Harold Camping insiste no fim do mundo a 21 de Maio de 2011, às 18 h, deixando perceber que só os cristãos (mesmo que pecadores) gozarão das delícias do fim.
Nos corredores da Comissão Europeia, há, entretanto, quem veja o senhor José Barroso à frente do Fundo Monetário Internacional.
Nas redacções dos jornais, das televisões, das agências de propaganda e de apostas antecipa-se o regresso de José Sócrates ao poder.
Céptico como sou, decidi tomar algumas precauções: a primeira é que vou ignorar as profecias, sobretudo quando elas colocam no “santo dos santos” – o povo eleito, o povo português.
Apesar da iconografia não ser expressiva, basta, contudo, pensar no sucesso político, artístico e literário do Quinto Império, citando o profeta mais convincente que alguma vez pisou solo luso – o Padre António Vieira, História do Futuro:
Livro Quinto (Tempo, duração e ordem do dito Império)
Questão 1ª – Se o estado consumado do Quinto Império há-de ser antes ou depois do Anticristo? Resp. que antes.
Questão 2ª – Qual dos dois povos se há-de converter primeiro universalmente, para a consumação do dito Império, se o gentílico, se o judaico? Resp. que o gentílico.
Questão 3ª – Quanta seja a duração do dito Império, depois de consumado? Resp. que até o fim do mundo.
(…) Livro VI (Terra em que se há-de fundar o dito Império em quanto temporal, e qual há-de ser a cabeça dele)
Resp. que há-de ser na Europa, em Espanha, em LISBOA.
Como o fim do mundo não chegou no séc. XVII, designadamente em 1666, os portugueses devem estar atentos aos falsos profetas, pois o referido V Império «espiritual e temporal juntamente» É NOSSO por decisão divina… se a fé cristã não nos falecer!
E para quem ande desatento, o melhor é ler MENSAGEM, onde Fernando Pessoa consagra António Vieira como o verdadeiro profeta – o «imperador da língua portuguesa».
( Discurso bolorento para crentes de oportunidade, preguiçosos incuráveis e palhaços de circunstância que não querem ser; apenas querem ter. )