Fernão Mendes Pinto, O outro lado do mito, por Maria Teresa Vale, Direção-Geral da Comunicação Social, lx, 1985, L35077V
Nota do jesuíta Giovanni Pietro Maffei, em 1502:
«On lui parle histoire, il répond roman» - George Le Gentil -, un
précurseur de l’exotisme au XVI ème siècle – afirma que a Peregrinação não é
uma autobiografia, mas, sim, um romance.
Não devemos esquecer que F.M.P
escreveu a sua obra muitos anos depois dos acontecimentos terem ocorrido.
Quando a memória falhava, suprimia essas lacunas através da sua fabulosa
imaginação.
A Peregrinação foi publicada em
1614. Durante o século VXVII surgiram 19 edições: 2 em português, 2 em
holandês, 2 em alemão, 3 em francês, 3 em inglês, 7 em espanhol (R. Catz)
Foi também o século XVII que lhe
criou a fama de charlatão. «Fernão, Mentes? Minto.» O homem do século XVII
recusava-se a acreditar nas fantásticas histórias, nos fabulosos ambientes
orientais, nas desbragadas cenas de pirataria em que os cristãos eram
participantes. Talvez estivessem mais dispostos a aceitar uma nova epopeia no
espaço oriental, com um novo herói à boa maneira clássica, do que esta anti
epopeia que FMP lhes trazia.
Fernão Mendes Pinto,
cristão-novo? Ver António José Saraiva. Terá sido dispensado dos seus votos ou
verificou que não tinha vocação.
FMP acabou de escrever a
Peregrinação em 1578 e morreu em 1583. Não há notícia de quaisquer diligências
que tenha feito para conseguir a publicação da obra. De que teria medo?
Narrador autodiegético. O herói
protagonista narrador é um anti-herói. Antípoda do herói clássico que Camões
eternizou. Mas, à medida que a obra avança, o narrador passa a homodiegético,
transforma-se num dos componentes do grupo, que corre atrás de um capitão audaz
mas ganancioso e ladrão – o capitão António Faria.
Há quem queira ver em António
Faria um desdobramento de FMP. Ou António Faria será apenas a representação de
um tipo bem definido? «o comandante português, meio mercador, meio corsário dos
mares do Oriente?»
Junto deste capitão, António
Faria, o narrador assume plenamente o seu papel de pícaro.
Romance picaresco
O romance picaresco, iniciado em
Espanha em meados do séc. XVI com o Lazarillo de Tormes, dá relevo a uma
personagem que é um pobre diabo, um desgraçado sem nada de seu, que corre mundo
servindo vários patrões e utilizando sem escrúpulos, todos os meios para resolver
o problema que mais o aflige – a fome. No fundo o pícaro não é tão corrupto
como a sociedade em que se insere, como o patrão para quem trabalha, e assim,
relatando os acontecimentos, vai revelando ao leitor a corrupção do amo e do
seu meio. (ver capítulo 59)
O heroico António Faria, o
habilidoso e interesseiro triunfador dos mares, enquanto presente, preenche o
lugar de personagem principal, relegando para o 2º plano o autor da obra, que
passa a participante (um criado), aproveitado, algumas vezes, como comentador
da ação em breves frases… que marcam o ponto de vista do simplório criado, do
pícaro (…)
António Faria está longe de ser o
herói da tradição cavaleiresca. Move-o a ganância. Empenha a espada, invocando
Cristo, mas pensa apenas no próprio lucro. Todavia, todo o triunfo acaba em
derrocada – intenção moralizadora da obra.
Pretendendo criticar, sem o fazer
abertamente, coloca no caminho dos portugueses homens de outras paragens, de
outras religiões que servem de porta-voz, transmitindo ao leitor a visão
crítica do autor.
De salientar a inegável
tolerância religiosa e racial de FMP, que o aproxima de Erasmo e que leva a
admitir que a correção, a dignidade e o espírito de justiça podem existir em
qualquer indivíduo, independentemente da sua religião ou da sua raça.
Exemplo: da criança, na Ilha dos
Ladrões, cap. 55 / cap. 77
Roubar e pregar, conjuntamente, é
adoptar a religião para disfarçar a cobiça.
Segundo a moral do autor, um
crime nunca pode ficar impune. Cap. 79
António Faria desaparece numa
tempestade com a sua embarcação.
Falsos ladrões não eram só os
mercadores: capitães de fortalezas que prometiam e não cumpriam ou que tiravam
lucro dos seus aliados orientais…, abandonando-os.
Como exemplo, a China, onde a
justiça era imparcial e incorrupta (alegoria da China)
FMP
apresenta-nos «o Albuquerque terríbil» de Camões, esse grande herói nacional,
tal como era visto pelo olhar impiedoso de um oriental. «O capitão Albuquerque,
lião dos roubos do mar». A esta luz, essa tão bela cruzada, transforma-se muito
prosaicamente, numa anticruzada de triste memória.
FMP escreve uma anti epopeia.
Todavia não foi uma voz isolada. Veja-se, por exemplo, Gil
Vicente, no Auto da Índia, que já em 1509 punha na boca do marido: Fomos ao rico de Meca / Pelejámos e roubámos / E muito risco passámos /
Camões,
com O Velho do restelo, não deixa de aludir à «vã cobiça / desta vaidade, a
que chamos Fama!»
A sua cultura era variada, mas
não era a cultura de um clássico. É precisamente por não ser estruturalmente um
clássico que na Peregrinação, ao rigor, à arrumação, ao equilíbrio e eruditismo
clássicos, ele opôs a imaginação, a narração em catadupas sem barreiras de
capítulos, o sensacionalismo, a descrição de ambientes singulares, a linguagem
comunicativa (…) traz para a literatura essa linguagem da oralidade, que não
esquece a presença do ouvinte / leitor, estabelecendo com ele uma ligação mais
íntima. Só no século XIX, isso se tornará frequente. (Georges Le Gentil)
Exotismo
·
Pitoresco (descrição de paisagens, monumentos,
costumes)
·
Psicológico (tentativa de compreender a alma dos
povos)
·
Filosófico (grande ensaio sobre o contraste
entre civilizações)
·
Linguagem (que se traduz no vocabulário
utilizado e no estilo metaforicamente pomposo e barroco de algumas passagens;
léxico oriental)
Notas para uma biografia
Nasceu provavelmente entre 1509 e
1511 (cap. I)
A partida para o Oriente deu-se a
11 de Março de 1537
Permaneceu no Oriente 20 anos, de
1537 a 1558.
Entre 1542 e 1556 fez 4 viagens
ao Japão.
Foi na sua 3ª viagem às ilhas
nipónicas (1551-1553) que conheceu S. francisco de Xavier de quem se tornou
amigo e admirador…
Chegou a Portugal a 22 de
Setembro de 1558, sendo regente D. Catarina, viúva do rei D. João III. Não foi
recompensado pelos seus serviços. Em 1562, a regência passou para as mãos do
cardeal D. Henrique, que adotou uma política económica restritiva. Foi entre os
anos de 1569 e 1578 que FMP escreveu a Peregrinação. Só no ano da sua morte,
recebeu uma tença de Filipe II de Espanha – 2 moios de trigo.
Textos literários, A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto
João David Pinto Correia, Seara
Nova, 1979 L.73350 P.
A «literatura de viagens» na sua
aceção mais lata, compreende o conjunto de obras que relatam (portanto,
descrevem e narram) deslocações quer “reais”, quer fictícias num espaço
(geográfico) e durante um período mais ou menos longo. (p.16)
Muitos destes textos são
paraliterários (denotativo-referenciais)
Obras mais importantes
(literatura de viagens):
- O Esmeraldo de Situ Orbis, de
Duarte Pacheco Pereira;
- O Tratado dos diversos caminhos
por onde a Pimenta veio da Índia às nossas Partes, de António Galvão;
- O Tratado em que se contém
muito por extenso as Cousas da China, de frei Gaspar da Cruz;
- O Itinerário, de António
Tenreiro;
- A Relação do Novo Caminho da
Índia para Portugal, do Padre Manuel Godinho;
- O Itinerário, do Padre Jerónimo
Lobo;
- A Etiópia Oriental, de Frei
João dos Santos;
- O Itinerário da Índia por
Perra, de Frei Gaspar de S. Bernardino;
- A História trágico-Marítima;
- Carta do Achamento do Brasil,
de Pero Vaz de Caminha.
Barradas de Carvalho (1971), referindo-se
ao período que se estende de meados do séc. XV aos primeiros anos do século
XVI, distingue 4 géneros:
·
Crónicas
·
Descrições de terras
·
Diários de bordo
·
Roteiros
Cartas de Fernão Mendes Pinto e outros documentos
Rebecca Catz, ed. Presença, 1983 H.G. 35039 V
Carta de Fernão Mendes Pinto,
escrita em Almada, a 15 de Março de 1571, dirigida a Bernardo Néri.
Biografia de F.M.P.
a) Goa,
Primavera de 1554… depois de por espaço de 18 anos ter acumulado riqueza,
decidiu regressar a Portugal, criar raízes e constituir família. Francisco
Xavier morrera a 2 de Dezembro de 1552, na ilha despo… de Sanchoão. Tinham-se
encontrado no Japão no ano de 1551.
b) 2
importantes acontecimentos o convenceram a ficar:
i.
A chegada a Goa do corpo de S. Francisco Xavier,
em estado de «incorruptibilidade», o que foi considerado um milagre.
ii.
A chegada de cartas dos «reis» do Japão, pedindo
ao vice-rei que lhes enviasse missionários.
c) Neste
período, Pinto foi objecto de uma conversão mística que o levou a doar grande
parte dos seus bens à Companhia de Jesus. Foi decidido que o Padre Melchior
Nunes chefiaria uma missão evangelizadora, inspirada e subsidiada por Pinto,
que o acompanharia na qualidade de embaixador, enviado do vice-rei, para
estabelecer relações diplomáticas entre o Japão e a Índia Portuguesa. Levou
dois a chegar ao Japão (…) cumpriu os objectivos com relativo êxito (…) mas
quando chegou o momento de envergar o hábito da Ordem, mudou de opinião-
d) É
muito provável que em 1558 já estivesse em Portugal, completando assim as suas
peregrinações de 21 anos:
«E apesar dos
“trabalhos, cativeiros, fomes, e perigos” de que fala, os documentos não
oferecem nenhuma prova de ele ter sido “treze vezes cativo e dezassete
vendido”. Pelo contrário, revelam um homem que foi considerado entre os seus
compatriotas como o mais afortunado dos homens.» (p.14)
RETRATO
Homem bom e
generoso; corajoso e ao mesmo tempo orgulhoso, até ostentoso pelo seu amor à
pedraria, que confessa ter -, com excecionais qualidades de liderança: um homem
empreendedor, ousado, ou atrevido, que não tem nenhuma semelhança com o bobo, o
cobarde, o sempre enjeitado, ou «o pobre de mim», como quis representar-se na
sua Peregrinação.
FAMÍLIA
Teve 2 irmãos,
António e Álvaro.
Álvaro esteve
presente no cerco de Malaca, em 1551; um deles foi martirizado pelos mouros em
Bitangue, em 1553. Em 1554, tinha «irmãs e um irmão», em Lisboa, e um primo
rico, Francisco Garcia Vargas – cavaleiro-fidalgo da casa de el-rei – que
esteve presente em Cochim em 1557. Casou com Maria Correia de Brito; viveu numa
pequena propriedade em Almada, no Pragal. As crianças a que alude na
Peregrinação eram suas filhas, pois foram elas que, depois de ele ter morrido,
fizeram a dávida do manuscrito da Peregrinação à Casa Pia dos Penitentes de
Lisboa.
No seu
regresso em 1558, descobre que já é um homem famoso. A sua carta de Malaca,
escrita em 1554, já tinha sido publicada e divulgada em quase toda a Europa. Foi consultado como perito nos assuntos do
Oriente, por exemplo, por João de Barros. Já em 1569, tanto em Portugal como no
Estrangeiro, era geral o conhecimento de que Pinto estava a escrever um livro
sobre as suas experiências no Oriente.
O padre
Cipriano Soares era o seu interlocutor.
Entre 1569 e
1571 foi visitado por um embaixador do grão-duque Cosimo de Medici.
Em 1582, em
Valderosal, foi entrevistado pelo jesuíta Geovanni Pietro Maffei, incumbido
pela Coroa de redigir a História dos Portugueses na Índia, de forma a realçar o
seu papel evangelizador.
Morreu a 8 de Julho de 1583.
Francisco Xavier
Nasceu em
Navarra em 1506. Estudou e conheceu Inácio Loyola em Paris. Em 7 de Abril de
1541 partiu para a índia como núncio apostólico em representação do Papa Paulo
III. Chegou a Goa a 6 de Maio de 1542, onde esteve 6 meses (…) Fez uma curta
paragem em Malaca em 1545 (…) Em 24 de Junho de 1549 partiu para o Japão. Foi
aqui que conheceu o abastado comerciante – 1551 – F.M.Pinto. Em 17 de Abril de
1552 embarcou para a China ( e ali morreu na Ilha de Sanchão a 3 de dezembro de
1552.
(cap. 203 a
218 de Peregrinação)
Melchior Nunes Barreto
Nasceu no
Porto em 1520. Cursou cânones na universidade de Coimbra (…) Entrou na
companhia de Jesus a 11 de Março de 1543. Partiu para a Índia em 1551. Em 1552
foi nomeado superior da residência de Baçaim. Em 18.10.1553, sucedeu como
vice-provincial da Índia ao padre Gaspar Barzeo. Foi em Goa, em 1554, que
conheceu FMP, em cuja companhia viajou até ao Japão. Morreu em Cochim, em 1571,
como superior do Colégio Jesuíta. É autor de uma biografia do seu irmão: A
Vida Compendiosa do Ilustríssimo Patriarca da Etiópia, D. João Nunes Barreto, cujo nome aparece na Peregrinação (cap. 225)
Bibliografia
R. Catz e F.M.
ROgers, Cartas de Fernão Mendes Pinto e outros documentos, Lisboa, 1983 H.G. 35039 V
Óscar Lopes,
Ler e depois
António José
saraiva, Para a História da Cultura em Portugal, 2º vol.
Rebecca Catz,
Fernão Mendes Pinto, Sátira anti-cruzada na Peregrinação, Bibl. Breve nº 59
Luis Filipe
Barreto, Portugal mensageiro do mundo renascentista, 1981; cap. III – Da
peregrinação de Fernão Mendes Pinto (pp.68-80)
Fernão Mendes
Pinto, Peregrinação, edição Adolfo Casais Monteiro, conforme à de 1614, Lisboa,
1983.
João David
Pinto Correia, A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, Lx, 1983 L. 73350 P
Lazarillo
de Tormes, de autor anónimo ou de Hurtado de Mendoza (?) L. 25910
Com esta obra inaugura-se, em
meados do séc. XVI, a novela picaresca. As 3 primeiras edições de «A vida de
Lazarillo de Tormes e das suas Fortunas e adversidades” datam todas de 1554.
Lazarillo volveu-se, por
antonomásia, em substantivo que designa o rapaz dedicado ao ofício de moço de
cego ou de pedinte.
A obra surge no começo do século do ouro (1516-1659), no fim do
reinado de Carlos V, quando a Espanha imperial era a maior potência mundial.
A ficção novelesca, eivada de
bastas sequelas medievais, radicava-se num plano ideológico idealista com as
proliferantes novelas de cavalaria, e glorificava sistematicamente um conceito
mórbido de honra que naquele período atingiu o paroxismo; incensava um
idealismo amoroso decalcado do platonismo da época e exaltava um férvido
heroísmo, um espírito aventureiro de cruzada e de conquista que deviam acordar
profundas ressonâncias no ânimo dos espanhóis. Tanto a novela como a lírica
haviam tomado, pois, um caminho francamente idealista e cortesão, o estilo
literário era empolado, pretensioso, aberrativo e os temas e as personagens
novelescas eram exclusivamente palacianas, ignorando a chamada plebe – o povo.
Factores de transformação deste
quadro:
·
A ascensão da burguesia;
·
O humanismo italiano a partir do séc. XIV;
·
Renascimento que substitui a visão teocêntrica
do mundo pela visão antropocêntrica, cuja chave, o conceito de livre-arbítrio,
libertará a condição humana de peias mentais herdadas da Idade Média;
·
O movimento europeu da reforma luterana;
·
Contra-Reforma, da qual a Inquisição foi o
principal instrumento.
O que Lazarillo «veio contar foi
simplesmente a história de um rapazinho nascido em berço humilde e sem honra, e
os problemas da sua vida andarilheira como moço de cego ou criado de clérigo,
de rendeiro (…); sobretudo os problemas de sobrevivência, e neste caso, de alimentação;
em tal aspecto o livro constitui uma impressionante epopeia da fome. Através
dele, o povo e o seu viver quotidiano acedem pela 1ª vez aos planos da
Literatura; talvez por via disso, a narração é feita em forma autobiográfica.
O
herói luta e colhe vitórias (novelas de cavalaria). O pícaro debata-se
inutilmente dentro de uma sociedade hostil e não alcança mais do que desaires.
Se
a novela de cavalaria propunha um herói; a picaresca passou a propor um
anti-herói. Honra vs desonra; moralidade vs imoralidade.
Filosoficamente,
o pícaro situa-se ao lado do estoico; desdenha todos os bens do mundo,
menospreza riquezas e sofrimentos para afirmar através da razão a sua liberdade
pessoal: ele converte a dor em riso, a tragédia em farsa, perante os absurdos
mundanais.
O
pícaro descobre o poder da sátira social e da ironia e não raro aguça as suas
farpas no esmeril do sacarmos e do cinismo, usando as armas do humor com
objectivos que por vezes mostram ser claramente políticos.
Stoicisme – caractere moral du sage; en
particulier, indifférence à la douleur, fermeté d’ âme opposée aux maux de la
vie. André Lalande, Vocabulaire Technique et critique de la Philosophie.
O pícaro na peregrinação; a novela picaresca
«pobre de mim»
(76) «estivemos ali três dias postos assi em cócoras sobre
uns penedos…»
Leitura dos capítulos:
·
Do que o autor passou em sua mocidade neste
reino até que se embarcou para a Índia.
·
Do grande medo que passou o autor no reino de
Guedá
·
De um miserável naufrágio e cativeiro que passou
na corte da ilha de Samatra
·
Como foi tomada uma noiva chinesa
·
Como António Faria e seus companheiros se
perderam na Ilha dos Ladrões, como se salvaram milagrosamente e o que lhes
disse um menino chinês.
·
De como António Faria foi roubar os jazigos dos
reinos da China em Calemploy e do que nisso lhe sucedeu. (116)
·
De algumas grandezas do império da China (130)
Cap. CLVI
(433) – analepse (1538)
(437) –
set. 1544
(439) – 27
março 1545
(442) – panegírico do rei de Portugal
(443) a inveja, o inimigo principal dos portugueses ( ver
prólogo do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende)
(444) o Chambainhaa acusa os portugueses de ingratidão
(449): pormenor, enumeração, hipérbole, superlativação
(senhor senhor)
(450) o Chambainhaa critica severamente os portugueses; o
narrador identifica-se com o Chambainhaa; o capitão da guarda humilha os
portugueses “ rapay as barbas porque se não engane a gente convosco, e
servirnos-eis de molheres para nosso dinheiro.» Comentário do narrador.
(453) analepse – comentário; reforço
Cap. CLIII
(458) narrador personagem – 1ª pessoa
(460) 2 anos e meio de cativeiro do narrador-personagem
“andei peregrinando”
(461) É a partida esta frota a 9.03.1545
(464) 3.05.1545
(466) Véspera de S. Bartolomeu de 1545
(467) A crueldade do rei Bramaa
(470) «Chegou a esta cidade do Anaa a 13.10.1545
(471) Os portugueses caem nas boas graças do tesoureiro
Diosoray
(472 / 473) Preocupação metalinguística. Out. 1545, partida
de Anaa
(474) O narrador reflecte sobre a função narrativa; o local
da escrita: « cá na Europa»
(475) 9.12.1545. Dia de finados “memória de todos os mortos”
Cap. CLX
Festa “Da lua nova à lua cheia”.
Procissão. Este texto mostra que lá como cá, havia alguns processos que
asseguravam “a plenária remissão dos pecados” – absolvição.
(478) Como se garantiam “jubileus
e indulgências”
(479) Relíquias
(482) A confissão e o sacerdote
(484) Condenação das ordens
religiosas que violentavam a natureza humana. Regimento de cada Ordem. Ver a
conclusão do capítulo.
(499) Referência a um roubo de
que o autor foi vítima aqui na Europa. O Paraíso no reino do Calaminhan
(descrição)
(503) 3.11.1546
(504) Referência à Peregrinação e
à modéstia do narrador « nesta minha triste e trabalhosa peregrinação»
Cap. CLXVIII
(515) Ataque aos Reis feito por
um talagrepo Bramaa:
·
Tiranos
·
Sanguessugas
·
Leões de bramido terrível “quem der que falar”
·
O objetivo é a «fazenda»
·
Nepotismo
·
Parcialidade
(516) Referência a aos
cristãos-novos
(523) Referência aos capuchos
(ordem dos mendicantes), aos franciscanos / ver pág. 484
(533) 5.01.1546
(541) analepse / 1513
(545) Do conselho que um
português deu sobre o modo como conservar um cadáver incorrupto.
(…)
Cap. CLXXVII
(544-545) Como salvar a alma? «enterrado
assi podre e corrupto, não podia sua alma ir ao paraíso, conforme a lei de
Mafamede em que novamente morrera…»
Conselho de um português: «que o
metessem em uma arca cheia de cânfora e de cal, e o enterrassem em grande junco
que fosse cheio de terra… E desta maneira foi o corpo del Rei até Demaa sem
corrupção nem cheiro mau nenhum.»
(658) Comparar o caso do Padre
Francisco Xavier: três meses e cinco dias depois de enterrado «acharão-lhe o
corpo todo inteiro sem corrupção… e com um cheiro suavíssimo…»
(635) Diogo Soarez o Galego
Cap. CCXXIII
(708) A filha (14,15 anos) do rei
de Bungo parodia o comportamento dos portugueses no Oriente: Esta situação,
porém, não é singular:
«… porque eu já em Tanixuman
tinha visto outra farsa que se teve com Portugueses semelhante a esta, e por
algumas vezes as tinha visto também noutras partes.»
(709) Paródia à falsa modéstia, ao miserabilismo, à poligamia, à pobreza.
Paródia do sagrado e do profano.
Género muito frequente no séc. XII e XIII na literatura hispano-hebraica.
Bibliografia:
Die Parodie im Mittelalter, de Paul Lehman, sobre a vastidão deste género
literário na Idade Média.
Num sentido
lato, paródia será a imitação caricatural, não de uma obra determinada, mas de
uma escola, de uma corrente, de um estilo. (Jacinto Prado Coelho, Dicionário de
Literatura)
Exemplos
claros de paródia
·
Tremor de terra em que só se salvou uma menina
de 7 anos (703)
·
O menino avista o batel que andava à deriva e
que em circunstâncias normais se teria perdido (678)
·
Um menino de 6 até 7 anos saúda o padre
Francisco Xavier (656)
·
Texto representativo da sátira (153-154)
O Eu autobiográfico sempre
presente e em deambulação
Ver conotação religiosa do título
O EU em 1º plano – até ao final
do capítulo XXXVIII
O EU em 2º plano, com António
Faria, em 1º plano – XXX a LXXIX
O EU substituído por NÓS – LXXX a
CXXXVII (parte do capítulo)
Ainda o NÓS – CXXXVII (final) a
CXLIII
O EU acompanha o rei dos Bramas
(em 1º plano) – CXLIV a CLXXI
O EU narrador passa a 3ª pessoa
(historiador) – CLXXII a CLXXIX
O narrador-historiador – CLXXX a
CXCIX
O EU narrador, personagem
testemunha da missão do Padre Belchior – CCXIX a CCXXVI (parte do capítulo)
O EU em 1º plano – CCXXVI (parte
final)
VIVEU – episódios autobiográficos
propriamente ditos
VIU – episódios testemunhados
SOUBE – episódios apenas
transmitidos
Estatuto do narrador
·
Autodiegético (narrador / personagem principal)
·
Homodiegético (narrador / personagem secundário)
·
Heterodiegético ( 3ª pessoa)
Outros temas:
·
Sensacionalismo
·
Aventura
·
Exotismo
·
Descrição
·
Aspectos linguístico-estilísticos:
·
Léxico
·
Preocupação metalinguística
·
Tom coloquial, a espaços
·
Visualismo
·
Intertextualidade
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