Moçambique

 

História (de Moçambique)[1]

Campo de Sakuzo – Centro de reeducação, 1977. O professor de teatro na Casa da Cultura, em Maputo, actor muito popular Leopoldo Fernandes foi parar à “reeducação” em 1977. Conseguiu evadir-se. Aqui também esteve André Matsangaíssa. Em Junho de 1976, fugiu para a Rodésia, tendo sido apoiado por Ian Smith para criar a Resistência Nacional Moçambicana.

Campo de Mwembe, a norte de Lichinga.

Campo de Mutatel, no Niassa.

Campo de M’sawize, inaugurado em finais de 1975; reabriu em 1978 – base da Frelimo durante a guerra colonial –importante posição da frente do Niassa, que a Frelimo abriu em simultâneo com a de Cabo Delgado em 1964, quando desencadeou a guerra anticolonial.

Campo de Unango

Campo de Mongicual, em Nampula

Campo de Milange, na Zambézia interior, para receber as Testemunhas de Jeová.

Campo de Naisseco, no Niassa

Campo de Ruárua, em Campo Delgado (800 pessoas)

Campo de M’tela – o mais tenebroso: dos 1800 prisioneiros que lá entraram, saíram com vida menos de cem... Este campo ocupou as antigas instalações do quartel português de Nova Viseu, em Majune, no Niassa, a Sibéria de Samora Machel. Em 1975, recebeu os prisioneiros políticos da Frelimo, transferidos do centro de instrução da guerrilha em Nachingweia, na Tanzânia... Era o chamado «grupo dos reaccionários» da Frelimo: o reverendo Uria Simango, Joana Simeão, Lázaro Nkavandame, Raul Casal Ribeiro, Arcanjo Kambeu, Júlio Nihia, Paulo Gumane, o padre Mateus Gwengere... Foram todos queimados vivos, enquanto os soldados entoavam hinos revolucionários em redor da vala...

No campo, o “rassemblement[2] era o centro do “universo reeducativo”. Quando o polícia soprava o apito, às 5 da manhã, toda a gente ali afluía e formava em redor do mastro da bandeira. Içava-se a bandeira e cantava-se o hino, e o oficial de dia procedia à distribuição de tarefas aos vários pelotões de reeducandos.

Por pressão internacional, Samora Machel, em 1981, suspendeu o «processo reeducativo.»

Nota: o português Virgílio David Faustino foi uma das vítimas da “reeducação”, tendo acabado por suicidar-se, apesar de ter sido libertado em 1976.[3]

A Human Rights Watch garante que muitas dezenas de milhares de cidadãos foram detidos sem julgamento.

21 de Novembro de 1993: “Hoje há missa em sena na paróquia de S. José da Munhava, na Beira” embora a língua originária da diocese seja o ndau.

A expansão da RENAMO no território ocorre a partir de 1983/84. A RENAMO (Movimento nacional de Resistência) é constituída por pessoas  com trajectórias pessoais que as levam a odiar a FRELIMO. Não são mercenários, não são bandidos. São pessoas que estão contra. Era o seu único programa.

 



[1] - Ver:

§  Christian Geffray – A Causa das Armas – Antropologia da Guerra Contemporânea em Moçambique, ed. Afrontamento, Porto, 1991

§  Michel Cahen – Les Bandits – un historien au Mozambique, 1944 – F.C.G., Paris, 2002.

[2] - O termo foi trazido da Argélia pelos guerrilheiros da Frelimo que lá receberam treino militar, na década de 60.

[3] - Público, 25 de Junho de 1995.

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