Intervenções

UAL - UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA "LUÍS DE CAMÕES"                      

Escola Poeta Joaquim Serra - Montijo

23 de Março de 99

 
Assunto:
 
            A construção da identidade - individual e colectiva - impõe a revisão das imagens que nos restam de África.... e a aceitação de que a matriz identitária dos alunos possa ser diferente, criando espaços de conflito, que importa resolver de forma criativa...
           
Introdução
À Escola, e, em particular, ao corpo docente, compete encontrar os meios que permitam aos alunos construir, sem ruptura, a sua identidade...

    Esta orientação pressupõe que o professor conheça minimamente o meio, e seja capaz de traçar o perfil linguístico e cultural de cada aluno.

     Por outro lado, o professor precisa de colocar os olhos no futuro.

     Futuro que se afigura cada vez mais imprevisível e, aparentemente, em ruptura com o passado.

    Aparentemente, porque, se em termos tecnológicos, pouco nos prende ao passado; em termos de construção da identidade individual e colectiva, temos tudo a aprender, não com o passado nostálgico e exemplar que nos tem sido servido, mas com o passado que se tem revelado discriminatório e mortífero para milhões de seres humanos, e nefasto para o equilíbrio que parecia reger o cosmos...

      É neste contexto que a arte - e a literatura em particular, ou seja os textos que a compõem - deve ajudar a eliminar as  fronteiras que o homem, de forma tão empenhada, vem forjando ao longo dos séculos.

      Deste modo, o que está aqui hoje em causa é saber:

·         Se somos ou não capazes de problematizar o imaginário em que nascemos...

·         Se somos ou não capazes de identificar as imagens que nos separam...

·         Se somos ou não capazes de compreender que a Escola tem sido um lugar privilegiado em que essas imagens têm sido reproduzidas...

·         Se somos ou não capazes de perceber que nem sempre a literatura é um espaço de libertação...

·         Se somos ou não capazes de entender que muitas vezes os jovens aborrecem o estudo da literatura porque sentem que ela os aprisiona...

·         Se somos ou não capazes de aceitar que a maior dificuldade não está no texto ( na literatura), mas no acto de ler; que esse acto é que pode ser libertário ou mortífero...

Em tese:
     Da resposta a este conjunto de questões, resultará uma maior ou menor atenção às literaturas escritas em Português, sobretudo se tomarmos em consideração que Portugal mudou profundamente desde o início da década de 60.
    A diáspora,  a guerra colonial, o retorno de África, de França, da Alemanha... mudaram a paisagem humana... Portugal deixou de ser um país homogéneo. Assistiu-se a uma dispersão no plano político, religioso, linguístico e cultural... a própria cor se diversificou...
Portugal, país de emigrantes, passou progressivamente, nos anos 60,  a ser, paradoxalmente, país de imigração, incapaz, porém, de materializar uma política de verdadeira integração das novas comunidades que foram crescendo nas periferias e por vezes no centro das cidades...
Uma política de integração que descure a Escola é, no mínimo, suicida...
 Não se pode, contudo, afirmar que o M.E. tenha ignorado por inteiro este problema. Basta para o efeito, reparar, nos Programas de Português.
Estes defendem, de facto, que:
·         O projecto pedagógico ao visar a formação integral dos alunos deve pôr a tónica, entre outros aspectos, no desenvolvimento de atitudes e na consciencialização de valores.
·         No plano psicopedagógico, os alunos se encontram numa fase decisiva da construção da sua autonomia pessoal.
·         No plano social, os programas devem assegurar os meios de integração do aluno na vida activa.
 Por  outro lado, de acordo com uma leitura criteriosa dos objectivos gerais, por exemplo, uma maior atenção às Literaturas Africanas permitiria:
            - Estimular o desenvolvimento de atitudes de reflexão metódica, de abertura de espírito, de tolerância e de respeito pela diferença.
            - Fomentar o desenvolvimento de atitudes e capacidades de relacionamento interpessoal, com base num espírito de confiança e de cooperação.
            - Fomentar o desenvolvimento de atitudes e capacidades de análise e de concepção de soluções alternativas para os problemas da realidade envolvente.
            - Incutir o respeito pela língua, património comum e factor de identidade nacional e coesão supranacional.
            - Favorecer a utilização da língua portuguesa com correcção e fluência nos diversos modos de comunicação.
            - Integrar as realizações linguísticas e as produções literárias na história e na cultura nacional e universal.
            - Fomentar a aquisição de competências culturais consistentes e o apreço pela cultura e pelos valores estéticos, tanto nacionais como estrangeiros.
            - Favorecer a compreensão dos mecanismos de organização e funcionamento dos diferentes grupos nos quais está inserido.
            - Desenvolver as capacidades de compreensão e intervenção no relacionamento com outras culturas e espaços, designadamente os países de língua oficial portuguesa (...).

            - Seleccionar os seguintes temas:
·         Homem e a sociedade: a intervenção social; a expressão comprometida.
·         A reflexão sobre o Mundo: a atitude perante a História
Por isso
Não é demais sublinhar a importância ética e científica de viver o contemporâneo.[1]

            - Com a descolonização, a paleta demográfica alterou-se. Para além de Portugal se ter transformado num país  de imigração africana, muitos dos jovens negros e mestiços que frequentam as escolas são portugueses de jure.
            - As nossas  fronteiras são, mais do que nunca, culturais: somos portugueses, ibéricos, europeus e lusófonos. Neste sentido, a leitura deve ser entendida como um modo de construir a identidade, que, pela diversidade que nos  constitui, tem que ser plural e intercultural para que todos possam sentir-se plenamente enraizados.
            - A xenofobia e o racismo crescem sempre que surge a tentação de sublimar o passado, exacerbar o patriotismo, e ignorar o diálogo intercultural.
            - A língua portuguesa é um espaço vivo no qual uma extensa comunidade de falantes tem vindo a constituir as suas  identidades.
            - Não há diálogo sem a aceitação da alteridade, sem identificar e interrogar a estereotipia que marca a maioria das obras literárias, independentemente da sua origem.
            - O diálogo com os países de língua oficial portuguesa não ganha nada em branquear a conflitualidade que caracterizou as nossas relações ao longo dos séculos.
            Seleccionar e ler os “autores africanos” é ler uma parte escondida de nós mesmos, é redescobrir na língua portuguesa não apenas aquilo que devemos à raiz greco-latina, mas a nossa contemporaneidade escrita, ainda, a Norte, mas cachoando no Sul.
            É nesta perspectiva que vos proponho a leitura despretensiosa de alguns textos que se reportam, sobretudo, ao conflito que opôs portugueses a angolanos; portugueses a portugueses; brancos a pretos...
      Não posso contudo de deixar de voltar ao conceito de Imaginário:

    Il y a donc peu de "savoir concret" de l'Afrique noire dans l'Occident médiéval. Moins il y a de "savoir concret"  dans une culture, plus il y a d'imaginaire, plus les stéréotypes occupent un terrain entrevu, soupçonné, où la place précisément est libre pour l'imagination, la colonisation par l'imaginaire, qui précède souvent la colonisation matérielle. Et le monde de l'imaginaire change lentement, plus lentement même peut-être que l'univers des mentalités. François Medeiros - L'Occident et l'Afrique ( du XIII au XV siècle), péface de Jacques le Goff...

Assim como ao conceito de imagem

Como elemento primeiro constitutivo da imagem, devemos procurar o stock mais ou menos vasto de palavras que, numa época e numa dada cultura, permitem a difusão mais ou menos imediata de uma imagem do Outro... ver tese: pág. 22 e seguintes

Comecemos a título de exemplo significativo por Camões e pensemos um pouco na recepção que actualmente é feita a Os Lusíadas:


I 
Achámos ter de todo já passado
Do semicapro Peixe a grande meta,
Estando entre ele e o círculo gelado
Austral, parte do mundo mais secreta.
Eis, de meus companheiros rodeado,
Vejo um estranho vir, de pele preta,
Que tomaram por força, enquanto apanha
De mel os doces favos na montanha.
 
Torvado vem na vista, como aquele
Que não se vira nunca em tal extremo;
Nem ele entende a nós, nem nós a ele,
Selvagem mais que o bruto Polifemo.
Começo-lhe a mostrar da rica pele
De Colcos o gentil metal supremo,
A prata fina, a quente especiaria:
A nada disto o bruto se movia.
Camões, Os Lusíadas, Canto V, est. 27-28.
 
            Nota: A imagem do africano: um estranho, de pele preta, selvagem mais que o bruto Polifemo.
( ver o  papel da mitologia em Os Lusíadas.)
    Polifemo era pastor, vivia do produto dos seus rebanhos e habitava uma caverna. Se bem que conhecesse o uso do fogo comia carne fria. Foi ele que aprisionou Ulisses na sua caverna, tendo sido, porém, ludibriado... Ulisses furou-lhe o único olho que tinha no meio da testa

 II
          Se é precisa uma explicação para o facto de assumir a pasta da Defesa Nacional mesmo antes da remodelação do Governo que se verificará a seguir, a explicação pode concretizar-se numa palavra, e essa é Angola.
Pareceu que a concentração de poderes da Presidência do Conselho e da Defesa Nacional bem como a alteração de alguns altos postos nou­tros sectores das forças armadas facilitaria e abreviaria as providências necessárias para a defesa eficaz da Província e a garantia da vida, do trabalho e do sossego das populações.
Andar rapidamente e em força é o objectivo que vai pôr à prova a nossa capacidade de decisão.
Como um só dia pode poupar sacrifícios e vidas, é necessário não desperdiçar desse dia uma só hora, para que Portugal faça todo o es­forço que lhe é exigido a fim de defender Angola e com ela a integridade da Nação.
            Salazar - Palavras de 13 de Abril de 1961
 
III
 
BAILUNDOS
 
Por esses longos caminhos
os desertos povoando
passam negras comitivas
de bailundos...
 
Descalços como Jesus,
E os seus corpos mal cobertos
são negras sombras na sombra
que se eleva escuramente,
sem um carinho de luz.
 
A noite é um borrão de tinta preta!
 
Mas a triste comitiva
pisando bem o caminho,
- estreito por ser tão longo
como a vida dessas gentes,
vai seguindo o seu destino
cantarolando nocturnos
de baladas inocentes.
 
E quando o sol acordar
em seu berço oriental,
as comitivas andando
por carpetes de capim,
que eu não sei onde vão dar,
que eu não sei se tem fim,
vencendo altivamente, a luta forte
desta vida de ilusão,
procuram, inutilmente,
mais longe, sempre mais longe,
a Terra da Promissão.
 
... Ó mensageiros tristes da saudade
que trago dentro de mim:
Esse caminho é eterno
E a minha dor não tem fim!
 
Haveis de caminhar, sempre caminhar,
que nunca terá fim o vosso inferno!
 
- Não existe humanidade,
e o mundo foi sempre assim!
Tomaz Vieira da Cruz[2]
 
 
 
 
IV
 
 
                                    POEMA DA ALIENAÇÃO
 
 
 Não é este ainda o meu poema
 O poema da minha alma e do meu sangue
não
Eu ainda não sei nem posso escrever o meu poema
O grande poema que sinto já circular em mim
 
        O meu poema anda por aí vadio
        no mato ou na cidade
        na voz do vento
                                    no marulhar do mar
                                    no Gesto e no Ser
 
         O meu poema anda por aí fora
         envolto em panos garridos
         vendendo-se
                                    vendendo
                                    "ma limonje ma limonjééé"[3]
 
         O meu poema corre nas ruas
         com um quibalo podre à cabeça
         oferecendo-se
                                    oferecendo
                        "carapau sardinha matona
                        ji ferrera ji ferrereéé. .."
 
         O meu poema calcorreia ruas
                                    "olha a probíncia" diááário"
                            e nenhum jornal traz ainda
                            o meu poema
 
         O meu poema entra nos cafés
         "amanhã anda à roda amanhã anda à roda"
         e a roda do meu poema
                                    gira que gira
                                    volta que volta
                                    nunca muda
                                    "amanhã anda à roda
                                    amanhã anda à roda"
 
                                    O meu poema vem do musseque
                     ao sábado traz a roupa
                     à segunda leva a roupa
                     ao sábado entrega a roupa e entrega-se
                     à segunda entrega-se e leva a roupa
 
              O meu poema está na aflição
              da filha da lavadeira
                     esquiva
                     no quarto fechada
                     do patrão nuinho a passear
                     a fazer apetite a querer violar
 
              O meu poema é quitata
                     no musseque à porta caída duma cubata
                     "remexe remexe
                             paga dinheiro
                             vem dormir comigo
 
              O meu poema joga a bola despreocupado
                     no grupo onde todo o mundo é criado
                     e grita
                             "obeçaite golo golo"
 
              O meu poema é contratado
                     anda nos cafezais a trabalhar
              o contrato é um fardo
                     que custa a carregar
                             "monangambééé"
 
              O meu poema anda descalço na rua
 
             O meu poema carrega sacos no porto
enche porões
                     esvazia porões
                     e arranja força cantando
                     "tué tué tué trr
                             arrimbuim puim puim"
 
                                    O meu poema vai nas cordas
encontrou cipaio
tinha imposto, o patrão
esqueceu assinar o cartão
vai na estrada
 
cabelo cortado
"cabeça rapada
galinha assada
ó Zé"
 
picareta que pesa
chicote que canta
 
O meu poema anda na praça trabalha na cozinha
vai à oficina
enche a taberna e a cadeia
é pobre roto e sujo
vive na noite da ignorância
o meu poema nada sabe de si
nem sabe pedir
O meu poema foi feito para se dar
para se entregar
sem nada exigir.
 
Mas o eu poema não é fatalista
o meu poema é um poema que já quer
                                    e já sabe
o meu poema sou eu-branco
montado em mim-preto
a cavalgar pela vida.
António Jacinto[4]
 
 
V
 
            Vilonda contempla a onganda, agora grande,  composta pela sua cubata, as cubatas das duas mulheres, a cubata da irmã abandonada pelo marido, o curral central para os vitelos e, do outro lado, o grande curral. Os cornos de todas as reses abatidas nas cerimónias estão pendurados em forquilhas ao lado do curral dos vitelos e estão muito brancos e bonitos. Já abateu muitos bois, isso mostra a sua riqueza e o respeito pelos costumes. À frente da sua cubata está o elao, a pedra dos sacrifícios, ao lado da qual fica a sua fogueira, a do fogo sagrado. À frente de cada uma das cubatas das mulheres há uma fogueira que serve de cozinha. Nessas fogueiras à noite conversam, cantam, e Vilonda conta as estórias do povo aos mais jovens, as estórias das origens dos clãs, a estória dos oma-kisi, os monstros, e põe provérbios e adivinhas. Ngonga e a família vêm todas as noites se juntar a eles e assim ficam melhor. Agora o milho está quase a produzir e poderão fazer mais cerveja. Ultimamente têm estado a poupar o milho, pois terão de festejar o casamento de Tyonda e podia se dar o caso de animais ou pássaros comerem boa parte do milho. Mas as colheitas se adivinhavam boas e este ano as mulheres trabalharam muito e semearam mais que o habitual. Com uma mulher mundombe aprenderam que se pusessem na lavra, antes da sementeira, as bostas dos bois, as plantas cresceriam mais. E é verdade. Vilonda nunca viu milho daquele tamanho e com tão grandes maçarocas. Não sabe nada de agricultura, isso é costume muito recente, e se espanta com o mistério. Também não deve ser todas as bostas que são boas. Devem ser as bostas dos bois sagrados, sobretudo da namulilo, cujo leite só as velhas  e as meninas muito novinhas podem beber. Mas como as bostas dos bois sagrados ficam misturadas com as dos outros, talvez passem a magia para as outras bostas também. Terá de perguntar isso ao kimbanda que regularmente os vem visitar. Saberá? O kimbanda sabe tratar  doenças de pessoas, sabe descobrir os espíritos malfazejos e quais os sacrifícios a fazer, mas também não sabe nada de agricultura. Onde aprendeu ele? Bem, se é kimbanda é porque é sábio, não custa nada perguntar. 
            Pepetela Yaka, O Coração, 1983
 

VI

 

Era um dia particularmente luminoso e quente para um Abril lisboeta. Na véspera tinha chovido toda a noite, o que era próprio da estação, mas hoje o Sol nascera num céu tão azul que até doía não poder voar. Sara abriu os braços descobertos. Inútil, não nas­cera pássaro.

Decidiu caminhar um pouco, até à próxima paragem do autocarro, para gozar o sol e o calor Ali, perto do Hospital Universitário, havia pouca gente nas mas. Gente bisonha, que ia para o hospital ou dele vinha. Preocupados com alguma doença, real ou suposta. Se não têm nenhuma, preocupam-se pela que terão no futuro. O por­tuguês precisa sempre de qualquer coisa para estar melancólico. E se não for a saúde, é a família, ou então o emprego. Povo triste, pensou Sara. É do regime político ou é a essência da gente? Não vamos também culpar o salazarismo de tudo. O próprio Salazar já era tristonho, cinzento, antes de criar o seu cinzento regime. Regime de eclesiásticos e militares graves, o que convém para um povo de camponeses com pouca terra. Assustou de repente: estas ideias não serão reaccionárias? Tinha de perguntar ao Aníbal, ele era obrigado a ser especialista dessas coisas. Mas que são tristes, são. Que dife­rença com a esfuziante alegria dos africanos, o que os faz passar por irresponsáveis. Também não era verdade. O Aníbal, por exem­plo, sempre agarrado aos livros e às ideias, não era um tipo alegre. E era de Luanda, a cidade das mil loucuras... Malongo sim, Malongo era um tipo alegre, até demais. Sara sorriu para o céu, para as pes­soas que nela não reparavam, metidas para dentro.

Chegou à paragem. Duas mulheres à espera, vestidas de negro, com um lenço negro na cabeça. Vêm dum enterro ou do campo? Talvez da missa. Ou então vestem assim mesmo, porque são viú­vas. Trazem luto por familiares mortos em Angola, com o levanta­mento do Norte? Rejeitou a ideia. Não têm morrido tantos como a propaganda oficial proclama. Convém a Salazar criar o clima de his­teria colectiva, centenas e centenas de brancos trucidados pelos ter­roristas, Angola é uma fogueira imensa, temos de defender a Pátria e os portugueses, Para Angola em Força! A propaganda estava a resultar, tinha de reconhecer. Um espesso clima de suspeição se abateu sobre os africanos em Lisboa. Passaram a cochichar quando antes discutiam a altos gritos, sempre com gargalhadas no meio. E a popu­lação passou de repente a olhá-los com hostilidade. Não em relação a Sara, que era branca, e portanto considerada à partida uma boa portuguesa. Os negros e mulatos eram quase apontados a dedo, nos cafés, nos cinemas, na rua. Traziam na cara os estigmas que os denunciavam corno potenciais terroristas. Esses brancos ainda não inventaram uma tinta que dê para a malta se pintar e ficar como eles, dizia Malongo, encontrando ânimo para brincar.

            Pepetela, A Geração da Utopia, p.11-12, ed. D. Quixote, 1992.


VII
 
 
NAMBUANGONGO MEU AMOR
                        Em Nambuangongo tu não viste nada
                        não viste nada nesse dia longo longo
                        a cabeça cortada
                        e a flor bombardeada
                        não tu não viste nada em Nambuangongo.
 
                        Falavas de Hiroxima tu que nunca viste
                        em cada homem um morto que não morre.
                        Sim nós sabemos Hiroxima é triste
                        mas ouve em Nambuangongo existe
                        em cada homem um rio que não corre.
 
 
                   Em Nambuangongo o tempo cabe num minuto
                        Em Nambuangongo a gente lembra a gente esquece
                        Em Nambuangongo olhei a morte e fiquei nu. Tu
                        Não sabes mas eu digo-te: dói muito.
                        Em Nambuangongo há gente que apodrece.
 
                        Em Nambuangongo a gente pensa que não volta
                        cada carta é um adeus em cada carta se morre
                        cada carta é um silêncio e uma revolta.
                        Em Lisboa na mesma isto é a vida corre.
                        E em Nambuangongo a gente pensa que não volta.
 
                        É justo que me fales de Hiroxima.
                        Porém tu nada sabes deste tempo longo longo
                        tempo exactamente em cima
                        do nosso tempo. Ai tempo onde a palavra vida rima
                        com a palavra morte em Nambuangongo.
                        Manuel Alegre, Praça da Canção, 1965
VIII

 

(...) Encorajado, Domingos Bessa prosseguiu com o relato:

- Pois bem - continuou - a confusão em Luanda é total. Degenerou-se por toda a cidade. Foi por milagre que eu consegui sair de lá. Há muitas mortes. Não sei qual será a situação agora. Hoje, por exemplo, o comerciante José da Silva, que também chegou ontem de Luanda, não respondeu quando o cumprimentei àquela hora da tarde. Temos de ter cuidado com os brancos...

            - É guerra? - interrogou o mais velho Kizembe. E antes de Domingos Bessa responder à pergunta, velho Kunga ripostou:

              - Não digas asneiras. Você fala como se fosse uma criança. Você pode fazer guerra com o «Meneputo»? Nem Ngola Kiluanji conseguiu vencer Portugal. Ngola Mbandi e Ngola Njinga também foram derrotados pelo Meneputo. Desde então nunca mais ninguém ousou desafiar o rei de Portugal. O Meneputo é poderoso. Tem bar­cos. Tem aviões. Tem pólvora que chega. Tem tudo. E o que temos nós para fazer guerra contra esses brancos todos cheios de armas. In?... Além de mais, se os brancos se forem embora para terra deles como é que nós vamos viver sem lojas?

Um outro assistente, por sinal o mais idoso de todos, também interveio, tranquilizando os presentes com o argumento de que tudo não passava de uma brincadeira. Uma brincadeira de mau gosto, é claro. Pois, nenhuma pessoa sensata pode desafiar o Meneputo. O que deve ter acontecido em Luanda é uma acção de bandidos, que foram salvar os seus amigos nas casas de reclusão - asseverou.

Domingos Bessa não gostou e voltou a chamar a atenção de todos para a seriedade da situação:

            - Meus senhores - disse - o que está a passar-se em Luanda não é brincadeira nenhuma. Não é coisa de bandidos. São os nossos que foram libertar todos os patrícios condenados. Estão a pedir a nossa independência.

            - Pedir a nossa independência? - perguntaram em coro os par­ticipantes.

            - Sim, pedir a nossa independência...

            - Mas...

            - Mas o quê, ó mais velho Kizembe!... O Kongo já não está independente? Porquê que nós também não podemos pedir a nossa independência? Porquê que esses brancos todos que só andam a chatear a nossa vida não se vão embora para terra deles? - retor­quiu Domingos Bessa.

Um relativo silêncio abateu-se sobre a assembleia. Instantes depois Ti Kizembe fez outra pergunta ao Domingos Bessa:

            - Mas se os brancos se forem embora quem vai ficar aqui como chefe do posto? Quem vai ficar na administração do Concelho, em Kaxito?

            - O mais velho, isso é algum problema? - respondeu Domingos Bessa. - Você não sabe que o seu filho, o menino Samuel, tem mais estudos que esse gajo do chefe desta porcaria do posto? Não sabe disso? Você não sabe que há muita gente, nossos patrícios, que estudou? Você nunca ouviu falar no filho do reverendo Agostinho Neto? Ele é doutor. É da nossa Igreja. Estudou lá no puto. Conhece a América. O doutor Boavida. Também é nosso patrício. Ele também estudou lá em Portugal. São todos eles grandes homens. No Kongo Belga quem manda agora é Lumumba. É patrício como nós. Então, porquê que nós também não podemos pedir a nossa independência? Vamos sim senhor correr com esses gajos todos da nossa terra... Olhe, se forem os nossos filhos a mandarem aqui no posto, nós já não vamos pagar imposto. Isso não é bom? - interrogou-se.

João Bernardo de Miranda, Nambuangongo, p.44 a 46, ed. D. Quixote, 1998

 


IX

            Nambuangongo
            Apesar de ser parte do território do então Distrito de Luanda, Nambuangongo foi a mais difícil e sinuosa área de penetração colonial do território dos Ngolas, devido à tenaz resistência ofere­cida pela população local. Nambuangongo só conheceu a efectiva dominação colonial a partir dos anos vinte. Os colonos portugueses transformaram a região num paraíso da madeira e de café. Mas o Estado português nunca se prestou a fazer empreendimentos sociais. Até ao início da década cinquenta, as primeiras escolas primárias que surgiram eram da iniciativa de missionários da Igreja metodista ­vindos do Késsua - Malanje. Só no último lustro da referida década é que o Estado português, através da Igreja católica, construiu algumas capelas. E para atrair adeptos, criaram-se as chamadas escolas rudimentares rurais animadas por alguns padres com resi­dência em Kaxito ou  no Ambriz. A população dos Ndembos - Nam­buangongo é por excelência metodista, de resto, a única congregação religiosa que entrou para as matas juntamente com os seus fiéis em busca da dignidade para o Povo inteiro de Angola.
       Envolvido de densas e inóspitas florestas, rochas pedrosas, mon­tanhas e serranias, Nambuangongo havia-se transformado em 1961 num verdadeiro mito para o poder colonial. A imagem criada pelo colonial por força das informações de alguns sobreviventes da grande mexida de 15 de Março consagrou os Ndembo - Nambuan­gongo bastião da luta de libertação nacional. O território ficou desmembrado da ordem política colonial durante cerca de seis meses. Por essa razão, a destruição do núcleo da insurreição anticolonial instalado  no coração de Nambuangongo era, pois, como que uma questão de honra para as autoridades da colónia.
            A região dos Ndembo - Nambuangongo é uma ilha de invejável vegetação no coração do vasto território da zona-norte de Angola, entre os Distritos (hoje províncias) do Zaire, Uíje, Kwanza-norte e Luanda.  As capitais dessas províncias não foram afectadas pelos acontecimentos de 15 de Março. O exército colonial manteve-as sob seu controlo, vedando por completo o acesso ao e fora do interior de Nambuangongo. A região estava isolada do resto do País.
            Passados seis meses, os portugueses terão concluído que, realizando-se uma forte e cruzada pressão militar sem precedentes, a população que já se queixava de privações de vária ordem acabaria literalmente por pedir «desculpas» às autoridades pela sua aventura independentista.
            Bastaria chegar-se triunfalmente a Nambuangongo.
            Quer o governo central de Lisboa quer as autoridades da colónia acreditaram cegamente que a reconquista de Nambuangongo marcaria o fim da insurreição no mais importante território do ultramar português. Mais do que isso, a recuperação de Nambuangongo constituir-se-ia numa séria advertência para eventuais novas aventuras emancipalistas não só em Angola, como nas outras colónias de Portugal em África.
Parte ou racha, Nambuangongo tinha que desaparecer de qualquer maneira...
João Bernardo de Miranda, Nambuangongo, pág. 138 a 141.
  
X
 
               Pássaros, todos os que no chão desconhecem morada.
 
            Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memória será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão disso, ele habitasse com cautela de um estranho. O vendedor de pássaros não tinha sequer o abrigo de um nome. Chamavam-lhe o passarinheiro.
            Todas as manhãs ele passava nos bairros dos brancos carregando suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aquelas jaulas, de tão leve material que nem pareciam servir de prisão. Parecia eram gaiolas aladas, voláteis. Dentro delas, os pássaros esvoavam suas cores repentinas. À volta do vendedeiro, era uma nuvem de pios, tantos que faziam mexer as janelas:
            - Mãe, olha o homem dos passarinheiros!
            E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercambiavam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem puxava de uma muska[5] e harmonicava sonâmbulas melodias. O mundo inteiro se fabulava.
            Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles abusos. Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos - aquele preto quem era? Alguém conhecia recomendações dele? Quem autorizara aqueles pés descalços a sujarem o bairro? Não, não e não. O negro que voltasse ao seu devido lugar. Contudo, os pássaros tão encantantes que são - insistiam os meninos. Os pais se agravavam: estava dito.
            Mas aquela ordem pouco seria desempenhada. Mais que todos, um menino desobedecia, dedicando-se ao misterioso passarinheiro. Era Tiago, criança sonhadeira, sem outra habilidade senão perseguir fantasias. Despertava cedo, colava-se aos vidros, aguardando a chegada do vendedor. O homem despontava e Tiago descia a escada, trinta degraus em cinco saltos. Descalço, atravessava o bairro, desaparecendo junto com a mancha da passarada. O sol findava e o menino sem regressar. Em casa de Tiago se poliam as lástimas:
            - Descalço, como eles.
            O pai ambicionava o castigo. Só a brandura materna aliviava a chegada do miúdo, em plena noite. O pai reclamava nem que fosse esboço de explicação.
            - Foste a casa dele? Mas esse vagabundo tem casa?
            A residência dele era um embondeiro, o vago buraco do tronco. Tiago contava: aquela era uma árvore muito sagrada, Deus a plantara de cabeça para baixo.
            - Vejam só o que o preto anda a meter na cabeça desta criança.
            O pai se dirigia à esposa, encomendando-lhe as culpas. O menino prosseguia: é verdade, mãe. Aquela árvore é capaz de grandes tristezas. Os mais velhos dizem que o embondeiro, em desespero, se suicida  por via das chamas. Sem ninguém pôr fogo. É verdade, mãe.
            - Disparate - suavizava a senhora.
            E retirava o filho do alcance paterno. O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com os demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era preciso acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida não podia ser de morte matada, nem coisa que ofendesse a vista das senhoras e seus filhos. O remédio, enfim, se haveria de pensar.
            No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão. Afinal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia aves de belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às suas cores, seus chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste verídico mundo. O vendedor  se anonimava, em humilde desaparecimento de si:
            - Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas todas de fora.
            Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele tão maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado os mais extensos matos.
            O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senhores receavam as suas próprias suspeições - teria aquele negro direito a ingressar  num mundo onde eles careciam de acesso? Mas logo se aprontavam a diminuir-lhe os méritos: o tipo dormia nas árvores, em plena passarada. Eles se igualam aos bichos silvestres, se concluíam.
            Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos pequenos, a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi virando assunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo durações, insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as casas mais se repletavam de doces cantos. Aquela musica se estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro não pertencia àquela terra. Afinal, os pássaros desautenticavam os residentes, estrangeirando-lhes? Ou o culpado seria aquele negro, sacana, que se arrogava  a existir, ignorante dos seus deveres de raça? O comerciante devia saber que os seus passos descalços não cabiam naquelas ruas. Os brancos se inquietavam com aquela desobediência, acusando o tempo. Sentiam ciúmes do passado, a arrumação das criaturas pela sua aparência. O vendedor, assim sobremisso, adiantava o mundo de outras compreensões. Até os meninos, por graça de sua sedução, se esqueciam do comportamento. Eles se tornavam mais filhos da rua que da casa. O passarinheiro se adentrara mesmo nos devaneios deles:
            - Faz conta eu sou vosso tio.
            E todos se familiavam, parentes aparentes. As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se em outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes aparentes.
            - Tio? Já se viu chamar de tio a um preto?
            Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infinita alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não saem mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas pálpebras.
            Mia Couto, O embondeiro que sonhava pássaros, In Cada homem é uma raça, 1990 (adaptação)
 


[1]  - Mª de Lourdes Pintasilgo, Uma prática social efectiva, in Textos de Apoio 2, NCI, 1993/94

[2]  - In Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império - 1951-1963, pág. 114-115, vol. I, ed. ACEI.

[3] - Limões, limões (pregão de quitandeira)

[4]  - In Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império - 1951-1963 -, p. 149-152,vol.I, ed. ACEI

[5]  - nome que, em chissena, se dá à gaita-de-beiços.

II

Entrevista dada ao Clarão (Out./Nov. 2004)

(Sem registo de perguntas; só respostas)

Manuel Cabeleira Gomes
Licenciado em Literatura românica
Mestre em Relações Interculturais
Professor no Ens. Sec. desde janeiro de 1975:
  • Esc. Sec. Passos Manuel (Lisboa)
  • Esc. Sec. de Mafra
  • Esc. Sec. D. Maria I (Lisboa)
  • Esc. Sec. de Santa Maria (Sintra)
  • Esc. Sec. de Camões (Lisboa)
Encontro-me na Escola Secundária de Camões, desde setembro de 1998.
Coordenador de Português – há 4 anos
Presidente do Conselho Pedagógico – há 3 anos
Delegado à Profissionalização de Português e de Francês
Delegado de grupo (Esc. Sec. de Santa Maria )
Prof. no Ensino Superior: Literatura (s) e Formação de Professores

Não tenho preferência. Não diferencio os alunos. O fundamental é ajudá-los a resolver eventuais dificuldades comunicacionais.

Dante; Camões; Cervantes; P.e António Vieira; Almeida Garrett; Flaubert; Eça de Queirós; Fernando Pessoa; Miguel Torga; Manuel Bandeira; João de Melo; Luandino Vieira; Pepetela; Ruy Duarte de Carvalho; José Saramago; Manuel Alegre; Dostoievski; Kafka; Kundera; Lobo Antunes; Mia Couto... sobretudo, na área das Literaturas Africanas...

Gosto, sobretudo, de lecionar texto narrativo...
A lacuna não se encontra na expressão, encontra-se, sim, na relação com o mundo (das coisas e das palavras); encontra-se, também, na falta de rigor (raciocínio), e, sobretudo na artificialidade das propostas de escrita e de expressão oral.

O ensino em Portugal não responde aos desafios da globalização, da lusofonia e, sobretudo, da construção de uma identidade europeia. É uma forma de desperdício típica das sociedades em extinção. 
O ensino do Português deveria ser mais ativo, proporcionar aos alunos percursos orais, escritos, multimédia de descoberta da diversidade linguística e literária que caracteriza o a lusofonia. Ser mais contemporâneo.

Não dou conselhos, sem ter falado primeiro com cada aluno. Só, face às suas expetativas, posso apresentar alguma proposta de leitura. 
No meu entender, o que, de facto, entra em vigor são novos (?) manuais. A revisão curricular só entra em vigor em 2004/2005. 

O que aponto como mais negativo é a incapacidade de hierarquizar prioridades e a falta de rigor. Esta reforma nada tem a ver com as necessidades de formação do mundo actual. Finalmente, o M.E. esquece-se, mais uma vez, de formar os agentes da “reforma”.

Tenho dificuldade em apontar qualquer aspecto positivo. Creio que seria mais útil para o país que ela não chegasse a entrar em vigor.

Como coordenador do Departamento B procuro ajudar os professores a desempenhar a respectiva missão, criando algumas condições para que a aprendizagem dos alunos seja efectiva.

O Conselho Pedagógico é antes de mais um órgão orientação educativa. Neste contexto, tem dedicado grande parte do tempo à elaboração do Projeto educativo, do Regulamento interno, do Plano de Atividades; à uniformização de critérios de avaliação; à definição de critérios para a feitura de horários, constituição de turmas, distribuição de serviço docente; à apreciação de recursos; à avaliação dos docentes; à definição da oferta da Escola...

A aprovação do Projeto educativo e do Plano de Atividades

O Presidente do Conselho Pedagógico tem procurado que os documentos estruturantes da atividade escolar sejam construídos ou reformulados, quando necessário. Por exemplo, a revisão do Regulamento Interno está em curso, e depende do contributo de todos: alunos, pais, funcionários, professores.. O objetivo final é tornar a escola mais participativa.

Honestamente, não sei responder. Por um lado, o actual modelo de gestão está completamente ultrapassado. Por outro lado, não conheço o perfil do gestor, dito, profissional. De qualquer modo, na minha perspectiva, o principal inimigo do funcionamento de qualquer instituição / sociedade é o corporativismo. Todo e qualquer corporativismo.

Como qualquer outra escola, a ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES ainda não sabe bem como é que esse arranque se irá processar. O M.E. está a estudar o problema! Em tempo oportuno, dará uma resposta!

Desafios:
  1. Garantir a segurança do edifício para todos aqueles que o frequentam.
  2. Assegurar que os novos equipamentos – Auditório / Refeitório; Pavilhão Gimnodesportivo – irão ser devidamente utilizados e colocados ao serviço da Comunidade Educativa.
  3. Integrar os alunos de diferente origem cultural e linguística.
  4. Dinamizar os projetos em curso.
  5.         Criar núcleos de cinema, teatro, multimédia...
  6. Eleger uma Comissão Executiva para um mandato de três anos.
  7. Renovar o Ensino Nocturno.
  8. Introduzir o 3º Ciclo (opinião pessoalíssima).
  9. Rever o Regulamento Interno.

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