Frederico Garcia Lorca

Federico García Lorca

Nasceu em Fuente Vaqueros, perto de Granada, em 5 de Junho de 1898. Filho mais velho de Federico García Rodriguez, agricultor abastado, e de Vicenta Lorca Romero, professora primária, a fortuna familiar permitiu-lhe sempre fazer vida de “poeta”, de intelectual desafogado. Só quando as suas peças começaram a ter sucesso em Espanha e sobretudo na América Latina é que Frederico se emancipou da família.
Retrato traçado por Rafael Alberti: F.G. Lorca era “moreno”, “fronte ampla”, “olhos brilhantes”, “sorriso franco que se transformava com facilidade em gargalhada”; “ar, não de cigano, mas de camponês, esse homem simultaneamente fino e tosco que as terras andaluzas produzem.”[1] Existiria, porém, uma faceta nocturna, melancólica. Homossexual.
A morte: Em 1936, a Frente Popular ganha as eleições. As direitas sobressaltam-se. A 18 de Julho, os militares, comandados por alguns generais como Sanjurjo e Franco, revoltam-se. Federico - que vivia então em Madrid - estava desde 14 de Julho, na propriedade dos pais, La Huerta San Vicente, perto de Granada. Fora visitar os pais pois tinha o projecto de se deslocar ao México para participar no sucesso que as suas peças de teatro estavam causando, representadas pela grande actriz Margarita Xirgu.
A 18 de Julho, o general Queipo de Llano toma Sevilha. A insurreição fascista chega a Granada a 20. Começam os fuzilamentos. A 6, 7 e 9 de Agosto, a Huerta invadida por diversos grupos direitistas. De início, não procuram Federico, mas outras pessoas. Um amigo propõe-lhe então a fuga para o campo republicano. Timorato, o poeta recusa. Refugiar-se-á na casa do poeta falangista Luis Rosales, no centro de Granada.
A 16 de Agosto, Lorca é preso. Uma criada leva-lhe comida e afirma tê-lo feito durante três dias. Terá sido fuzilado a 18 ou 19 de Agosto, em Viznar, na companhia de um professor republicano aleijado e de dois toureiros anarquistas.[2] Aos 35 anos de idade.
Lorca pertence - talvez por acaso - à chamada Geração de 27. Não havia entre os seus membros - Alberti, Jorge Guillén, Vicente Aleixandre, Luis Cernuda, José Bergamin, Gerardo Diego, Dámaso Alonso, Pedro Salinas, Manuel Altolaguirre - unidade ideológica ou sequer estilística. Porém, todos se consideravam, e eram, modernistas. Todos haviam lido e respeitavam Juan Ramón Jiménez. Além disto, a Geração de 27 sucedia ao ultraísmo - vanguarda minoritária influenciada pelo futurismo e pelo dadaísmo.
Lorca dramaturgo:
Obra: “El Maleficio de la Mariposa”,[3] “Os Títeres de Cachiporra” (1923), “O Público”, “A Casa de Bernarda de Alba”,[4] “Bodas de Sangue” (1933), “Yerma” (1934), “Dona Rosinha, a Solteira ou a Linguagem das Flores” (1935), “Os Títeres de Cachiporra” (1923), “A Sapateira Prodigiosa” (1926), “Teatro Breve - O Passeio de Buster Keaton; A Donzela, o Marinheiro e o Estudante; Quimera” (1928), “Mariana Pineda” (1925), “Amor de Don Perlimplim com Belisa em seu Jardim” (1931), “Retábulo de Don Cristóbal” (1931), “Quando passaram cinco anos”...
Fundou e dirigiu em 1931 um grupo universitário de teatro, A Barraca, que durante 5 anos representou, em moldes populares, Cervantes, Encina, Lope de Vega, Tirso de Molina, Calderón...
Obra: Romancero Gitano,[5] em 1928 - mal acolhido por Dali, Buñuel, Alberti; porém, o sucesso foi imenso. Intelectuais e povo encararam-no como poeta novo que não desdenhava a tradição.
Poema del Cante Jondo - tema ainda andaluz
Poeta en Nueva York: onde o Poeta dá o salto poético definitivo para cortar com certo espanholismo folclórico. Em Maio de 1929, Lorca, já formado em Direito, convencera para fazer uma viagem pelas Américas. Nesta obra, Federico fez dos negros americanos e do jazz as personagens da sua nova poesia, como outrora utilizara os ciganos e o flamenco.
Epistolário, ed. esp. Alianza.
[1] - R. Alberti, La Arboleda Perdida. Memórias, ed. Seix Barral
[2] - ver Ian Gibson, Federico García Lorca (biografia, 2 vol.), ed. Grijalbo.
[3] - ver influência de Valle-Inclan.
[4] - De acordo com Gonzalo Torrente Ballester “é o drama formalmente mais perfeito de todo o teatro espanhol contemporâneo, só admitindo comparações com algumas obras clássicas.”
[5] - Há tradução de José Bento.
Obras trad. em português: A Casa de Bernardo Alba (ed. E. América); Divã Tamariti (ed. Vega); Dona Rosinha, a Solteira. A Linguagem das Flores (ed. Estampa); O Público (ed. Cotovia); Nova Iorque num Poeta (ed. Hiena); Amor Obscuro (ed. Hiena); Antologia Poética (ed. Relógio d’Água). 

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