, DN, 13-1-1991, “uma Viagem ao
passado longínquo”
[153] - Filomena Mónica, Tocata, Notícias Magazine. Deveria
o autor ter incluído um texto explicativo? Ou ter escrito um romance de tese? Ver
também Joaquim Matos, 6-1-1993:Tocata para Dois Clarins é um xeque-mate ao
conceito épico da história: o culto dos
heróis e dos ‘grandes’ feitos.
[154] - A noção central acaba por ser o Sebastianismo.
Histórias escritas entre 1987 e 1997.
[155] - Facto: em 1493, D. João II enviou para o degredo
da ilha de São Tomé sete meninos Judeus.
[156] - Publicados na Revista
de Etnologia e de Glotologia – fundada e dirigida por Adolfo Coelho.
[157] - Do ponto de vista antropológico.
[158] - Antecedente remoto, Les Mythologies de Roland
Barthes (1957). Vinte e dois ensaios. A Geografia dos cafés: A Granfina dos anos 60 (Nuno Júdice,
Gastão Cruz, Luís Miguel Cintra…); No Monte
Carlo, havia José Saramago e a mulher, Isabel da Nóbrega, Fernando Lopes,
João César Monteiro, Carlos de Oliveira, Augusto Abelaira, Mário Dionísio, José
Fernandes Fafe. Herberto Hélder e Ruy Belo preferiam o Toni dos Bifes. O Vává, lugar de cultura e boémia…
[159] - Obra escrita em colaboração com o psiquiatra
Francisco Allen Gomes (ed. Âmbar)
[160] - Obra escrita em colaboração com Maria Assunção
Avillez (ed. Rolim)
[161] - Viale Moutinho, DN 8-10-1989.
[162] - A sua inspiração é «O Manuscrito encontrado em Saragoça», do escritor polaco Jan
Potocki que CPC confessou ser o romance da sua vida (Pública, 6 de Junho de
2003).
[163] - Margarida Sérvulo Correia, As ficções e os espelhos,
DN, 6 abril 1983: A ficção de Hélia Correia funciona como um espelho. Resta
saber como é este seu espelho. Em O Separar das águas vamos de 1917 – o ano em
que os santos tremeram e cravaram em Deus os seus olhares perplexos (Revolução
Bolchevique) e em que Deus envelhecido e já um-tudo-nada-cauteloso mandou a sua
mãe que abalasse em recado a terras portuguesas (Fátima) – até à peste
inelutável de 1926, sem esquecer o passar com demora breve pela ditadura
sidonista. Depois ( em O Número dos Vivos) estamos num tempo deixado impreciso:
no salazarismo, no pós-guerra; um tempo
apenas datável (1945 /1954) porque lá fora se viaja numa Europa esfuziante e
perplexa entre os seus louros de guerra e as suas ruínas…
[164] - Ver Entrevista a Maria Teresa Horta, DN16-06-1991.
«Neste meu livro falo da inexistência da verdade. Ou de quanto a verdade é
dúbia, é próxima, se satisfaz a si mesma quando encarna nas pessoas…
labiríntica.»
[165] - ver Eduardo Prado Coelho,
Público 29 de Setembro de 2001: Lillias, portadora do nome terrível dos Fraser
da Escócia até Portugal, sob a influência de Blimunda de Saramago? vê, ao olhar
para alguém, a morte. Articular com Saramago, Agustina Bessa-Luís e
Maria Gabriela Llansol.
[166] - Em 1942, casa com Álvaro
Santos Dias, um escrivão notário. Em 1946, divorcia-se e casa com o americano
William Hylen. Em 1947, apoia a candidatura de Norton de Matos à Presidência da
República. Em 1950, regressa dos EUA, divorcia-se e casa com Alfredo Machado, o
homem da sua vida. Em 1958, apoia a candidatura de Humberto Delgado à
Presidência da República. Em 1971, funda, com Isabel Meyrelles, O Botequim.
Dórdio Guimarães foi o seu último marido. Casaram em 1991. Foi Natália Correia
quem apresentou, no Botequim, em
[167] - Este poema foi dedicado ao assalto ao navio «Santa
Maria», em 1961.
[168] Artigo “O recôndito concerto”, a propósito dos Sonetos
Românticos, artigo de Maria Lúcia Lepecki, DN 5-5-1991. «Em Natália Correia, o
eu é, sobretudo, a medida de todas as
coisas.» Ver também “Sonetos Românticos”, DN28-04-1991.
[169] -
DN, 30.06.1991.
[170] - Segundo Raul Rego, viveu 30 anos no exílio – de 1927
a 1957.
[171] -
«Imaginação e criação aliam-se em Jaime Cortesão com a força de uma
mundividência estruturada pela Liberdade.» Joaquim Romero de Magalhães,
Público, 24.03.1996.
[172] - Foi o, então, marido Sedas
Nunes que adiantou à Moraes 15 contos para que a obra fosse publicada.
[173] - com Maria Teresa Horta e
Maria Isabel Barreno.
[174] - Ver Irene Lisboa e Manuel Ferreira.
[175] - Da leitura de Irene ou
o Contrato Social fica-me a excessiva referência literária e a exibição
poliglota que, frequentemente torna a narrativa ininteligível. Finalmente
percebe-se que a autora ama o floreado fónico, obscurecendo o sentido. E é pena
porque não lhe falta capacidade!
[176] - Romance
epistolar, escrito com Armando Silva Carvalho.
[177] - “O que se impôs foi o sentido denunciador de um tempo
de fascismo dos anos quarenta e cinquenta, retratado ou fixado no simbolismo
dos valores os ideológicos ou políticos, nas intrigas e denúncias, nos actos de
coragem e de esperança, para assim fazer compreender aos leitores de hoje quem
são ou foram os verdadeiros "netos" de Norton (de Matos, entenda-se)
e como esse tempo português foi bem difícil, cinzento e terrível de suportar.”
Serafim Ferreira
[178] -
Inventei este nome quando tinha 2 ou 3 anos. Pensava que era gato… “ As
palavras são propriamente um meio, um veículo para fazer despertar um universo
que de outra maneira estaria adormecido. Eu fico um bocado triste quando as
pessoas não percebem isso.” – Mia Couto em entrevista a Mil Folhas, 28/09/2002.
[179] -
Entrevista, 2.1.2000.
[180] - Era para se chamar O Eclipse dos Vivos. Revela certa
semelhança com “Vida e Morte Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Quem
promoveu “Terra Sonâmbula” em Moçambique foi o Centro Cultural Francês que
disponibilizou 500 exemplares.
[181] - Mia Couto: «No fundo, os velhos que estão no livro
são uma espécie de guardiões da moralidade, os últimos pilares de uma ética que
é hoje a minha opção política. (...) Não sou niilista, acredito que as
respostas para os assuntos sérios podem ser encontradas também naquilo que eu
faço nos meus livros, nesta brincriação, neste desafio aos sistemas de
pensamento que até agora usámos e pelos quais fomos usados. Temos que inventar
outros sistemas de pensar, autorizarmo-nos a pensar
[182] - Parte de um episódio verídico da História, a viagem
do missionário português D. Gonçalo da Silveira entre Goa e Moçambique, para
descrever a ideia de uma África cristã «que nunca podia acontecer» e evocar as
múltiplas realidades da África presente., Público, 13 /5/2006.
[183] - Com pseudónimo de Mário Vieira iniciou-se
como jornalista em «O Brado Africano». Colaborou na coletânea Poetas de Moçambique (CEI, 1960).
[184] - Entrevista à revista
“Sábado” de 11/03/93.
[185] Viveu nesta localidade desde 1971.
[186] - Mª Estela Guedes - Crítica Literária:
Histórias do Barroso
[187] - Casou com Fiama Hasse Pais Brandão nos anos 60 (?).
[188] - Mil Folhas, 24 de Julho de 2004.
[189] - Em 1963, era professor do Colégio Moderno.
[190] - Arte Poética: “ na
poesia procuro uma casa onde o eco / existe sem o grito que todavia o gera.” O
interlocutor maior de “Rua de Portugal”
é a morte, e o seu reverso, o amor imenso, ambos infindos, confrontados
intertextualmente com vários poetas, nomeadamente Fiama Hasse Pais Brandão.
Ver Maria da Conceição Caleiro, Público,
22 de Fev. de 2003.
[191] - Maria Estela Guedes: Gastão da Cruz não é daqueles poetas
que provocam o amor à primeira vista. O poeta tem algumas afinidades com os
simbolistas. O seu barroquismo é de ordem conceptista.
[192] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 26-05-1991: Gastão Cruz: a
poesia e a vida.
[193] -
Entrevista Gastão Cruz: Estou farto! Público,23.9.1995.
[194] - Visão subjetiva e relativa; espelho (as aparências);
a angústia; a escrita – a parte visual do pensamento / a velocidade; o duplo e
a figura do mal; violência, sexo, obscenidade;
[195] - Confrontar com a obra Sancirilo, de António Manuel Pires Cabral sobre a morte do Ditador
Salazar. Ver DN 2 fevereiro 1984, António Valdemar.
[196] -
Escrita para as crianças aprenderem a ler, tornou-se uma obra polémica, aliás
como aconteceu também com o Método Português de Castilho. (Prof. Messias
Martinho de Oliveira, Almonda, 19.01.1996)
[197] - Este livro foi concluído
em Abril de 1938, em Sá da Bandeira. Relata de forma apaixonada a vida
empreendora dos colonos, faz a apologia do povoamento, dando particular atenção
ao papel da mulher branca. Insurge-se contra a indolência e a ignorância da
metrópole que, em vez de apostar na deslocação para Angola, mergulha na inacção
ou emigra para outros países, deixando as colónias à mercê de interesses
inconfessados dos estrangeiros. Com frequência, celebra o testemunho dos
estrangeiros sobre as qualidades de que os portugueses de Angola dão prova:
hospitalidade, espírito de sacrifício, audácia, iniciativa. E sobretudo,
celebra a capacidade do homem português de, após esforçado combate de ocupação
e de pacificação, criar uma relação harmoniosa com o preto, apesar do mulato
surgir, por vezes, como uma figura demasiado assimilada, capaz de rejeitar a
própria mãe. Gastão Sousa Dias acredita que Angola pode ser o futuro de
Portugal, se os governantes se empenharem no povoamento e desenvolvimento de
Angola; no entanto, teme que os estrangeiros, isto na década de 30,
estejam cada vez mais interessados na riqueza angolana. Para este autor, o
inimigo é o estrangeiro que ele não identifica de modo nenhum com o
negro. Esse apenas necessita de ser civilizado, o que já estaria a acontecer
pois estaria a perder o instinto destruidor que o caracterizava. Para além do
estrangeiro, Gastão Sousa Dias temia que
os governantes da Metrópole não estivessem à altura do desafio. Angola essa
oferecia tudo – o clima, a água, a flora, a fauna; a extensão e diversidade –
para ser o futuro de Portugal. Finalmente, o autor revela um profundo
conhecimento da história da ocupação de Angola, sobretudo do Sul. Evoca D. Ana
de Castro Osório; D. Marta Mesquita da Câmara; D. Emília Sousa Costa; João
Furtado de Mendonça (1595, Governador); o capuchinho Merolla (1688); Fernão
Cardim (Narrativa Epistolar); D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho
(governador de 1764-1772); Lopes Lima (1846); Christian de Caters; Sá da
Bandeira ( decreto. de 10 de Dez. de 1846 – proíbe o tráfico de escravos);
Maeterlink ( A inteligência das flores); Millet ( o pintor); Vicente Ferreira;
Norton de Matos; Raul Lino; José Osório de Oliveira; Padre Bonnefoux (Huíla);
Artur de Paiva (chefe glorioso); Pereira de Eça; Gregório José Mendes (1785);
João Bordalo (1877); Jacquemina Elisabeta Gertruida Botha de Paiva ( filha do
boer Jacobus Botha e casada com Artur de Paiva); Nunes da Mata (governador);
Silva Porto; H.ª Bernatrik (O Continente Negro); Théodore Delachaux e Charles
Thiébaud (Pays et Peuples d’Angola); Francisco Gouveia (séc. XVI); Desastre de
Vau do Pembe (1904); Padrel; Alves Roçadas; Álvaro Damião Dias ( condiscípulo
do autor, morto no combate de Mongua a 18 de Agosto de 1915). Para Gastão Sousa
Dias, as formas mais eficazes de marcar vincadamente a nossa passagem por sobre
a nossa terra, de eternizar o esforço do colonizador são: a vivenda e a língua.
[198] - Entrevista a Elizabeth França, DN 24-01-1981.
[199] - R. Andrade n.º2 – r/c. Em 1927,
ano da morte do pai em Tete, entra no Liceu Camões. E em 1930, no Liceu
Gil Vicente. Em 1933, ano da morte da mãe, concluí em Évora o 7º ano do liceu.
Em 1934, frequenta a Faculdade de Letras de Lisboa. Funda o semanário “Gleba”.
Em 1935, entra para o semanário “Liberdade”, ao mesmo tempo que Álvaro Cunhal.
Em 1937, inicia colaboração no “Sol Nascente”, “Diabo”, “Seara Nova”. Em 1940,
licencia-se
[200] - Centro Mário Dionísio – Casa da Achada, no Largo da
Achada, em Lisboa. (Abre brevemente).
[201] - Ver artigo de Eduardo
Prado Coelho, Público de 1 de fevereiro 2003.
[202] - António
Guerreiro, Expresso, 21-03-1992, O murmúrio dos mortos.
[203] - “Este projecto era ele próprio fruto do activismo
político do seu fundador. O nome da editora traduzia a aliança gerada pela
guerra e pela esperança de um novo mundo que a vitória contra o nazismo abria.»
José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.
[204] - «O partido via o jornal como uma espécie de
iniciativa paralela de criar um outro partido comunista ou de servir de
instrumento organizado e de influência contra a direcção do PCP. Se tivermos em
conta o que acontecera com O Diabo,
em 1939-1940, o receio não era tão paranóico como hoje parece. Piteira sabia o
que queria e o modo como orientou o “Ler”mostra uma clara intencionalidade
política contra a então direcção partidária na clandestinidade.» José Pacheco
Pereira, Público, 15/4/2004.
[205] - Na perspectiva de Eurico
Monchique, “a obra não sai bela”. Público, 16 de Novembro de 2002.
[206] - Livro de saudade e de mágoa que retrata certa Luanda
da primeira metade do século XX. Companheiro de António Jacinto.
[207] - «Sou um gajo que gosta de escrever, mas que não
gosta de publicar, é isso». Ver entrevista conduzida por Baptista Bastos,
Sábado Popular 30 de Março de 1985.
[208] - Deu origem a uma das mais violentas polémicas
daquele tempo entre Vergílio Ferreira e Alexandre Pinheiro Torres.
[209] - Prémio Aquilino Ribeiro da Academia das Ciências de
Lisboa.
[210] - Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus.
[211] - Prémio Originais de Ficção da Associação Portuguesa
de Escritores.
[212]- O
Conquistador. Uma novela que retrata
“a iniciação sexual de um jovem, a sua descoberta dos meandros da psicologia feminina.
“O protagonista é nada mais nada menos Sebastião , nome emblemático que remete
para o célebre rei derrotado em Alcácer Quibir. Sebastião e a sua iniciação
sexual confronta-nos perante um determinado tipo de sexualidade dos rapazes dos
anos sessenta / setenta, antes dos 25 de Abril...O Conquistador “ é uma
efabulação sobre o Português, cujo percurso, de Sintra a Paris, conduz a um tal
conhecimento da Mulher, desde a provinciana à aristocrata, da intelectual à
diletante... Don Juan nacional é o mito acarinhado por Almeida Faria que
desbrava outras formas de ficção.
[213] - Alexandra Lucas Coelho, Público, 14 /07/2001.
Pseudónimos adotados: Daniel Augusto; Germano Serra.
[214] - Poesia erótica. Ilustrações de Luandino Vieira.
[215] - Empresário de Amália Rodrigues, de 1965 a 1992.
[216] - Baptista Bastos. Ver
também testemunho de Nelson de Matos: “A sua poesia era cantada nas ruas e na
rádio, nos comícios políticos, em espetáculos, a sua imagem aparecia
frequentemente na televisão, nos jornais, em cartazes, todos o conheciam, todos
sabiam de cor muitos dos seus poemas. Os seus livros, a ficção, as crónicas, a
poesia, atingiam tiragens e vendas impensáveis. Estávamos na segunda metade da
década de setenta. Todos o respeitavam. Todos sabiam de cor os seus poemas.
(...). Como pudemos esquecê-lo assim tão depressa? (DNa, 3 de Maio de 2003)
[217] - Sou um poeta dos factos. (Entrevista, 12.6.1980) A
classe que considerava mais culta era a camponesa (literatura oral, cantada) vs
cultura pequeno-burguesa, pífia…
[218] - Em 16 fevereiro 1992 (Inquérito Literário DN) – as
leituras preferidas de Manuel Ferreira: Peregrinação e a obra teórica de
Mikhail Bakhtine.
[219] - Furriel miliciano.
[220] - Óscar Lopes formou-se no
mesmo ano e curso que o autor de Vagão J, na Faculdade de Letras de
Coimbra, em 1940;
[221] - Foi enterrado em Melo
(Gouveia), sua terra natal. Eduardo Lourenço define-o “entre o humanismo e o
absurdo”.
[222] -É um romance alentejano, centrado em torno de Évora,
assim como de um problema central, não só dos neorrealistas, mas do conjunto
dos cidadãos portugueses: da lógica do combate antifascista, cuja reestrutura
aparece como cortada de uma grande parte das condições teóricas e práticas da
realidade nacional. (Alfredo Margarido, Uma Geografia da Ficção Neorrealista). Mudança é uma obra de transição na obra
de V.F., que não deve ser ignorada pelos neorrealistas.
[223] - Transposto para o cinema em 1974, por Manuel
Guimarães. Protagonista, Mário, um pintor. Cresceu na aldeia, foi professor de
Desenho na cidade e regressou, doente, à aldeia.
[224] - Este romance foi
sumariamente considerado reacionário.
[225] - Até ao Fim
pretendia ser um símbolo do nosso tempo, ao tratar da dissolução da família, do
desaparecimento do apoio religioso, da confusão de valores...
[226] - “A beleza
nasce do trabalho inventivo do homem, de um contacto paciente com o que a não
tem.”
[227] - Ver crítica de Miguel Esteves Cardoso “De
uma vez para sempre” (DN, 12-02-1984). Ver também o artigo de Maria
Joaquina Nobre Júlio «Para sempre» de Vergílio Ferreira, uma proposta de
leitura (DN, 16-02-1984):”a personagem, Paulo, persiste na busca
obsessional que lhe definiu a existência inteira e que agora se agudiza: a
busca do enigma, do possível sentido para as pegadas que o homem deixa no
universo. A obsessão das personagens das suas criações literárias, sejam elas
Alberto, Adalberto, Jaime Faria ou Paulo, não é mais do que a sua própria
obsessão perante o mistério do Ser, e, como a outra face do mistério do Ser, o
mistério do próprio homem. (...) Para sempre é uma denúncia do abuso da
palavra no mundo dos homens. (...) A música, o canto, o grito surgem, assim, em
oposição à palavra falada, desnaturada e desviada do seu uso mais genuíno.”
[228] - « Não há realmente ajuste
de contas: há questões literárias que podem ter o seu interesse histórico, no
domínio da história literária; coisas da própria vida e de mim próprio. (...)
as pessoas que não foram lá buscar aquilo que era acidental, aderiram com
força.» Depoimento dado a Elisabete França, DN 19 de Junho de 1988.
[229] - «O prazer de ajudar à
formação de um jovem que parte para a vida foi a única compensação, a única
coisa gratificante da minha carreira de professor. Tudo o mais foi negativo.
Num tempo em que a escravatura foi abolida, os professores continuam a ser escravos.
Depoimento dado a Elisabete França, DN 19 de Junho de 1988.
[230] -
Eduardo Lourenço, Expresso, 9.03.1996.
[231] - Expresso, 9.03.1996.
[232] - que representou como actor
no Brasil.
[233] - Reúne poemas de
[234] - No início dos anos 70, RCF acumulava o cargo de
diretor de jornal com as missões de piloto voluntário da Força Aérea, ao
serviço da qual apoiava os soldados na frente de combate e transportava feridos
para Luanda.
[235] - Apoiou a revolução de 28 de maio de 1926. Defendeu a
Situação de armas na mão em fevereiro de 1927 no largo do Rato em Lisboa. Em
1927, foi deportado para Angola, mas dois anos depois já era chefe de gabinete
do Alto-Comissário e, em seguida, Governador do Distrito da Huíla. Entre 1952 e
1959, esteve preso em Peniche, na Penitenciária de Lisboa, e no Hospital Miguel
Bombarda. Fugiu de um 7º andar do Hospital de Santa Maria, conseguindo asilo na
embaixada da Argentina, tendo seguido depois para a Venezuela, onde, em ligação
com Humberto Delgado, organizou, em 22
de janeiro de 1961, o assalto do paquete Santa Maria., como forma de
denunciar o salazarismo. No assalto, participaram 24 homens, entre os quais:
Soutomaior, Pepe Velo e Camilo Mortágua. Mais tarde, em novembro de 1961,
Henrique Galvão e o seu grupo desviaram um avião da TAP da carreira
Lisboa-Casablanca, que foi obrigado a sobrevoar Lisboa, enquanto eram
despejados panfletos da “Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no
Estrangeiro”.
[236] - Esta obra inicia a atitude
anti-heroica que iria predominar na posterior literatura portuguesa.
[237] - Natural da aldeia de
Criação Velha, no Pico, Açores. Frequentou o Liceu da Horta. Licenciou-se em
Filologia românica em 1969. Jornalista no República, no Jornal Novo, n’ A
Capital, n’ A Luta, no Diário de Notícias, n’ O Diabo, na Vida Mundial. Leitor de
Português em Paris, ensinou na Brown University, Providence, E.U.A., entre 1979
e 1984. Em 1989, defendeu a tese de doutoramento “Fernando Pessoa: Coração
Despedaçado”.
[238] - Esta obra foi republicada
em 1988 (Vega) com o título Vitorino Nemésio: à Luz do Verbo, com o qual
ganhou o Prémio Eça de Queirós.
[239] - «Este é um romance de tese: onde há miséria não há
dignidade». Maria Lúcia Lepecki, Crónica de Monte Brabo num livro invulgar.
[240] - ver Arte de narrar «em puro», de Maria Lúcia
Lepecki, DN 14.04.1991. «Algures,numa ilha, uma patética parcela da humanidade
vegeta…»
[241] -
João de Melo, DN 31-01-1988
[242] - São 14 as histórias que
desfilam à nossa frente vindas de nenhures..., in Linda Santos Costa, Público,
1 de Fev. de 2003.
[243] - O álbum refere-se ao
período de 1961-1974.
[244] - Escrito em colaboração com Abel Barros
Baptista.
[245] - Torcato Sepúlveda, Público, 12.06.1990
[246] -
Substituiu Luís Pinto do Soveral, marquês de Soveral (1850-1922), uma figura
quase lendária da alta sociedade europeia.
[247] -
Autor: Norberto Lopes.
[248] - Alexandra Prado Coelho, Ípsilon, 4 de Abril de 2004.
[249] - A história de um Jovem médico no norte de Angola, na
guerra colonial.
[250] - Prémio de
Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1996. Júri: Helena
Carvalhão Buescu, João Rui de Sousa, Teresa Rita Lopes, Vasco Pereira da Costa,
Vergílio Alberto Vieira.
[251] - As paixões amorosas e o clima de luta contra o
invasor durante as invasões francesas em Portugal estão bem patentes neste
romance. Na perspetiva de Maria Teresa Horta, trata-se do melhor livro de
Álvaro Guerra (DN, 3 nov 1991).
[252] - Este romance retrata o
Portugal da primeira invasão francesa. Começa em 1807...
[253] - Tudo parte de dados
autobiográficos de um português que combateu do lado dos republicanos na Guerra
Civil de Espanha (1936-1939). O manuscrito foi lhe oferecido por João Coelho.
[254] - É um romance muito bem
construído que põe em causa a ortodoxia comunista através do olhar de um filho
familiarizado com a ausência do pai e, sobretudo, através do olhar do repórter
que atravessou todas as guerras em que o choque das grandes ideologias (e
religiões) marcou o séc.XX .A recepção a este romance parece ter sido fraca,
porque ele, também, acaba por pôr em causa a consistência das ideias que nos
têm governado desde o 25 de Abril. Do ponto de vista da informação sobre a
participação portuguesa na guerra civil de Espanha ( e na 2ª Grande Guerra )
encontramos uma clarificação interessante sobre o choque ideológico que
atravessou a sociedade portuguesa. Estamos , sem qualquer dúvida, perante um
romance importante sobre o séc. XX ( em particular sobre
Portugal e Espanha).
[255] un adepte de Voltaire, de Diderot et,
surtout, de Rousseau. La Profession de foi du
vicaire savoyard lui parut être un nouvel
évangile.
[256] Paulino
António Cabral (1719-1789), Abade de Jazente, nasceu e faleceu em Amarante. Foi
abade da freguesia de Jazente, advindo-lhe daí o nome por que é mais conhecido.
Pertenceu à Arcádia Portuense, juntamente com Xavier de Matos, seu colega de
Coimbra, cidade onde ambos estudaram. Embora clérigo, escreveu poesias onde se
canta o amor epicurista e horaciano. As suas obras foram publicadas em dois
volumes: Poesias de
Paulino Cabral de Vasconcelos, Abade de Jazente, vol. I (Porto, 1786) e Poesias de Paulino António Cabral,
vol. II (Porto, 1787).
[257] - EPC, 10junho200, Público Leituras: Guerreiro defende
uma cultura que aparece subvertido pelo tipo de investimento textual a que se
chama ‘poesia’, e que é um real absoluto da linguagem (…), uma experiência em
si mesma… Guerreiro influenciado pela famosa “Carta de Lord Chandos” , de
Hoffmannsthal, em que faz a narrativa nos nossos dias. E todos os autores que
interessam a Guerreiro passam por esta determinação essencial: seja Musil ou
Broch, Kafka ou Celan, Primo Levi ou Blanchot, ou mesmo, e sobretudo, esse caso
limite que é Carlo Michelstaedter. A influência da biblioteca alemã e da
biblioteca italiana. Temas: desconfiança da arte, em particular da palavra
lírica); a consciência trágica da cisão entre o indivíduo e a cultura (Simmel).
Para Guerreiro, a poesia começa onde a narrativa acaba. Crítica: «É claro que
cada um escolhe a sua morada, e a de António Guerreiro é daquelas que se impõem
pela inteligência e pela coerência interna. Mas podemos dizer que esta
concepção da literatura segundo as cores outonais de um modernismo tardio
talvez não permita entender muito da literatura do passado e sobretudo parte
considerável do que o futuro n os parece anunciar como literatura.»
[258] - Apresenta a compilação de 16 textos «construídos»
entre 1985 e 1999.
[259] - No princípio do séc. XX,
os grandes pólos de Lisboa eram a Bertrand e a Brasileira, no Chiado.
Entrevista ao Público de 25 de Junho de 1995.
[260] - Luís Guimarães ajudou
António Ferro a inventar um prémio extra para Fernando Pessoa, pois quem
ganhara o concurso de poesia do SNI fora o padre Vasco Reis com “A Romaria”.
Sobre F. P.: “Fernando Pessoa não tinha graça nenhuma. Era um macambúzio.”
[261] - Sobre Raul Brandão: Esse
sim, esse é que foi um grande escritor.
[262] - Foi representado por todos
os grandes autores: Palmira Bastos, Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro,
Hermínia Silva, Laura Alves...
[263] - Licenciado
[264] -
com Luandino Vieira.
[265] - corrente estética e política subscrita,
entre outros, por Aimé Césaire e Léopold Senghor.
[266] -
poemas cantados por Fausto.
[267] -
poema cantado por Rui Mingas.
[268] - Viveu a infância no Huambo, donde fugiu em 1976 para
a Zâmbia. Em 1984, regressou à Jamba, mas partiu para os EUA, Brasil, Portugal…
Sousa Jamba defende que o conflito angolano é de natureza étnica, apesar do
esforço dos anos 60 para apresentar uma face unida da África face à Europa…
(DN, 10.03.1993)
[269] Eu fui um dos
muitos que, em 1975 quando rebentou a guerra civil, fugiram para a Zâmbia, onde
passei a minha infância. Campo de refugiados: Meheba, no noroeste da Zâmbia.
[270] - «Fiz canto coral dos 10 aos 16 anos onde fui
primeira voz, mas tinha ouvidos de cortiça.», i, 1 Abril 2011.
[271] - Ver crítica favorável de Eduardo Prado
Coelho, Público de 26 de Outubro de 2002. O pretexto é uma família de
cabo-verdianos imigrada em Portugal.
[272] - Numa entrevista ao Ípsilon (16.03.2007) LJ dirá «que
não faz parte do grupo de pessoas que acha que “ a literatura se deve debruçar
sobre os sentimentos ou sobre o nada”.» A personagem Osvaldo Campos é o
psicanalista cujo divã assiste à passagem de todo o tipo de dependência,
incluindo o tráfico humano e droga - «um livro muito português sobre os nossos
modos, sobre a nossa “camorra”, a nossa “ormeta”, a nossa máfia interna que não
tem nome. Não existe uma palavra para designar este tipo de crime organizado.»
[273] -
Foi casada com António Barahona.
[274] - José Júlio Reis Pereira.
[275] - Entre os que o admiravam
contam-se: Miguel de Unamuno; Sampaio Bruno; Pascoaes; Leonardo Coimbra; a
“Renascença Portuguesa”; Alexandre Pinheiro Torres. Entre os que com ele não
simpatizavam: António Sérgio; os presencistas; os homens da Seara Nova.
Jacinto do Prado Coelho prima pela equidistância. Ver: Luís Miguel Queirós,
Público, 16/09/2000. Ver também Casa Museu de Guerra Junqueiro, junto à
Sé portuense.
[276] - Dedicada a Alexandre
Herculano.
[277] - Uma edição é de 1912, com
aguarelas de Leal da Câmara.
[278] - Redigido na ressaca da
malograda intentona republicana de 31 de
Janeiro de 1891.
[279] - Nasceu em Moçambique, mas
com a independência viu-se empurrado para o exílio de Londres.
[280] -
ver poema “Derrota”: Cansados de tantas pátrias, de pátrias / rejeitados, na
pária indesejados, / silentes volvemos/…
[281] - Conta a história de 16 gerações, acabando na minha,
na daqueles que têm hoje, quarenta e cinco anos (…) passando pela guerra de
África. Entrevista concedida a Maria Teresa Horta, DN 24/3/1991.
[282] - «A maior parte das pessoas que tem escrito sobre a
guerra de África tem mentido, ao fazer coincidir a realidade com os seus
preconceitos.» Manuel Lamas, entrevista DN 24/3/1991
[283] - Artigo de Maria Antónia
Palla.
[284] - “O seu exíguo quartinho pobremente mobilado num
hotel de Paris foi durante anos o ponto de união de tantos e tão variados
náufragos, uma lareira onde todos iam aquecer as mãos, onde cada um encontrava
a palavra própria para o seu caso.”
[285] - Assinava “O Correio da Tia
Filomena”, o que lhe permitiu tomar consciência das condições de vida das
mulheres portuguesas.
[286] - Uma associação fundada por
Adelaide Cabete no tempo da primeira República – inativa, fruto da ditadura
salazarista.
[287] - Palavras do Governador Civil de Lisboa,
Mário Madeira.
[288] Este romance provocou um enorme escândalo, porque só
lhe interessavam os “romances da vida
vivida”. Não se integrava no neorrealismo nem em qualquer outra
corrente e defendia, quando isso ainda não fazia parte das reivindicações
feministas, a prática de uma escrita feminina. “Tenho horror às mulheres que
escrevem como homens”, dizia. Ver Regina Louro.
[289] - Resposta a Mário Madeira.
Durante 2 anos percorreu o país para testemunhar o modo como as mulheres
viviam.
[290] - Páginas respeitantes ao 25 de Abril: «Essa língua
portuguesa onde aprendi a falar sobre o que não experimentara.»
[291] - Grande Prémio do Romance e da Novela. Maria
Estela Guedes põe em causa essa atribuição. Ver artigo «Prémios literários
para que vos quero?», DN, 3.10.1991: «Não sei como vai Gabriela Llansol salvar
o romance, sobretudo não sendo o seu livro um romance, e nada havendo para
salvar, exceto a sintaxe, esse corpo visível do sentido. (…) No caso vertente,
já chegámos à conclusão de que nem sequer é possível dizer o que a autora
disse, por não se perceber o que ela disse.»
[292] - Mensagem: «no
momento em que a escrita se tornar transparente e o novo conhecível e
intelectualizável, não vale a pena leres-me.» João Barrento, Público, 22 de
Setembro de 2001. »Parasceve - que é o
dia da morte de Jesus e do ritual preparatório do sábado judaico – no livro, é
o nome de um rapazinho que tem o ‘ruah’,
o sopro, a linguagem elementar que ainda não temos, que deixámos de ter.»
[293] - Ver João
Barrento, O Livro das Transparências, in Público 17Junho2006.
[294] - Maria Estela Guedes, Prémios literários para que vos
quero, DN 13 de Outubro de 1991. Livro: Um Beijo Dado Mais Tarde. Não
sei como vai Gabriela Llansol salvar o romance, sobretudo não sendo o seu livro
um romance, e nada havendo para salvar, exceto a sintaxe, esse corpo visível do
sentido.
(…) Só queria era pedir que pensem na sintaxe narrativa, a intriguinha.
A intriga foi vilipendiada, desapareceu do mapa com o sentido, e hoje já poucos
sabem contar a história por causa disso. Recuperemos a sintaxe, só ela pode
trazer de volta aos livros os leitores que despertaram para o país da
telenovela.
[295] - Ampliação do estudo publicado em 1929 sob o título Das Origens da Poesia Lírica em Portugal na
Idade Média.
[296] - A nossa tese é que a Negritude é mais extensa e
profunda do que tem sido pensado. Existiu um discurso do racismo nas
literaturas de base universalista negra, e, por sua vez, na base da
autonomização literária, a par de outro discurso regionalista-nacional (poesia
benguelense, ambaquismo, etc), por necessidade de afirmar a universalidade do
homem negro perante a particularização e menorização feita pelo homem branco.
(…) O novo paradigma prepara a instauração e reconhecimento, em definitivo, das
literaturas nacionais, nos anos 60. JL, 31.1.1996.
[297] -
Obra proibida por acção da Liga da Acção
dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923), liderada por Pedro
Theotónio Pereira.
[298] - De acordo com Torcato Sepúlveda, Público, 2-1-1993,
Mário-Henrique Leiria mostrava-se um homem muito chateado com a humanidade em
geral e com Portugal em Particular.
[299] - Aqui encontramos desde o lirismo que se reencontra
no lugar do eros e do thanatos, até à ironia em torno do social – na tradição
do que melhor herdámos de Tolentino ou de O’Neill. Cecília Barreira, DN, 13 de
Outubro de 1991.
[300] - No dia 29 de Novembro de 2011, na Escola Secundária
de Camões, proferiu uma interessante conferência sobre a crónica jornalística e
sobre o jornalismo antes e depois de Abril.
[301] - Notícias Magazine: Dossier
55/64.
[302] - Faziam reuniões
político-partidárias em casa do Mário Pinto de Andrade e no estúdio do pintor
António Domingues.
[303] - Com o então padre Joaquim
Pinto de Andrade.
[304] - “Quando o avião fez escala
na Síria, pedi asilo político que me foi concedido.” Dali, seguiu para Rabat,
onde foi ao encontro de Mário de Andrade e da Conferência das Organizações
Nacionalistas das Colónias Portuguesas, para ser integrado no MPLA, depois para
Kinshasa.
[305] - O Exército foi treinado no Congo, na
Argélia e em Marrocos.
[306] - «Quando se deu o cisma
sino-soviético e vi o Viriato Cruz pró-chinês, o Agostinho Neto pró-soviético e
o MPLA dividir-se...»
[307] - Ver comentário de Maria Lúcia Lepecki, DN, 31-1-1988
e 7-2-1988.
[308] - Público de 29/07/2002. No
artigo “Um poeta sepultado vivo”, Carlos Pacheco traz a lume um poema inédito
que o poeta lhe oferecera: “Acabaram com os bondes / e a paisagem
dói;/tentam dinamitar a poesia / os poetas da paróquia, /ardilosos confundem /
o incauto forasteiro, / vendem gato por lebre. / Sê surdo: o exílio / em tua
casa, entre os livros / é a solução; na balança, / a amabilidade de um / ou o
impropério de outro / só têm peso para a tua vaidade. / Que falem em vão ao
vento.”
[309] - Denúncia paródica do meio
universitário português.
[310] -
Entrevista ao DN Jovem, 1 Março de 1988.
[311] - Esta peça foi levada à cena pela Companhia de Teatro
de Almada (1987). De verdade, a protagonista da peça é Maria Francisca Isabel
de Saboia.
[312] - Pseudónimo de Maria José da Silva Fidalgo Oliveira.
(n. 1960-)
[313] - com Jorge Barbosa e Manuel Lopes. Esta revista
surgiu em 1936, levando os escritores a olhar para «o chão crioulo», sob a
influência dos escritores brasileiros, Jorge Amado, José Lins do Rego, Ribeiro
Couto…, embora Baltazar Lopes defenda que não há influência, mas, sim,
confluência. Ver Entrevista ao JL, de 25.5.1987.
[314] - Na esteira de Hesíodo. DN, 21.02.1988 /
28.02.1988/13.03.1988 / 6.03.1988, por Maria Lúcia Lepecki.
[315] - Público, 11/09/1994. Uma
ideia que resume o pensamento de C.L: «Se acreditarmos que os africanos não
são vítimas de qualquer maldição bíblica ou de carácter intrínseco da sua
cultura, teremos que reconhecer-lhes também um papel na definição do seu modelo
de crescimento e desenvolvimento económico. Este desafio parece-me ser muito
mais importante para a consolidação da democracia do que a luta por direitos
morais que propõe o Ocidente ao continente.» A democracia ocidental tende a
marginalizar as minorias. A aplicação deste modelo pode ser fatal para África,
porque as minorias têm formas de defesas convencionadas, mesmo que simbólicas,
e de natureza consensual.
[316] - Maria Armandina Maia e
António Loja Neves: Manuel Lopes – Rotas da Vida e da Escrita, 2001.
[317] - «Grande parte
da literatura portuguesa não tem interesse a nível europeu. Nós temos de ver a
História de Portugal como europeus e como cidadãos do planeta. Somos uma
pequena região. Passa-se o tempo e cada vez certos autores nos interessam
menos, mesmo alguns ainda vivos.»
[318] - De acordo com Maria Lúcia Lepecki, fala uma voz
feminina na poesia de Teresa Rita Lopes ( DN 5 Junho de 1988) Subjacente uma
voz masculina, em diálogo com a primeira. Ver o lugar da antítese. «Tudo muda
porque tudo nasce, renasce, renova. Ou tudo se inventa e reinventa, descobre-se
ou se redescobre.»
[319] - Em Coimbra, 1940, Eduardo Lourenço convive com o
movimento neo-realista: Rui Feijó, Carlos de Oliveira, Egídio Namorado, Raul
Gomes. Entretanto, só depois de 1968, conheceu Arquimedes Silva Santos, Mário
Dionísio, e Manuel da Fonseca.
[320] - Em França, lecciona o curso de História das Ideias
durante vários anos. Autores de referência: Unamuno, Ortega, Luís Vivés,
Antonio Machado, Guillén.
[321] - Com este livro assinala, sob influência da obra Il Crollo dell’Utopia, de Eugene Lyons,
1937, o seu afastamento do neo-realismo coimbrão: «Já me tinha afastado do
catolicismo e agora afastava-me dos outros. E ainda por cima tinha ido para o
estrangeiro. Sei que aquele grupo de Coimbra ficou muito surpreendido e
chateado quando o livro saiu. Pública, 13 de Maio de 2007.
[322] - Terá escrito este livro como tentativa de se
reconciliar com o Carlos de Oliveira – a coisa mais sincera que escrevi.
Pública, 13 de Maio de 2007.
[323] - A principal preocupação de Salazar era a de que não
se fizessem ondas, para ele poder governar tranquilamente, à sua maneira.
Pública, 13 de Maio de 2007.
[324] - Reúne textos sobre vários autores, com especial
predilecção por Eça de Queirós. Eduardo Lourenço começou a sua leitura por O Primo Basílio.
[325] - Pública, 13 de Maio de 2007.
[326] - Pública, 13 de Maio de 2007.
[327] - «É necessário da ser raça dos Las Casas, dos
Vitória ou de Vieira para compreender o mecanismo infernal deste sentimento
“natural” de superioridade…» - colonialismo.
[328] - «O português é colonizador como é português e
não vê motivos para se problematizar enquanto colonizador pois também os não vê
enquanto português.»
[329] -
Corresponde à abordagem (interpretação)historicista, racionalista. Depois surge
uma interpretação que encarava o País como senhor de uma missão histórica
precisa durante um momento solar do nosso percurso.
[330] - Introduz na literatura portuguesa o tema da
homossexualidade bem comportada.
[331] - Ilustra com precisão o quotidiano dos homossexuais
adolescentes das classes médias “cultas”, nos anos 1980.
[332] - Mário Cesariny de Vasconcelos, Luiz Pacheco, Herberto
Hélder, Pedro Oom, António José Forte, Ernesto Sampaio, Manuel de Castro,
[333] - Ed. Salamandra, Lisboa,
1985. Preso pela PIDE, a descrição do interrogatório na polícia constitui o fio
central da narrativa.
[334] - Fez-se “angolano pela sua participação no movimento
de libertação de Angola”.
[335] - No Tarrafal,
estudava quimbundo (tinha uma gramática do José Luís Quintão) e italiano.
Escrevia cartas à mulher numa letra muito pequenina e certa. Só podia escrever
de 15 em 15 dias. Havia no Tarrafal, a caserna dos angolanos (80) e a caserna
dos guineenses (100). Não se podiam cruzar. A maioria dos presos angolanos era
protestante. À hora do culto, os trechos escolhidos falavam sempre do exílio,
do regresso à terra prometida. Não havia nenhuma organização formal. Ao
princípio, não havia água nem casa de banho. Todas as semanas podiam fazer
compras ( as permitidas) à vila. Mais tarde, no banho, Luandino punha água para
os mais velhos: Fernando Pascoal da Costa, Sebastião Gaspar Domingos, Adão
Domingos Martins… Depois de
[336] - Tomou conhecimento do prémio atribuído pela SPE por
um telegrama de (Manuel?)Ferreira.
[337] O livro “Luuanda” recebeu o prémio literário angolano
Motta Veiga, em 1964, e o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa
de Escritores, em 1965. Mas por ter sido atribuído a Luandino Vieira,
prisioneiro político em Angola, as autoridades de Lisboa tentaram retirar o
prémio, lançando suspeitas sobre a excelência literária do livro, e talvez
assustados com as palavras e frases em kimbundo, inseridas nas histórias. A
PIDE escaqueirou a Sociedade Portuguesa de Escritores e prendeu o júri que o premiara.
Além disso, em 1972, uma edição de “Luuanda”, editada pela Edições 70, foi
apreendida, em Portugal, por ordem do Governo de Marcelo Caetano.
[338] - Um dos livros de histórias feitos no Tarrafal, foi
escrito depois de Luandino ter sofrido bastante, sobretudo, no ano de 67-68, em
que esteve quase a desesperar. Esteve um ano sem notícias da família, porque a
mulher em Luanda continuava ligada aos grupos da oposição. Começaram a
cercear-lhe a correspondência
[339] - Este romance foi escrito entre 16 e 23 de Abril de
1967.
[340] - Referências: Guimarães Rosa (Sagarana); Uanhenga
Xitu, seu companheiro de prisão e mestre de língua ‘quimbunda’; Langston
Hughes, referência fundamental do chamado ‘renascimento negro’; António Oliveira Cadornega, o iniciador da
historiografia angolana; Agostinho Neto, o Manguxi.
[341] - Este romance inicia-se
como um romance autobiográfico: poeta em anos de prosa. Este romance
anexa três vias semântico-discursivas: a do lugar, a do intertexto e a da
memória. Ver Alzira Seixo, JL, 29/03/1995.
[342] - Porque de Portugal se trata, de Portugal e das suas
colónias, com a PIDE e a guerra, mais os exilados e a censura, passando pelo 25
de Abril e a revolução, até aos dias de hoje. Vale a pena comparar este romance
com o “Esplendor de Portugal” de Lobo Antunes. É a partir de mitos literários e
operáticos («O Ouro do Reno», «Pelléas e Melisande») depois do mito
cinematográfico “Casablanca” que a narrativa se inicia. Ver Linda Santos Costa,
Smoking / No Smoking, Público 21/3/1998.
Em Pedro e Paula, Helder Macedo diz: usei como referência literária
muito remota, porque o livro não tem nada a ver com isso, ‘Esaú e Jacó’ do
Machado de Assis. (…) Os meus mestres são gente como Stendhal, como Fielding, o
próprio Machado de Assis. (Público, 21/3/1998)
[343] - Ver David Mestre, JL, 1.03.1995, Poesia angolana dos
anos 90.
[344] - Ver crítica de João Gaspar Simões sobre a extensão
do romance (de 80 páginas).
[345] - Na coleção Rififi.
[346] -
“anos de chumbo”.
[347] - Ver artigo de António Brás
“Nomes em trânsito”, Público, 1 de fevereiro de 2003.
[348] - Romances de ambiência
rural que procuravam a estética neorrealista... ver cenas da guerra colonial.
[349] - Prémio de Revelação de Poesia da APE em 1987.
[350] - Juiz nas comarcas de Mafra e Sintra. Fui professor
de pelo menos 2 dos seus filhos.
[351] - Para Baptista Bastos, a obra de Marmelo e Silva
‘reflecte a melancolia, a tristeza e o tédio do viver português.»
[352] - Primeira abordagem do tema da adolescência que viria
a atravessar a sua obra. Temática autobiográfica, sobretudo no que respeita ‘à
vida adolescente’ vivida tanto no seminário como na instituição militar. Ver
semelhanças com A Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira.
[353] - Este romance retoma/ renova Adolescente (1948). Ver
ainda Maria Lúcia Lepecki, A linguagem dos heróis, DN 24.5.1987.
[354] - Devido à temática da homossexualidade.
[355] - Ficção-memória da guerra colonial – Angola.
[356] - DN 29 de março de 1992 Entrevistadora: Maria Teresa
Horta. O Último Cais, prémio Círculo de Leitores, prémio da Associação
Portuguesa de Escritores, prémio da revista Máxima. -Público, 16 de maio de
1993
[357] - Entrevistado por Maria Teresa Horta, DN 5-5-1991.
[358] - Prémio Revelação 2004 da A.P.E.
[359] - Suportes: Alda Lara; Ana de Santana; Paula Tavares;
Maria Alexandra Dáskalos.
[360] - Qual
é a diferença entre tomar providências razoáveis e a preocupação incessante com
pensamentos que rodopiam vertiginosamente? Há uma famosa parábola budista: um
homem estava sendo caçado por um tigre. Em seu desespero, desceu pela beira de
um rochedo e agarrou-se a um arbusto; enquanto aquele tigre vinha se
aproximando por cima, ele olhou para baixo e viu um outro tigre lá em baixo, só
esperando que ele caísse. Para culminar, dois ratos estavam roendo o tronco do
arbusto. Naquele instante, viu alguns morangos silvestres e, segurando-se por
uma das mãos, colhe a fruta e a come. Era deliciosa! O que aconteceu com o
homem afinal? Todos sabemos, claro. Foi uma tragédia o que lhe aconteceu?"
[361] - Texto crítico de S. Bruno, DN 3 de Maio de 1992.
[362] - Reconta uma viagem à América do Norte, mas é algo
mais do que o tradicional «livro de viagem», ao contrário de Cavalgada
Cinzenta, de Fernando Namora.
[363] - Furriel enfermeiro num
posto avançado em Angola, entre 1971-1974.
[364] - Este romance, concluído em
1983, foi revisto em 1992. Relata a vida de uma “companhia” na Calambata. É uma
obra que, de facto, faz a autópsia da vida militar nas suas múltiplas
contradições num contexto hostil. Mostra, num discurso oralizante e polifónico,
os choques entre culturas, sem, no entanto, deixar de afirmar o papel do
mediador cultural, aqui representado, pelo furriel enfermeiro. Foi difícil ler
este romance, depois de ter lido toda a obra, por exemplo, de Pepetela. João de
Melo não fica em nada atrás deste romancista. Por vezes parece que vestiu a
pele do africano (angolano), revelando as suas angústias mais profundas.
[365] - Exemplo de realismo
mágico. Para o autor, os latino-americanos não são pioneiros deste género,
cujo suporte é etno-fantástico.
[366] - Há uma geração
literária da guerra colonial. (...) Mas a literatura da guerra teve
o condão de preencher um vazio, de pôr fim ao tabu das tais guerras que “nunca
existiram”, e creio que um dia os historiadores precisarão de ler-nos para
escreverem a história verdadeira da guerra colonial.
[367] - “Este é um romance de
partida, um itinerário familiar de perdição no espaço exterior. (...). Estão
nele uns bons 40 anos do nosso itinerário colectivo: a ditadura, a ideologia
política da Igreja, as guerras de África, a Lisboa boémia e literária dos anos
duros, a emigração vista de dentro, o 25 de Abril, a revolução, o divórcio, o
desencanto.” In Entrevista ao Público de 11/12/2002.
[368] - Deu o manuscrito a ler à
Teresa Martins Marques, que considerou o livro como “o mais intrinsecamente
autobiográfico”, contrariando a intenção do autor de se demarcar do
“biografismo”.
[369] - Escrito entre 19.12.91 e
22.09.95, Homem Suspenso (1996) é um romance sobre o fim do casamento de 11 anos ( de um desencantado
professor de Literatura na Faculdade de
Letras, especialista em «ficção histórica», e de uma professora de Matemática,
Carminho), sobre a morte do pai ( a coragem), sobre o amor pela mãe, sobre a
amante açoriana (Mariana), sobre o fim da agricultura ( aniquilada pela
política europeia) sobre Lisboa, sobre o
desenraizamento provocado pela integração na União Europeia. Sobre um homem
“descrente, agnóstico, angustiado”. Sobre
a identidade, o sentimento europeu, a nova portugalidade. Frei
Bernardo desdenha do «sentimento europeu», da «portugalidade». Sobre os
«vendilhões do templo (...) os traficantes da religião» que deitaram a perder a
fé ( do jovem que chegou a entrar na vida conventual, em Fátima).O romance
insere-se numa corrente que parece anunciar o fim do homem português: agora, em
Poitiers, o herói pede, no entanto, à mãe: “Por favor, mãe, não morra nunca.
Que será de mim sem pai nem mãe nem casa nem família nem pátria em fim de
século, sem esta ideia de continuidade, sem o amor de quem amei, sem fé nem
trabalho nem amigos nem ideologia?” Opus cit. pág. 218, Publicações D.
Quixote. O modelo do Homem Suspenso é a Peregrinação, de Fernão
Mendes Pinto « ó desde sempre duplo da minha alma» ( Op.cit., pág. 104).
[371] - Primeiro romance açoriano traduzido e editado nos
Estados Unidos em 1988 – Dark Stones.
[372] Vamberto A. Freitas, Dias de Melo à procura do pai e
da Califórnia, DN, 13 de Janeiro de 1991.
[373] - “cujas aulas eram incandescentes”. Público, 15 de
Março de 2003.
[374] - Morreu perto de Constança, junto ao Tejo, aos 41
anos (Dez. de 2000), encarcerado no seu próprio carro na noite de Natal.
[375] - Sátira do regime deposto em 25 de Abril.
[376] - peça de teatro infantil, escrita de parceria com o
crítico Orlando Neves, colaborador do DN.
[377] - Manuel Mendes e Mário
Soares «companheiros de todos os dias, do café, das noitadas de discussão
política e literária, da resistência política»... estiveram os dois presos na
mesma cela do Aljube.
[378] - Um conjunto de crónicas de
viagem que foram publicadas no jornal “O Primeiro de Janeiro”, entre 1961 e
1963.
[379] - Um livro traduzido em
vinte países.
[380] - Setenta e sete histórias
que têm por cenário a Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e
Moçambique. “Coisas que se passam em África e que não são ditas.”
[381] -
Nova versão “The Waste Land”, de T.S. Eliot…
[382] - Mais um exemplo do “realismo mágico” sul-americano.
«O paganismo galego [aldeia galega de Mazouco, perto de Santiago de Compostela]
enfrenta a igreja Católica e Apostólica, quase divinizando um menino que fala
pelas nádegas...» Mafalda Ivo Cruz, Público Setembro de 2001
[383] - Sob influência de David
Mourão Ferreira, de Wallace Stevens, de Roberto Juarroz.
[384] - Ao lado de António Sérgio, Jaime Cortesão, Raul
Brandão, Raul Proença, Leonardo Coimbra.
[385] - Prémio Casa da Imprensa.
[386] - Pseudónimo Ch. Vander Bosh.
[387] - Temática de Miguéis: a crítica aos Impérios, a busca
da liberdade, a simplicidade do homem, o
conhecimento pelo olhar.
[388] - Ver Saudades
para Dona Genciana. Prémio Camilo Castelo Branco.
[389] -
publicado inicialmente em Folhetim, no Diário de Lisboa, entre 19 de Julho e 13
de Outubro
[390] - Trata-se de um romance centrado na infância do herói
– Gabriel – e na figura materna – a intrépida D. Adélia -, Lisboa, cidade-mãe
do herói, funciona como personagem dupla da mãe real: protectora, na mansarda
da Rua da Saudade onde o herói nasce, e hostil no Bairro das Ilhas onde a
criança virá a perder-se. JL, 26 Dez. 2001 (Teresa Martins Marques).
[391] - O narrador deambula cesaricamente pela Baixa Lisboeta à luz do
entardecer…
[392] - A Múmia
contém matéria ficcional originariamente destinada ao projecto do romance
Filhos de Lisboa.
[393] - A Escola do
Paraíso é um romance de luz que
esmorece progressivamente e se extingue no Milagre
Segundo Salomé – grande fresco da sociedade lisboeta e da ambiência
depressiva fruto da degradação dos sonhos republicanos, que de queda em queda
sufocariam com o golpe de 28 de Maio de 1926. JL, 26 Dez. 2001 (Teresa Martins
Marques).
[394] - Problematiza as contradições de um jovem magistrado
colaborador da Seara Nova em busca
da sua identidade e ideológica e social – Deodato…
[395] - A sua obra
mais conforme ao cânone neorrealista. (?)
[396] -
Na perspectiva de João Gaspar Simões, Modo
Mudando girava, à maneira de satélite, em torno do orbe lírico do poeta de No Reino da Dinamarca (Alexandre
O’Neill). Por seu lado, Nó Cego aproxima-se de Ostinato Rigore, de Eugénio de Andrade.
[397] - Poeta alemão (1886-1956)
[398] - Maria Lúcia Lepecki, no artigo “Tocar de Ouvido”,
publicado no DN de 24 de Janeiro de 1988, expõe os pontos convergência
etimológica entre «tangível» [TAG, de que também descendem ‘toque’ e ‘tacto’] e
«dizível» [DEIK, cujo primeiro sentido é rigorosamente mostrar]. Estabelecida
esta associação, refere «o primeiro traço
pelo qual em VGM o dizível-dito se faz também tangível relaciona-se com uma
dinâmica de materialização. Qualquer coisa que dá ao lido o efeito de tocável,
dando aos corpos falados o efeito de existência como volume, peso, forma e cor.»
(…) A função da IMAGEM «é trazer
no mais concreto sinal do mais abstrato, conferir corpo físico – peso, volume,
forma e cor, movimento – ao que de «físico» pouco teria…» E ainda: «ficamos
nós entre o ver e o ouvir, duplo investimento sensorial espaço e experiência
intermédios onde mora a pessoa, o ser mais profundo, da poesia de Graça Moura.
[399] - reedição com 15 aguarelas
de Mário Botas.
[400] - Ver crítica de Miguel
Real, JL de 13 de Novembro de 02: vê duas fases na obra deste autor – a fase estético-realista,
em que denuncia os mitos arqueológicos da esquerda portuguesa.
[401] - Joaquim Namorado, com Carlos de Oliveira, Fernando
Namora, João José Cochofel, Arquimedes da Silva Santos, Álvaro Feijó, Políbio
Gomes dos Santos, Mário Dionísio e Manuel da Fonseca, entre outros, animou o
neo-realismo português. Baptista-Bastos, 30/12/1986.
[402] -
Eduardo Lourenço – Sentido e Forma da Poesia Neo-realista.
[403] - Referido por
Fernando Assis Pacheco, cujo pai tinha consultório no Largo da Portagem,
paredes meias com Joaquim Namorado.
[404] - Inclui os livros publicados entre 1979 e 1984.
[405] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 14 de Fevereiro de 1988.
[406] - A trajectória política de um missionário
presbiteriano que foi vice-presidente da Frente de Liberttação de Moçambique
(Frelimo) e depois acabou por ser fuzilado durante os primeiros cinco anos após
a proclamação da independência do país. Ncomo procura investigar a
correlação de forças que se verificou durante a primeira dúzia de anos da
existência da Frelimo, dominada pelas figuras de Eduardo Mondlane, de Uria
Simango e de Marcelino dos Santos.
[407] - Ver Leonor Xavier, DN. 27.11.1988. Relata a sua ida
ao Brasil em 1954, a propósito da viagem inaugural do Santa Maria, mas também
se centra no ano de 1952, ano da sua 1ª viagem a este país, e o seu papel na
Casa dos Açores no Rio de Janeiro. Sempre que ia ao Rio, ficava em casa de
António Luís Silveira e dona Maria dos Anjos, açorianos como ele. Quando ele
estava, havia sempre uma tertúlia em torno do violão… ( O Violão de Morro)
[408] - Revista alternativa à PRESENÇA.
[409] - Sobre Vitorino Nemésio, ver Público, 19 de Dezembro de
2001.
[410] - No DN de 16
de Julho de 1989, Clara Camacho, da comissão instaladora e responsável do
departamento cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, assegurava
que o neo-realismo ia ter um museu naquela localidade.
[411] - Autor das Canções Heróicas
cantadas na clandestinidade,
[412] - Alfredo
Margarido, in Uma Geografia da Ficção Neo-realista. 1978.
[413] -
Nasceu em Kaxicane, na região de Icolo e Bengo. Formou-se
[414] - Corrente estética e
política subscrita, entre outros, por Aimé Césaire e Léopold Senghor.
[415] - De acordo com a entrevista dada ao Expresso de
5/1/2008 (Única), terá conhecido Agostinho Neto com 16 anos, isto é, em 1950.
[416] - Bibliografia: João Gaspar Simões, Sobre a Arte de
Contar, DN 5.04.184
[417]
-Público, 5.7.1994, por António Marujo, O padre que provocou a guerra
colonial.
[418] -
Só graças à pressão do arcebispo de Luanda, D. Moisés Alves de Pinho, e do
núncio do Vaticano em Lisboa, monsenhor Panico, o cónego Neves foi transferido
para a casa dos padres jesuítas em Soutelo, onde ficaria detido sob residência
fixa.
[419] -
DN 16.06.1988.
[420] -
Este acontecimento está na origem do filme de António -Pedro Vasconcelos j«Aqui
d’El Rei”. Ver Nelson Saúte. JL, 26.01.1993.
[421]
Artigo de Maria Estela Guedes “Esta saudade da língua”, in DN 16 de fevereiro
de 1992.
[422] - «Com dois protagonistas, Irene e Mário, (…) o
romance situa-se no Algarve, perto de Tavira… um desenho do Algarve nos anos
1950 e 1960, de pescadores, emigrantes e vidas quotidianas, quase
impercetíveis…» Pedro Sena-Lino, Público, 17Junho2006.
[423] - Professor de Filosofia.
Passou pela Esc. Sec. de Santa Maria – Sintra (anos 90 – fanático por peixe;
ia, de propósito, comprá-lo a Sesimbra). Nessa época, interessava-se,
sobretudo, por Biologia.
[424] - Decorre entre 1805 e 1813.
[425] - Entrevista ao Público, 16
de Fevereiro de 2003.
[426] - Elisabete França, Escrever como amar ou morrer,
DN 18.01.1987.«Sauromaquia, fragmentos de memórias habitadas – por personagens
esboçadas em redor de nomes próprios ou comuns. Sobre estas se propõe o
narrador falar…»
[427] - Longa entrevista a Teresa Coelho, Mil
Folhas (Público, 5/7/2003). Continua a reflectir sobre a “diferença”, o
“corpo”, “o sexo”; a vida e a morte, mostrando a maturidade típica dos
intelectuais-sem-deus ou para quem deus
é um sinal último de que estamos mortos. Revela-se de grande acuidade quando
desconfia de todos aqueles que procuram por todos os meios eliminar o que não é
“belo”, seja na política ou na arte.
[428] - «À margem de
enfadonhos e nobelizáveis homens de letras, Rui Nunes ousou erigir uma lúcida e
compacta barreira contra o vazio…», Manuel de Freitas, Expresso, 6 de Janeiro de 2007.
Ver Heidegger que, em
Novembro de 1933, escreveu num
jornal de estudantes da Universidade de Friburgo a frase que, para muitos, é o
ponto culminante da sua participação na política: « O próprio Führer e ele só é a realidade alemã de hoje e do futuro, tal
como a sua lei.» «As palavras crescem como ervas daninhas, neste caminho
proposto por Rui Nunes. Multiplicam-se como metástases, recordam a cada
instante uma cegueira…» (Óscar Faria, Mil Folhas, 26 de Janeiro de 2007.
[429] - Centro de Estudos Carlos
de Oliveira, na Gândara, Rua do Funchal.
[430] - Casa da Duna
(1943) crítica de Alfredo Margarido. A versão de 1977 é muito diferente da 1ª,
que seria uma estrutura fechada, «onde não pode haver mais significados do que
aqueles que foram propostos pelos destinatários.» romance (consciência)/
leitor-protagonista (não consciência). O romancista assume enfim o seu destino
de «engenheiro de alma», como pretendia o camarada José Estaline, tão famoso e
nefasto Zé dos Bigodes. Os neorrealistas: «escrevem não para descrever a
condição existencial do homem, ou o simples e complexo percurso do imaginário,
mas para impor uma visão do mundo, para obrigar os dominados a ler a sua
alienação, ou mais ainda, a sua reificação. (A. M.)
[431] - ver Silvina Rodrigues Lopes, Aprendizagem do Incerto
(1990); Carlos de Oliveira, O Testemunho do Inadiável (1996)
[432]
-ver O Poeta que perdeu as graças do lirismo, por Gustavo Rubim, in Público,
24-7-1990.
[433] -
Em 1950, foi lhe recusado o passaporte por vários anos, devido a uma cunha de
um familiar à PIDE, para que ele não pudesse juntar-se a Nora Mitrani.
Pertencia ao grupo surrealista francês. O’Neill apaixonara-se… Ver poema “Um
Adeus Português”
[434] -
Em 1947, no “Mundo Literário”, publica versos dedicados à escultora e
realizadora Noémia Delgado (depois autora da longa-metragem “As Máscaras”, sua
primeira mulher. O’Neill, teve uma noiva antes, era uma prima sua que vivia em
Marco de Canavezes, com quem esteve apalavrado para casar.
[435] - ver poema Autorretrato. Nesta obra, surgem
“Seis Poemas Confiados à Memória de
Nora Mitrani”. Esta suicidara-se.
[436] - Faz-me
aí umas orelhas à saca (antiga voz de trabalho).
[437] - Ver Maria Antónia Oliveira, Uma Biografia Literária,
D. Quixote, 2006. No entanto há uma lacuna, a ausência em discurso directo de
Afonso e da ex-mulher, Teresa Gouveia. Noémia Delgado, Pamela Ineichen,
Laurinda Bom falaram e por isso as suas histórias estão mais pormenorizadas.
[438]
-Torcato Sepúlveda, Pública, 18.08.1996. Ver antes João Gaspar Simões: Nicolau
Tolentino, Abade de Jazente, Bocage, Gomes Leal, Feijó, Ignácio d’Abreu Lima
(das Bailadas)
[439] -
Pública, 18.08.1996.
[440] -
Ilustradores: Manuel Cargaleiro e Júlio Pomar. Prefácios de: Eugénio de Lisboa,
Joaquim Manuel Magalhães, Fernando J. B. Martinho, Eduardo Lourenço. António
Osório coloca a sua obra «aquém» do literário, num espaço ocupado por uma
literatura não erudita, condicionada pela fugacidade e particularidade da
experiência pessoal, que tem o seu espaço no mundo jornalístico ou no relato
biográfico.
[441] - Com prefácio de Eugénio Lisboa. Integra o grupo dos
anos 70. Outros poetas representativos: João
[442] Ver Eduardo
Pitta, Público, Mil Folhas 10 de Novembro de 2006.
[443] Mas Claridade remete para a história literária
de Cabo Verde, a revista Claridade, publicada nos anos 30 e 40, os
poetas da geração da Claridade, os chamados Claridosos, que
seguiam o caminho dos neorrealistas portugueses …
[444] - De acordo com Pedro Mexia, Ipsilon, 4/4/2008: é no
conto, e no conto curto, que Pedro Paixão se notabiliza (…) Num romance,
ficamos com uma sensação de tempo perdido.
[445] - DN, 22 de abril de 1993.
[446] Guerra Junqueiro confessa a sua admiração e o seu
arrependimento…
[447] - Livro de versos magoados e inconformistas, na
sequência do suicídio do irmão António em Coimbra.
[448] - O produto da venda deste volume reverteu a favor da
subscrição pública nacional para socorrer a miséria de Gomes Leal.
[449] - A partir do Verão de 1951, passa a viver em Moledo
do Minho. Em 1953, assumiu a direcção artística do Círculo de Cultura Teatral –
Teatro Experimental do Porto.
[450] - Na Travessa da Trindade, 25, em Lisboa, ent.ão
habitada por A. Dacosta.
[451] - Ípsilon, 4 de Maio de 2007.
[452] - Descreve “a tristeza sem razão” da vila de Caminha.
Este livro foi dedicado a Aquilino Ribeiro que terá feito, de acordo com
António Pedro, com que a distinção entre antigo e moderno não tenha sentido.
[453] - Peça levada à cena pelo grupo de Teatro da Escola
Secundária de Camões no dia 7.05.2010.
[454] - Uma novela em memória do
seu pai – obra de estreia.
[455] - Prémio José Saramago.
[456] - Neste romance, surge um referente do atletismo
português, Francisco Lázaro que correu e morreu nos Jogos Olímpicos de 1912.
[457] - JL, 290395, entrevista conduzida por Rodrigues da
Silva.
[458] - "A consciência desse destino literário possui-a
o escritor desde a adolescência em Angola, quando se lhe revelam os brasileiros
Graciliano Ramos, Jorge Amado e José Lins do Rego, ou desde Portugal onde
descobre Hemingway, com Faulkner, Steinbeck e Horace McCoy, uma das suas referências (ao lê-lo estamos sempre a vê-lo
como personagem principal, e ele escreve sobre o quotidiano como se fosse ao
ritmo do próprio dia." Em Portugal, Pepetela descobre também Eça
("foi o escritor que me tocou mais", responsável pela reprovação na
disciplina de Literatura Portuguesa, no exame de 7º ano no Liceu Pedro Nunes.)
Ibidem
[459] - "Independentemente do dever patriótico, sentia
que a guerrilha me era necessária como experiência literária. E a literatura
foi sempre o que eu quis fazer. O resto aconteceu em função disso. Ibidem.
[460] - Entrevista ao FORUM
[461] -
ibidem
[462] - Ver artigo de Filomena Cabral, A Geração da Utopia.
Ver também David Mestre “A Memória coletiva” in JL, 29.3.1995: «Numa escrita condenada nos modos de
articulação do português mais usuais, na sociedade angolana, de que se faz
porta-voz, Pepetela interroga-se, denuncia e polemiza sobre uma geração a quem
ficou a dever-se a epopeia das lutas pela independência…»
[463] - Entrevista publicada no Público em 2005 (Mil Folhas)
[464] DN, 7.10.1990: «aquela que foi a rainha da Lunda
provoca uma funda ruptura ao casar-se com um estrangeiro (…) romance marcado
pelo realismo animista “porque põe
em jogo essas forças da natureza e dos espíritos que não sabemos
verdadeiramente explicar. (…) outros cultivadores do animismo: Henrique
Abranches e Vítor Cardoso.»
[465] -máscara tchokué de uma rapariga. Com que dança na
festa da circuncisão (…) A Lunda é um lugar de passagem para todas as povoações
que povoaram a região de Angola: as populações bantu, todas passaram pela
Lunda. A Lunda criou uma cultura que marca o imaginário angolano, ao nível dos
mitos – desde a estatuária à pintura – na qual serve de base ao que poderá ser
o futuro de Angola.» (Público, 11.03.1995)
Sobre Pepetela (Manuel Alegre / Muana
Puó: ou talvez o nosso rosto, JL, 29.3.1995): «Não me fácil fazer uma
apresentação crítica de um livro de Pepetela. Porque eu ponho-me a olhar para a
cara dele e estou a ver uma máscara africana. Ele é uma metade, eu sou a outra.
(…) Pepetela é o meu além-mar afectivo. (…) Muana Puó é uma máscara oval. Muana
Puó é um símbolo da ovalidade do mundo, dividido em duas metades, separadas por
uma montanha proibida. Os morcegos (escravos) fabricam o mel para os senhores
(os corvos) comerem. O herói fixa-se no olho esquerdo e nele se reconhece. A
heroína, na outra metade. Estão destinados um ao outro. Juntos, mas separados
como diria o poeta.»
[466] - A considerar o espetáculo de Ana Clara Guerra
Marques (1962-) “A propósito de Lueji”:
A intenção era precisamente partir das danças tradicionais, neste caso do Leste
de Angola, para criar uma dança moderna. Inspirou-se igualmente no romance de
Pepetela “Luegi”, prolongando um curioso jogo de espelhos – neste livro, o
escritor benguelense conta a história de uma bailarina que no ano 2000 tenta
encenar o mito da rainha chokwé, Luegi, de quem recebeu o nome. É tudo um pouco
mais estranho sabendo-se que Pepetela dedica o livro à filha, também chamada
Luegi, que foi aluna de Ana Clara. Publico Magazine, 8 de janeiro de 1995.
Ver também Ramiro Teixeira, Letras e Letras, 6.11.1991: este romance
procura ser inovador «porque ao tentar destruir uma linguagem velha em favor de
uma nova, ao eliminar o conceito de temporalidade, ao transferir o que é do
domínio oral para a escrita, isto é, a lenda para o quotidiano, o simbólico
para o social, entre a verosimilhança e a reportagem, está também a ser
atravessado pela crónica, ou seja, pelo desejo de fazer História – neste caso
literária e política.»
[467] - Iniciado nas línguas do «país do meio»; fumador de
ópio; vivendo com várias concubinas a 1ª
com quem se estabeleceu na Boa Vista; depois Ngang-Yeng – a Águia da Tarde,
finalmente a filha de Ngang…)
[468] - João Gaspar
Simões, O Primeiro de Janeiro, 16 de maio de 1982.
[469] - Em
colaboração com o compositor / cantor Carlos Mendes.
[470] - Leciona Literatura
Portuguesa Contemporânea na Universidade Aberta. Licenciou-se em Filosofia em
1981, na Faculdade de Letras de Lisboa.
[471] - Prémio de Ensaio Ernesto
Guerra Da Cal – 2001.
[472] - Como o pai era funcionário das Finanças, mudava de
localidade de 2 em 2 anos. Aos 6 anos, deixou a casa dos avós (?) no Sabugal.
Entrevista Pública 26.04.2009
[473] - Eduardo Prado Coelho,
Público, 10 de novembro de 2001.
[474] -
Este livro assume-se como um exercício de memória, onde tudo é “inseguro” ...
[475] -
Artigo de Torcato Sepúlveda, Público, 26.11.1994
[476] -
“Finanças saudáveis e ordem nas ruas…” era a palavra de ordem salazarista.
[477]
“Isto vai, por Deus!”, gritava Preto nos comícios, fardado, Cruz de Cristo
cosida na manga da camisa.
[478]- O
artigo “Os Novos e o seu drama” de Rolão Preto é republicado em 9.7.1967 pelo
“Comércio do Funchal sobre os “novos” / a Juventude…” Assim, a posição dos novos pode definir-se como a de diretos
colaboradores na ação da História ou como simples espectadores da marcha da
História.”
[479] -
Foi lançada por um grupo de emigrados realistas: Domingos de Gusmão Araújo,
Luís de Almeida Braga e António Álvares Pereira (filho do duque de Cadaval e
Rolão Preto. O segundo órgão, publicado em Portugal, foi a revista “Nação
Portuguesa”, agora com António Sardinha, Alberto de Monsaraz, Hipólito Raposo,
Vasco de Carvalho, Pequito Rebelo… Em 1917, surgiu em Lisboa o primeiro diário
do Movimento “A Monarquia”, sob a direção de Alberto de Monsaraz e António
Sardinha.
[480] - ver obra FLORES, Alexandre M.; Feinaldo Varela
GOMES, R. H. Pereira de SOUSA. Fernão Mendes Pinto. Subsídios para a sua
Biobibliografia. [Sem indicação de lugar]. Câmara Municipal da Almada. 1983
[481] -
“Uma espécie de retrato da geração dos
anos 90”, art. Maria Teresa Horta, DN, 27.12.1997. “Somos uma geração que
cresceu a ver televisão, que leu menos livros e outros livros do que os nossos
pais, leu mais banda desenhada, viu outros filmes. Tudo isto tem de trazer
formas novas para as formas já existentes.”
[482] - Deixou duas cadeiras por fazer.
[483] - José Cardoso Pires é reverenciado pelo amigo António
Lobo Antunes, que dele dizia: «O Zé era um alpinista que trepava sem corda”.
DN, 26.10.2008
[484] - Mário
Dionísio considerava” presença excessiva dos grandes escritores americanos
(Faulkner, Caldwell, Hemingway…)” no jovem Cardoso Pires.
[485] - Publicação
póstuma, por Nelson de Matos, seu editor na Morais e depois no D. Quixote.
Também publicou os contos Histórias de Amor.
[486] - DN, 7.10.1990, Maria Lúcia Lepecki, “Um grande
escritor: definição, procura-se”.
[487] - Adaptação cinematográfica de Fernando Lopes.
[488] - Maria Lúcia Lepecki, DN 2-04-1989. Fala mais de
teoria de composição do que da(s) intriga(s): da epígrafe: Cada homem
transporta em si o seu bestiário privado – disse o juiz»; dos modelos de
citação e das autoridades; do palimpsesto; da vox populi.
[489] - Em Janeiro de 1995, JCPires esteve internado no
Hospital de Santa Maria, na sequência de um acidente vascular cerebral de
gravidade muito acentuada”.
[490] - No conto PESDELO aborda o processo 1/808/71
referente à homossexualidade entre militares
[491] - Exposto no IX Salão de Arte Moderna do SNI
– Secretariado Nacional de Informação. Este quadro provocou a 1ª crítica,
publicada na Seara Nova, e da autoria de Mário Dionísio “O princípio de
um pintor?”
[492] - Professor na Escola de
Belas Artes no Porto.
[493] - MUD: Movimento de Unidade
Democrática. Fez parte da Comissão central do MUD juvenil com o Mário Soares, o
Rui Grácio, etc.
[494] - Perante «um mundo em que impera o egocentrismo, o
narcisismo e o desejo de riqueza, o Quinto
Império consistia na capacidade visionária de sonhar, de criatividade, de
passagem do Homem a um plano superior da vida intelectual. Ou seja: esse mito,
que nasce na Judeia no Livro de Daniel, seria o império do Espírito.» Ana Marques Gastão, DN, 22.03.1993
[495] - Aquilino
Ribeiro foi o primeiro presidente.
[496] - Um grupo dos discípulos de Álvaro Ribeiro e José
Marinho, na linha de Leonardo Coimbra que procuravam levar os problemas para um
nível de pensamento exigente e não puramente político. Perfilhava o
criacionismo de Leonardo Coimbra.
[497] - Prémio de Novelística da Casa da Imprensa e o Prémio
Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa.
[498] - Romance inspirado na vida e obra do pensador
portuense Sampaio Bruno.
[499] - Define o (1º) modernismo
como o período que medeia entre 1905 e 1920, época em que se quebra com a
tradição romântica e naturalista. Considera que o grupo do Orfeu foi
constituído, em torno do Orpheu, por: Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário
de Sá-Carneiro, Santa Rita Pintor, Amadeu Sousa Cardoso e António Ferro. Os
outros eram decadentistas: Luís de Montalvor, Armando Cortes Rodrigues e Raul
Leal.
[500] - Pessoa era empenhado politicamente, basta ler os
textos políticos que escreveu… Pessoa era basicamente da oposição a qualquer
regime, porque era um idealista e um homem do mito, mais do que da realidade.
Podia entusiasmar-se episodicamente por um momento político, como é o caso do
sidonismo, mas a breve trecho desiludia-se. DN, 28.05.1989
[501] - De acordo com Cecília Barreira, «o que se nota na
primorosa obra de ensaísmo de António Quadros é a sua capacidade de destrinçar
o essencial do supérfluo. (…) Houve sempre neste autor a tentativa de deslindar
o lado oculto das coisas, a sua incomensurabilidade, o seu aspecto insondável»
JL, 9.03.1993
[502] - DN, 28.05.89
(Cecília Barreira).
[503] -
Pseudónimos: João Pedro Grabato Dias, Frey Ioannes Garabatus, Mutimati Barnabé
João.
[504] - Ver artigo de Nélson
Saúte, 3 de Julho de 1994
[505] - Sob o pseudónimo de
Mutimati Bernabé João: este poema foi adoptado como hino da revolução de
Moçambique.
[506] - Este poema ter-lhe-á sido
sugerido por Samora Machel como glosa de “Eu, o Povo”.
[507] - Nelson Saúte, Público,
25/06/1995.
[508] -
ver entrevista dada por Wanda Ramos a Maria Teresa Horta, DN, 16.02.1992
[509] - Sobre José Régio: Isabel
Cadete Novais, José Régio – Itinerário Fotobiográfico ( Impr. Nacional- Casa da
Moeda), 2002.
[510] Isabel Cadete Novais.
[511] - Basta ler “Filho do
Homem” / Cancioneiro de João Bensaúde (1961) para que não se resumir tudo à
religião: o erotismo e a morte estão bem presentes.
[512] - Defende o direito dos indígenas à propriedade sem
limitações, estende a crítica ao apartheid na África do Sul.
[513] - Faz a pergunta proibida: «Qual o futuro, político e nacional, de Moçambique? Será o da
independência, em época mais ou menos remota ou próxima, como país integrado
plenamente no conjunto dos países africanos?»
[514] - Joaquim Matos, Letras & Letras, 3 março 1993.
[515] - 3ºano, nº48, 31 de março de 1892, Os Poetas Novos –
Trindade Coelho e Eugénio de Castro eram bons amigos.
[516] - Fotobiografia de Óscar Ribas em livro de Baguet
Júnior.
[517] - Foi aluno do Liceu Camões
do 1º ao 7º ano, onde também foi professor durante um ano, no anexo do Areeiro.
No dia 24 de março de 2000, U.T.R. proferiu uma palestra nesta escola. Em 26 de
Novembro de 2009, foi homenageado no Auditório, no âmbito dos 100 anos do
edifício.
[518] - Tiveram uma filha, que ficou ao cuidado da avó
paterna, no Alentejo.
[519] - Prémio Ricardo Malheiro
Dias.
[520] - Prémio da Imprensa
Cultural.
[521] - Prémio Aquilino Ribeiro.
[522] - Prémio da Crítica.
[523] - Maria Lúcia Lepecki, DN.19.03.1989: «o traço que definitivamente
me agradou no romance foi a reconstrução do clima de pesadelo. Imagine-se o
leitor na situação de Hélio, o protagonista. Ele sai de Lisboa, de carro, para
ir a uma herdade em Reguengos, acudir a Filipa. Em princípio uma viagem fácil,
até rápida, nos longos segmentos de planuras… arribado, finalmente, à herdade,
Hélio encontra Filipa morta.»
[524] - Prémio Fernando Namora.
[525] - Crítica a um
mundo em que só a posse e os objetos contam, num consumismo desenfreado, onde
não há lugar para a vida. Nota crítica de Helena Malheiro (Expresso, 12/DEZ
1997)
[526] - Nas palavras de Eduardo
Prado Coelho, a marca de sempre de U.T.R.: “excesso de esperança, excesso de
amor, excesso de palavras”, Público de 16 de novembro de 2002. Neste mesmo
artigo, E.P.C. refere que U.T.R. “manteve um posicionamento anti estalinista
sem cedências”.
[527] - O romance faz o retrato da burguesia “gauche”,
desencantada com a normalização democrática.
[528] -
Público, 6/7/2003.
[529] - Irmão de Teobaldo de Virgínio, escritor e pastor
nazareno que vive nos Estados Unidos.
[530] - Não posso
adiar para outro século a minha vida / nem o meu amor / nem o meu grito de
libertação / não posso adiar o coração. // Não posso adiar / ainda que a noite
pese séculos sobre as costas / e a aurora indecisa demore. /
[531] - / É preciso
queimar os livros e calarmo-nos / Esta é a matéria bárbara a matéria viscosa /
[532] - Entrevista conduzida por José A. Salvador, Diário
Popular.
[533] - No entanto, reconhece influências de Drummond de
Andrade e Paul Éluard, assim como dos poetas espanhóis da geração de 27
(Guillén, Vicente Aleixandre e Pedro Salinas). E ainda dos norte-americanos:
Theodore Roethke e Wallace Stevens.
[534] - Livro oferecido aos 80.000 jovens que se reuniram em
Bolonha, em 1977.
[535] - Maria Lúcia Lepecki, DN, 13-1-1991: António Ramos
Rosa – prelúdio e fuga.
[536] - Prémio de Poesia APE /CTT.
[537] - Entrevista dada a Baptista-Bastos, a 9 de Abril de
1981.
[538] - DN, 18-10-1987.
[539] - O claustro em questão é o
centro nevrálgico do mosteiro dos frades cistercienses de Alcobaça.
[540] - Prémio Vergílio Ferreira
2002.
[541] - Romance de crítica social extremamente violenta.
Novidade: organização sequencial dos capítulos, ilustando «If like a crab you could go backward.».
[542] - Ver: António Brás Oliveira; João Rui de Sousa.
[543] - Trata-se de um livro testemunho. O relato leva-nos
dos santuários do Huambo, de que Jonas Savimbi fez praça-forte, «nos tempos de
soberba resistência ao poder central de Luanda, às florestas virgens do Leste,
onde o avanço do exército governamental o encurralou. Iniciada em outubro de
[544] - Ver ação como diretor da Biblioteca Breve do
Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.
[545] - Fernanda era a atriz Fernanda Alves, falecida
subitamente no Porto a 5 de janeiro de 2000.
[546] - Editada pelo
autor e por Luiz Pacheco
[547] - Quando vi Beckett, achei que era tudo o que me
faltava para saber o que era o teatro (…) A sua influência na minha escrita é
inegável. Ver Entrevista ao Expresso, 6 de dezembro de 1997.
[548] - Um dramaturgo de mulheres?
[549] - Maria Estela Guedes, DP 8.11.1979: O Viajante
Imóvel, como todos os bons livros de poemas, relata uma peregrinação interior
sem que metaforicamente lhe corresponda qualquer importante vector de
significação na ordem de um percurso espacial. Poemas narrativos, cuja
linguagem está próxima da prosa. Há uma redução dos valores burgueses à
caricatura.
[550] - Na perspetiva de João Gaspar Simões (DN 21.12.1986),
Vicente Sanches parece ter o mesmo destino do dramaturgo Manuel Figueiredo
(1725-1801), ao não ver os seus textos encenados. No entanto, JGS considera-o «um
comediógrafo da escola de Pirandello, senão de Ionesco ou de Adamov.»
[551] - Livro de contos temático: “O Menino e o Pumunu”. O
2º conto será o melhor. João Ferreira, angolano branco, perde a alegria de
viver com o fim do império colonial.... Outro conto: “Lá-Tem-Kimbo?”, baseado
no acervo de memórias do Sul de Angola.
[552] - Este romance permite conhecer a 1ª República,
designadamente a participação portuguesa na 1ª Grande Guerra. O comportamento
dos oficiais e a atitude dos soldados no conflito. Facilita a compreensão do
anti belicismo de Ricardo Reis.
[553] - Em parte é sobre o pai do autor e sobre a guerra
colonial, em Moçambique, nos anos 60 do séc. XX.
[554] - Alferes miliciano que
comandou um pelotão de indígenas.
[555] - Vale a pena conhecer a história de vida do pai, José
Saraiva (aldeia de Donas, 1.04.1881-1971) que, depois de ter começado como
pastor nas encostas da serra da Gardunha (Beira), foi reitor do Liceu de Leiria
e do Liceu Passos Manuel (1933-1951) Antes, fora presidente da Câmara Municipal
de Leiria durante o consulado de Sidónio Pais. Em 1924, publicou ‘Os Painéis de
São Vicente’ que desencadeou uma das grandes polémicas literárias do séc. XX.
[556] Óscar Lopes: «um incidente pessoal com Nemésio (aliás
perfeitamente digno de parte a parte) interrompeu-lhe a carreira na Faculdade
de Letras. Mais tarde seria demitido de professor liceal em Viana do Castelo na
ressaca repressiva do Movimento de Unidade Democrática de 1945-46.»
[557] - Guilherme d’Oliveira Martins, DN, 25.03.1993 –
‘António José Saraiva: Os vários ritmos’.
[558] - ver Edmundo Cordeiro, O clarim do combate da vida,
DN 13.01.1991.
[559] - Entrevista a
Mil Folhas (Público, 12 Nov. 2005): «Só há pouco tempo é que me apercebi:
andava a seguir um caminho aparentemente deliberado mas que não o era: A Blimunda
(Memorial do Convento), os cruzados (História do Cerco de Lisboa), tudo isso
aconteceu sem que eu me apercebesse que cada livro desse partia de uma
impossibilidade ou de uma improbabilidade» -
Jornalista: «Os seus romances partem quase todos de uma impossibilidade:
De Blimunda ver através da pele; de Pessoa sair do Cemitério dos Prazeres e
passear por Lisboa com Ricardo Reis…»
[560] - No encontro
de José Anaiço com Joana Carda, no Hotel Bragança, reflecte-se o encontro do escritor com Pilar
(a mulher do escritor).
[561] - Temos uma confrontação directa entre o texto sagrado
e o texto profano, entre Saramago e Deus. (…) José Saramago, em vez de
argumentos contra o maravilhoso, usa a chacota, o realismo chão, vicia a
propriedade intelectual alheia (…) e o leitor pergunta-se: Com que intenção?»
Ver Maria Estela Guedes, DN, 15/12/1991.
[562] - Filme “Blindness” (adaptação do romance), de
Fernando Meirelles.
[563] - Sobre a temática da
identidade, como em “Ensaio sobre a Cegueira” e “Todos os Nomes”. Sobre O
Homem Duplicado, ver Carlos Reis, JL de 13 de novembro de 2002: com esta
obra, Saramago constrói um romance que parece contemplar uma história fora (ou
quase) do tempo e do espaço.
[564] - A
ideia inicial era «a impossibilidade de a morte matar uma determinada pessoa.»
[565] - Na perspectiva de Adelino Gomes, o romance “Intermitências da Morte” pode dividir-se em 3 partes: « Numa
primeira, à alegria com que as pessoas descobrem que deixaram de morrer –
bandeiras nacionais aparecerão em varandas e janelas, fazendo lembrar, como
noutros trechos do livro, euforias portuguesas recentes – sucede o pesadelo dos
novos problemas que o país enfrenta…; Na segunda parte, a morte, em mensagem
enviada para a televisão, anuncia o imediato regresso à normalidade…; Na
terceira parte, nova inflexão na história, com a morte a encarnar em mulher
(bela)…»
[566] - Nela figuram o avô Jerónimo e avó Josefa.
[567] - A pretexto de um artigo de Xavier de
Figueiredo que elogiava o modelo de colonização portuguesa.
[568] - O livro passa-se no
Portugal contemporâneo com algumas piscadelas de olhos ao passado dominado por
Salazar e todo o seu regime, incluindo a guerra colonial... art. de
Carlos Câmara Leme, Público de 1 de Fev. de 2003.
[569] - DN, 11-04-1993.
[570] - «Sérgio é a consciência negativa da sua geração e,
por muito estranho que possa parecer, a verdadeira bête noire, a posteriori, da
Geração de 70, em cujos códigos éticos, em cujo tópos, em cuja referencialidade
cultural imbebe a sua personalidade.» Cecília Barreira, António Sérgio um modo
de efabular, DN 21.12.1982
[571] - Sobre o crítico. Maria
Alzira Seixo num artigo intitulado “Um exemplo pernicioso”: “A
crítica JGS era uma crítica de opinião, vagamente formulada segundos preceitos
presencistas (que na obra de Régio se salvaguardavam pela criatividade e pela
argúcia estética) e condicionada pela observância das regras impostas pelo
regime salazarista, em relação às quais nem metaforicamente nem em perífrases
procurava demarcar-se.” Público, 1 de março de 2003. Sobre o mesmo crítico, Carlos
Reis: “primeiro: “Nada é supérfluo quando se estuda a biografia de um
grande homem.” Assim é, sobretudo, se quem a estuda está convencido de que
existe uma linear projeção da vida do autor nos textos que escreveu; nesse
equívoco laborou prolificamente Gaspar Simões, contribuindo de forma decisiva
para o anedotário queirosiano...” Público, 1 de março de 2003. Ainda, Baptista
Bastos sobre JGS: “Preso pela PIDE, no episódio da atribuição do Prémio da
Novela a Luandino Vieira (então nas masmorras do Tarrafal) o comportamento de
Gaspar Simões pautou-se por uma excelência de carácter e por uma inteireza de
espírito – de quem nem todos os envolvidos no caso se puderam orgulhar. Ele é
um dos grandes portugueses do séc. XX.” Público, 1 de março de 2003. Também
Urbano Tavares Rodrigues, sobre JGS, afirma: “Democrata convicto e
antifascista, voltado para o psicologismo e a arte próxima da vida, relutante a
aceitar os pressupostos teóricos do neorrealismo, não deixou, contudo, de fazer
justiça ao talento de Fernando Namora e de Carlos de Oliveira ou mesmo de Alves
Redol.” Público, 1 de março de 2003
[572] - Na morte de JGS, Eduardo Prado Coelho, História
de um desencontro, Expresso 17.01.1987, explica o “desencontro” de Ambos:
«nunca aprendi nada ao ler João Gaspar Simões»; «JGS concentrou toda a sua
energia em julgar. Ora o juízo é sempre o aspecto mais evanescente e
mortal. A grande crítica é aquela que permanece interessante para além do
frágil interesse dos juízos que formulou.»
[573] - JGS viveu com Isabel da
Nóbrega entre 1954 e 1968.
[574] - Aqui, surge o primeiro dos ensaios que dedicou à
figura de Fernando Pessoa.
[575] - Eduardo Lourenço considera Pantano, um dos
melhores romances de amor do século XX.
[576] - «Em todos os meus livros o 25 de Abril e a guerra
colonial estão presentes apenas como pano de fundo e referência compulsiva,
porque é do ‘homem’ português que tenho tratado.» Entrevista ao DN, 17/5/1984.
[577] - Notícia dada por Ernesto Rodrigues.
[578] - Em “Cassiopeia”,
colaboraram António Ramos Rosa, José Bento, José Terra, António Carlos.
Cassiopeia vs Novo Cancioneiro? De acordo com Fernando Assis Pacheco, o grupo
de “Cassiopeia” procurou fazer a síntese de três fluxos então recentes na
lírica portuguesa: o neorrealismo, os «Cadernos de Poesia» e o Surrealismo.
[579] - Perdeu o pai aos 8 anos de idade, tendo sido criada
por uma mãe sobrecarregada por uma enorme família.
[580] - Voltou a escrever alguns poemas à data da morte de
Samora Machel, em 1986.
[581] - Por iniciativa do escritor moçambicano Nelson
Saúte.
[582] - Faleceu no 5 de agosto de 2003. Frequentou a casa de
um tio, Francisco Pulido Valente, amigo de algumas das grandes figuras da
República, como Afonso Costa, e de opositores à ditadura de Salazar, como
Aquilino Ribeiro, Bento de Jesus Caraça, João Abel Manta e Fernando Lopes
Graça. Integrou o MUD juvenil; aderiu ao PCP e nos inícios dos anos 60, entrou ruptura,
fundando, com Francisco Martins Rodrigues e Rui D’Espinay, a Frente de Acção Popular (FAP) em 1964, que
pouco mais tarde originará o Comité Marxista Leninista Português (CMLP). Esteve
exilado em Paris e Argel. Em
[583] - O culpado é o pintor Nikias
Skapinakis, que estava escondido da Pide numa quinta do escritor em Loures:
“Chateava-me de tal maneira a vida, que tive que escrever a peça.» Em vez de
Skapinakis, a Pide acaba por prender Sttau Monteiro. Reza a crónica oficial, na
sequência do golpe de Beja de 31 de Dezembro de 1961.
[584] - Dramatização da novela
homónima de Branquinho da Fonseca.
[585] - Por causa desta peça passa
seis meses em Caxias, e desta vez não houve engano da PIDE.
[586] - Crónicas publicadas no
suplemento “A MOSCA” do Diário de Lisboa. Ver também participação, em 1977, no
júri do concurso televisivo “ A Visita da Cornélia”, do trio Carlos Cruz-Raul
Solnado-Fialho Gouveia.
[587] - No “Almanaque”, colaboram
Abelaira, José Cutileiro, O’Neil, Vasco Pulido Valente, Baptista-Bastos; João
Abel Manta.
[588] - André Breton.
[589] - Síntese feita por Pedro Alvim de um encontro entre
Mário Cesariny e Ernesto Sampaio, datado de 19.12.1989 (DN)
[590] - São 35 poemas, homenagem a um amigo, Cristovam Pavia
-, autor de um único livro publicado em vida com este título.
[591] - Originária de perto de S. Pedro do Sul, Viseu.
[592] - Activismo que «era uma coisa de geração», mas que
não se expõe na sua poesia.
[593] - «Livro que
foi de jubilatória provocação, assim entendida pelos ideólogos de serviço. Tudo
porque o núcleo poético então proposto fazia irromper o corpo da mulher mais o
seu ciclo de sangue e fruto, seu silêncio e sonho, trazendo o cercado das
palavras interditas para o agora laudatório então vigente. Luís Carlos
Patraquim, Público, 16 de Fevereiro de 2002.
[594] - Livro tirado de um poema do povo kwanyama, um grupo de agricultores e pastores do Sul de
Angola, dos quais a avó era originária e tem na tradição oral um reportório
imenso, de canções, poemas e histórias, recolhidos por missionários. Pública,
27.06.2004.
[595] - “ O que interessa na
literatura é a linguagem, e pensar. O objecto sobre o qual a linguagem e o
pensamento passam é perfeitamente secundário.” Entrevista, Público, 7 de
Setembro de 2002
[596] - É um breviário dos livros negros “Um Homem: Klaus
Krump”, “ A Máquina de joseph Walser” e “Jerusalém”: os mesmos temas, os mesmos
elementos recorrentes tais como a perseguição da loucura, os
disfuncionamentos do corpo, os sismos…» Mil
Folhas, Público, 8 de Julho de 2006 (Maria da Conceição Caleiro).
[597] - “Não tenho
prazer em dizer mal de alguém, de um livro. A minha ideia é fazer alguma coisa
com aquilo que é bom.” (…) Sobre a escrita:
O grande tempo é o de rever e cortar. A minha primeira escrita é muito
instintiva. A parte que dá menos gozo é a de tornar mais enxuto.” “ O trabalho
quase básico do escritor é destruir os lugares comuns. De início, os lugares-comuns
eram imagens ou
metáforas com muita força. A primeira vez que alguém disse um “mar de
gente”…é uma ideia bonita. Mas a partir do momento em que se tornou uma
associação entre palavras que toda a comunidade reconhece, perdeu energia.”
[598] -
Obra proibida por acção da Liga da Acção
dos Estudantes de Lisboa (movimento criado em 1923), liderada por Pedro
Theotónio Pereira.
[599] - “O meu trabalho é engajado. Eu sou bastante lúcida
diante da realidade brasileira, dos desequilíbrios sociais, da miséria, a
educação. Eu não posso fazer nada. Só sei escrever esses livros que não lidos
pelos analfabetos, nem pelos doentes. No entanto, eu continuo a escrever.”
Público, 22 de outubro de 2005.
[600] - “ A liberdade
que MC defendeu de
[601] - ALEXANDRE VARGAS, marcado pelo universo
pós-simbolista e modernista, e sobretudo pelos fantasmas de Antero,
Pascoaes, Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José Gomes Ferreira, é
essencialmente um poeta visionário que exprime a conflitualidade interna de uma
mitologia pessoal dividida entre um passado naturalista e um futuro
cibernético. [...] Poeta que traduz o visionarismo da sua epopeia lírica numa
discursividade a um tempo meditativa e narrativa, tecnicamente neobarroca,
sustentando a retórica da imagem e os seus efeitos oniristas em mecanismos
surrealizantes, mas por vezes cedendo perante a construção alegórica, exibe nas
suas criações mais recentes uma forte atracção pela temática luciferina e por
um experimentalismo formal vazado em enumerações caóticas, neologismos telescópicos,
sinestesias e misturas polifónicas que provocam em certos ângulos uma impressão
estética muito próxima de um Ângelo de Lima na sua faceta pré-joyciana.
Palavras de Luis Adriano Carlos, o antologiador de "Poesia Digital - 7 Poetas dos Anos
Oitenta":
[602] - Notcha era o seu pai, pescador. Nesta família pobre
do Mindelo, além de três irmãos de sangue, João Vário teve como irmão adotivo
um órfão que se veio a tornar o poeta Corsino
Fortes.
[603] - Ver o inesquecível retrato de José Passos, irmão do
Passos Manuel. Assim como o «brasileiro», retornado à pátria.
[604] - Entrevista ao DN, 9 nov.1992.
[605] - Prémio Pen Clube Português e Prémio Município de
Lisboa.
[606] - Artigo de Clara Ferreira Alves, Expresso, 16.01.1988:
um mau romance escrito sobre os acontecimentos ‘entre
as onze horas do dia 8 de março de 1975 e as vinte e três horas do dia 12 do
mesmo mês.’
[607] - Prémio Pen Clube Português
[608] - Obra apologética do
regime. Doutrinária.
[609] - Evoca Moçambique
dos anos 70, já perto das convulsões revolucionárias de 1974.
[610] - Presidente do Júri: Helena Buescu.
[611] - Aos 18 anos, publicou o seu livro: “Escritos Temporais” de Urbano Tavares
Rodrigues.
[612] - O título «Portugal
não é um país pequeno» corresponde à frase cunhada no mapa que Henrique Galvão desenhou no tempo do
Estado Novo sobrepondo os territórios ultramarinos ao mapa da Europa de forma a
demonstrar que o império português
tinha expressão territorial superior a 5
países europeus: a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e a Alemanha.»
[613] - Personagem preferida: O Malhadinhas, de Aquilino
Ribeiro.
[614] - “Este projecto era ele próprio fruto do activismo
político do seu fundador. O nome da editora traduzia a aliança gerada pela
guerra e pela esperança de um novo mundo que a vitória contra o nazismo abria.»
José Pacheco Pereira, Público, 15/4/2004.
[615] - «O partido via o jornal como uma espécie de
iniciativa paralela de criar um outro partido comunista ou de servir de
instrumento organizado e de influência contra a direcção do PCP. Se tivermos em
conta o que acontecera com O Diabo,
em 1939-1940, o receio não era tão paranóico como hoje parece. Piteira sabia o
que queria e o modo como orientou o “Ler”mostra uma clara intencionalidade
política contra a então direcção partidária na clandestinidade.» José Pacheco
Pereira, Público, 15/4/2004.
[616] - Nelson Saúte , Público,
31/12/1994.
[617] - “ A liberdade
que MC defendeu de
[618] - ALEXANDRE VARGAS, marcado pelo universo
pós-simbolista e modernista, e sobretudo pelos fantasmas de Antero,
Pascoaes, Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José Gomes Ferreira, é
essencialmente um poeta visionário que exprime a conflitualidade interna de uma
mitologia pessoal dividida entre um passado naturalista e um futuro
cibernético. [...] Poeta que traduz o visionarismo da sua epopeia lírica numa
discursividade a um tempo meditativa e narrativa, tecnicamente neobarroca,
sustentando a retórica da imagem e os seus efeitos oniristas em mecanismos
surrealizantes, mas por vezes cedendo perante a construção alegórica, exibe nas
suas criações mais recentes uma forte atracção pela temática luciferina e por
um experimentalismo formal vazado em enumerações caóticas, neologismos telescópicos,
sinestesias e misturas polifónicas que provocam em certos ângulos uma impressão
estética muito próxima de um Ângelo de Lima na sua faceta pré-joyciana.
Palavras de Luis Adriano Carlos, o antologiador de "Poesia Digital - 7 Poetas dos Anos
Oitenta":
[619] - Notcha era o seu pai, pescador. Nesta família pobre
do Mindelo, além de três irmãos de sangue, João Vário teve como irmão adotivo
um órfão que se veio a tornar o poeta Corsino
Fortes.
[620] - ver o inesquecível retrato de José Passos, irmão do
Passos Manuel. Assim como o «brasileiro», retornado à pátria.
[621] - ver Diário de Notícias, 22 de abril de 1993.
[622] - Obra apologética do
regime. Doutrinária.
[623] - Salvato Trigo, A Poética da Geração da Mensagem, Brasília ed.
[624] - Evoca Moçambique
dos anos 70, já perto das convulsões revolucionárias de 1974.
[625] - Presidente do Júri: Helena Buescu.
[626] - Aos 18 anos, publicou o seu 1º livro: “Escritos
Temporais” de Urbano Tavares Rodrigues.
[627] - O título «Portugal
não é um país pequeno» corresponde à frase cunhada no mapa que Henrique Galvão desenhou no tempo do
Estado Novo sobrepondo os territórios ultramarinos ao mapa da Europa de forma a
demonstrar que o império português tinha expressão territorial superior a 5
países europeus: a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e a Alemanha.»
[628] - Personagem preferida: O Malhadinhas, de Aquilino
Ribeiro.
[629] - Nelson Saúte , Público,
31/12/1994.
[630] - Trata-se de um livro de memória sobre a
revolta dos camponeses em Março de 1961, no Noroeste de Angola.
[631] - Nasceu em 1937, é velho militante do MPLA;
esteve preso em Peniche. Deixou bem marcada a sua presença em Cultura (II) e Mensagem (CEI). Esta obra insere-se na Oratura angolense - recolha
de histórias (Malange, Zaire e Uíge, Ndala Tandu..)
[632] - Nasceu em Lisboa e viveu apenas 8 anos em
Benguela.
[633] - Seis estudos sobre a obra de Luandino
Vieira, Gerald Bessa Vítor, Mário António, Baltasar Lopes e
Luís Honwana + poesia de G.B.Vítor e posfácio de Manuel Ferreira).
[634] - Nas palavras de Roger Bastide, este romance
é “antes de mais, uma pintura da colonização portuguesa”.
[635] - Referente: Guerra colonial na Guiné-Bissau.
[636] - Obra: João Vêncio: Os seus amores, ed. 70,
1979.
[637] - Define-se em função de dois vectores:
experimentalismo linguístico e tradição da angolanidade
(Jofre Rocha, João-Maria Vilanova, Ruy Duarte de Carvalho, Monteiro dos Santos
e Arlindo Barbeitos).
[638] - Estreou-se literariamente em 1973, com Regresso Adiado. Em 1977, publicou Sim, Camarada!
[639] - Natural de Benguela (m. em 7.2.1977), entre
finais da dácada 50 e a primeira metade dos anos 60, assinou crónicas e
reportagens de elevada qualidade um pouco por toda a chamada “grande imprensa”,
aqui e em Portugal, e três livros de poesia - 36 poemas.
[640] - Retoma projecto da Revista Imbondeiro, Sá da Bandeira (1960-1964)
[641] - 40% destes ensaios foram escritos antes do
25 de Abril - ver ensaios: Bação Leal; Violência na Literatura.
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Estudiosos da lusofonia e da história africana
Berardinelli, Cleonice – professora de literatura portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Boxer, Charles Ralp[1] (1904, Ilha de Wight, Sul de Inglaterra - 2000 ). Em 1923, entrou para o regimento de Lincolnshire. Durante 24 anos, serviu nesse regimento, primeiro na Irlanda do Norte, depois de 1930 a 1933, no Japão. A partir de 1936, fica estacionado em Hong Kong, como membro dos serviços secretos americanos. Em 1941, Boxer é feito prisioneiro de guerra pelos japoneses. Condenado a 35 anos de prisão, passa os 3 anos seguintes em regime de “solitária”, em Guangzhou (Cantão). Torturaram-lhe a mão esquerda, mas deixaram-lhe a direita para poder continuar a escrever a História. ( Monsenhor Manuel Teixeira) De 1947 a 1967, regeu a cátedra de Camões no King’s College de Londres. Em 1969, passa a reger a cadeira de História da Expansão da Europa no Ultramar na Univ. de Yale, cargo que ocupa até 1972, altura em que deixa a actividade docente. Ver Opera Minora, compilação em três volumes de artigos dispersos. Coordenação: Diogo Ramada Curto, Fundação Oriente.
Cahen, Michael – Les Bandits – un historien au Mozambique 1994[2];
Paris, 2002.
Carvalhal,
Tânia – brasileira
Cavacas, Fernanda – Mia
Couto: Brincriação Vocabular
Cristóvão,
Fernando – professor da Universidade de Lisboa
França, Arnaldo –
cabo-verdiano
Goulart, Rosa – professora
da Universidade dos Açores; tese de doutoramento, em 1989: Romance Lírico – O
Percurso de Vergílio Ferreira.
Hamilton, Russe –
fundamental para explicar a “história” da apropriação do português pelos
escritores africanos.
Jünger, Ernst[3] -
Leite,
Ana Mafalda –
M’Bokolo[6] – África Negra – História e
Civilizações (tomo I, tradução de Alfredo Margarido), ed. Vulgata
Rebelo, Luís de Sousa –
professor de português no King’s College de Londres
Secco,
Carmen Lucia – estudiosa de Mia Couto[7]
Sepúlveda, Maria do Carmo;
Salgado, Maria Teresa – África & Brasil: Letras em Laços[8], ed.
Atlântida, S. Paulo
Silva,
Alberto da Costa e[9] – Presidente da Academia
Brasileira de Letras
Silva, Vítor Manuel Aguiar
e
Souto, Elvira (escritora
galega) – Viagens na literatura (ensaios[10])
Tali, Jean-Michel Mabeko –
Dissidências e Poder de Estado : O MPLA perante si próprio (1962-1977);
Ensaio de História Política (Iº vol. 1962-1974 e IIº vol. 1974-1977)[11]
[1] - Militar, espião, “bom vivant”, coleccionador
de obras raras, ele tinha, mesmo sem formação específica em Hstória, um método
científico muito definido de abordagem das várias temáticas. Para Boxer, “ os
documentos de arquivo são a única base sólida capaz de proporcionar a
compreensão e reconstituição dos processos históricos.”
[2] - Sobre a RENAMO – o autor acompanhou a
campanha eleitoral, no terreno, durante dois meses. O 1º contacto de Michel
Cahen com a RENAMO foi em Lisboa em 1988.
[3] - A visão do colonialismo
português e da guerra é, em 1966, a que lhe é dada ter, a partir da
plataforma de observação que o recebe: colonos de origem alemã e austríaca,
ex-senhores da guerra que não encontraram ou não quiseram ter, lugar na nova
Alemanha. O anfitrião é Franzi Stauffenberg, da estirpe daquele outro que em
Julho de 1944, se lançou na aventura do golpe falhado contra Hitler. Público,
25 de Março 1995.
[4] -
Entrevista ao Público, 15/05/1994. Um rebelde branco, da família de Daniel
Malan, o homem que dirigiu a implantação do “apartheid” na África do Sul,
simpatizante da causa dos negros.
[5] - Um livro sobre o
“apartheid” e a sua génese. O “apartheid” surgiu porque os afrikaners tinham
medo de perder a sua identidade num país dominado pelos negros, mas também por
uma questão de egoísmo. Quando os afrikaners alcançaram o poder, nos últimos anos
da década de 40, havia um enorme fosso entre eles e os sul-africanos de língua
inglesa.
[6] - Nasceu em kinshasa,
ex-Zaire e foi ainda muito jovem para França, onde estudou Letras, Filosofia e
História. Hoje é professor e director de estudos na “École des Hautes Études en
Sciences Sociales”, em Paris. Em entrevista ao Público ( Mil Folhas) de 5/7/2003,
defende a ideia de que a «tradição é um passado construído por
ignorância ou por qualquer razão, política ou outra.» Por outro lado,
considera-se um historiador da segunda geração que tem uma visão
distinta da da 1ª geração: « a primeira geração foi a dos fundadores das
nações africanas. Para eles, a história estava directamente ligada à luta
política. Era uma história com deformações e também erros talvez voluntários,
mas eram erros, alguns relacionados com a ideia da resistência à invasão colonial.
Nós sabemos que no tempo colonial não havia só resistência africana...» Por
outro lado, considera a Conferência
de Berlim um mito: «foi só um consenso entre os poderes coloniais para
dizer quais eram as regras para se ser um potência colonial»...
[7] - Mia Couto e a Incurável
Doença de Sonhar. A autora aborda também a influência dos brasileiros
Guimarães Rosa e Manoel de Barros em Mia Couto.
[8] - Referência bibliográfica
para a Teoria das Culturas, Literaturas Comparadas, Pós-Colonialismo,
Multiculturalismo.
[9] - Poemas reunidos; O
vício de África e outros vícios; A
enxada e a lança: a África dos portugueses; O Espelho do Príncipe (memórias);
[10] - Sobre Agustina Bessa-Luís ( O Mosteiro);
José Saramago (O Ano da Morte de Ricardo Reis). A autora, nascida em
A.Corunha, em 1947, doutorou-se, em
1989, com uma tese intitulada: O Romance Português Actual: Uma Literatura de
Autognose.
[11] - “ Em véspera do 25 de
Abril de 1974, o movimento de Agostinho Neto estava em estado de coma. Expulso
de Leopoldville, constituiu uma base recuada em Kinshasa, de onde tinha poucos
contactos com as suas bases no interior, sobretudo porque a FNLA dominava todos
os acessos de entrada no país. A Frente Leste conheceu alguma actividade, que
foi, mais tarde, completamente anulada com os bombardeamentos de “napalm” e com
a criação da UNITA, para a qual foi prestimosa a conivência do exército
colonial. Ainda durante a fase da luta outras divergências, como a Revolta
do Leste, de Daniel Chipenda, e a Revolta Activa, que afastou
Gentil Viana e Joaquim Pinto de Andrade, tornaram o grupo
nacionalista praticamente inoperante.” António Tomás, Público, 28 de Dezembro
de 2002.
Simpósios
I Simpósio
Luso-afro-brasileiro de Literatura, 1984. Sem tema pré-definido
II Simpósio Luso-afro-brasileiro de Literatura (Univ. de Lisboa), 1994. Temas: nacionalismo, regionalismo, universalismo.
Missões
Chicumbi[1] ( a
10 km do Andulo, Angola, 1994) – católica: ensina a ler e a escrever em
português e umbundu, língua dos povos do Centro de Angola
Chilesso( a 10 km do
Andulo, Angola, 1994) – protestante: ensina a ler e a escrever em português e
umbundu, língua dos povos do Centro de Angola
[1] - As instalações do Chicumbi
eram imensas, coloniais, preparadas para um internato numeroso de missionários,
na sua maioria portugueses, que partiram em 1976. Por troca com militares das
forças governamentais. Público, 20/02/1994.
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