Eça de Queirós, apontamento

            Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 25/11/1845 - Paris, 16/8/1900)

Filho natural do magistrado José Maria Teixeira de Queiroz e de D. Carolina Augusta Pereira de Eça, foi registado como filho de mãe incógnita. Baptizado em Vila do Conde, viveu até 1855 em Verdemilho, em casa dos avós paternos, apesar de o casamento dos seus pais se ter realizado quatro anos depois do seu nascimento.

Em 1849 - 3 de Setembro -, casamento dos pais.

Em 1855 é matriculado no Colégio da Lapa, na cidade do Porto, dirigido pelo pai de Ramalho Ortigão. Aí fará os estudos necessários ao ingresso na universidade. Faz exames de latinidade, francês e filosofia racional e moral em Outubro de 1858.

Em 1861, matricula-se no primeiro ano da Faculdade de direito de Coimbra, onde conhecerá Teófilo Braga e Antero de Quental, entre outros. Este último, conhece-o em 1865.

Em 1866, envia ao Teatro D. Maria I a tradução da peça de José Bouchardy intitulada "Filidor". Forma-se em Direito e instala-se em Lisboa, em casa dos pais no Rossio, 26, 4º andar, inscrevendo-se como advogado no Supremo Tribunal de Justiça. Inicia a publicação de folhetins na "Gazeta de Portugal", num total de dez, que serão reunidos em "Prosas Bárbaras". Conhece Jaime Batalha Reis na redacção da "Gazeta de Portugal". Parte para Évora, no final do ano..

No Alentejo

            Chegou a Évora com 21 anos (Janeiro de 1867) para dirigir o "Districto de Évora". Fica apenas oitos meses e, ironicamente, a praça onde se situava o jornal leva hoje o nome de Joaquim António de Aguiar, o seu grande opositor nas lutas escritas em 1867. Ele pouco escreveu sobre Évora.

Aqui teve uma experiência dura e violenta, mas decisiva na formação da prosa de Fradique Mendes e no percurso literário do escritor. Este jornal fora fundado a pedido do pai, juiz-desembargador em Lisboa, e de José Maria Eugénio de Almeida, par do Reino e provedor da Casa Pia de Lisboa, grande proprietário de terras no Alentejo e negociante de tabacos. O jornal tinha como lema indicar: "as necessidades do Alentejo, (pugnar) pelo seu direito e (acusar) energicamente os Abusos"...

Eça encontrou um burgo entre muralhas e em acelerada decadência (...) consequência da revolução liberal que "nacionalizou" um imenso território. Nessa época, Eça tinha apenas uma pequena experiência jornalística na "Gazeta de Portugal"...

Segundo o historiador eborense, Manuel Branco, o escritor foi obrigado a um "violentíssimo esforço", pois redigia duas vezes por semana quatro páginas de letra densíssima, "escrevendo com uma rapidez espantosa, "sem uma entrelinha, sem hesitar", um artigo de fundo ou um folhetim. Fingindo que está em Lisboa ou em Paris, forja a correspondência... sem sair de Évora.

Em Lisboa

Em Julho de 1867 deixa a direcção do "Districto de Évora", regressa a Lisboa e retoma a sua colaboração na "Gazeta de Portugal", de Outubro a Dezembro. No final do ano, forma-se o Cenáculo, contando-se Eça entre os primeiros membros. Dele farão parte Salomão Saragga, Jaime batalha Reis, Augusto Fuschini, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, José Fontana, entre outros.

Em 1869, os primeiros versos de Carlos Fradique Mendes, "o poeta satânico", são publicados na "Revolução de Setembro" e no "Primeiro de Janeiro". Viaja pelo Egipto e Canal Suez em companhia do conde de Resende.

Em 1870, regressa a Lisboa, publicando no "Diário de Notícias" os relatos da viagem com o título de "De Port-Said a Suez". Publica no mesmo jornal "O Mistério da Estrada de Sintra", em colaboração com Ramalho Ortigão ( de Julho a Setembro). É nomeado administrador do concelho de Leiria. Em Setembro presta provas para cônsul de 1ª classe, ficando colocado em primeiro lugar.

Em 1871, é publicado o primeiro número de "As Farpas" dirigido por Eça e por Ramalho Ortigão. Realizam-se As Conferências Democráticas do Casino Lisbonense. Eça profere a 4ª conferência intitulada "A Nova Literatura" ou "O Realismo como Expressão de Arte".

Em Havana

Em 1872 é nomeado cônsul de 1ª classe nas Antilhas espanholas. No final do ano será empossado no seu cargo em Havana[1], aí permanecendo durante dois anos.

Em 1873, viaja pelo Canadá, EUA e América Central.

Em 1874, publicação do conto "Singularidades de Uma Rapariga". Transferência para o consulado de Newcastle-on Tyne.

Em 1875, publicação na "Revista Ocidental" de "O Crime do Padre Amaro".

Em 1876, primeira edição em livro de "O Crime do Padre Amaro". Conclusão de "O Primo Basílio", em Newcastle.

Em 1877, publicação no jornal portuense "A Actualidade das Cartas de Inglaterra", mantendo a sua colaboração até 1878.

Em 1878, contactos com o editor Chardron aprentando o projecto das "Cenas da Vida Portuguesa", a ser desenvolvido em 12 volumes. Publicação de "O Primo Basílio" (1ª e 2ª edições). Transferência para o consulado de Bristol. Escreve "O Conde de Abranhos". Inicia a sua colaboração com um jornal do Rio de Janeiro, a "Gazeta de Notícias", que só terminará em 1897.

Em 1880, segunda edição em livro de "O Crime do Padre Amaro". Publicação do folhetim "O Mandarim" no "Diário de Portugal". Publicação dos contos "Um Poeta lírico" e "No Moinho", em "O Atlântico".

Em 1883, é eleito sócio correspondente da Academia Real de Ciências. Refaz "O Mistério da Estrada de Sintra". Data provável do manuscrito de "Alves & Cª".

Em 1884, visita a Costa Nova na companhia da condessa de Resende e das suas filhas Emília e Benedita. Publicação na "Revue Universelle Internationale" da tradução francesa de "O Mandarim", com um prefácio de Eça, escrito em francês. Segunda edição de "O Mistério da Estrada de Sintra".

Em 1885, visita Zola em Paris. A sua legitimação é tornada oficial pelos pais.

Em 1886, casa com Emília de Castro Pamplona (Resende), no oratório particular da Quinta de Santo Ovídio, no Porto. Prefacia "Azulejos", do conde de Arnoso, e o "Brasileiro Soares", de Luís de Magalhães.

Em 1887, concorre com "A Relíquia" ao Prémio D. Luís da Academia Real das Ciências, perdendo a favor de Henrique Lopes de Mendonça com a obra "O Duque de Viseu". Publicação de "A Relíquia".

Em 1888, nomeado como cônsul em Paris. Polémica com Pinheiro Chagas a propósito da atribuição do Prémio D. Luís. Publicação de "OS MAIAS". Publicação no "Repórter", dirigido por Oliveira Martins, de algumas "Cartas de Fradique Mendes". Forma-se em Lisboa o grupo dos Vencidos da Vida.

Em 1889, prefacia as "Aguarelas", de João Dinis. Sai o primeiro número da "Revista de Portugal", de que é director.

Em 1890, publica o 1º volume de "Uma Campanha Alegre", reunindo a colaboração de Eça em "As Farpas". "A Correspondência de Fradique Mendes" termina a sua publicação na "Revista de Portugal".

Em 1891, traduz "As Minas de Salomão" de Henry Rider Haggard.

Em 1892, publica o conto "Civilização", na "Gazeta de Notícias" do Rio de Janeiro.

Em 1893, publica na "Gazeta de Notícias", do Rio de Janeiro, "A Aia". Primeira referência a "A Cidade e as Serras".

Em 1894, escreve "A Ilustre Casa de Ramires". Publicação de "As histórias: o tesouro" e "As histórias: Frei Genebro", na "Gazeta de Notícias".

Em 1895, organiza, em colaboração com José Sarmento e Henrique Marques, o "Almanaque Enciclopédico" para 1896. Publicação de "O Defunto", na "Gazeta de Notícias".

Em 1896, organiza com os mesmos colaboradores, "O Almanaque Enciclopédico para 1897". Publicação de "Antero de Quental - in Memoriam", em que Eça colabora com o texto "Um génio que era santo".

Em 1897, começa a publicação em Paris da "Revista Moderna". Nos dois primeiros números publica os contos "A Perfeição" e "José Matias". "A Ilustre Casa de Ramires" começa a ser publicada nessa revista, no número de Novembro, dedicado a Eça.

Em 1898, publica na "Revista Moderna" de "O Suave Milagre".

Em 1899, manifesta-se sobre a condenação do capitão Dreyfus ( carta de 26/9/1899 a Domício da Gama).

Em 1900, morre após morte prolongada a 16 de Agosto, em Neuilly. Em Setembro, o corpo é trasladado para Portugal, realizando-se os funerais para o Cemitério do Alto de São João em Lisboa.

Está enterrado no Cemitério de Santa Cruz do Douro.

Publicação, em volume, já depois da sua morte, de "A Correspondência de Fradique Mendes" e "Ilustre Casa de Ramires".

Os "herdeiros" de Eça de Queirós[2]: "Frederico Perry Vidal, José António Marcos, Mário Cláudio, José Eduardo Agualusa, Norberto Ávila, Fernando Venâncio e Maria Velho da Costa". Ou ainda, Artur Portela Filho, Vasco Pulido Valente, Almeida Faria, Augusto Abelaira, Lobo Antunes, Mário de Carvalho.

Sobre a relação do ficcionista com a Realidade ( e os equívocos dos historiadores)

"Uma obra de romance nunca é uma fonte histórica. O que Eça fez foi imaginar Leiria, não foi observar Leiria. O que os historiadores fazem  e eu fiz - e agora sou crítica disso - é ir às obras do Eça e tirar um naco - por exemplo, como decorrem as eleições. Eu sei, indo aos jornais, que as eleições não eram como ele as descrevia. O que Eça fez e a Geração de 70 fez foi um panfleto contra o regime; a obra de Eça tem que ser entendida como um ataque ao regime. E o que os historiadores têm feito é pegar naquilo e olhar como se fosse o real. Aquilo não é o real - é um panfleto em que se explica a forma como o regime tinha degenerado. (...) O conselheiro Acácio não me esclarece sobre o que era classe política política portuguesa nem o Padre Amaro sobre como eram os padres de então. Estou a olhar a obra no que ela tem de único, ou seja, o Padre Amaro é aquele Padre, ponto final!. Eu estou a olhar para aquela construção individual, ao contrário do que fazem os sociólogos, que olham para os grupos. (...) Isso é que é o drama para os portugueses de hoje: o século XIX é o século do Eça. Mas ele não está interessado nisso! Os historiadores não percebem isso."

A interpretação de João Gaspar Simões "não tem pés nem cabeça. Não há evidência empírica sobre a infelicidade ou não do Eça na infância.(..) Eu tenho a biografia dos deputados e pares desde 1834 até 1910. E fui ver a filiação. Há muitos filhos de pais incógnitos e até de mãe incógnita. O termo para nós pode ser aberrante - toda a gente sabe quem é a mãe! -, mas era utilizado em casos particulares, exactamente como sucedeu com o Eça: pessoas que julgavam que iam casar e depois regularizam a situação e convém que apareça só pai por razões legais complicadas. (...) O Eça tinha na família cinco tios, do lado Queirós, são todos incógnitos. Os filhos do desembargador Queirós só foram legitimados mais tarde... O conceito de ilegitimidade do séc. XIX é um conceito muito diferente do que vem a ser no princípio do século XX, entre as classes médias e a burguesia. (...) Aquilo que [João Gaspar Simões] julgava que era errado e traumatizante - ser filho de mãe incógnita - não era traumatizante.  O que é que pode ter sido traumatizante para o Eça? É que houve muitas pessoas que morreram à volta dele, enquanto era pequenino, isso sim: morreram os avós, morreu a ama. (...) Quando vai para o Porto, não vai viver com os pais, mas sim com os tios. Poderia ser um bocado perturbador.

Eça e o Jornalismo

"A obra de Eça[5] traça um parâmetro exemplar na cultura nacional por fundamentar a associação de duas disciplinas só aparentemente antagónicas: literatura e jornalismo. (...) Não é uma estética do real ( tomando este conceito com todas as precauções devidas) que Eça de Queirós propõe e pratica; é uma ética da realidade que ele constrói e desenvolve.

(...) Quem, quê, quando, onde, como - eis o princípio. Mas o princípio deverá estar assessorado pela rejeição absoluta do eufemismo e pela criatividade permanente. (...) Eça impôs o jornalismo como uma disciplina superior da literatura, e é, talvez, o criador de uma tradição na Imprensa portuguesa: a que coaduna o "estilo" com essa ética da realidade, que compreende o jornal como vector de progresso e de interveniência cívica e ética, e que faz do jornalista um autor - um autor que medeia o comportamento social com o acto da escrita. Um autor contra a "distanciação" da prosa e da sua falaciosa neutralidade; contra o cinzentismo da exposição, a forma mais indigna de desistência do "eu" para o modo mais sórdido de submissão ao "outro", neste caso os difusos e variados poderes.

(...) Eça sabia muito bem que o jornalismo, esse jornalismo que pleiteava, fora forjado em Inglaterra, no século XVIII, por gente da estatura intelectual de um Swift e de um Samuel Johnson: «gente de estilo e para um estilo de gente» dirá Ramalho..."

Continuadores da tradição queirosiana - Vasco Pulido Valente e Artur Portela Filho.

Biografias de Eça[6] por:

João Gaspar Simões

Embaixador José Calvet Magalhães

Maria Filomena Mónica[7]


            realismo

           

  

1.    O realismo na literatura - extracto " Conhecimento de Literatura” de Carlos Reis

 

·      origem

·      confronto e superação com o Romantismo

·      convergência parcial com o Naturalismo

·      programa do realismo na perspectiva de :

1.    Eça de Queirós

2.    Maupassant

·      a capacidade representativa da personagem realista - o tipo social

·      o lugar do romance

·      a visão materialista

·      o positivismo

·      o determinismo

2.    O realismo nas Artes Plásticas - Guia da História de Arte, ed. Presença

·      o progresso das ciências exactas, naturais e históricas

·      evolução das ideias democráticas

·      o realismo oitocentista adquire uma fisionomia autónoma

·      fuga à realidade urbana

·      compromisso político de artistas que se reúnem - 1849 - em Barbizon, na Floresta de Fontainebleau, onde teorizam uma pintura de paisagem “en plein air” e buscam o contacto com a natureza... A natureza  dos artistas de Barbizon é, na maior parte dos casos, familiar e acessível, ou seja, já está longe da mitificação romântica. A referência, para estes artista, é constable, que, no Salon de 1824, tinha impressionado profundamente pela sua “verdade” a geração romântica ...

·      Charles François-Daubigny - finais dos anos 50 - pinta a natureza a bordo do seu barco no Oise

·      Jean-Baptiste Camille Corot

·       o interesse pelo mundo contemporâneo: observar a realidade pontual e reproduzi-la com sinceridade é, para estes artistas, o único processo de dar forma a uma necessidade expressiva autêntica. 

3.    O contexto histórico

·      A Regeneração - J. H. Saraiva

 

 

 

·      O reformismo e a Janeirinha - J. H. Saraiva

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

·      O golpe da Ajuda

·      O marechal Saldanha

·      Rodrigo da Fonseca

·      Fontes Pereira de Melo

·      o sistema do rotativismo político, no reinado de D. Luís: vantagens e inconvenientes

·      1865 - ano de preocupante instabilidade governativa.

 

·      a “fusão” de 1865 (históricos e regeneradores) - surge uma nova esquerda mais radical - clube dos lunáticos / Partido popular / Partido reformista - nasce em 1867

·      A “Janeirinha” de 1867 assinala a mudança política: o novo presidente do Governo é o Conde de Ávila... que pragmaticamente organizou um Ministério de compromissos...

·      o partido reformista: Entretanto, o Governo de Sá da Bandeira  inicia uma onda de reformas, publicadas a um ritmo febril... com o objectivo de equilibrar as finanças - uma medida merece registo particular: o decr.lei de 23 de fev. de 1869, que ordenava a cessação imediata do estado de escravatura em todos os territórios portugueses.

·      Ainda, em 1869, os históricos voltam ao poder - agravamento dos impostos

·      Em 1870, a vida política foi especialmente tumultuosa

 

·      O golpe militar de 19 de Maio de 1870, chefiado pelo marechal Saldanha, embaixador em Madrid...o trono espanhol estava vago depois da revolução de 1868...

·      A pretensão ao trono espanhol tornou-se objecto de disputa política interna - as massas populares eram contra a união ibérica, e esse sentimento foi explorado pelos partidos que se esforçavam por acusar os adversários de conspirarem contra a independência. Alguns dos representantes das ideias mais radicais - socialistas e republicanos, como antero de quental, henriques nogueira, josé fontana, teófilo braga, latino coelho - tinham tomado posição a favor de uma associação de tipo federal com a Espanha ... o iberismo

·      O Governo de Saldanha no dia 10 de Junho de 1870 publicou decretos que iam ao encontro de muitas reivindicações da pequena burguesia e das facções de esquerda... a tendência de esquerda começava a ganhar terreno...

·      A proclamação da República em Espanha (1868), a Guerra franco-prussiana e a derrocada do II Império, a III República em França, a Comuna de Paris (1871) e a sua dramática  repressão foram seguidas em Portugal com emoção.

·      Pequenos grupos de políticos intelectuais começam a equacionar as questões nacionais em termos que nada têm a ver com os jogos políticos tradicionais. o cenáculo em 1871 organizou em Lisboa as conferências democráticas do casino lisbonense

·      Em 1872 funda-se em Lisboa a associação fraternidade operária, de pensamento socialista. No mesmo ano, oliveira martins publica a teoria do socialismo.

·      Em 1873 foi fundado o Centro Republicano Federal de Lisboa. Os partidos socialista e republicano passam a constituir o verdadeiro pólo esquerdo do sistema... em reacção, surge o Partido Progressista. 

4.    Habilitações necessárias para ser ministro  - Eça de Queirós, Junho de 1871

5.    As meninas da geração nova em Lisboa e a educação contemporânea - Eça de Queirós, Março de 1872

·      bom exemplo de texto argumentativo

 

 

·      A educação e a “valia de uma geração”: o papel das mães

·      A necessidade de exercício físico: cfr. entre as jovens inglesas e portuguesas.

·      cfr. de cidades: Paris / Lisboa

6.    O carácter do Português - in Portugal de relance, de Mª Rattazzi, Antígona, 1997

·      "Amanhã" e "Tenha paciência" são as duas fórmulas inseparáveis da língua portuguesa, que servem para tudo e que o povo emprega a propósito de tudo...”

7.    O amor em Portugal - in Portugal de relance...

·      retrato impiedoso

8.    A Geração de 70  e As causas da independência dos povos peninsulares:

·      A questão coimbrã - in do Tibur ao cenáculo, Mª do Carmo C-Branco, Porto ed.1980

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

·      A Geração de 70 - João Gaspar Simões

 

·      As Conferências do Casino - in Do Tibur ao Cenáculo...

·      A Geração de 70 - Uma interpretação de Portugal - O Labirinto da Saudade, Eduardo Lourenço

 

 

 

·      o estado intelectual do país: a literatura oficial ( Castilho); a universidade (da “sebenta” e da “empenhoca” do Basílio); as meninas-família e o casamento de conveniência...

·      a nova ideia europeia (caminho-de-ferro da Regeneração) chegava através dos livros de Michelet, Quinet, Hegel, Proudhon, Victor Hugo...

·      a 1ª reacção ao conservadorismo obsoleto surgiu em 1862 / Antero redigia o manifesto contra o sistema regenerador; em torno do d. jaime de Tomás Ribeiro...

·      antero  publica as odes modernas em Agosto de 1865: “a poesia moderna é a voz da revolução... que importa que a palavra não pareça poética às vestais literárias do culto da arte pela arte?”

·      "Poema da Mocidade" de Pinheiro Chagas

·      Folheto “Bom Senso e Bom Gosto”

·      Geração de 70 porquê? 1865; O cenáculo da Travessa do Guarda-Mor / ver Batalha Reis / Eça (1866); 19.05.1871 - as conferências...

·      o programa das Conferências... o encerramento a 26.06.1871

 

 

 

·      a infelicidade de uma geração; Antero: a figura mítica dessa geração

1.    Causas da Decadência dos Povos Peninsulares (extractos)

·      a decadência

·      a história dos últimos 3 séculos vs últimos séc. da Antiguidade; Idade Média; 1º período da Renascença

·      objectivo: expor e discutir “as nossas ideias”

·      caracteres essenciais da raça peninsular: espírito de independência local e originalidade do génio inventivo.

·      “O nosso génio é criador e individualista: precisa rever-se nas suas criações.”

·      “Deste mundo brilhante, criado pelo génio peninsular, passámos quase sem transição para um mundo escuro, inerte, pobre, ininteligente e meio desconhecido” p. 34

·      anti-britânico: “uma espécie de colónia britânica”

·      anti-gongorismo e anti-neoclassicismo p. 35-36

·      “a invenção e originalidade, nessa época deplorável, concentra-se toda na descrição cinicamente galhofeira das misérias , das intrigas, dos expedientes da vida ordinária.”

·      anti-arquitectura jesuítica (Escurial e Mafra)

·      contra a depravação dos costumes: Afonso VI, D. João V, Carlos IV

·      contra a Inquisição

·      A apologia da Revolução.

2.    os maias (1888) - in Álbum de Família, ed. Caminho, 1984, -  Óscar Lopes

·      admitem 2 leituras diversas mas igualmente interessantes:

1.    A leitura de três gerações de uma família aristocrática (1800-1886)

·      A leitura sintomática de “uma elite intelectual” - de 1851 a 1891.

·      Os primeiros dois cap. de os maias servem de prólogo, simultaneamente, à intriga romanesca principal e à geração do próprio autor.

·      Carlos da Maia, protagonista e como que principal câmara de filmagem móvel da acção romanesca, tem, simultaneamente, muito do Eu Ideal e de autocaricatura do próprio autor...

·      cenas mais ou menos típicas da média e alta burguesia lisboeta de 1875

3.    os maias: portugal como miséria e tragédia - João Medina, Eça e os Maias, in Actas do 1º encontro internacional de queirosianos, ed. Asa, 1988

·      O realismo atenuou-se em proveito duma mitologia onde os trágicos gregos estavam de facto mais próximos do que Zola.

·      Não estamos agora diante da classe média lisboeta (...), os burgueses médios não passam aqui de intelectuais, jornalistas, escritores (...) o operariado está ausente...

·      este livro recolhe uma impressionante amostra de nihilismo luso, de descrença e autodenegrimento das nossas próprias capacidades de sobrevivermos (ou até só vivermos) decentemente num mundo e numa Europa moderna...

4.    os maias - que tema? - Vergílio Ferreira, in Actas...1988

·      O país como realidade genérica e a interrogação sobre o seu destino é n’ Os Maias que pela primeira vez nos surge...

·      O tempo predominante n’ Os Maias, ou seja o que fica a vibrar em nós, é o do passado (...) é um passado que se levanta não apenas do que se recorda mas sobretudo se evoca. Porque a evocação (...) é uma recordação emocionada ou simplesmente a efectivação da verdadeira memória. Na recordação os factos ordenam-se pela cronologia como na evocação se ordenam pelo tempo que aí se revive...

5.    10 textos / os maias

·      cap. III, Eusebiozinho, Carlos, Teresinha... “Uma sonolência ia pesando. (...) E assim lhe estavam arranjando uma almazinha de bacharel.”

·      cap. IV, “Esta inesperada carreira de Carlos (...) / Coimbra (O Paço de Calas): as leituras de Carlos - Proudhon, Augusto Comte, Herbert Spencer ... o reflexo da penetração da cultura europeia... / “vendo o seu Carlos centro daqueles moços de estudo, de ideal, de veia.”

·      cap. IV, “Carlos mobilou-o com luxo / o consultório; o laboratório / ...alguma lamúria de fado”

·      cap. IV, o livro de Ega - Memórias de Um Átomo (autobiografia)

·      cap. VI, “Entravam então no peristilo do Hotel Central” / uma senhora alta e loura..

·      cap. VI, “ Rapazes, não se mencione o “excremento”!...a crítica do realismo (Carlos); a apologia do naturalismo ( Ega); os empréstimos em Portugal ( banqueiro Cohen); a bancarrota; a revolução (Ega); o romantismo político, 1848 - a república, Os Estados Unidos da Europa (Alencar); a invasão espanhola (Ega); contra as colónias (Ega); perante a invasão espanhola, Dâmaso fugiria para Paris; “a mais cobarde raça da Europa”, depois de 50 anos de constitucionalismo (Ega); os espanhóis sonham ocupar Portugal (Cohen)...

·      cap. IX, “Então Carlos, curioso, saiu à antecâmara” / Ega, vestido de Mefistófles... O Cohen descobre o romance de Ega com a mulher...

·      cap. XIII, “Vamos ver a casa” / a toca nos Olivais

·      cap. XVII, “O Sol ia alto / a morte de Afonso

·      cap. XVIII, “Carlos, no entanto, fora examinar... (...) fim

 

 

            Conferência sobre o realismo, por Eça de Queirós - Resumo:

 

O realismo é o fundamento de qualquer filosofia que aborde a justiça, a beleza e o bem comum. Tem como objectivo mostrar, através da descrição do comportamento, a essência do homem...

O realismo emprega a análise para descobrir a verdade, reagindo contra o excesso de sentimento típico do romantismo.

O realismo, ao descrever o que há de negativo no homem, mostra como ele é e critica-o, de modo a modificar a sociedade.

 

Portugal dispõe ainda de vastos e transbordantes reservatórios de vitalidade e de prosperidade. Com muito menos, outras nações se consideram opulentas. Do dilúvio que submergiu o imensurável império português do século XVI, emergem as imponentes relíquias das nossas províncias africanas. A nossa bandeira flutua nas distantes paragens da Ásia e da Oceânia, onde mais longinquamente compareceu a energia realizadora da raça. Somos, depois da Grécia e de Roma, a nação que, na radiosa adolescência da sua formação histórica, mais influiu nos destinos da humanidade, inaugurando a revelação da parte oculta do planeta, estabelecendo as comunicações marítimas intercontinentais. Somos a decana de todas as nações da Europa na sua actual configuração territorial; e só nos falta que a consciência da nossa soberania unitária se prolongue às dispersas províncias ultramarinas para que Lisboa volva a ser a cabeça de um grande império, a metrópole dos Estados Unidos de Portugal.

Carlos Malheiro Dias, Exortação à Mocidade, 1924 (?)


A leitura pode começar por ser narcísica ou empática, precisa, no entanto, de evoluir para uma forma de diálogo, o que pressupõe, simultaneamente, a distância e o reconhecimento das posições respectivas das instâncias de comunicação: de um lado, o leitor, e do outro, o autor ou a instância textual que o narrador representa. Se o leitor não regressar a si próprio, consciente da sua exterioridade ao texto, não haverá compreensão. A actividade de compreensão exige ao leitor uma clara percepção da sua situação histórica, a consciência da sua exotopia.[8]

 

          

·      Em termos de tratamento da informação,  uma exposição detalhada sobre:

 

1.    a génese do realismo, como movimento artístico

2.    pontos de divergência com o romantismo

3.    pontos de convergência com o naturalismo

4.    o programa  realista na perspectiva de Eça

5.    cfr. do programa de Eça com o de Maupassant

6.    o lugar do romance como materialização do programa realista / naturalista

7.    a relevância da personagem realista: o tipo social

 

·      Em termos de leitura do texto argumentativo, o estudo da argumentação nos textos de Eça: “Habilitações necessárias...”; “As meninas da geração nova...”

nota: Se possível articular programa realista queirosiano / argumentação (ver: educação) / textos seleccionados de Os Maias - que devem ser objecto de leitura metódica. Por ex., cap. I, “Somente Afonso sentia que sua mulher não era feliz ...”; Cap. III, “Coitadinho dele, que tinha sido educado com uma vara de ferro!...”

·      A transformação do catolicismo pelo Concílio de Trento (moral)

·      O estabelecimento do absolutismo com a consequente ruína das liberdades locais (político)

·      O desenvolvimento das conquistas longínquas (económico)

 

nota: Antero desenvolve de forma detalhada cada uma destas causas. Deste modo, o questionário deve pressupor uma leitura global da “conferência” ou uma selecção criteriosa de trechos ilustrativos.   

 

            2. Em alternativa (ou em complemento) os extractos seleccionados permitem colocar uma questão, a meu ver, essencial:

           

            - Em que medida é que Eça, no retrato que traça, em os maias, da sociedade portuguesa se terá “inspirado” no pensamento de Antero?

 

            IV - Sobre a entrevista proposta - p. 38-39 - não é fácil encontrar um entrevistado “bem documentado” sobre Antero e o seu tempo! Talvez seja mais fácil e didáctico colocar a turma em “situação” de leitura de um corpus anteriano e, simultaneamente, de recolha de textos jornalísticos (e outros) sobre Portugal no final do séc. XX . Feita a recolha, leitura e análise dos textos referidos, passar-se-ia à elaboração do guião e execução da entrevista, e consequente debate sobre a situação actual dos Povos Peninsulares.

 

            V -  Na questão 7 (texto 1), deve clarificar a “instrução”, na medida em que esta pressupõe que o aluno tenha lido os capítulos I e II de os maias.

 

            nota: Qual é a utilidade do texto As meninas da geração nova em Lisboa e a educação contemporânea?  

 

            VI - A propósito do texto 2, a formulação das perguntas (em termos de “leitura metódica”) creio que seria pertinente se aproveitássemos, de forma objectiva, as palavras de Óscar Lopes:

           

            “e a leitura sintomática daquilo que o romance em si mesmo constitui, como manifestação ideológica da elite intelectual formada em plena época de estabilização do constitucionalismo monárquico...”, p. 41

 

            assim  como: as palavras de J. Hermano Saraiva, p. 13


            nota: é tudo uma questão de saber articular a leitura metódica com a leitura extensiva. Por outro lado, esta articulação só será possível se for “criada” uma certa contiguidade textual.

 

            VII - Questão 2 (Texto 6, cap. VI): Para que o aluno possa responder de forma precisa, necessita que o texto seleccionado “comece”, pelo menos em: “Esse mundo de fadistas, de faias...”

 

            VIII - Seria de todo o interesse que o aluno, antes de redigir a composição proposta (texto X, cap. XVIII) (re)lesse os textos de Lopes, Lourenço, Medina, Ferreira, Antero...

 

            nota: Eu colocaria esses textos onde eles são efectivamente necessários.

 

            IX - Do meu ponto de vista, falta um texto que possibilite o estudo da personagem - tipo social  (Carlos Reis, O Conhecimento da Literatura)

 

            X - Finalmente, cotejando as leituras (obras) seleccionadas por Paulo Rosária com as instruções programáticas, verifica-se que o Autor respeita as indicações no que se reporta a textos para leitura metódica, embora no que respeita à leitura extensiva, ignore, entre outros: D. Francisco Manuel de Melo, Luís António Verney, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, João de Deus, Guerra Junqueiro, Luzia Maria Martins (Programa de Português A e B - p. 109)

 

 

 

            Leitura de OS MAIAS de Eça de Queiroz[9]

 

            - Em 1865, morre Proudhon, o "maître à penser" duma larga ala da geração de 70, que publicara em:

             1840: O que é a propriedade?

            1842: Aviso aos proprietários

            1846: A filosofia da miséria - à qual Marx respondeu com a Miséria da filosofia

            1865: Teoria da propriedade

            Precursor do "socialismo científico"; um dos criadores da economia política socialista e da sociologia moderna; teorizador da anarquia mutualista; teorizador do sindicalismo revolucionário e do federalismo.

            - A Questão Coimbrã (1865)[10]

            - A figura de António Feliciano de Castilho

            - As Odes Modernas de Antero de Quental[11]  - Panteísmo (análise)

            - Panfleto-resposta "Bom Senso e Bom Gosto" de Antero (análise e comentário):

                        * ataque aos grão-mestres oficiais;

                        * defesa da inovação;

                        * definição da missão do escritor como sacerdócio / ofício público e religioso;

                        * concepção de "poeta";

                        * definição da metafísica anteriana da época - o IDEAL

            - Panfleto de Teófilo de Braga " As Teocracias Literárias, relance sobre o estado actual da Literatura portuguesa.

 

            0. O edital das Conferências do Casino (16/05 de 1871)

 

             Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social.

            (...) Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente a significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as Nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século.

            Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

            (...) Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada.

            (...) Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa.

            Tal é  fim das Conferências democráticas.

            (...)

 

            É particularmente importante, a Conferência de Antero Causas da decadência dos povos peninsular.

 

            1. Realismo e Naturalismo

 

             C'est de la révolution de 1848 que date la campagne réaliste qui est l'oeuvre de Courbet (1819-1877). Il veut peindre le vulgaire  et le moderne, et signe Courbet sans idéal et sans religion.

            Le "credo" de Courbet est bien connu:

 

            La peinture est un art essentiellement concret et ne peut consister que dans la représentation des choses réelles et existantes. L'imagination dans l'art consiste à savoir trouver l'expression la plus complete d'une chose existante, mais jamais a supposer ou à créer cette chose même. Le beau est dans a nature et se rencontre dans la réalité sous les formes les plus diverses.

            Lionello Ventura, Histoire de la critique d'Art

 

           

 

            O que os Realistas e os Naturalistas têm em comum é a crença fundamental em que a Arte é, na sua essência, uma representação mimética objectiva da realidade exterior.

             O Naturalismo é uma escola e um método, o que o realismo não é. O Naturalismo é, de certo modo, uma tentativa para aplicar à Literatura as descobertas e os métodos da ciência do séc. XIX.

            Segundo Paul Alexis, o Naturalismo seria:

 

            "Une méthode de penser, de voir, de réfléchir, d'étudier, d'expérimenter, un besoin d'analyser pour savoir, mais non une façon spéciale d'écrire." (v. J. Huret, 1891)

 

            No desenvolvimento do Naturalismo, a teoria de Darwin é o mais importante dos factores individuais de formação... assim para os Naturalistas, o Homem é um animal cujo destino é determinado pela hereditariedade, pelo efeito do seu meio-ambiente e pelas pressões do momento.

            ( Furst, Lilian et alii, O Naturalismo, Lysia, 1971

 

            2. O realismo (4ª conferência, de Eça de Queiroz, a 12 de Junho de 1871)

 

            A Nova Literatura

 

            "Eça de Queirós versou, sob o título A Nova Literatura, o tema Realismo como nova expressão da Arte: combinando sugestões de Taine e de Proudhon, quis demonstrar o condicionamento da arte por factores permanentes (solo, clima, raça), acidentais ou históricos (ideias directrizes de cada sociedade); apontou-lhe uma missão social e moralizadora; criticou a literatura romântica por fugir à sua época; e indicou como missão histórica da nova literatura e em geral da nova arte "realista" ser a expressão da Revolução; deu como exemplos Courbet e Flaubert."

            António José Saraiva

 

            3. Linguagem e estilo de Eça de Queiroz

 

            Características exógenas e endógenas da prosa queiroziana[12]

 

            Exógenas - o tom literário da época:

           

            - o romantismo, com as suas ruínas góticas de castelos e mosteiros; a sua natureza atormentada e épica; a sua tuberculose; as suas origens misteriosas.

            - o parnaso, com a sua monumental decoração greco-romana, os seus troféus, o seu exotismo asiático de sedas e gemas.

            - o simbolismo, com os seus lagos, os seus cisnes, os seus jardins abandonados com fontes melancólicas, os seus lamentos de violino...

 

            Endógenas - objecto da idiossincrasia do romancista:

 

 

            - O contraste é o eixo do seu estilo[13]

            - Sensibilidade sensorial que chega ao voluptuoso

            - O Impressionismo[14]

            - A ironia e a presença pessoal, desde a subtil e a quase imperceptível ironia verbal, até aos violentos contrastes e distorções que caem na farsa e no exagero caricatural.

            - Eça situa-se entre o leitor e os factos, e dá sempre uma versão interferida pela sua personagem, e saturada dela, até ao ponto de que esta se torna indissociável do relato.

 

 

 

 

            4. Comentário de retratos femininos - construção; linguagem e estilo (influência do simbolismo[15]:

                        1º cap., pág.22, 26, 29 - Maria Monforte

                        6º cap., pág. 156-157 - Mme Castro Gomes

                        7º cap., pág. 202-203 - Mme Castro Gomes

                        7º cap., pág. 204 - Mme Castro Gomes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FICHA DE LEITURA

 

            I - Gerações

 

            1. A obra retrata várias gerações.

            1.1. Indica-as, bem assim como os seus protagonistas:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            2. Caracteriza a relação Caetano da Maia - Afonso da Maia:

 

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

            II - Educação

 

            1. O futuro de Portugal depende do sistema educativo.

            1.1. Caracteriza a educação de

            1.1.1. Pedro da Maia:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.1.2. Eusebiozinho:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.1.3. Carlos da Maia:

 

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2. Agrupa-as por afinidades:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2.1. Justifica:

 

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.3. Diz qual  foi o reflexo da educação em cada uma destas personagens:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

            III - INTRIGA

 

            1. O nome de Carlos "parecia conter todo um destino de amores e façanhas"

            1.1. Situa:

            1.1.1. O seu nascimento:

 

            _____________________________________________________________________________

            1.1.2. A separação da mãe e a irmã:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2.1. Refere as circunstâncias desta separação:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2. Detecta os indícios da morte da irmã:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.3. Identifica as paixões de Carlos:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.4. Explica a sua relação preferencial pela madame Castro Gomes:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.5. Identifica indícios do incesto:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.6. Regista o momento e o instrumento da anagnórise:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.7. Aponta as vítimas da catástrofe:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________   

 

               

 

 

                                               OS MAIAS de Eça de Queiroz[16]

 

            - Em 1865, morre Proudhon, o "maître à penser" duma larga ala da geração de 70, que publicara em:

             1840: O que é a propriedade?

            1842: Aviso aos proprietários

            1846: A filosofia da miséria - à qual Marx respondeu com a Miséria da filosofia

            1865: Teoria da propriedade

            Precursor do "socialismo científico"; um dos criadores da economia política socialista e da sociologia moderna; teorizador da anarquia mutualista; teorizador do sindicalismo revolucionário e do federalismo.

            - A Questão Coimbrã (1865)[17]

            - A figura de António Feliciano de Castilho

            - As Odes Modernas de Antero de Quental[18]  - Panteísmo (análise)

            - Panfleto-resposta "Bom Senso e Bom Gosto" de Antero (análise e comentário):

                        * ataque aos grãos-mestres oficiais;

                        * defesa da inovação;

                        * definição da missão do escritor como sacerdócio / ofício público e religioso;

                        * concepção de "poeta";

                        * definição da metafísica anteriana da época - o IDEAL

            - Panfleto de Teófilo de Braga " As Teocracias Literárias, relance sobre o estado actual da Literatura portuguesa.

 

            0. O edital das Conferências do Casino (16/05 de 1871)

 

             Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social.

            (...) Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente a significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as Nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século.

            Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

            (...) Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada.

            (...) Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa.

            Tal é  fim das Conferências democráticas.

            (...)

 

            É particularmente importante, a Conferência de Antero Causas da decadência dos povos peninsular.

 

            1. Realismo e Naturalismo

 

             C'est de la révolution de 1848 que date la campagne réaliste qui est l'oeuvre de Courbet (1819-1877). Il veut peindre le vulgaire  et le moderne, et signe Courbet sans idéal et sans religion.

            Le "credo" de Courbet est bien connu:

 

            La peinture est un art essentiellement concret et ne peut consister que dans la représentation des choses réelles et existantes. L'imagination dans l'art consiste à savoir trouver l'expression la plus complete d'une chose existante, mais jamais a supposer ou à créer cette chose même. Le beau est dans a nature et se rencontre dans la réalité sous les formes les plus diverses.

            Lionello Ventura, Histoire de la critique d'Art

 

           

 

            O que os Realistas e os Naturalistas têm em comum é a crença fundamental em que a Arte é, na sua essência, uma representação mimética objectiva da realidade exterior.

             O Naturalismo é uma escola e um método, o que o realismo não é. O Naturalismo é, de certo modo, uma tentativa para aplicar à Literatura as descobertas e os métodos da ciência do séc. XIX.

            Segundo Paul Alexis, o Naturalismo seria:

 

            "Une méthode de penser, de voir, de réfléchir, d'étudier, d'expérimenter, un besoin d'analyser pour savoir, mais non une façon spéciale d'écrire." (v. J. Huret, 1891)

 

            No desenvolvimento do Naturalismo, a teoria de Darwin é o mais importante dos factores individuais de formação... assim para os Naturalistas, o Homem é um animal cujo destino é determinado pela hereditariedade, pelo efeito do seu meio-ambiente e pelas pressões do momento.

            ( Furst, Lilian et alii, O Naturalismo, Lysia, 1971

 

            2. O realismo (4ª conferência,  de Eça de Queiroz, a 12 de Junho de 1871)

 

            A Nova Literatura

 

            "Eça de Queirós versou, sob o título A Nova Literatura, o tema Realismo como nova expressão da Arte: combinando sugestões de Taine e de Proudhon, quis demonstrar o condicionamento da arte por factores permanentes (solo, clima, raça), acidentais ou históricos (ideias directrizes de cada sociedade); apontou-lhe uma missão social e moralizadora; criticou a literatura romântica por fugir à sua época; e indicou como missão histórica da nova literatura e em geral da nova arte "realista" ser a expressão da Revolução; deu como exemplos Courbet e Flaubert."

            António José Saraiva

 

            3. Linguagem e estilo de Eça de Queiroz

 

            Características exógenas e endógenas da prosa queiroziana[19]

 

            Exógenas - o tom literário da época:

           

            - o romantismo, com as suas ruínas góticas de castelos e mosteiros; a sua natureza atormentada e épica; a sua tuberculose; as suas origens misteriosas.

            - o parnaso, com a sua monumental decoração greco-romana, os seus troféus, o seu exotismo asiático de sedas e gemas.

            - o simbolismo, com os seus lagos, os seus cisnes, os seus jardins abandonados com fontes melancólicas, os seus lamentos de violino...

 

            Endógenas - objecto da idiossincrasia do romancista:

 

 

            - O contraste é o eixo do seu estilo[20]

            - Sensibilidade sensorial que chega ao voluptuoso

            - O Impressionismo[21]

            - A ironia e a presença pessoal, desde a subtil e a quase imperceptível ironia verbal, até aos violentos contrastes e distorções que caem na farsa e no exagero caricatural.

            - Eça situa-se entre o leitor e os factos, e dá sempre uma versão interferida pela sua personagem, e saturada dela, até ao ponto de que esta se torna indissociável do relato.

 

 

 

 

            4. Comentário de retratos femininos - construção; linguagem e estilo (influência do simbolismo[22]:

                        1º cap., pág.22, 26, 29 - Maria Monforte

                        6º cap., pág. 156-157 - Mme Castro Gomes

                        7º cap., pág. 202-203 - Mme Castro Gomes

                        7º cap., pág. 204 - Mme Castro Gomes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            5. Estilo:

 

            - Limitação do vocabulário e flexibilidade combinatória. A língua oral.

            - A repetição como processo expressivo:

 

            p. 92 - 93 (cap. IV): Ega ... "Sua mãe, rica, viúva e beata, retirada numa quinta ao pé de Celorico de Basto com uma filha, beata, viúva e rica ..."

 

            " o maior ateu, o maior demagogo"  

            " queria o massacre das classes médias, o amor livre das ficções do matrimónio, a repartição das terras, o culto de Satanás. "

           

            [Ler extractos referentes ao Consultório e ao Laboratório de Carlos - p.98-100]

 

            - O criador verbal. O neologismo de forma e de significado.

 

           

            "Para novas realidades, novas palavras; a uma mudança das ideias e dos sentimentos, ou ao desejo de exprimir os antigos duma maneira nova, deve corresponder uma renovação paralela do material linguístico." E. Cal

 

            p.104: Foi uma dessas manhãs...

           

            "preguiçando assim no sofá"

            "desses Londres, dessas civilizações superiores"

            " um ar Renascença, um ar Valois"

            "no dia seguinte bati para a Foz..." 105

            "um Ega dandy"

            "foi uma flirtation de praia. Voilà tout. 107

            " e o cretonezinho agrada-me." 106

            "é deliciosa, hem?" 106

            "o avô fazia o seu whist"107

            " um gentleman, entusiasta de Inglaterra" 107 (Steinbrken)

            "O de Resende, o cretino? 108

            " Precisamos arranjar um cenáculo, uma boemiazinha doirada, umas soirées de Inverno, com arte, com literatura..." 108

            " O Craft é filho de um clergyman da igreja inglesa do Porto." 108

 

            " organizava-se um cenáculo, um Decameron de arte e diletantismo" 109

            " um jantar no campo com actrizes"

            " a civilização" 109-110

            " discutiam o naturalismo, Gambetta, o niilismo; depois , com ferocidade e à uma, malharam sobre o país... " 110 

 

            - linguagem técnica:

            " creio que vocês chamam diftéricas" 104

            A Viscondessa ... "um apoplecté..."/ "hemorragia cerebral" 108

           

            * inovações morfológicas      

            "teve uma surpresa enternecida" 106

 

            Cap. VI

 

            p. 149 - reflexão sobre o séc. XIX

            p.162-164 - discussão no Hotel Central sobre a Arte

            p. 167- 181 - debate sobre Portugal (síntese)

 

 

            FICHA DE LEITURA

 

            I - Gerações

 

            1. A obra retrata várias gerações.

            1.1. Indica-as, bem assim como os seus protagonistas:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            2. Caracteriza a relação Caetano da Maia - Afonso da Maia:

 

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

            II - Educação

 

            1. O futuro de Portugal depende do sistema educativo.

            1.1. Caracteriza a educação de

            1.1.1. Pedro da Maia:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.1.2. Eusebiozinho:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.1.3. Carlos da Maia:

 

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2. Agrupa estas personagens por afinidades:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2.1. Justifica:

 

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.3. Diz qual  foi o reflexo da educação em cada uma destas personagens:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

            III - INTRIGA

 

            1. O nome de Carlos "parecia conter todo um destino de amores e façanhas"

            1.1. Situa:

            1.1.1. O seu nascimento:

 

            _____________________________________________________________________________

            1.1.2. A separação da mãe e a irmã:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2.1. Refere as circunstâncias desta separação:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.2. Detecta os indícios da morte da irmã:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.3. Identifica as paixões de Carlos:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.4. Explica a sua relação preferencial pela madame Castro Gomes:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.5. Identifica indícios do incesto:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.6. Regista o momento e o instrumento da anagnórise:

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

            1.7. Aponta as vítimas da catástrofe:

 

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________   

 

               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cap. XII

 

            1. Quem é que regressa simultaneamente a Lisboa?

            1.1. Em que circunstâncias tinham deixado a Capital?

            2. Como é que João da Ega explica a sua linguagem "desbragada" a Carlos?

            3. No teu entender, a razão apontada teria algum fundamento? Porquê?

            4. Segundo o Ega, o que é que caracteriza " a sociedade romanesca"?

            4.1. Haverá neste capítulo algum episódio ilustrativo dessa sociedade romanesca? Resume-o.

            4.1.1. E em capítulos anteriores? Aponta dois exemplos.

            5. Ega identifica-se com Balzac. Elabora uma pequena biografia de Balzac ( cuja extensão não ultrapasse uma folha A4).

            6. Mostra como é que decorria a vida de Afonso da Maia.

            7. Qual é o retrato que Carlos e Ega traçam de Portugal?

            7.1. Como é que justificas a referência a Alexandre Herculano ?

            7.1.1. Elabora uma pequena biografia de Alexandre Herculano ( cuja extensão não ultrapasse uma folha A4).

            7.2. Qual é a reacção de Afonso da Maia à atitude de Carlos e de João da Ega?

            7.3. Quem é a personagem que melhor ilustra o estado em que Portugal se encontrava? Porquê?

            8. Qual é o papel do Dâmaso neste capítulo?

            8.1.Porque é que o Dâmaso é considerado uma personagem-tipo?

            9. Quem é que se encontrava no Jantar dos Gouvarinhos?  

            10. Como é que João da Ega ocupara o seu tempo em Celorico?

            10.1. O que é que ele pensava sobre as Colónias?

            10.1.1.  Sobre a escravatura?

            10.1.2. E sobre as mulheres?

            10.2. Caracteriza o pensamento de João da Ega, a partir dos argumentos por ele apresentados durante o Jantar.

            11. Como é que se justifica a atitude de João da Ega, à luz das preocupações da Geração de 70 (que ele representaria)?

            12. No teu entender, o homem do final do séc. XX  identifica-se ou não com os valores de João da Ega? ( debate )

            13. O bordado de Maria Eduarda lembra a mortalha que Penélope tecia. Porquê?

            13.1. Qual é o simbolismo desse bordado?

            14. Qual o motivo apontado por Maria Eduarda para alugar uma casa longe do Chiado?

            14.1. Qual a situação geográfica dessa casa?

            14.2. Que negócio foi estabelecido entre Carlos e Craft?

            14.2.1. Qual foi a reacção de Afonso da Maia?

            14.2.2. E de Maria Eduarda?

            15. Elabora o retrato do brasileiro Castro Gomes.

            16. Que "pistas" é que este capítulo não esclarece?

            16.1. Quais as consequências desse " suspense " no desenvolvimento da intriga romanesca?

 

Cap. XVI

 

            Estação: Inverno

Maria - Carlos- Ega ( na Rua de S. Francisco)

            Em perspectiva: o sarau da Trindade - Rufino (um bacharel transmontano, orador - a caridade, o progresso, a Fé, o Céu; a família real... - deputado por Monção) ; Alencar ( o poeta, em nome da Democracia e da Liberdade...); Cruges ( Meditações de Outono; a "Sonata Patética" de Bethoven) - fiasco completo

            Maria Eduarda: ao piano, tocando e cantando a canção de "Ofélia" / "Hamlet"; mais tarde, procura os "nocturnos de Chopin"

            O "velho sonho" do "cenáculo do diletantismo e de arte" (Carlos)

 

            À porta do Teatro da Trindade

            O tio do Dâmaso "à moda de 1830..., o Guimarães "é uma coisa séria, muito séria" - p. 591, quer ser apresentado a Ega...

            Dentro: o Rufino (orador); Teles da Gama; Sousa Neto; Gonçalo; o Marquês; o Mendonça; os dois Vargas; o Neves (o novo conselheiro); o ministro Gouvarinho, a condessa...Steinbroken; a baronesa Alvim ( não gosta da música clássica de Cruges, prefere o Pirolito) e a Joaninha Vilar; D. Maria da Cunha e o seu rancho íntimo

            "O gás sufocava"...

            A carta do Dâmaso... ( João da Ega). As pazes entre Ega e Guimarães..

            Proudhon "um monstro clássico" (599)

            Conversa entre Guimarães e Ega (599-600): Proudhon, Garibaldi e Gambetta; referência a Vítor Hugo

            O reencontro de Carlos com a Condessa Gouvarinho... (604)

            Alencar aprecia o Passos Manuel. (604)

            Carlos encontra Eusébio  - ajuste de contas sobre a maroteira da "Corneta" (606,607)

            Alencar declama "A Democracia" (606 a 612), o festim romântico já cantado na "Flor de Martírio) - a ideia social da Poesia / "realismo "sujo" (pateada)... quer a República (da mansidão e do Amor). Faz a apologia de uma República democrata e cristã... Substitui o Conflito pelo Amor... ainda o "Liberalismo romântico"...  Eça não deixa de parodiar "aquela república onde havia rouxinóis". Grande ovação para Ega. Gouvarinho não aplaudiu: " - Versos admiráveis, mas indecentes!"

            Guimarães / Ega: o cofre - papéis importantes da mãe de Carlos; a irmã de Carlos! Ega entrevê a catástrofe.  Analepse sobre a vide Maria Monforte depois de ter fugido de Portugal. Ega recolhe provas. "Uma certeza monstruosa: - Carlos amante da irmã!"

            Guimarães considerou a poesia de Alencar "consideravelmente chocha"

            O dilema de Ega em torno do "incesto"... não quer ser o mensageiro... decide contar ao Vilaça...

           

            Cap. XVI - elaborar roteiro: R. de S. Francisco / Teatro da Trindade / R. Nova da Trindade / Hotel Aliança / esquina do Chiado / Hotel de Paris no Largo do Pelourinho / Loreto / a Baixa / o Aterro / R. do Arsenal / Terreiro do Paço /

 

            Cap. XVII

 

            No dia seguinte... o adiamento da comunicação vai diluindo o efeito... Ega não tem coragem de informar Carlos. Procura Vilaça. Antes, almoça no Café Tavares. 10 h. Rua da Prata. Informa abruptamente Vilaça. O cofre. As cartas. A declaração de Maria de Monforte de que Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia. Carlos da Maia à porta do escritório do Vilaça. Novo adiamento. A informação seria dada à noite no Ramalhete. Novo adiamento, para o dia seguinte, às 11h. 3º dia. Carlos é informado por Vilaça. Ega confirma. O chapéu do Vilaça - adiamento do efeito...A incredulidade de Carlos. Calos conta ao avô, Afonso da Maia, na esperança de que ele saiba alguma coisa. Reacção de Afonso: caiu por fim pesadamente numa poltrona (...) com um olhar esgazeado e mudo. O impacto da notícia é maior sobre o avô do que sobre o neto. O Avô "ficou esmagado e sem força." " E afastou-se, todo dobrado sobre a bengala, vencido enfim por aquele implacável destino que, depois de o ter ferido na idade da força com a desgraça do filho - o esmagava ao fim da velhice com a desgraça do neto."

            Carlos não aceita a situação: "Assim estamos vivos, mas mortos um para o outro, e viva a paixão que nos unia!..."

            "O caso fez-lhe a impressão de uma catástrofe." (ao Avô) Sobre o conhecimento do Avô.

            Jantar no Ramalhete.

            Ega parodia a noção de República de Alencar: "Nada podia haver mais cómico que a Democracia romântica de Alencar, aquela República meiga e loura, vestida de branco como Ofélia, orando no prado, sob o olhar de Deus..."

            Discutem Offenbach, a propósito do fiasco de Cruges.

            Carlos, no fim do jantar, parte para a R. de S. Francisco / Travessa da Ferreirinha. A pé, lentamente... rejeita a solução romântica ( Frei Luís de Sousa).  Opção: enterrar o coração sob a razão. Adia a entrada, pára no Grémio... Entra... descobre repentinamente em Rosa... o seu sangue - "parecia-lhe outra Rosa." Carlos não resiste ao desejo... 4º dia. Carlos parte para a Tapada, sem nada dizer a Maria. À 6 h da tarde, Ega e Carlos encontram-se em casa do Marquês - o jantar. Carlos estava eufórico. 5º dia. Nessa noite, Carlos fora para a R. de S. Francisco. Ega horrorizado com a acção do amigo, pensa partir para Celorico. Não ser "testemunha daquela incomparável infâmia". Ega, às 9 h da noite encontra Carlos no Ramalhete em ameno divertimento. 2 h da manhã do dia: Afonso revela a Ega que sabe que o neto continua a encontrar-se com a neta:

"... E foi para este horror que Deus me deixou viver até agora!"

Ega tenta falar com Carlos sobre a "infâmia" e sobre o avô: "É absurdo! Já estamos nisto há três dias!" "E aí andava agora (...) numa vadiagem trágica (...) e ao lado, o pobre Afonso, sabendo tudo, morrendo daquela dor!

Carlos dominado pelo medo, pois "eles sabiam tudo". A sua vida moral estava estragada.

Analepse -  No entanto, começa a sentir "repugnância / nojo físico" por Maria - a transformação da percepção sensorial. A morte como solução?! O encontro com o avô, no regresso: "o avô em mangas de camisa, lívido, mudo, grande, espectral. (...) e os dois olhos do velho , vermelhos, esgazeados, cheios de horror, caíram sobre ele, ficaram sobre ele, varando-o até às profundidades da alma, lendo lá o seu segredo (...) e os seus passos perderam-se no interior da casa, lentos, abafados, cada vez mais sumidos, como se fossem os derradeiros que devesse dar na vida!." Em consequência da reacção do avô, Carlos volta a pensar na morte: " Assim escorregou ao pensamento da morte. Ela seria a perfeita cura, o asilo seguro." Porém, Carlos acaba por dormir.

A morte de Afonso da Maia "sob os ramos do cedro, sentado no banco de cortiça... Por entre as conchas da cascata, o fio de água punha o seu choro lento."

A morte do avô é, para Carlos, um castigo: É o meu castigo viver, esmagado para sempre.

O enterro de Afonso da Maia.

A solução para Carlos da Maia: «... vou viajar... Vou à América, vou ao Japão, vou fazer esta coisa estúpida e sempre eficaz que se chama "distrair"...»

Carlos quer que Ega conte tudo a Maria Eduarda e que ela parta já para Paris. Carlos parte para Santa Olávia. E depois irá viajar... A herança de Afonso da Maia: propriedades no Alentejo; quintas em Lamego; Santa Olávia; a herança de Sebastião da Maia...

A sensação de fim: "Ao entrar no Ramalhete, Ega sentia uma longa saudade (...) Na antecâmara, os seus passos já lhe pareceram soar tristemente, como os que se dão numa casa abandonada. (...) - Já anda aqui um ar de ruína, Vilaça."

Ega visita Maria para cumprir os desejos de Carlos da Maia. Mostra-lhe a carta escrita por Maria Monforte e entregue a Guimarães em "1871, nas vésperas da guerra..."

Maria Eduarda parte para Paris. Ega para Santa Olávia. Despedem-se no Entroncamento.

 

Cap. XVIII

 

No início do ano, Carlos e Ega iniciam a viagem à América do Norte... (notícia da Gazeta Ilustrada). Notícias de Nova Iorque, projectos de viagem; regresso previsível a Santa Olávia em meados de 1879.

            Ega regressa ano e meio mais tarde, em Março, apologista do Oriente (Japão e China), projectando escrever uma crónica heróica - Jornadas da Ásia. Carlos passa a residir em Paris.  Passagem rápida do tempo.

     Em 1886, depois de passar o Natal em Sevilha, na Vila La Soledad, Carlos regressa a Portugal (exílio de quase 10 anos). Em Janeiro de 1887, chega a Lisboa.

      Encontro no Hotel Braganza: Carlos imutável. Ega mais velho, ocioso..., detestando os políticos: "Os políticos hoje eram bonecos de engonços, que faziam gestos e tomavam atitudes, porque dois ou três financeiros por trás lhes puxavam pelos cordéis."

     Evocam os Gouvarinho; chega Alencar, crítico face à "língua da libra", dos sindicatos. Também Cruges - é evocado o sucesso da Flor de Grenada. Ega propõe-lhe uma sinfonia histórica - A partida de D. Sebastião para África.

 

 

 

            Sobre o epílogo - ver Jacinto do Prado Coelho, p.175 e seg., in Ao contrário de Penélope

 

 

 

Antero de Quental

 

1.      Ode

2.      Panfleto " Bom Senso e Bom Gosto"

3.      Causas da Decadência dos Povos Peninsulares"

4.      Soneto " Nirvana"

 

§  O contraste entre a "vida" do universo" e o "vácuo tenebroso"... a vida desemboca na morte

§  A "vida" expressa através da imagem do "mar"

§  O campo semântico da "morte": "vácuo tenebroso"; "expirar"; imobilidade; "mundo morto"

§  A "morte" vs pensamento; porém este só "vê": ilusão e vazio universais nas "cousas naturais"

 

5.      Soneto "Evolução" ( 1880 -1884)

 

§  No passado o "eu" identifica-se com a "rocha", o "tronco", o "ramo", a "onda" - a onda lutava contra o granito; identifica-se ainda com a "fera", com o "monstro" - que ergue a cabeça / afirmação de identidade...

§  Hoje, o eu é homem - movimento ascensional que coloca o homem no topo: vê a seus pés as restantes formas. O homem, no entanto, interroga o infinito e chora... o vácuo / infinito. No entanto, aspira unicamente à liberdade...

 

6.      Soneto "Justitia mater"

 

§   Apreciar o valor simbólico do adjectivo em Antero: "nas negras cidades"; "nas florestas solenes" "inominado alguém"...

 

 

 



[1]  - Eça frequentaria o Café "Colunata Egipciana".

[2] - Carlos Reis, Quem é o Eça actual?, Público, 16 de Agosto de 2000.

[3]  - Maria Filomena Mónica, Público, 16 de Agosto de 2000.

[4]  - Maria Filomena Mónica, Público, 16 de Agosto de 2000.

[5] - Baptista-Bastos, Um escritor da modernidade do jornalista, Público, 16 de Agosto de 2000.

[6]  - Apesar de Eça, em 10 de Novembro de 1878, responder a Ramalho Ortigão que lhe pedira dados da sua biografia: "Não lhos sei dar. Eu não tenho história, sou como a República do Vale de Andorra."

[7]  - Antes da biografia de Eça, Maria Filomena Mónica fez uma biografia De Fontes Pereira de Melo - " e se há, como socióloga, uma época que conheço bem, foi a  que viveu Eça. O que fiz foi inserir o Eça no contexto daquela sociedade e ler as obras tendo em conta quem era aquele homem, coisa que nunca foi feita." Público, 16 de Agosto de 2000.

[8] - Cfr. Rouxel, Annie - Enseigner la lecture littéraire, Presses Universitaires de Rennes, 1996.

[9] - José Mª de Eça de Queirós nasceu a 25 de Nov. de 1845, na Póvoa de Varzim. Filho natural de José Mª de Almeida Teixeira de Queirós e de mãe incógnita. O pai era então delegado em Ponto de Lima.

                O casamento dos pais só será legitimado em 3 de Set. de 1849.

                Eça de Queirós foi criado, pelo menos até aos 5 anos, como um pobre poveirinho, e até além dos 10 anos em casa de seus avós paternos, longe dos seus progenitores.

[10] - ver Ler à noite 2, pág. 130 a 136

[11] - ver Ler à noite 2, pág. 178 a 180

[12] -  Ernesto Guerra Da Cal, Linguagem e estilo de Eça de Queiroz, ed. Aster

[13] - " Por um lado, uma forte tendência a aproximar-se do demasiadamente humano, nos aspectos desagradáveis da vida, feios, maus e ridículos, com um deleite no destaque implacável das fraquezas mais tristes da existência da espécie; por outro lado, o desejo de se evadir da realidade e aproximar-se, pelo caminho da mais delicada e etérea fantasia, de um mundo de poesia e beleza absolutas. " op.cit, p. 50-51.

[14] - "voluntad de representar las sensaciones que las cosas provocan... y no las cosas mismas."

[15] - António Alberto Machado da Rosa, Eça, discípulo de Machado - Nova interpretação de Os Maias -, edit. Fundo de Cultura, Brasil, 1963

[16] - José Mª de Eça de Queirós nasceu a 25 de Nov. de 1845, na Póvoa de Varzim. Filho natural de José Mª de Almeida Teixeira de Queirós e de mãe incógnita. O pai era então delegado em Ponto de Lima.

                O casamento dos pais só será legitimado em 3 de Set. de 1849.

                Eça de Queirós foi criado, pelo menos ate aos 5 anos, como um pobre poveirinho, e até além dos 10 anos em casa de seus avós paternos, longe dos seus progenitores.

[17] - ver Ler à noite 2, pág. 130 a 136

[18] - ver Ler à noite 2, pág. 178 a 180

[19] -  Ernesto Guerra Da Cal, Linguagem e estilo de Eça de Queiroz, ed. Aster

[20] - " Por um lado, uma forte tendência a aproximar-se do demasiadamente humano, nos aspectos desagradáveis da vida, feios, maus e ridículos, com um deleite no destaque implacável das fraquezas mais tristes da existência da espécie; por outro lado, o desejo de se evadir da realidade e aproximar-se, pelo caminho da mais delicada e etérea fantasia, de um mundo de poesia e beleza absolutas. " op.cit, p. 50-51.

[21] - "voluntad de representar las sensaciones que las cosas provocan... y no las cosas mismas."

[22] - António Alberto Machado da Rosa, Eça, discípulo de Machado - Nova interpretação de Os Maias -, edit. Fundo de Cultura, Brasil, 1963

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