Quintus Horatius Flaccus (65-8 a C.)
Horácio defende:
·
A verosimilhança e a coerência, nos casos de
originalidade
·
A poesia é imitação -mimesis-
da realidade
·
A unidade da conceção poética - rejeita a
digressão
·
A justa medida e a elaboração cuidada na criação
poética, o que se coaduna com a conceção horaciana da vida, segundo a qual o
comedimento, o meio termo - mesoths
- devem ser as atitudes dominantes do ser humano. / Os que correm os mares,
mudam de céu mas não de espírito / - Caelum, non animum mutant, trans mare
currunt...
·
A breuitas
como qualidade de estilo
·
A obra de arte deve formar um todo
·
O enriquecimento lexical: privilegia as fontes
gregas, aceitando os neologismos com moderação
·
A utilitas (o uso): só a ele pertencem a soberania,
o direito e a legislação da língua
·
A língua como intérprete da natureza
·
A epopeia (?): tudo é descrito dentro da
habitual conceção de que tristeza e solenidade são as duas características
mais flagrantes desse género
·
O género elegíaco / os cantos lamentosos: na
antiguidade a palavra elegia era interpretada como proveniente de elegein,
ou seja, traduzindo literalmente "dizer ais", i.e.,
lamentar-se...recentemente concluiu-se que esta palavra deriva do vocábulo
arménio elgn (caniço, flauta)
·
O género elegíaco / os epigramas votivos
· A poesia mélica, isto é, lírica: na antiga aceção da palavra, a poesia só acompanhada pela lira (fidibus), subdivide-se em:
a)
hinos, em
honra dos deuses
b)
encómios e epinícios, em que se celebram
personagens pelas suas altas qualidades, ou pelas vitórias desportivas
c)
poemas eróticos,
em que se canta o amor dos jovens
d) escólios, em que se celebram os prazeres da mesa e do vinho
·
O estilo e os caracteres têm que obedecer ao
género… é forçosamente diferente o estilo da comédia do da tragédia. De
acordo com Teofrasto, a comédia representa as ações de simples
particulares, ao passo que a tragédia
se ocupa das ações dos heróis
·
Não basta a beleza formal, o poema dramático
deve causar prazer aos espectadores... deve despertar sumpaqein
(resposta do público)
·
Não imitar servilmente... interessa seguir um
bom modelo, por ex. a Ilíada de Homero... que reduz as suas obras a uma ação
una sem pretender obter essa unidade pela monótona apresentação de uma só
personagem, ou de um só episódio como fizeram os poetas cíclicos. Estes começavam por narrar o tema desde a origem (
ab ouo ), descurando o verdadeiro
motivo
· No texto dramático, a verosimilhança, 5 actos; o recurso ao Deus ex machina nos casos em que o desenlace exija a intervenção divina; em cena não deverão falar mais do que três actores; o coro deve ser considerado como um actor e intervir na ação. Critica os interlúdios em que o coro interrompia a ação, cantando sem que as suas palavras tivessem qualquer ligação com a peça.
A influência de Horácio exerce-se quer pela leitura directa do texto ODES quer pela doutrina estética derivada da Epístola aos Pisões ( Epistola ad Pisones)
Aspectos acolhidos:
·
Uma doce serenidade perante as benesses e as
agruras quotidianas
·
Fruição avara do momento presente
·
A calma aceitação da morte
·
"Aurea mediocritas"
·
Epicurismo e estoicismo
Sá de Miranda é sensível ao lado ético das Odes, em particular ao estoicismo romano.
António
Ferreira mostra a influência de Horácio na Carta 12 (p. 102 a 110)
Camões (Ode
IX) e Diogo Bernardes mostram uma acentuada preferência pelo conteúdo meramente
sentimental e emotivo da lírica horaciana
No séc. XVII,
o culto de Horácio declina, se excetuarmos: Manuel da Veiga Tagarro (Laura de
Anfriso, 1627); D. Francisco Manuel de Melo - Hospital das Letras; Las lagrimas
de Dido, Primeiras três Musas...
No séc.
XVIII, o arcadismo e a corrente neoclássica restauram a influência de Horácio:
Correia Garção, Ode V, e A Quinta da Fonte Santa; Reis Quita, Odes a D. Maria
I, ao conde de Lippe e a D. José I....
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